Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 35
Medos (Vol. 4) - Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Novo volume! Muito especial :D Esperemos que gostem!



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O sol nascia… Era sábado e o dia parecia estar magnífico, como tantos outros que caiam sob Cila. Aos fins-de-semana, a vila enchia-se de pessoas… Os cafés costumavam estar cheios, as ruas povoadas e as praias apilhadas de gente.

Melissa Monserrate adorava aqueles dois dias livres que tinha por semana… Significava não ter horários e poder fazer o que quisesse, quando bem lhe apetecesse. No entanto, não tinha nada para fazer, o que a fez perder a vontade de se levantar. Olhou para o relógio e verificou que tinha acordado por volta da hora de almoço… Pelo silêncio que se encontrava em casa, a jovem percebeu de imediato que tanto o seu pai como Clara deviam estar a trabalhar e tinha a casa por sua conta. Ao levantar-se da cama e espreguiçar-se, pensou em telefonar à sua melhor amiga para saber o que é que ela ia fazer… Mas logo a seguir recordou-se que ultimamente, Ísis tem andado muito ocupada e tirando na faculdade, não tem passado muito tempo com ela. A sua amiga gasta muito do seu tempo livre para estar com os Goblins.

Quando entrou na casa de banho lavou a cara e olhou-se ao espelho… Achou-se muito branca… Já era normal o seu tom de pele ser claro, mas um pouco de sol, de vez em quando, não lhe faria mal nenhum. Desde que morava em Cila, ainda tinha frequentado muito poucas vezes as suas praias. Talvez estivesse na hora de começar a ir mais vezes… Ali o tempo estava quase sempre quente, o contrário da cidade onde habitava anteriormente. Independentemente de ter conseguido fixar-se muito bem na vila, Melissa ainda tinha saudades da sua antiga casa e da sua antiga vida… Tanta coisa tinha mudado… Estes pensamentos passavam como flashes na mente da jovem, enquanto estava parada a ver a sua própria imagem ao espelho. Começava a sentir uma certa nostalgia ao lembrar-se de momentos do seu passado. Felizmente, um barulho ao longe chamou-a à atenção… O seu telemóvel estava a tocar, no quarto, impedindo-a de que se afundasse em recordações de uma vida que já não possuía.

Melissa - Ligas sempre nos momentos certos!

Atende a jovem a sorrir… Hugo estava do outro lado da linha, mas apenas se escutava as respostas de Melissa.

Melissa - Estava distraída a pensar na vida… E em como tudo mudou!

Melissa - Não, não tenho direito em ficar triste. Gosto de Cila e estou muito feliz por ter encontrado amigos tão valiosos como aqueles que tenho!

Melissa - Claro que também estou contente por te ter conhecido! Já te tinha dito!

Responde Melissa, de uma forma carinhosa. Dia após dia, a jovem e Hugo passavam mais tempo juntos e iam conhecendo-se melhor. Trocavam palavras de apoio um com o outro e focavam várias vezes o facto de se terem conhecido… Melissa gostava da simplicidade e individualidade de Hugo. Este gostava da bondade e coragem da rapariga. Vários elogios eram frequentemente feitos. Tanto um como outro tinham noção de que algo mais forte que uma amizade estava a nascer, mas ainda não tinha chegado o momento certo para falar disso…

Havia um certo mistério inexplicável entre eles, que parecia ser apreciado por ambas as partes, dado entusiasmo aos momentos em que estavam juntos.

Melissa - Não, já acordei há mais tempo! Porquê?

Mentiu Melissa… A jovem não queria que Hugo soubesse que ela acordava tão tarde ao fim-de-semana, podia parecer mal.

Melissa - Sim, era uma boa ideia… Já tinha pensado nisso, não tenho ido à praia!

Melissa - Porque é que estás a perguntar como é que está o tempo? Ainda não foste à rua?

Pergunta a jovem cheia de moralidade, como se ela própria já tivesse visto a luz do dia.

Melissa - Eu percebo… Estou para aqui a falar mas também não saí!

Responde Melissa a sorrir.

Melissa - Não é preciso! Estou no quarto, posso ver como está o tempo!

Dirigiu-se à janela, abriu-a e olhou para o céu.

Melissa - Está igual a tantos outros… O sol brilhante e um calor enorme!

Exclama bem-disposta.

Melissa - Então parece que temos o dia feito!

Nesse preciso instante, Melissa olha para a sua janela e apanha um susto muito grande… Estava repleta de abelhas. A jovem recuou, não entendia porquê é que estavam tantas agarradas à sua janela, apenas sabia uma coisa… Se havia algo que a arrepiava era insectos, mas propriamente, abelhas. Sempre foi um género de fobia que teve e que gostava de poder superar, tendo em conta os seres perigosos que já enfrentara… Esses sim é que deviam ser temidos e não aqueles pequenos insectos, que eram necessários ao planeta.

Melissa - Queres ouvir algo estranho?

Pergunta a Hugo, um pouco incomodada.

Melissa nem conseguiu compreender o que Hugo lhe tinha dito… Dezenas de abelhas entraram pelo quarto a dentro e tentavam atacá-la. Aflita, a jovem largou o telemóvel e tentou proteger-se. Estava apavorada… Sentia as picadas daqueles insectos nos seus braços, enquanto tentava esconder a cara. Ao não conseguir ver para onde ia, caiu ao chão enquanto as abelhas tentavam cobri-la. Melissa gritava e pedia por ajuda… Mas sabia que estava sozinha. O barulho que aqueles insectos faziam estava a enervá-la… Tinha de tomar uma decisão bem rápido, senão aquele ataque podia ser mortal. Nesse momento conseguiu olhar para a sua cama… E teve uma ideia.

Num só movimento pôs-se de pé, tentou enxotar todas as abelhas e correu até lá. Pegou num dos cobertores e tapou-se de modo a que ficasse bem protegida. De seguida, correu o mais depressa que pôde em direcção à porta do quarto e saiu, fechando-a atrás de si. Ao encontrar-se do outro lado, a jovem tirou o manto de cima de si e olhou à sua volta… Estava segura.

Aliviada, encosta-se à porta e suspira… No entanto, os seus braços estavam dormentes, das picadas das abelhas…

*

Estava escuro… Não se ouvia nada, a não ser a respiração profunda da Night Watcher enquanto dormia. Parecia estar descansada e tranquila. No entanto, na sua mente, as coisas estavam bem agitadas… Pelo menos, foi o que se comprovou segundos depois, quando Érica Rodrigues acordou sobressaltada. Acabara de ter um pesadelo. Meio desconcentrada, levantou-se para abrir as cortinas, de modo a que a luz pudesse entrar no quarto. Ao acabar de o fazer virou-se e apanhou outro susto… Rodrigo, o seu marido, estava sentado numa cadeira, ao lado da cama…

Érica - Que susto… O que é que estás aí a fazer amor? Não devias estar a trabalhar? Hoje não é o teu dia de folga…

Pergunta a Night Watcher ao seu marido, um pouco confusa.

Rodrigo - Sim, devia estar a trabalhar…

Responde Rodrigo Rodrigues. Érica achou-o estranho… Parecia não ter qualquer emoção no seu rosto.

Érica - Está tudo bem? O que é que fazias aí sentado e tão calado?

Rodrigo olha para ela, de um modo frio.

Rodrigo - Só sabes fazer perguntas? “O que é que fazes aí?”, “Está tudo bem?”, “Não te vais atrasar para o trabalho?”. Estou farto dos teus questionários!

Diz Rodrigo de um modo brusco e numa tentativa de imitar a própria mulher, ao fazer as perguntas…

Érica - O quê?

Pergunta meio baralhada. Rodrigo nunca falara mal para ela…

Rodrigo - Tenho andado a pensar… Não consigo mais fazer isto…

Érica estava completamente à toa… Não estava a compreender o que é que se passava com Rodrigo.

Érica - Fazer o quê? Não estou a perceber…

Rodrigo - Nós!

Érica ficou branca…

Rodrigo - Não posso continuar a viver assim… A minha vida está sempre em perigo por causa dos teus problemas! Estou cansado de fazer parte disso!

A Night Watcher não queria acreditar naquelas palavras. Algo acontecera a Rodrigo… Ele nunca agiria assim…

Érica - Mas isso nunca foi problema… Tens a certeza que estás bem?

Rodrigo - Estou óptimo, nunca tive tão consciente!

E logo a seguir pega numa mala que tinha aos seus pés… Ao ver aquilo, Érica caiu em si e percebeu que era a sério. Ainda não tinha visto a mala, a qual estava escondida pela cama. O que mostrava que Rodrigo tinha mesmo pensado acerca do assunto.

Rodrigo - E é por isso que vou deixar-te! Para meu próprio bem…

Continuou Rodrigo…Érica foi rápida e interrompeu.

Érica - Rodrigo, não estás a pensar com clareza… Não é preciso fazeres isso, eu posso tentar mudar!

Érica tinha de tentar algo… Estava muito confusa com toda por aquela situação, jamais imaginava que algo assim pudesse mesmo acontecer… O amor da sua vida não a podia deixar assim, não daquela maneira.

Rodrigo - Qual é o espanto? Achaste mesmo que alguém ia aguentar muito tempo contigo? As pessoas gostam de segurança… O que contigo parece ser impossível ter!

Rodrigo dirige-se à sala de estar e Érica segue-o, aflita.

Érica - Como é que podes dizer isso? Já estamos juntos há quase 15 anos!

Exclama incrédula… Não sabia mesmo como agir, nunca tinha sequer, alguma vez, imaginado aquele momento.

Rodrigo - Não fiques tão chocada! Não achas que tenho razão? Qualquer dia nem os jovens que te ajudam vais ter! Ninguém aguenta esse teu mundo!

A Night Watcher estava triste… Não conseguia compreender porque é que além de estar a terminar o relacionamento, Rodrigo estava a ser mau e frio.

Érica - O que é que te aconteceu?

Pergunta desiludida.

Rodrigo - Não vais mesmo aceitar pois não?

E fica a olhar para a mulher… Esta não conseguia responder.

Rodrigo - Bem, estou de saída! Espero que resolvas todos os teus problemas! Talvez sejas mais feliz!

E deste modo, Rodrigo sai de casa e deixa aporta aberta… Érica estava estupefacta. Por momentos pensou se ainda estaria a sonhar… Mas rapidamente caiu em si. A correr, dirigiu-se à porta de casa…

Érica - RODRIGO?

Gritou a Night Watcher… Mas Rodrigo já nem estava à vista… Tinha avançado por entre a chuva até desaparecer. O tempo estava escuro e triste.

Érica ficou uns segundos à porta e finalmente veio para dentro. Fechou-a com calma e dirigiu-se até a um dos sofás. Ao sentar-se o mundo parecia que tinha desabado aos pés dela. Descontroladamente, começou a chorar… Sentia-se ridícula. Rodrigo tinha-a deixado sem ela perceber que ele não estava bem. Tudo aconteceu tão rápido… Nem sequer teve tempo para tentar arranjar uma solução, algo que o fizesse ficar. “Como é que eu não me apercebi?” Perguntava a si mesma. Uma das coisas que mais receava tinha acabado de acontecer… No entanto, Rodrigo parecia não ser ele mesmo, estava estranho e frio… Érica não conhecia aquele lado dele.

Ao seu lado, algo tentou interromper a concentração da Night Watcher. O seu telefone tocava… Num movimento rápido, limpa as lágrimas, recupera a sua voz firme e atende a chamada.

Érica - Bom dia!

Érica - Sim, é a própria!

A Night Watcher ficou mais séria…

Érica - O quê? Como é que isso é possível? Onde é que está o Sr. Charters?

Alguém da Ordem Secreta dos Night Watchers tinha contactado Érica. Não era muito vulgar telefonarem, uma vez que era sempre ela que ligava quando precisava de informação. Eles só contactavam quando havia alguma actualização importante e geralmente quem o fazia era o seu grande amigo de longa data, o Sr. Charters.

Érica - Mas queria falar com ele! Como é que isso aconteceu e eu não soube?

A Night Watcher estava alarmada.

Érica - Se Abaddon está livre, podemos estar condenados! Não percebem? Como é que tiveram acesso a essa informação assim tão rápido? A responsável por Cila sou eu!

Érica não queria acreditar… Aquele estava a ser o pior dia da vida dela. Se havia algo em que tinha orgulho, era em ser uma Night Watcher. Adorava aquela Ordem Secreta que visava proteger a humanidade. Mas desta vez tinham falhado… Uma informação daquelas, já devia ter sido previamente avisada.

Érica - E os feiticeiros que têm a trabalhar para a Ordem não previram isto?

Érica - Pois e agora estou numa situação má… Não contava com isto! Deixem-me falar com o Sr. Charters, posso vir a precisar de reforços!

Érica começava a ficar enervada, parecia que não estavam a levar a situação a sério... O que era estranho. A sua cabeça estava prestes a explodir a qualquer momento… Rodrigo deixou-a e agora isto… Mesmo assim ali estava ela, a tentar manter o controlo perante tantos golpes.

Érica - Não podem, sem mais nem menos, lançar uma notícia dessas para cima de uma pessoa! Preciso de ajuda!

Érica - Eu sei que sou uma Night Watcher, mas esta é uma situação critica! Com Abaddon activo, o “Grande Projecto” dos cinco demónios da ordem superior pode andar para a frente!

Érica - Mesmo que o paradeiro dos outros quatro demónios seja desconhecido temos de estar alerta e preparar algum ataque em força!

Érica - Desculpe lá, mas com quem é que estou a falar?

...

Érica não aguentava mais, a pouca paciência que ainda tinha estava a desaparecer por completo.

Érica - Eu tenho direito de fazer as perguntas que quiser! Pelo seu tom já vi que deve ser novo na Ordem! Chame o Sr. Charters, se faz favor!

De repente, Érica teve a sensação que, do outro lado da linha, tinham desligado a chamada…

Érica - ‘Tou? ‘TOU?

Nada… Ninguém respondeu… Fosse quem fosse, tinha mesmo desligado na cara da Night Watcher. Esta, ofendida com o que tinha acontecido, num só gesto raivoso, atirou o telefone contra uma das paredes. Sentia-se desconcentrada e nervosa… “Como é possível acontecerem tantas coisas más ao mesmo tempo?”, perguntava a si mesma. Pela primeira vez sentiu-se verdadeiramente sozinha… Algo grande estava prestes a acontecer e não sabia que fazer, tudo parecia estar a acontecer rápido demais. Tinha de encontrar os jovens…

Em dois minutos vestiu um dos seus fatos-de-treino e saiu porta fora, sem se preocupar em levar um chapéu para se abrigar da forte chuva que caía. Na verdade, Érica estava tão baralhada, que nem se lembrou que bastava pegar no telemóvel e fazer uma chamada pra falar com os jovens, em vez de sair de casa para procura-los, sem sequer saber onde estariam…

*

Há certas alturas em que uma pessoa tem de ser sincera consigo mesma… E hoje, era assim que Ísis Rocha se sentia. Já tinha acordado e organizado a sua vida desde bem cedo… Almoçou e preparava-se para ir à faculdade. Mesmo sendo sábado, a jovem tinha de ir lá para ir buscar uns livros que precisava pra estudar… Não se importava de lá ir todos os dias, se fosse preciso, pois era um sítio de que gostava e onde passava maior parte do seu tempo com os amigos, Melissa, Leonardo e por vezes, Camila. Filipe também contava, mas ultimamente afastou-se e nunca estava com eles… As poucas vezes que Ísis viu-o, deu-lhe a sensação de que ele se afastava o mais rápido que podia, evitava-a a todo o custo… O que era um pouco normal tendo em conta o que aconteceu entre ambos. E era aí que Ísis tinha de ser sincera consigo própria… Tinha sido um pouco cruel com Filipe Mendes. Devia ter reagido melhor perante os sentimentos do rapaz, em vez de ter ficado praticamente calada. Agora, às custas disso, podia ter perdido um grande amigo. Foi aí que também chegou a outra grande conclusão… O seu coração já não batia tão forte por Leonardo. Ela tinha noção de que nunca lhe ia contar acerca dos seus sentimentos e sabia que jamais iria acontecer algo entre os dois… Se calhar, só agora é que essa ideia e pensamento estavam a adaptar-se à jovem. E ainda havia uma certa questão que era incompatível face a um relacionamento… A diferença entre feitios de ambos. Ísis é muito calma e os seus gostos são um pouco diferentes dos restantes jovens. Leonardo também era calmo, educado porém simples. Se bem que ultimamente andava muito agitado. Pelo menos na opinião dela… Que conhecia-o melhor que ninguém.

Para se entreter e fazer um pouco mais de tempo, Ísis decidiu varrer a cozinha, uma vez que já tinha terminado todas as outras tarefas. Sempre que podia ajudava os pais no trabalho de casa, já que estes tinham uma vida muto ocupada.

No momento em que acabou a sua limpeza, a jovem dirigiu-se à sua pequena despensa, situada na cozinha. Como o dia estava bom, Ísis tinha aberto as janelas para a casa arejar. Quando estava a guardar a pá e a vassoura ouviu um som… Ao olhar para trás só teve tempo de ver a porta da despensa a fechar sozinha. “Deve ter sido alguma corrente de ar!” Pensou enquanto estava no escuro. Tentou abrir a porta, mas não conseguiu… Parecia estar trancada. “Ok, assim já é estranho…”

Ísis - Está aí alguém?

Perguntou Ísis e de seguida bateu na porta. Não obteve resposta… Não estava ali ninguém. Tentou compreender como é que a porta se tinha trancado sozinha, mas não arranjou nenhuma explicação lógica. Desejou, pelo menos, ter luz para poder achar algo que a ajudasse a sair dali, no entanto, o interruptor era do lado de fora… Foi aí que Ísis lembrou-se de um pequeno problema, que poderia vir a tornar-se muito grande. Em menos de 2 minutos, estava a soar, a sua boca ficou seca, as suas mãos e as suas pernas começaram a tremer e o seu coração batia rapidamente e com força, dava a sensação que ia arrebentar a qualquer segundo. O pouco que conseguia ver tentava desprezar… O ambiente parecia estar a comprimir-se, o tecto a aproximar-se a as paredes a contraírem. Ísis era claustrofóbica. Espaços escuros e pequenos eram um grave sarilho para a jovem bruxa que tanto apreciava liberdade. Sentia-se desesperada… Mesmo assim tentou agir. Pegou numa das latas de comida que havia numa das prateleiras e começou a bater na maçaneta, na esperança de abrir a porta. À quarta pancada desistiu… A sua força estava num nível muito baixo e o pânico estava a apoderar-se de todo o seu corpo. Restava apenas outra solução… Magia.

Nos últimos tempos, Ísis tem praticado algumas coisas às escondidas. Não queria dizer que tivesse algum mal, só queria era evitar o discurso de Érica acerca dos perigos que a Magia constitui. Era óbvio que a jovem conhecia as várias armadilhas que constituíam esse complexo sistema, logo, não havia problema. À excepção do feitiço para localizar demónios, até ao momento, apenas tinha conseguido fazer coisas pequenas, essencialmente trabalhos com os quatro elementos, água, terra, ar e fogo. Para a jovem era essencial ter algum controlo sob os elementos da Natureza… Com algum trabalho e dedicação, quem souber manusear as quatro forças, consegue fazer actos incríveis. E Ísis gostava de conseguir chegar a esse patamar. Tudo o que tem feito tem sido sempre com auxílio de material… Os feitiços mais evoluídos, no entanto menos complexos, eram mais difíceis de realizar, uma vez que não é necessário material, apenas a voz e uma boa e focada concentração. Desde que descobrira o Grimório, também tentara fazer alguns desses, mas sem qualquer efeito… E agora, naquele preciso momento, tudo o que Ísis podia usar era um desses feitiços, os quais não conseguia realizar. Mesmo assim, quis tentar a sua sorte… E lembrava-se de um em particular que servia para abrir cadeados e fechaduras. Com algum esforço, tentou manter a calma e fechou os olhos…

Ísis - Aperio!

Exclamou a jovem com toda a convicção que conseguiu… Ísis abriu os olhos e nada acontecera. Ainda estava muito nervosa… Se não conseguia antes, não seria agora que ia ter sucesso. Começou a sentir-se mais fraca do que nunca, tinha a sensação de que ia começar a sufocar. No momento em que ia a desmaiar, escutou algo que nunca antes tinha ouvido… Uma voz dentro dela gritou: “NÃO! LUTA!”.

Ísis arrepiou-se ao ouvir aquilo e por uns instantes, conseguiu recuperar… Não conhecia a voz, nem sabia definir ao certo se era masculina ou feminina. De algum modo, parecia confortável… E deu-lhe incentivo para lutar, tinha de tentar aguentar aquele mau bocado. Mais uma vez, a jovem tentou concentrar-se e fechou os olhos…

Ísis - Aperio!

Tudo ficou na mesma e Ísis, em vez de desiludida, ficou chateada. ”Não vais ser mais teimoso que eu!” Já era altura de alguma coisa funcionar como devia ser e por isso não ia desistir. Respirou fundo, manteve a calma, focou o seu objectivo e o quanto queria sair dali, concentrou-se, fechou os olhos e preparou-se…

Ísis - Aperio!

Nada aconteceu, mas desta vez, a jovem ficou na mesma posição e manteve todo o trabalho de meditação.

Ísis - Aperio!

Silêncio… E nesse instante, Ísis sentiu uma energia forte, parecia que um calor intenso percorria-lhe todo o corpo, terminando nas mãos… Automaticamente, a jovem direccionou-as à porta e gritou…

Ísis - APERIO!

Finalmente o som desejado foi ouvido… A porta destrancou-se. Ísis tinha conseguido!

Mal saiu da despensa, começou logo a sentir-se melhor. Dirigiu-se à bancada da cozinha e pegou num copo para beber água. Sentia-se melhor, mas estava desidratada. Algo estranho tinha acabado de acontecer… Por um lado, sentia-se feliz por o feitiço ter resultado… Por outro, a porta não se tinha trancado sozinha. Algo originou aquilo. E depois aquela voz estranha que escutou… Precisava de falar com Érica, talvez aí conseguisse algumas respostas. Sem demora, a jovem bruxa saiu de casa pra se dirigir à da Night Watcher.


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Notas finais do capítulo

Reviews :p



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