Leonardo e Carlota tinham feito bem em seguir os rastos que tinham sido deixados… Em cerca de 15 minutos já estavam ao alcance do casal que tanto atraía as atenções de todos. Pelo caminho, tanto um como outro não trocaram palavras. Ambos mantinham a concentração na tarefa que realizavam. Só quando encontraram Fábio e Jéssica é que pararam…

Carlota - Ali está o casal maravilha… O que é que fazemos? Atacamos os dois?

Perguntou com a maior das naturalidades.

Leonardo - Achas? Ainda estamos dentro da faculdade, isso iria arranjar-nos problemas. Além disso ela é que parece ser o problema… Nunca a vi por aqui!

Avisou-a.

Carlota - Qual é o problema? Estão todos sob o efeito dela, seja ele qual for. Nada disto é real!

Leonardo pensou por uns segundos… Carlota tinha razão. Não devia haver grande problema em fazerem algo ali mesmo.

Leonardo - Ok… Então vamos fazer um plano!

Carlota - Que plano? É simples, eu ataco ela e tu atacas ele!

Leonardo - Não! Já te disse que é só ela… Eu conheço o rapaz, é o Fábio! Ele estuda aqui… De certeza que também está sob o efeito dela!

Carlota - Pronto, está bem! Então atacamos ela!

Leonardo - Assim? Apenas atacamos?

Carlota riu-se para Leonardo e simplesmente avançou na direcção do casal…

Leonardo - Carlota?

Ainda tentou chamá-la mas não adiantou de nada. Foi obrigado a ir atrás dela.

Carlota fora rápida… Chegaram ao pé do casal e afastou Fábio, empurrando-o com bastante força e atirando-o ao chão. De seguida agarrou o pescoço de Jéssica e levou-a contra uma das paredes ali existente.

Carlota - Desta vez sou eu que me meto contigo! Quem és?

Perguntou-lhe com ar ameaçador. Jéssica simplesmente sorriu para ela e de mão aberta, deu-lhe uma pancada na cara, atordoando-a. Carlota cambaleou para trás, não estava à espera daquele golpe. Quase no mesmo instante, a misteriosa rapariga posicionou o pé no estômago da metamorfo e lançou-o para a frente, atirando-a aos encontrões pelo chão. Leonardo correu até Carlota, admirado… Jéssica não o aparentava, mas era forte.

Jéssica - Não gosto de violência… E tu tens tanto ódio acumulado!

Exclamou com bastante calma para Carlota. Fábio já estava de pé e juntou-se a ela com ar confuso… Assim como todas as outras pessoas que se encontravam à volta deles. Leonardo ajudava Carlota a levantar-se enquanto observava todos a apoiarem o casal.

Jéssica - Vocês devem estar mesmo apaixonados um pelo outro… Nenhum dos dois parece ficar encantado com a minha presença!

Analisava-os.

Leonardo - Não sei qual é a tua jogada, nem sei quem és. Mas aconselho-te seriamente a parar o que estás a fazer…

Carlota - Ela diz que não gosta de violência mas na verdade é o que ela quer!

Carlota preparava-se para atacar novamente. Mas desta vez Leonardo conseguiu impedi-la.

Fábio - Deixem-na em paz! Ninguém toca nela!

Defendeu Jéssica e colocou-se em frente a ela, para a defender…

Jéssica - Não faz mal Fábio… Não há necessidade! Eles não vão fazer nada… Consigo ver que ambos possuem bondade nos seus corações!

Disse com um grande sorriso acolhedor. Leonardo e Carlota não entenderam o que ela quis dizer com aquilo e olharam um para o outro.

Leonardo - Tens toda a razão… E como sempre, o bem vence o mal!

Respondeu na defensiva.

Jéssica - Estou de acordo contigo… Vocês é que ainda não perceberam, mas eu não sou uma ameaça! Apenas regressei a Cila para oferecer o meu dom a todos… Senti que estava na altura de regressar aqui! Cila está a passar por uma época em que as trevas estão a unir forças!

Leonardo e Camila ficaram ainda mais confusos acerca da identidade da rapariga.

Leonardo - Regressaste a Cila? Já cá tiveste?

Jéssica sorriu.

Jéssica - Sim, há muito tempo atrás… As coisas estão bem diferentes agora!

Carlota - Que idade tens?

Jéssica - Deixei de preocupei-me com esse detalhe… A certa altura perdi a conta!

Leonardo - Mas quem és? Qual é o teu dom? Esperas mesmo que acreditemos que não és uma ameaça?

Perguntou desconfiado. Os olhos de Jéssica voltaram a emitir uma luz rosa e à medida que olhava para o resto das pessoas acontecia-lhes o mesmo. Depois daquela breve demonstração, tudo voltara ao normal e a rapariga voltara a virar-se para Carlota e Leonardo.

Jéssica - É este o meu dom... Espalho e entrego amor a todos! Há certas alturas na evolução humana em que as pessoas começam a deixar de acreditar no amor. E é aí que eu volto a surgir! O meu nome é Jéssica… Desta vez! Sempre que volto tenho um nome diferente!

Carlota sentiu-se familiarizada com a última parte da conversa… Ela entendia o que era ter várias identidades.

Leonardo - Espalhas amor? Como assim? Não estou a entender nada e fiquei na mesma!

Reclamou. Fábio continuava especado a olhar para Jéssica, com um sorriso babado estampado no rosto. Parecia nem sequer preocupar-se com o que ela estava a contar. Reagia como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Jéssica - Vocês parecem perceber acerca do assunto… Tu és muito inteligente e tens uma grande coragem!

Apontou para Leonardo.

Jéssica - E tu não és humana…

E olhou para Carlota.

Jéssica - Talvez se explicar-vos de outra forma, vocês consigam entender…

O jovem e a metamorfo ficaram à espera…

Jéssica - Sou uma descendente do bem!

Agora sim, as coisas faziam mais sentido… Leonardo e Carlota ficaram simplesmente boquiabertos.

Leonardo - Carlota? Preciso de ligar a eles…

Avisou-a com delicadeza.

Carlota - Eu sei, esta é a minha retirada… Faz o que tens a fazer!

E começa a afastar-se.

Leonardo - Então e a nossa conversa? Quando é que voltamos a estar juntos?

Carlota virou-se uma última vez.

Carlota - Eu encontro-te…

Assim que continuou caminho não conseguiu evitar a sua satisfação e sorriu. O dia estava a ser diferente e interessante. Leonardo voltou a virar-se para Jéssica. As pessoas que estavam perto dela começavam a dispersar outra vez.

Leonardo - Vou só ligar a uns amigos meus… Eles precisam de saber que ainda existem descendentes do bem! Não há problema?

Jéssica sorria, via-se que estava feliz.

Jéssica - Claro que não!

Leonardo não esperou um segundo. Com toda a rapidez que tinha, tirou o telemóvel do bolso e começou a fazer as chamadas…

*

   Ísis Rocha continuava a rir-se das parvoíces que Filipe dizia. A jovem sabia que ele era uma pessoa séria, mas por estar feliz estava a comportar-se de outra maneira. Aquilo era óptimo… Ela desconhecia aquele lado de Filipe.

   No momento em que o seu telemóvel tocou, Ísis teve logo o pressentimento de que algo tinha acontecido… Quando viu que era Leonardo que estava a ligar, não deixou de ficar admirada.

Ísis - Filipe, dá-me só um minuto!

E atendeu a chamada…

Ísis - Leo?

…

Ísis - Agora? Mas o que é que se passa?

…

Ísis - Mas eu estou ocupada…

…

Ísis - Ok ok, não insistas! Estou aí o mais rápido que puder!

…

Ísis - Não, não estou com a Melissa. Nem com nenhum deles!

…

Ísis - Até já!

E desligou, com ar aborrecido.

Filipe - Vais ter de ir embora… Não é?

Perguntou logo a seguir.

Ísis - Desculpa… Mas tem mesmo de ser! Melhor amigo em problemas!

Filipe - Eu vi que era sério! Posso ajudar em alguma coisa? O Leonardo também é meu amigo!

Ísis teve de pensar numa boa desculpa o mais rápido que pôde.

Ísis - É pessoal… É algo que ele nunca contou a ninguém! Desculpa, a sério…

Filipe sorriu…

Filipe - Não faz mal, eu entendo… Pensas sempre nos outros em primeiro lugar, és uma boa amiga!

A jovem percebeu que a desculpa tinha pegado.

Ísis - Mas podíamos ir jantar fora! O que é que achas?

Lembrou-se. Assim podia compensá-lo por aquela partida repentina.

Filipe - Acho uma excelente ideia! Vou buscar-te a casa! Tens preferência no restaurante?

Aceitou com entusiamo.

Ísis - Escolhe tu… Já sabes, tem de ter comida vegetariana! Desculpa a pressa… Fico à espera que me venhas buscar… Às 9 horas! Até logo!

E afastou-se com rapidez. Filipe ficara a sorrir, mas ainda ficou mais contente no momento em que a jovem voltou atrás e deu-lhe um pequeno beijo nos lábios…

*

   Melissa Monserrate e Hugo Zodiev ainda não se tinham mexido um milímetro… Estavam muito dedicados um ao outro. O beijo que davam parecia ser interminável. Ambos estavam cientes do que se passava à volta deles e assim que o telemóvel começou a dar sinal, Melissa parou…

Hugo - Temos mesmo de parar?

Perguntou, enquanto voltava a puxar Melissa contra ele.

Melissa - Por mim não parávamos… Mas pode ser urgente, é melhor atender!

Hugo sorriu, compreensivo. Melissa agarrou no telemóvel, viu que era Leonardo e atendeu…

Melissa - O que é feito de ti? Não chegaste a aparecer na casa da Érica! Avançámos sem ti…

…

Melissa - Pois, mas podias ter dito alguma coisa… O que é que estás a fazer na faculdade?

Perguntou curiosa… Era estranho Leonardo estar por lá, ainda pra mais quando estava a faltar às aulas.

…

Melissa - Um problema? O que é que aconteceu?

Melissa começara a ficar assustada.

…

Melissa - Leonardo, não me deixes em suspense… Houve algum ataque à faculdade? Alguma criatura nova?

A jovem estava a ficar impaciente.

…

Melissa - O quê? Não é possível… Estás a falar a sério?

A sua expressão mudara totalmente… Agora estava boquiaberta e Hugo começara também a ficar curioso.

…

Melissa - É claro que vou aí! Estou com o Hugo, ele vem comigo! Não demoramos! Até já!

E desligou com rapidez. Em seguida olhou para Hugo com um ar bastante espantado…

Hugo - Melissa, o que é que aconteceu? Ficaste tão surpreendida com o telefonema que estás a deixar-me nervoso!

Hugo nunca tinha visto Melissa assim.

Melissa - Temos de ir à faculdade… Não vais acreditar no que acabou de acontecer!

*

   Camila Duarte observava com atenção Érica, Rodrigo e Isabella… Estes três já tinham descido até à jovem e ao verem o que esta tinha descoberto sentiram que finalmente tinha valido a pena irem até ali. Entusiasmados, deslocaram-se até à entrada da gruta e examinavam-na com atenção. Por sorte, a maré estava baixa e isso dava-lhes a possibilidade de acederem ao local com facilidade. A jovem Camila ficara exactamente no mesmo local onde o seu telemóvel tinha caído.

Camila - ENTÃO? ENCONTRARAM ALGUMA COISA?

Gritava para eles, como se estivessem muito longe.

Érica - Não tenho a certeza… Teríamos de entrar para ver! Mas não sei se será seguro, uma vez que nem conhecemos este sítio!

Respondeu enquanto analisava a entrada. Em seguida olhou para Camila a sorrir…

Érica - Bom trabalho Camila, não posso deixar de o mencionar!

A jovem sorriu e mesmo tendo sido ao acaso, decidiu levar os créditos pela descoberta.

Camila - DE NADA ÉRICA! AFINAL NÃO SOU ASSIM TÃO INÚTIL, POIS NÃO?

Gabava-se aos gritos… Érica ficou com um ar um pouco atormentado.

Érica - Mas porque é que estás aos gritos?

Só aí é que Camila caiu em si e reparou que mais ninguém estava a gritar… Eles ouviam-na perfeitamente.

Camila - Ah… Eu pensava que não me ouvissem se falasse baixo. Por causa do mar…

Todos olhavam para ela… Novamente.

Camila - Ok, desculpem! Ficam logo ofendidos… Continuem a investigação!

Exclamou com ar escandalizado. Assim que Érica, Rodrigo e Isabella voltaram a virar-se começaram logo a rir. De vez em quando Camila conseguia ser engraçada.

Isabella - Então Érica? O que achas disto? Este sítio parece ser bem antigo… E parece ser fundo!

Analisou, enquanto regressavam à investigação.

Érica - É bem possível que Abaddon esteja escondido no interior desta gruta! Mas precisávamos de equipamento para poder entrar… E um bom plano!

Concluiu.

Érica - Além disso, nem sabemos onde vai dar! Até podem haver túneis longínquos… O ambiente parece ser bastante húmido e frio!

Rodrigo - Curioso, nunca ouvi falar de grutas ou túneis em Cila!

Reparou Rodrigo.

Érica - Sim... Muito curioso!

Os três ficaram bastante pensativos… Quando o telemóvel de Érica tocou e fez eco na gruta, tanto ela como os outros assustaram-se. Até Camila, que estava atenta à conversa.

Camila - Para a próxima investigação, lembrem-se de pôr os telemóveis em silêncio!

Avisou, com a mão no peito. Érica não respondeu e rapidamente atendeu, sem ver quem era…

Érica - Quem fala?

Perguntou com alguma rispidez, uma vez que tinham interrompido a sua concentração.

…

Érica - Ah, és tu Leonardo! Desculpa a agressividade… Pensei que fosse algum funcionário chato a fazer um inquérito acerca de um serviço qualquer!

Respondeu com gentileza ao ouvir a voz do jovem do outro lado da linha.

…

Érica - Precisas de falar connosco? Nós também temos de falar contigo… A Camila acabou de descobrir uma pista! Fantástico não é?

Disse com alguma alegria. No entanto, à medida que ouvia a resposta de Leonardo, a sua expressão foi mudando gradualmente.

…

Érica - Ir aí à faculdade? Fazer o quê?

Perguntou confusa.

…

Érica - Mas não podemos parar o que estamos a fazer Leonardo… Sabes muito bem a prioridade do problema!

…

Érica - Encontras-te o quê?

Érica estava perplexa com o que acabara de ouvir.

…

Érica - Não digas mais nada… Já estamos a caminho!

E desligou a chamada. Todos olhavam com curiosidade para ela.

Isabella - Mais problemas?

Érica - Bem-vinda a Cila… Temos de ir à faculdade!

Foi a sua resposta. Érica ainda estava sem reacção.

Camila - O quê? Então e a conversa das prioridades? Estamos a um passo de saber onde está aquele demónio nojento!

Camila não tinha vontade de ir à faculdade. Por incrível que pudesse parecer, o fruto daquela investigação estava a dar-lhe prazer.

Érica - Apareceu algo igualmente importante, algo que não podemos deixar escapar! Quando formarmos um plano sólido, voltaremos aqui!

Rodrigo - Érica, o que é que aconteceu? A curiosidade está a matar-nos!

Admitiu à sua mulher.

Érica - Conto pelo caminho! Vamos, não há tempo a perder!

E com todo o cuidado, liderou o caminho até ao topo das rochas. Era bem mais fácil subir do que descer… No entanto, em qualquer das duas a queda poderia ser fatal.

Para eles não houve qualquer tipo de problema… Estavam habituados a pior. Excepto Camila, que teve de ser ajudada… Como sempre.

Assim que saíram da costa rochosa, enfiaram-se no carro da jovem e arrancaram dali pra fora. Por Érica, Rodrigo e Isabella tinham ido a pé, mas Camila insistia em usar o carro dentro da vila… De qualquer dos modos, estariam lá num instante.