Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions
A semana tinha chegado… O descanso acabara para começar o trabalho e outros tipos de deveres. Para Melissa tinha chegado um dos piores momentos, o início das aulas. Nos dois dias que passaram, a jovem conhecera toda a vila e até nem ficara desiludida. Cila era bem bonita e parecia ser um sítio agradável de se viver. Claro que preferia os seus amigos e a sua casa antiga, mas tinha se de costumar à ideia de que esses ficaram para trás. Mesmo assim, não podia queixar-se da sua nova casa… Gostara da sua simplicidade. Algo que adorara, foram as praias que a vila possuía, eram lindas… Onde antes vivia não tinha acesso directo ao mar, então não sabia o que era viver ao pé da praia. De tudo o que vira, houve algo que suscitou muito interesse à jovem... A grande estátua que existia em frente à camara principal, a de uma mulher muito bonita e elegante que carregava uma espada, parecendo uma guerreira. Por baixo do monumento dizia: “Cila”. Melissa perguntou a si mesma quem seria aquela mulher e se aquele seria o seu nome, o da vila… Sentiu vontade de perguntar a alguém, mas não conhecia ninguém. A jovem não era anti-social, mas não gostava de falar com estranhos… De modo a que preferiu ficar com a curiosidade para si mesma.
Por fim, acabou por visitar quase tudo excepto um único local… A universidade de Cila, a sua nova faculdade, onde não conhecia um único jovem, não tinha um único amigo. Achou que não haveria necessidade de passar por lá, uma vez que seria obrigada a passar bastante tempo naquele espaço. E de qualquer dos modos, já tinha ouvido falar dela e das suas excelentes condições.
Agora, o grande momento chegara, marcado pelo início da semana… Melissa encontrava-se parada frente à faculdade. Vários jovens encontravam-se a entrar e uma grande confusão de carros e transportes públicos estava instalada na estrada atrás de si. A jovem suspirou e devagar, avançou para também entrar…
Lá dentro, todos deslocavam-se para vários pontos numa barulheira enorme. A jovem olhava para os grandes pavilhões existentes e para o jardim bem tratado que exista à sua volta. Era bastante sofisticada como falavam… Melissa questionou-se se aquela faculdade não seria cara. Não fazia a mínima ideia, pois era o seu pai quem lhe pagava os estudos. A rapariga esperava que não, com a crise financeira que passavam, uma escola daquelas seria uma grande despesa. Depois de observar tudo, começou a entrar num dos pavilhões existentes, na esperança de encontrar a sua sala. Quando o ia a fazer, reparou numa rapariga que entregava uns folhetos à entrada… Ao chegar a sua vez, fora igualmente abordada.
Camila - Vota em mim para representante dos estudantes! Não te vais arrepender, sou muito competente!
Disse a jovem bem vestida, de uma forma muito elaborada. Melissa olhava para o folheto que Camila Duarte acabara de lhe passar.
Camila - Hum, espera… És nova aqui, não és?
Perguntou curiosa. Melissa rapidamente percebeu que aquela jovem devia conhecer muitas pessoas e isso encorajara-a. Talvez fizesse já um amigo e através dele, fazer mais…
Melissa - É assim tão óbvio?
Disse com um sorriso na cara.
Camila - Um pouco… Mas não faz mal, estás bem entregue! Chamo-me Camila!
Apresentou-se a jovem, bem-disposta.
Melissa - Eu sou a Melissa! Mudei-me no fim-de-semana para Cila!
Respondeu Melissa, já um pouco mais à vontade.
Camila - Porque é que te mudaste para cá? Isto é o fim do mundo! Estamos longe de tudo!
Queixou-se a jovem, mostrando que também ela habitava na vila.
Melissa - Fui obrigada… A minha madrasta arranjou emprego por aqui e tivemos de vir. Eu e o meu pai!
Camila - Lamento por isso! Mas já que estás por aqui, que tal tentarmos integrar-te um bocadinho? Posso mostrar-te a faculdade e apresentar-te a algumas pessoas!
Propôs Camila. Melissa sorriu descansada… Era exactamente aquilo que precisava.
Melissa - Agradeço-te imenso… Não conheço nada nem ninguém!
As duas jovens começaram a avançar…
Camila - Então? Que curso estás a tirar?
Melissa - O de psicologia! E tu?
Camila - Eu também! Deixa-me ver o teu horário…
Pediu a jovem… Melissa passou-lhe a folha correspondente.
Camila - Somos da mesma turma! Que giro, já viste?
Perguntou entusiasmada. A meio caminho uma voz distraiu e interrompeu a conversa das jovens.
Leonardo - Camila? Também estás a concorrer para representante dos estudantes?
Perguntava o jovem enquanto aproximava-se com mais duas pessoas. Camila revirou os olhos.
Camila - Oh não…
Disse para Melissa, baixinho. Depois olhou para Leonardo.
Camila - É claro que estou a concorrer! Eles precisam de alguém responsável e firme!
Respondeu, referindo-se a ela própria.
Leonardo - Exacto! Por alguma razão candidatei-me! Disseste que não o ias fazer…
O jovem também parecia estar certo das suas capacidades.
Camila - Bem, mudei de ideias! Achei que seria óptimo se eu desempenhasse essa função… Sejamos sinceros, era o ideal para mim, serei uma representante muito melhor!
Melissa fora completamente esquecida… A conversa desinteressante estava a tomar proporções alargadas. A jovem olhou para os outros dois que estavam com Leonardo, um rapaz e uma rapariga, e estes fizeram o mesmo. Ambos encolheram os ombros para Melissa e esta sorriu em resposta…
Leonardo - O que é sabes fazer? Dar dicas de como devem vir vestidos para a faculdade?
Perguntou com ironia e em provocação.
Camila - Nem te vou responder! Não vale a pena estares preocupado! Eu conheço tanta gente… De certeza que já está ganho!
Respondeu convencida. Uma discussão estava prestes a aquecer ainda mais, mas alguém interveio… A rapariga que vinha com Leonardo.
Ísis - Por favor… Não se vão chatear por causa disto, pois não?
Perguntou com um ar cansado… Como se aquele tipo de situações acontecesse com frequência.
Camila - Ninguém se está a chatear! O Leonardo é que parece incomodado por eu estar a concorrer também!
Disse com ar acusador. Leonardo ia a preparar-se para responder mas Ísis fez sinal para que não o fizesse.
Camila - Enfim… Vou aproveitar para vos apresentar a minha nova amiga, a Melissa! Mudou-se este fim-de-semana para Cila e é a nossa nova colega de turma!
Exclamou, apresentando Melissa aos jovens.
Melissa - Olá a todos!
Cumprimentou, um pouco envergonhada.
Ísis - Olá Melissa, eu sou a Ísis! Muito prazer!
Apresentou-se bastante simpática e alegre.
Ísis - E este é o Leonardo…
Apontando para o rapaz que discutira com Camila.
Ísis - E este o Filipe!
Indicando o jovem que sobrava. Ambos riram-se para Melissa.
Camila - A Ísis e o Leonardo também moram em Cila… O Filipe só cá está na época de aulas, mora na vila Medeia, numa pequena ilha a sul daqui!
Finalizou Camila.
Filipe - Já pensei arranjar uma casa por aqui... Passo cá tanto tempo!
Afirmou Filipe Mendes entusiasmado… Pelas roupas que trazia e pelo modo como falava dava para perceber que, tanto ele como Camila deviam ter uma boa vida e uma boa posse financeira.
Leonardo - Melissa, já foste conhecer Cila?
Perguntou Leonardo Almeida, de modo a fazer conversa com a jovem.
Melissa - Sim… Ontem dei uma volta pela vila! Só não conheci a faculdade…
Leonardo - Pudera… É o sítio menos interessante e onde temos de passar mais tempo!
Pelas suas palavras, Melissa compreendeu que Leonardo gostava tanto de estudar como ela, então, riu-se para o jovem.
Ísis - Então e gostaste da nossa vila Melissa?
Perguntou Ísis Rocha, animada.
Melissa - Bastante! A ideia de viver ao pé do mar é interessante!
Leonardo - Tens de experimentar as praias…
Informou com rapidez.
Melissa - Tenciono! Já ouvi dizer que o clima aqui é excelente! Ainda não tive muita sorte desde que cheguei…
Referindo-se ao tempo. Desde que Melissa chegara que o clima estava muito incerto… Estava calor, mas os aguaceiros que por vezes caiam, eram muito fortes.
Filipe - Cila tem um clima tropical… É normal presenciarmos vários fenómenos da natureza aqui na vila.
Respondeu com o seu ar descontraído, porém intelectual.
Camila - Sim, todos sabemos isso! Que tal acabarmos com a conversa chata e mostrarmos a faculdade à Melissa? Não tarda é hora de irmos para a aula!
Interrompeu abruptamente. Todos calaram-se e olharam para a jovem… Melissa tinha acabado de perceber que Camila tinha um feitio um pouco complicado.
Leonardo - Queres mesmo que eu diga quem é chata aqui?
Perguntou a Camila. Ísis rapidamente interrompeu e suavizou o momento…
Ísis - Eu acho que é uma boa ideia… Vamos mostrar a faculdade à Melissa! Não vamos querer que ela se sinta desconfortável não é?
Melissa riu-se perante a abordagem de Ísis. Parecia ser uma excelente pessoa…
Filipe - É melhor… A faculdade ainda é grande!
Melissa - Agradeço!
Ísis - Vamos…
Indicou Ísis, muito prestável. Os cinco jovens avançaram para conhecer a faculdade, envolvidos em conversas…
*
Por aquela hora, já quase todos em Cila tinham ouvido falar do macabro assassinato do dia anterior. O departamento da polícia estava num grande alvoroço… O detective Pedro Dias tinha acabado entrar e todos os polícias falavam do mesmo: dos dois jovens que tinham sido brutalmente assassinados. O Agente tinha acabado de vir da morgue, fora ver os corpos… Ou o que sobrara deles. Ao que parecia, ambos tinham sido literalmente devorados por algum animal. O estranho era o facto de não existirem animais por aquela zona que fossem capazes de fazer aquilo. Pra lá de Cila existia uma grande floresta, vasta e densa. Existia lá muita vida, mas nunca nenhum animal descera até à vila para cometer tamanha fatalidade. O detective sentia-se confuso… Cila tinha muitos casos estranhos, para os quais não existiam resposta. Pedro estudara o historial da vila e ficara impressionado com a quantidade de ocorrências sem resposta que existiam. Enquanto caminhava até ao seu escritório, algo chamou-o à atenção… Alguém.
Henrique - Então Pedro? Novo caso?
Era o seu amigo de longa data e também detective, Henrique Gomes.
Pedro - Sim… Mais um daqueles!
Respondeu, enquanto ambos entravam no escritório e fechavam a porta.
Henrique - É mesmo verdade? Foram… devorados?
Perguntou, incrédulo.
Pedro - Quase por completo… Acabei de vir da morgue e vi o que sobrou deles!
Henrique - Dizem que foi um animal… Que animal faria isto?
Pedro - Não sei! Parece-me que este é mais um daqueles que não terá solução… Algo não está certo Henrique!
Concluiu o detective.
Henrique - Passas a vida a dizer isso… Não se passa nada Pedro! Apenas acidentes em que os responsáveis escaparam! Sabes muito bem que assim que alguém foge para a floresta, dificilmente conseguimos alcançar ou sequer rastrear a pessoa! Temos quilómetros de mato denso, para todas as direcções! Nem sei como é que não consideram isto como um pulmão do planeta!
Pedro olhou para ele indignado.
Pedro - Esta floresta nem chega aos calcanhares da Amazónia!
Henrique - Eu sei, estava a brincar sim? Acho que tens pensado muito acerca disto… Se eu fosse a ti focava-me no presente! Os casos que já passaram, não há nada a fazer!
Aconselhou o amigo.
Pedro - Talvez… Devo estar a enlouquecer! Tens razão… Tenho de focar-me no presente!
Rendeu-se… Henrique tinha razão, Pedro passava muito tempo há volta de casos que já tinham sido arquivados, por falta de evidências.
Henrique - É isso mesmo! Andar para a frente!
Pedro - Sempre! E agora mesmo, temos algo onde nos concentrar! Tentar descobrir e abater este… animal, que andava a devorar pessoas pela vila!
Disse com convicção.
Henrique - Conta comigo!
Afirmou o amigo, da mesma forma…
*
Aos fins de tarde, o céu assumia uma cor dourada à medida que o sol se escondia no oceano… Era uma paisagem única. O mar brilhava intensamente e as gaivotas desciam até à areia enquanto outras pairavam sob a água. Várias nuvens indicavam que mais tarde ou mais cedo, ia chover. Mesmo assim, Cila continuava a ter encanto… Era esta a opinião de Hugo Zodiev, que todos os dias ao entardecer, dirigia-se até a uma das praias para contemplar as maravilhas da natureza. Sempre que o fazia, começava a sonhar sobre a sua vida, sobre o que poderia ter tido… O jovem sempre vivera em Cila, mas nunca estudara, nem trabalhara, nem sequer tinha ninguém a quem contar os seus pensamentos e opiniões. Hugo não tinha amigos. Sempre fora muito solitário… Em parte, por causa dos seus pais, que nunca permitiram que este fosse para a escola, ou alguma vez fizesse algo da vida. Eram muito conservadores. Claro que aprendera certo tipo de coisas, como ler e escrever. Todo o resto de educação que possuía, provinha de si próprio e do árduo trabalho que tivera para a adquirir. Mas a razão principal da distância que mantinha das pessoas era outra bem diferente… Desde bem cedo que o jovem apercebera-se de que não era normal… Em momentos críticos, algo acontecia-lhe… Algo invadia-lhe o corpo e tornava-o diferente. Algo que não parecia ser humano. Hugo Zodiev tentara falar com os seus pais, mas a resposta destes era sempre a mesma... Em primeiro lugar, afirmavam ser demónios. E era verdade… Fizeram questão de o mostrar, mas o rapaz preferia não pensar nesse dia. Em relação a ele, apenas chamavam-no de aberração. Hugo aparentava ter alguma relação com demónios, pela postura que assumia quando sentia-se me perigo, mas a sua atitude e personalidade provavam o contrário. Tudo isto deixava-o muito confuso e em branco, pois continuava sem saber nada acerca dele próprio. Daí, preferir não estar com ninguém… E claro, os seus pais estritamente proibiam-no.
Para Hugo, a vida tinha um significado muito mais profundo do que maioria das pessoas davam… Se bem que para o jovem, muitas pessoas eram totalmente ocas… Via-se pelo seu dia-a-dia, que tanto ele observava, por não ter nada para fazer. Ao ter conhecimento das ocorrências estranhas e da existência de mais seres além dos humanos, o rapaz tinha noção de que haviam coisas muito mais importante do que as futilidades a que todos recorriam. Hugo via a sua vida a fazer parte de algo maior… E assim o desejava.
Mais uma tarde acabara de passar e como todos os outros dias, o jovem ficou a assistir ao sol a desaparecer, envolvido em pensamentos importantes…
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