Crimson Camellia escrita por Megurine Philip


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

E então? estou aguardando os reviews minna!!
Capitulo 2 saindo do forno... desculpe qualquer erro pois estive sem tempo... enfim... leiam...



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A ida para a minha casa foi bem descontraída, com Alecia lembrando histórias e mais histórias da época da faculdade. Evitando lembrar muito o Sam, o que, de certa forma, foi inevitável, pois ele agora era a parte que faltava no nosso quarteto. Chegamos na minha casa e quando sai do carro olhei-a durante alguns instantes, e por um momento me perguntei para que uma casa tão grande agora que estava sozinho. Ajudei Alecia com a bolsa e fomos até a entrada. Eu e Alexander levamos as bolsas para o quarto de hóspedes onde ele e a noiva iriam dormir. Voltamos para a sala, onde Alecia passeava pelos canais da televisão. A sala de estar era bem aconchegante, as paredes brancas, móveis de madeira modernos e decoração simples. A cozinha era americana com o balcão bem de frente para a TV. Alex se aconchegou ao lado de Alecia:

– Pessoal. O que vocês acham de comer uma pizza? Estou com preguiça de cozinhar... como sabem não dormi muito bem. - Sorri. Alexander concordou entusiasmado e Alecia reclamou algo sobre as calorias. Peguei o telefone sem fio na mesinha de centro da sala e pedi duas pizzas. Lembrei que meu jovem amigo tinha um apetite voraz, principalmente tratando-se de coisas gostosas e gordurosas. Reparei nele durante um segundo, ele estava levemente acima do peso, mas não perdia a elegância da qual eu estava habituado. O cabelo castanho claro arrepiado com a ajuda de gel deixava seu rosto a mostra. Tinha traços fortes que nesse momento se dividiam em um sorriso relaxado.

–Alecia... - interrompi as brincadeiras do casal. - Escolhe alguma coisa para assistirmos até a pizza chegar.

– Acho que essa é a primeira vez desde que estou com o Alexander que escolho o que vamos assistir. - Senti o tom irônico com ar debochado. Meu chefe percebeu a piadinha e ao invés de tentar arranjar desculpas apenas sorriu e soltou um:

–Oportunidades como essas são raríssimas, aproveite-a bem amor.

Após comer, Alexander lavava os copos e os pratos, enquanto eu e Alecia arrumavámos o quarto de hóspedes para que pudessem passar a noite.

– Eu quero agradecer de novo por vocês, ficarem comigo essa noite. - Disse enquanto esticava o lençol sobre a cama, de cabeça baixa. Senti um toque leve em meu queixo levantando-o, Alecia Olhava em meu olhos docemente, em seus olhos aquele ar compreensivo que eu conhecia tão bem, como uma irmã:

–Tay... você acha mesmo que eu gostaria de estar em outro lugar? Você é muito especial pra mim... - Ela passou os braços por sobre meus ombros e me envolveu num abraço completamente acolhedor. - E o que eu mais quero nesse mundo é o seu bem. Tenho certeza que o Sammuel vai aparecer essa noite e nós vamos ajudar ele a fazer a travessia. - Ela me deu um beijo na testa e sorriu.

Estávamos descendo para a sala quando a campainha tocou. Deixei o casal na sala e fui atender. Abri a porta e um vento gelado me acertou, vi que estava chovendo. Tamanha foi a minha surpresa quando vi Lucas em minha porta molhado da cabeça aos pés, tremendo de frio:

– Lucas?! O que você está fazendo aqui a essa hora? E molhado desse jeito! Entra logo. - Quando ele passou para a luz vi que estava pálido.- O que aconteceu Lucas? Você está bem?

– Eu... - Ele hesitou ao me olhar - ... você pode me dar uma toalha... e eu conto o que aconteceu, tudo bem?

– Melhor: você vai tomar um banho bem quente e depois conversamos. Vem comigo. - Fomos até a sala e apresentei rapidamente o irmão de Sammuel para o meu casal de amigos e o levei até o banheiro.

Aquela expressão no rosto de Lucas não desaparecia e aquilo me preocupava muito. Fomos até o segundo andar da casa lhe disse para ir enchendo a banheira que logo levaria a toalha e uma roupa seca. Virei as costas para ir ao meu quarto mas fui impedido quando ele segurou meu ombro me fazendo voltar a ficar de frente pra ele:

– Eu... - Sua voz era apenas que um sussurro hesitante. - ... eu não quero ficar sozinho... eu estou com muito medo...

Não soube o que responder. Fiz sinal com a mão para que me seguisse e fui buscar uma toalha em meu quarto. Tentei imaginar milhares de razões para o medo de Lucas, entre elas uma possível visita do irmão. Por um momento meu coração se espremeu no peito e tirei essa idéia da minha mente o mais rápido possível:

– Tudo bem. Você pode dormir no meu quarto hoje... - Seus olhos me fitaram ainda assustados.

– Não... digo... não quero ficar sozinho agora... - Agora já com a toalha em mãos segui pelo corredor enquanto falava com o rapaz. Parei quase que automaticamente quando me vi na frente do quarto que antes era meu e do Sammuel:

– O que houve Tay? - Disse Lucas logo atrás de mim.

– Não... nada... é que... esse era o nosso quarto... Faz tanto tempo que não entro aqui.

– Então não entre. Tenho certeza que um short seu vai ficar bom o suficiente para que eu possa dormir, e eu tenho uma camisa na bolsa, se ela não molhou posso usa-la, se molhou durmo sem camisa mesmo. - Concordei ainda de frente para a porta - Tudo bem. Vou encher a banheira agora. Vem.

Lucas abriu a torneira e checou a temperatura da água. Deixei a banheira enchendo e dei um roupão meu para ele usar até o banho estar pronto. Segurei o riso quando o vi, pois o roupão ficara bem curto. Desci alguns degraus da escada para checar se meu casal de amigos estava bem, depois voltei ao banheiro desligando a torneira. Virei de costas enquanto meu ex cunhado terminava de se despir e entrava na banheira:

– Já que vou ficar aqui, podemos começar a nossa conversa. O que aconteceu? - Perguntei ainda de costas.

– Pode se virar. - Ele disse calmamente. Me virei e o encarei. Ele suspirou com os olhos fechados enquanto se ajeitava na banheira. - Eu estou com medo Taylor. - Sua voz controlada e sua expressão um enigma. Ainda de olhos fechados e com a cabeça encostada na borda da banheira continuou - Tem acontecido coisas estranhas lá em casa e hoje...bem eu não tenho certeza.

– Como assim Lucas?! - Minha voz não escondeu a preocupação ao subir uma oitava.

– Eu juro que não quero te incomodar com isso, melhor deixar pra lá. - Seus olhos se abriram e ele fitou minha expressão preocupada.

– Lucas! Por favor me conta o que está acontecendo... eu preciso saber se o S... - Minha voz subiu cerca de três oitavas ao quase pronunciar o nome de Sammuel. Eu precisava saber que não era só eu que o via. Que de alguma forma ele ainda estava entre nós. Ou que talvez eu não estivesse louco.

– Eu tenho tido sonhos estranhos... com o... meu irmão... e uma jovem mulher. No sonho meu irmão diz que te colocou em perigo e está com medo. Ele pede pra eu te levar o mais longe possível. - Ele explicava hesitante - A mulher me perseguiu pelo apartamento até que Sam apareceu e a atraiu para longe. Mas hoje... aconteceu... achei que estava ficando louco quando ela apareceu na rua, quando estava saindo do trabalho e começou a me perseguir. Ela estava segurando um punhal e avançava em minha direção tão rápido que seus pés não pareciam tocar o chão. Eu corri o máximo que pude e ela quase me alcançou... - Lucas desencostou da banheira e mostrou um corte meio superficial nas costas, perto do ombro. - Eu não sei o que está acontecendo Taylor. Eu estou ficando louco?

A minha resposta se limitou a um "não sei". Achei melhor conversar com Alex e Alecia.

Antes que me virasse, ou mesmo me afastasse da banheira, Lucas, que já havia terminado o banho, se levantou da banheira. Fiquei extremamente constrangido por vê-lo daquele jeito. Ele podia parecer mais com o irmão?

Me virei e fui em direção a porta enquanto ele se secava, depois fomos até meu quarto onde ele se trocou. Dei a minha maior bermuda para ele, mas ainda assim ficou curta. Sua camisa estava molhada então ele disse que ficaria sem camisa mesmo. Mas vi que ele estava arrepiado pelo ar gelado, então procurei algo em meu guarda roupa que lhe servisse. Em vão. Ou ele era muito grande ou eu muito pequeno, apostaria na segunda alternativa:

– Acho que vou ter que pegar uma camisa do Sam para você. - Disse hesitante fechando a porta do guarda roupa.

– Eu posso pegar lá por você. É só me dizer onde está.

Eu hesitei novamente.

– Tay... - Lucas me arrancou de meus pensamentos.
– Está na terceira gaveta do lado esquerdo do guarda-roupa... - minha voz era vacilante e meu olhar não se focalizava. Lucas entrou e poucos segundos depois saiu vestindo uma camisa cinza. Fechou a porta e disse:
– Bom, vamos descer. Acho que seus amigos já estão com uma impressão ruim sobre mim. Roubei você deles por muito tempo. - Ele sorriu, mas seus olhos não escondiam sua preocupação e seu medo ao me olhar. Voltamos a sala de estar, Alecia e Alex estavam abraçados assistindo televisão. Quando nos viram sorriram:

– Achei que não desceriam mais. Agora eu escolho o filme...um bom. - Disse meu chefe descontraído. Ouvi um barulho de tapa fraco, deduzi ser a resposta de Alecia ao comentário. Sorri e me acomodei no sofá ao lado de Lucas enquanto Alex iniciava o filme.

No decorrer do filme deitei no peito Lucas, que por sua vez colocou o braço em minha cintura em um quase abraço, vi o casal trocando olhares enquanto nos espiavam do outro sofá. Suspirei ao me acomodar e o cheiro da camisa de Sammuel invadiu minhas narinas por alguns instantes foi como estar com a razão do buraco em minha alma ali ao meu lado, por um momento foi como se nada tivesse acontecido.

O filme acabou e decidimos todos nos acomodar em nossas camas, Lucas iria se deitar em um colchão ao pé da minha cama. Acompanhei o meu casal de amigos até o quarto de hóspedes e fechei a porta relembrando onde ficam os banheiros da casa e desejando um bom descanso:

– Taylor... - Alex disse antes que a porta se fechasse - ... vai dar tudo certo. Estamos aqui com você, tudo bem?
– Eu sei. Muito obrigado! Boa noite.

Lucas estava encostado na parede ao lado da porta. Ele não me deixava sozinho nem por um instante.

Passamos no quarto, onde peguei suas roupas molhadas e desci para a lavanderia que ficava no fundo do quintal atrás da casa. Falei para Lucas ficar dentro da casa para não molhar as roupas que lhe emprestara para dormir. Ele reclamou mas mostrei pra ele que ele poderia chamar que voltaria correndo, sem falar que dava pra ver a lavanderia pela porta de vidro que limitava a casa com os dois degraus que facilitavam a chegada no gramado. Corri para não me molhar muito e coloquei suas roupas na lavadora de roupas, sempre espiando a casa e o olhar atento de Lucas a me esperar ansiosamente.

Pensava insistentemente no corte nas costas de Lucas e na história contada durante o banho. Era compreensível seu medo. Quase me escapou a possibilidade de essa mulher ter algo em comum com as aparições do Sammuel. Mas por que ela tentou machuca-lo?

O ciclo de lavagem terminou e após um tempinho na secadora as roupas estavam secas. Virei para voltar pra casa e a vi se aproximando dele. Uma mulher de quimono ensangüentado e cabelos desalinhados jogados sobre os olhos com um sorriso amedrontador. Joguei as roupas no chão e corri em sua direção gritando pra ele sair dali. Por sorte, em resposta ele abriu a porta de vidro e correu em minha direção. Parei na chuva com a mão contra o peito. O sangue parecia fugir do meu rosto. Lucas me segurou pelos ombros perguntando o que acontecera. A mulher continuou parada ali me encarando. A luz do quarto de hóspedes se acendeu e rezei pra que ela não notasse meu nervosismo crescer. Lucas olhou pra trás e foi visível a onda de pânico correndo seu corpo e congelando seu rosto. A mulher se virou e começou a caminhar casa adentro. Corri até a casa seguido por Lucas e apartir do assoalho meus passos foram leves e cuidadosos. Ouvi um riso de mulher vindo da curva do corredor a minha frente. Parei. Ela estava lá e sabia que eu entraria pra avisar meus amigos do perigo. Era uma armadilha. Lucas tomou minha frente e segurando minha mão me conduziu rapidamente até a sala de estar. A mulher não estava mais no corredor. As risadas de mulher só aumentaram no centro da casa. Meu olhar se fixou na escada por uns instantes. Alex e Alecia estavam em perigo e eu tinha que ajuda-los.

– Lucas, eu tenho que tirar meus amigos lá de cima. Vamos.

Ele hesitou me encarando apavorado. O puxei pela mão e então seguimos para o segundo andar.

Ouvi o grito de Alex e abri a porta sem pensar, com o peso do corpo. A mulher estava lá empunhando uma faca ou algo parecido, Alex estava em sua frente defendendo Alecia. Sua camisa estava ensangüentada, parecia haver um corte em seu peito. Todos no quarto pararam quando entrei seguido de Lucas.

– Tay chama a policia, eu tento segurar ela aqui. - Disse Alex exaltado.

– Acho que a policia não vai ajudar Alex. - Alecia respondeu, apontando para os pés da mulher - Ela não tem pés. Ela não é humana. A policia não vai ajudar em nada. - ela levantou do chão e aproximando-se das costas do noivo dirigiu a voz a mulher:

–O que você faz nesse mundo e o que você quer aqui?

A mulher apontou seu punhal em minha direção e de repente uma voz extremamente familiar inundou minha mente "Sai dai!". Eu me joguei em Lucas fazendo com que caíssemos no chão e evitando a arma que agora estava cravada na parede, exatamente onde eu estava. Num flash de milésimos de segundos vi Sammuel aparecer e se chocar com o espírito da mulher desaparecendo no ar. Alex caiu sentado na cama enquanto Alecia o abraçava aliviada. Eles me encaravam curiosos e amedrontados.

Descemos até o carro de Alex e fomos todos ao hospital. Lá dissemos ter sofrido uma tentativa de assalto e que meu amigo havia reagido. Mesmo assim o hospital contatou a policia que nos fez varias perguntas.

Meu chefe levou alguns pontos no peito mas ficou bem. Desde o acontecido naquela noite ele se afastou muito de mim. Alecia tentou se manter próxima, mas Alex pedira transferência para outro estado preocupado que algo acontecesse com sua noiva se continuasse a conviver comigo e ambos foram embora.

Lucas continuou tendo visões apavorantes e mais uma vez foi perseguido pela mulher que parecia se divertir com a situação, por conta do medo ele não conseguiu continuar morando sozinho, acabou se mudando para minha casa, onde durante os últimos quatro meses tentamos desvendar o que acontecera e porque eu era o alvo da mulher do kimono.

Sammuel não aparecera desde então.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostando? Não esse não é o fim...



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