Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 79
Amor VS Ódio (Vol. 7) - Capítulo 7




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   Leonardo e Carlota tinham acabado de sair do edifício onde estavam para o exterior da faculdade, quando de repente pararam… O espaço estava repleto de jovens.

Leonardo - Não sei se vai ser assim tão simples encontrá-la!

O jovem procurava-a com o olhar.

Carlota - Ela também tinha de parecer tão comum…

Reclamou.

Leonardo - Por acaso achei-a bastante bonita… Parecia ser tão pura!

Carlota olhou para ele com uma sobrancelha erguida.

Carlota - Pureza… Tal coisa não existe!

Leonardo acabara de perceber algo…

Leonardo - Claro que aquela beleza para ti não quer dizer nada… Já podes transformar-te em tantas pessoas que não precisas dela para nada!

Carlota - Tenho de lembrar-te que ela não é humana?

Respondeu em modo de defesa.

Leonardo - Não é preciso… Temos é de encontrá-la, em vez de discutirmos a sua fisicalidade!

Carlota calou-se e decidiu concentrar-se para tentar encontrá-la.

Leonardo - Assim é impossível… Estamos rodeados de pessoas!

Exclamou impaciente. No entanto, Carlota estava a reparar num pormenor….

Carlota - Já reparas-te nos humanos?

Carlota adorava tratar as pessoas pelo nome da raça. Leonardo começou a prestar atenção…

Carlota - Todos estão a sorrir… Como se estivessem completamente felizes!

As pessoas deslocavam-se de um lado para o outro, cumprimentando-se e numa alegria nunca antes vista por aqueles lados.

Leonardo - Tens toda a razão. E isso só pode significar uma coisa… A nossa amiga anda por perto! Vamos fazer este caminho e em vez de a procurarmos, vamos estar atentos às reacções das pessoas!

Formou o plano e Carlota suspirou…

Carlota - Olhar para humanos… Uau, que dia! Vamos!

E começou a andar. Leonardo entendeu o sarcasmo da metamorfo e achou piada. A rir-se, seguiu atrás dela, mais uma vez…

*

   Assim que saíra da casa de Érica, a jovem Ísis Rocha ligou a Filipe pra se encontrarem. Em poucos minutos ambos estavam perto da estátua da guerreira Cila, na avenida principal da vila. Pelo aspecto de cada um, dava para ver que os dois estavam nervosos. Além de não estarem juntos já há algum tempo, iam falar de sentimentos e isso nunca deixa ninguém completamente à vontade.

   No início, nenhum dos dois falou. Apenas decidiram até onde iam… Um café com esplanada que existia a poucos metros da estátua. Quando chegaram sentaram-se e fizeram os seus pedidos à empregada que estava de serviço. Depois disso, ficaram frente um ao outro… Tinham feito aquilo muitas vezes, mas agora era diferente. Filipe nutria sentimentos por Ísis e esta, pela primeira vez, olhara para o rapaz com outros olhos.

Filipe - Há algum tempo que não vínhamos beber café juntos!

Começou a conversa, sem saber o que dizer.

Ísis - É verdade! Tenho andado muito ocupada… E como também nos chateamos, não sabia como dirigir-me a ti!

Respondeu com a máxima sinceridade que pôde.

Filipe - Eu é que em chateei! Tu nunca o fizeste… A culpa foi minha!

Ísis não concordava com o que o jovem dissera…

Ísis - Não digas isso, não é verdade… Eu é que não fui justa contigo!

Filipe - Claro que foste! Não és obrigada a sentir o mesmo que eu… Fui egoísta e só pensei em mim!

Ísis sorriu…

Ísis - Mas aí é que está o problema. Eu não sei o que sinto por ti… Devia ter dado uma oportunidade. Às vezes temos tudo à frente dos nossos olhos, apenas não queremos ver!

Sempre que a jovem dizia aquilo, os olhos de Filipe brilhavam.

Filipe - Eu não quero que te sintas pressionada…

Mesmo assim, o rapaz sentia-se receoso… Ainda não tinha a certeza do que Ísis queria dizer.

Ísis - Filipe…

E agarrou a mão do jovem.

Ísis - Não sejas tolo! Se estou a dizer-te que quero dar-te uma oportunidade, é porque quero! Já somos amigos há algum tempo e és um rapaz interessante. Até agora, tem sido muito bom conviver contigo… Mas estou disposta a conhecer-te melhor, se é que me entendes… Se dermos um passo de cada vez, pode ser que cheguemos a algum lado!

Filipe não conseguiu conter-se e soltou um enorme sorriso.

Filipe - Não precisas de repetir duas vezes! E prometo que não te vais arrepender!

Ísis - Eu sei que não!

De seguida, ambos suspiraram.

Ísis - Não foi assim tão difícil… Pois não?

Perguntou, com um ar mais aliviado.

Filipe - Nada. Até pelo contrário… Estou descontraído!

Respondeu de igual forma.

Ísis - Podemos dizer que isto foi um bom começo!

Analisou.

Filipe - O melhor ainda aí virá…

Respondeu com um ar sedutor, enquanto beijava a mão da jovem. Esta achou bastante piada ao que Filipe acabara de fazer e deu uma breve gargalhada, de sonoridade carinhosa.

*

   Melissa Monserrate não sabia ao certo o que estava a fazer. Tinha combinado encontrar-se com Hugo Zodiev numa das praias de Cila para poderem passear e conversar… Agora que já estava com ele, parecia não ter coragem de pegar no assunto acerca do pais do mesmo. A jovem ponderava se o encontro tinha sido uma boa ideia.

Hugo - Melissa, não me leves a mal… Mas ligaste-me para irmos até a algum lado conversar e até agora não disseste nada. O que é que se passa?

Perguntou com a maior das calmas.

Melissa - Não é nada… Apenas reparei que já não estava contigo há algum tempo!

Inventou. Por um lado estava ansiosa por confrontar o jovem com a verdade, por outro lado achava que talvez fosse imprudente. Tudo o que esperava era que os sentimentos que sentia por ele não a estivessem a cegar…

Hugo - Isso é verdade… Desde do dia em que todos estavam a experienciar os seus medos! Pra ser sincero, acho que andas a evitar-me!

Afirmou com toda a sinceridade. Hugo não sabia o que se passava, mas estava triste pelo desprezo que Melissa tinha passado a dar-lhe.

Melissa - Ah? Nada disso…

Disse com um ar pouco convencido e forçadamente descontraído.

Hugo - Mas andas… Nunca mais disseste nada nem nunca mais estivemos juntos. Tem alguma coisa a ver com o beijo que demos? É que eu pensava que estávamos a dar-nos bem… Contaste-me o vosso segredo e tudo! Agora parece que fui posto fora do grupo!

Hugo estava claramente desiludido e Melissa não aguentou mais… Hugo parecia mesmo nem desconfiar do porquê dela estar assim.

Melissa - Ok Hugo! Tens razão. Escuso de estar a inventar desculpas! Afastei-me, é um facto… Mas tive as minhas razões. Espero que sejas sincero comigo!

Hugo ficou a olhar para a jovem. Exactamente naquele momento, começou a sentir um nervoso miudinho… Teve a certeza que tinha chegado a hora da verdade.

Hugo - Tudo bem… Diz-me o que aconteceu!

E engoliu a seco. Frente a ele, Melissa respirou fundo… Não ia ser fácil colocar as questões que tinha preparado.

Melissa - Acho que mentiste-me acerca de algumas coisas… E também acho que escondes algum segredo acerca de ti! Portanto é melhor eu deixar-me de rodeios e ir directa ao assunto…

Hugo olhava para ela, muito sério.

Melissa - No dia em que Agramon atacou Cila e nós estávamos escondidos atrás do carro, os teus pais vieram buscar-te… Hugo, eles são demónios? E não vale a pena tentares negar. Eu vi os olhos deles… E pela atitude imperativa que tiveram não podiam ser outra coisa!

Melissa havia parado pra fazer o discurso e Hugo parara igualmente, para ouvir. O jovem sabia que não tinha outra hipótese senão contar a verdade. Então preparou-se… Levou a mão a cabeça, suspirou e encarou Melissa.

Hugo - Sim! Eles são demónios… Mas por favor, não contes a ninguém. Eles não exercem as suas funções… Têm uma vida normal! Estão contidos, se assim quiseres chamar!

Melissa conseguiu conter a informação que recebera… Pedira a verdade e ali a tinha.

Hugo - Não há razão para preocupações… Garanto-te!

A jovem continuou calada. Tinha mais uma pergunta e essa sim, era a principal. No entanto sentiu-se confusa… Independentemente da resposta que aí viria, Hugo não parecia ser mau. Até pelo contrário… Naquele momento estava bastante assustado.

Melissa - Não é isso que me preocupa por agora… Hugo, como é que pudeste esconder isto? Eu tenho sentimentos por ti e olha na posição em que me meteste! Se os teus pais são demónios, o que é que isso faz de ti? Estou a apaixonar-me por um demónio?

Melissa teve de ser honesta… A sua cabeça estava a explodir de tantos pensamentos.

Hugo - Eu também tenho sentimentos por ti Melissa! E foi por isso que te escondi tudo… A início eu quis contar, mas entretanto começamos a aproximar-nos e tive medo que isto te espantasse! Tenta entender… Eu não sou o inimigo!

Explicou, o mais rápido que pôde.

Melissa - Não me respondeste ao que te perguntei… Também és um demónio?

Melissa tinha de ouvir aquela resposta primeiro e só depois as explicações.

Hugo - Estás com medo de mim… Não acreditas em mim!

Disse com ar desiludido.

Melissa - Eu acredito em ti… Apenas fiz uma pergunta e conto com uma resposta honesta!

A jovem continuou com a mesma postura e Hugo finalmente rendera-se…

Hugo - Eu não sei o que sou! Ok? Não faço a mínima ideia… Não sou nenhum demónio, sou bem diferente da raça. Mas também não sou humano!

Melissa - Como assim? Os teus pais não sabem o que criaram?

Hugo - Eles também não sabem o que é que eu sou… Nunca nenhum casal de demónio teve um filho, excepto eles.

Melissa - Não estou a perceber nada…

Melissa estava a ser persistente e Hugo não aguentou a pressão…

Hugo - Tu não imaginas como é mau não sabe que és… Sentes-te sozinha, como se fosses completamente diferente do mundo inteiro. Eu nunca pude contar com ninguém… Nem com os meus próprios pais! Deves ter reparado na forma como eles tratam-me!

A jovem ouviu cada palavra e instintivamente acalmou-se… Começava a perceber o ponto de vista de Hugo. Ele tinha razão… A sua vida parecia ser bastante complicada. E curiosamente, sentiu-se familiarizada com aquele sentimento.

Melissa - Por acaso reparei… Eles foram tão rudes! Mas compreendo o que dizes. Não és o único que não sabe quem é ou o que tem… Eu também ganhei estes atributos e ainda não sei de onde vieram. Sei que é frustrante…

Admitiu Melissa, referindo-se à sua exagerada força e resistência.

Hugo - Desde que vos conheci, fiquei com esperança de vir a poder descobrir quem sou!

Mais calma, Melissa arriscou em aprofundar o assunto…

Melissa - Mas como é que sabes que não és humano? O que é que te acontece?

Hugo olhou para ela e ganhou coragem para recordar as transformações que costumavam ocorrer.

Hugo - Bem, deixa-me ver como é que eu vou explicar-te isso…

Tentou pensar numa maneira de contar o que acontecia sem assustar a jovem.

Hugo - Em certas ocasiões, quando sou confrontado com algo que me deixa muito nervoso, os sintomas despertam. Sinto uma energia escura e fria a invadir-me e fico com os olhos pretos… Os meus dentes, unhas e cabelos crescem e ganho uma força animalesca. Só volto ao normal quando consigo acalmar-me! Resumidamente é isso… Não sei nada mais acerca de mim!

Melissa ficou alguns segundos a olhar para Hugo… Não conseguia imaginar algo do género a acontecer ao rapaz.

Melissa - Ok, realmente não és uma coisa nem outra… Estranho!

Começava a ficar sem palavras.

Hugo - E é isto que prende-me… É esta a razão pela qual eu não tenho amigos, nem tenho uma vida normal. Não tenho ninguém…

E foi aí que caiu o chão a Melissa… Afinal de contas, Hugo não passava de uma vítima e de alguém cujo ego estava muito em baixo. Era óbvio que o jovem precisava de apoio, aquele era um segredo difícil de acarretar sozinho. E como ele próprio dissera, nunca tivera ninguém. Melissa arrependeu-se de tudo o que tinha pensado de mal acerca de Hugo.

Melissa - Hugo…

Mas este interrompeu-a, nervoso…

Hugo - Não Melissa… Tens razão. Como é que podes confiar em mim? Eu devia ter contado algo, mas para variar o meu medo falou mais alto. Se não tivesses puxado o assunto eu não tinha ganho coragem para contar-te. Sou fraco…

Melissa sentiu um grande aperto no peito. Hugo castigava-se a si mesmo, por algo que não era culpa dele. De um momento para o outro, a jovem esqueceu o facto de ele não ser humano e viu-o como um… Frágil e assustado.

Hugo - Eu compreendo se não quiseres guardar segredo e se não quiseres voltar a ver-me. Deves sentir-te traída…

Para Melissa, as palavras de Hugo estavam a deixar de ser escutadas... Tirando o facto de os pais do rapaz serem demónios, eles eram bastante parecidos no que tocava ao resto… Ambos estavam a experienciar algo que não conheciam e não sabiam nada acerca. Duas identidades completamente desconhecidas. Na mente da jovem, tudo o que ele contara-lhe anteriormente estava a ser assimilado. E houve algo que tinha passado despercebido… O facto de quando Hugo se sentir nervoso, transformar-se.

Melissa - Hugo?

Tentou chamar a atenção do jovem, mas em vão… Hugo continuava no mesmo registo.

Hugo - Só te peço para não deixares a Érica fazer-nos mal… Ela é uma Night Watcher e é dever dela matar demónios e criaturas que possam ser uma ameaça à humanidade. Não me faças mudar de casa…

Pedia a Melissa. Mas esta nem sequer ouvira… Tinha algo importante a dizer. Então, num tom mais elevado, repetiu o nome do jovem…

Melissa - HUGO?

Só aí é que Hugo parara de falar e ficara a olhar para ela, com a respiração acelerada por estar a falar rápido.

Hugo - Diz!

Melissa - Não sei se te apercebeste… Mas estás super nervoso! E não te aconteceu nada!

Hugo não percebera o que Melissa dissera e esta percebeu-o.

Melissa - Tu disseste que sempre que estavas nervoso ou aflito, transformavas-te! E olha… Nada aconteceu! Estás normal!

O jovem começou a pensar no que Melissa dissera-lhe… E era verdade. Ela tinha toda a razão. Hugo sentia-se nervoso e agitado, no entanto, continuava igual. E ele sabia que nada ia acontecer, não o sentia. Por alguma razão, daquela vez as coisas estavam a correr de maneira diferente.

Hugo - Tens razão… Não sinto nada!

E então chegou a uma grande conclusão… Talvez o problema que o atormentava pudesse ser controlado. Numa mudança radical de humor, Hugo soltou uma gargalhada de alívio e começou a saltar numa enorme euforia.

Melissa riu-se face ao comportamento do rapaz. Ele muito diferente quando tinha um sorriso nos lábios… Este era um dos detalhes que mostrava o quanto ela estava apaixonada pelo jovem, por muito estranho que fosse.

Hugo - Desculpa o meu comportamento… Mas não consegui conter-me. Sabes o que é que isto significa? Que de alguma maneira, eu posso controlar o que tenho em mim!

Melissa não foi capaz de dizer mais nada. A alegria que Hugo sentira, deu-lhe luz e fez com que ela esclarecesse todas as suas dúvidas. Numa rapidez incrível, lançou-se a ele e beijou-o. Este foi apanhado de surpresa, mas nada fez para o parar. Também nutria sentimentos por ela e naquele instante teve a certeza que era reciproco. Depois de alguns segundos que não foram sentidos pelos jovens, estes pararam e olharam um para o outro…

Hugo - Tens a certeza? Não te assusto?

Perguntou, sorridente. Melissa não respondeu e apenas beijou-o, de modo a que ele entendesse a resposta. Estava na altura de deixar as coisas fluírem naturalmente. Se ambos sentiam algo um pelo outro, não havia razão para não explorarem isso. Tudo o resto seria superado, como tudo com o que tinham de lidar diariamente. A jovem sabia que ele não era normal e que havia riscos ao envolver-se com ele, mas não quis saber… Ela também não o era.


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