Confesso que inicialmente a ideia de ir pa afinal ir pra lá ser escrava pessoal da Rachel não era a melhor coisa do mundo, mas agora que estou aqui este lugar parece ser feito sob medida pra mim.

Era um prédio grande de arquitetura moderna, que inicialmente parecia ser uma escola normal, mas as faixas gigantes que se encontravam nas pilastras o denunciava, eram douradas e brancas e davam boas vindas aos calouros. O pátio era repleto de flores, mesas de piquenique e até algumas árvores, mas o que mais me chamou atenção foi o grande palco montado a esquerda da escola, todo decorado por balões da mesma cor das faixas. Um punhado de pessoas já se aglomerava ali, como se esperasse um grande show ou algo do tipo.

–ANNABETH! – gritou Rachel estalando os dedos em frente aos meus olhos- caramba, to te chamando a horas e você dormindo ai, lesada.

– O que você quer?- perguntei rispidamente.

–Leve minhas malas para o dormitório, eu vou ficar para o show. – disse sem reparar no meu tom de voz, e saiu andando deixando no seu lugar quatro malas enormes e cor de rosa.

Eu não conseguia entender que tanta coisa ela precisava, no final de semana iríamos pra casa, e então se necessário poderíamos trazer o restante. Com um longo suspiro abaixei-me e peguei as malas. Eu não posso dizer que sou uma pessoa alta e muito menos forte, então as quatro malas de Rachel somadas a minha pequena mala, a mochila e o violão, resultavam em um peso quase impossível de carregar. Arrastei-as como pude até o pé da escada que dava acesso a porta principal, qual nesse momento ela me pareceu imensa, soltei as malas esticando a coluna quando abaixei-me para pegar as malas novamente ouvi alguém gritar.

–SAI DE BAIXOOOOO! – Olhei pra cima a tempo de ver um maluco descendo pelo corrimão e então BUM lá vai a Annabeth pro chão mais uma vez.

–Ahm...Oi!- disse parecendo envergonhado, mas ainda sem sair de cima de mim.

–Oi...Será que você podia...ahm sair de cima de mim?

–Ah claro, desculpa. – ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar.

Só então reparei em sua aparência, e que aparência se me permite dizer. O garoto era lindo, tinha cabelos negros, e olhos verdes brilhantes, era alto e pela blusa pude perceber que era malhado, mas nada muito exagerado. Tinha a sensação de que o conhecia, mas não sabia exatamente da onde.

–Eu te conheço de algum...

– Precisa de ajuda? – perguntou interrompendo-me e olhando para as malas.

–Bom... Na verdade sim. – respondi totalmente envergonhada e corada, maldita timidez.

–Não sei por que vocês garotas precisam de tantas malas. – disse começando a subir as escadas.

–Bom não são todas minhas- disse pegando o violão e a mochila e o seguindo, já que ele havia pego o restante facilmente. – as cor de rosa são da minha meia irmã. – esse era o modo carinhoso como eu chamava a miniatura ruiva quando estava com outras pessoas.

–E você carrega? – perguntou com o cenho franzido.

–É complicado. –disse pondo fim no assunto, ele pareceu entender, pois não insistiu.

–Esse violão é seu? – perguntou.

–É sim – respondi sorrindo- minha mãe o deixou para mim.

–Seus pais são separados? – esse era um assunto que eu não gostava de falar, mas aquele garoto me transmitia uma confiança nunca antes sentida.

–Não exatamente, minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos, meu pai casou novamente com a mãe de Rachel quando eu tinha dez anos e morreu dois anos atrás de um ataque cardíaco. – ou pelo menos é o que me disseram completei mentalmente, eu ainda não tinha conseguido digerir essa história.

–Eu sinto muito- ele disse dando-me um sorriso reconfortante. – esse é o dormitório feminino, qual o número do quarto?

–O da Rachel é o dois B – eu disse e ele largou as malas em frente á segunda porta á esquerda. –e o meu é o oito A.

–É no fim do corredor – disse ele caminhando – você teve sorte.

–Por que é no fim do corredor? – perguntei confusa.

–Não, por que suas colegas de quarto são legais. – ele soltou as malas em frente à porta, olhou o relógio e saiu apressado dizendo.

–Foi um prazer te conhecer! Nos vemos no show. – e sumiu pelo corredor.

–Eu ein, garoto maluco – murmurei abrindo a porta. – nem se apresentou...

O quarto não era muito grande para padrões normais, mas para mim que sou acostumada com o sótão abafado e empoeirado da casa de viviam, aquele quarto era enorme. Era bastante aconchegante tinha uma janela que dava para os fundos da escola onde havia o estacionamento e a entrada dos professores. As paredes eram brancas e o piso lisinho, liso demais para alguém desastrado como eu. As três camas eram individuais e percebi que duas já estavam ocupadas; Sobre a da janela estavam duas malas lilás com estampa floral, um notebook cinza com decalque de borboleta, sobre o criado mudo um abajur e penduradas na cabeceira da cama sapatilhas de ballet. A outra cama ficava no lado oposto ao da janela próximo a porta, os lençóis eram escuros, e as malas pretas tinham desenho de caveira. Na parede uma guitarra linda, e no criado mudo um pequeno aparelho de som.

Deixei minhas malas sobre a cama vazia que ficava próxima ao guarda roupas e segui para o pátio novamente. De longe já se percebia a aglomeração de alunos em frente ao palco distingui a cabeleira ruiva de Rachel, e em meio a apertos e empurrões fui até ela, ela estava acompanhado de duas garotas, que eram bem parecidas com ela na verdade, patricinhas usavam saltos enormes, e jóias caras. Como o lugar onde estávamos era a céu aberto o chão era apenas grama, o que fazia com que os saltos delas enterrassem e elas quase não pudessem se mexer sem cair. Um garoto loiro, com roupas largas e um sorriso brincalhão no rosto entrou no palco segurando o microfone.

–Eai galera estão prontos pro primeiro show do ano? – a platéia respondeu com gritos histéricos.

–Bom – disse o garoto rindo – então vamos apresentar aos calouros a banda do momento. Aqueles que fazem todo mundo dançar... Na guitarra Luke Castellan.

Um garoto loiro de olhos azuis entrou no palco, sob aplausos calorosos.

–Na bateria, Nico di Ângelo. - Uma bateria enorme começou a elevar-se no palco, ela era vermelha e parecia pegar fogo.

–Nas Pickups o papai aqui Grover Underwood.– disse fazendo um passo de dança. – E para completar, no vocal, ele, o nosso pequeno notável, o cara que derrete o coração das garotas. Meu melhor amigo viu, podem me ligar- disse piscando, e tirando risos de todos. – Percy Jackson

O garoto entrou correndo no palco e cumprimentou o publico.

–E ai galera! – uma grande onda de gritinhos se estendeu. –4,3,2...

(N/A: A MÚSICA: http://www.vagalume.com.br/freddie-stroma/knockin.html)

A banda começou a tocar, e ele virou-se diretamente para o lugar onde eu estava. Não acredito, era ele, é claro como não o reconheci antes? o mesmo garoto que me ajudou com as malas mais cedo, o mesmo que vi várias vezes na TV como enteado do grande produtor Paul Blofis, por acaso diretor dessa escola, e nas revistas teens, como grande promessa musical.

A musica era divertida e a letra super envolvente, no refrão todos já cantavam juntos, ele olhou para o lado em que eu estava e deu um tchauzinho, uma das amigas de Rachel quase desmaiou. Essa por sua vez me segurou pelo braço e caminhou para longe do palco.

–Me empresta seu celular, acabou a bateria do meu. – Eu entreguei o celular a ela que o pegou e discou um número.

–O que você... - eu comecei mas ela me interrompeu.

–mamãe?- mamãe? Como assim ela tava ligando pra Viviam?

–Você não imagina quem está aqui na escola! – ela esperou um momento – não mamãe não é o Johnny Depp– Viviam tinha uma paixão incondicional pelo homem que eu não entendia.

–Percy Jackson está aqui, e parece que é pra ficar. – escutei um grito agudo do outro lado do telefone e Rachel afastou-o da orelha.

–Essa é a sua chance, você precisa conquistar esse garoto, o padrasto dele é o maior produtor do país. – pude ouvir a voz da megera abafada de tão alto que ela falava.

–Tudo bem, e acredito que não será muito difícil, acredita que ele me deu tchauzinho enquanto cantava?

Claro, como eu era ingênua, o que um garoto lindo e talentoso como aquele iria querer comigo? Por que acenaria pra mim? Provavelmente só me ajudou a carregar as malas por pena.

–Tudo bem mamãe- disse depois de ouvir algo que a megera disse e que eu não pude ouvir. – eu ligo mais tarde para combinarmos tudo. Tchau, beijos.

–Toma! - Disse e jogou o celular, quando eu digo jogar é jogar mesmo como quem joga uma bola. – oops, não foi por querer!- disse e saiu com um largo sorriso no rosto.

Eu praticamente rosnei pra ela e fui atrás do celular, talvez pelo menos o cartão de memória com as minhas musicas eu poderia salvar.

–Acho que isso é seu. - Olhei na direção de onde vinha a voz, e deparei-me com duas garotas, uma era quase da minha altura, tinha cabelos negros repicados e olhos azuis adornados por uma maquiagem preta bem forte. Usava uma blusa da banda Kiss amarrada na ponta, uma saia pregada com algumas correntes, e coturnos ambos pretos. A outra era alta tinha pose de modelo, cabelos ondulado da cor de mogno, usava um vestido leve e rasteirinhas. Estranhamente elas lembraram-me das malas que eu encontrei no meu quarto.

–Ah obrigada- disse pegando meu celular da mão da morena.

–Sorte sua que eu joguei base ball. – disse ela rindo. - Thalia Grace prazer.

–Annabeth Chase– respondi sorrindo.

–Eu sou Silena Beauregard.– disse a outra garota.

–Prazer!- respondi também.

–Você é nova não é? – perguntou Silena.

–Sim eu sou.

–Já sabe em que quarto vai ficar?

–Sim, oito A.

–Nossa, sério? – perguntou espantada.

–Sim por quê?

–Nós seremos colegas de dormitório parceira – disse Thalia passando um braço sobre meu ombro, agora vem vamos pro refeitório que já está quase na hora do almoço e hoje o prato principal sou eu.

–Como assim? – perguntei assustada.

–Você verá baixinha... Você verá.

É definitivamente, louco nessa escola não falta.