Fragmentos De Uma Mente - Recordações escrita por Anonymus_Fulano


Capítulo 1
Recordações


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos!!
Bom, essa one shot já estava na minha cabeça a um tempo,e faz parte do projetos Fragmentos como um todo.
Ela esta postada fora da historia original por ser totalmente diferente da mesma, tanto no tom por ser mais leve, quanto na narrativa que acontece na terceira pessoa.
Espero que gostem e que as perguntas finais de fragmentos sejam respondidas.
A minha revisora oficial esta encontrando dificuldades com o notebook dela então não pode fazer a revisão do meu texto rs. Pode ser que eu tenha falhado no nível gramatical da historia então peço desculpas em adianto.
Boa Leitura!



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A criança de cabelos negros estava na sala. Era entardecer, com o sol cada vez mais perto do horizonte um tom amarelado tomou conta de todo o cômodo. Ao seu redor algumas revistas de moda se espalhavam pelo chão.

Ele se divertia com elas.

Juntava, jogava para o alto. Rasgavas as folhas dando a impressão que as páginas se multiplicavam a sua volta.

Ate que algo lhe chamou atenção enquanto folheava sua próxima vitima.

A criança ficou hipnotizada, estendia a revista que olhava no chão em puro êxtase. Esticou a pagina com as duas mãos enquanto seus olhos brilhavam ao admirar a figura.

Decidiu rasgar aquela pagina, num grande golpe de euforia fez um corte irregular ate destacá-la.

Saiu correndo em direção à cozinha, passando pelo pequeno corredor com uma grande escada ao lado.

Chegando ao destino puxou a saia de uma mulher que estava no fogão.

Com sua pequena mão esticou o pedaço de papel.

- Toma mãe.

A bela senhora de cabelos castanhos retirou a pagina da mão do seu filho.

- Cristian é lindo!

A imagem era um broche. Era feito de fios de prata que se cruzavam e assumiam o formato de um coração. Dentro, havia um menor, vermelho vivo, solto e perfeitamente amparado pela estrutura.

                                                                                             ***

- Esta com você! - Uma garotinha de longos cabelos negros e perfeitamente lisos dava um largo tapa no ombro de um garotinho que parecia solitário.

Este levantou a cabeça desnorteado. Ele estava na estreita calcada de sua rua mexendo com algumas pedrinhas na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido sob aquele sol.

Ele conhecia aquela voz. Imediatamente um largo sorriso tomou conta de toda sua face. Era um tipo de sorriso que só crianças conseguem ter, devido à tamanha sinceridade do sentimento de felicidade que emanam.

- Layla! Você não estava de castigo?! - O menininho dizia saltando e iniciando a corrida a aquela que o desafiou.

- Sim estava! Mas se você não contar para minha mãe eu também não conto.

- Certo! Só não prometo que não vou te alcançar! - Apesar da afirmativa Cristian estava a toda velocidade tentando acalcar aquela garotinha que conseguia correr mais que ele.

Os dois ficaram horas naquela troca de desafios, de quem deve perseguir quem, alternavam constantemente quase como uma dança. Seus corpos brilhavam de suor com ajuda do sol, mas os sorrisos em suas caras conseguiam ser mais brilhantes. Uma hora ou outra alguns vizinhos se juntavam a brincadeira, mas não adiantava, aquela rua era a arena deles e um eventualmente procurava o outro. Ate porque a certa altura os convidados dos jogos de caça desistiam devido ao cansaço.

Não os dois... Eles passariam o dia inteiro correndo um atrás do outro.

- Cristian vem almoçar! - Uma jovem senhora gritava. Suas feições eram delicadas. Porém os olhos de um castanho escuro é que imprimiam sua marca característica em seu rosto. - Layla você também esta aí? Almoça conosco?

- Claro tia! Ah elétrica garotinha respondia a todo pulmões.

- Quem chegar primeiro na porta ganha! - era vez de um novo desafio para Cristian.

                                                                           ***

- Quero cortar... Ate a altura do pesco.

Cristian não entendia o porquê Layla estava com tanta raiva naquela conversa.

- Mas eu gosto tanto dele como é... Seu cabelo é lindo... - O garoto acabou deixando escapar um pouco de vergonha em sua voz ao soltar o elogio.

Layla olhava no fundo dos olhos daquele menino agora. Cristian percebia confuso. Enquanto observava, bolsões de lagrimas se formavam debaixo de seus olhos verdes. Aqueles olhos que agora ele percebia de outra maneira. Ele e Layla haviam crescido, não eram mais as crianças de oito anos que corriam na rua. Ela havia se tornado uma bela garota. Seus olhos que pareciam brilhar às vezes, sua pele branca, seu sorriso que aparecia com freqüência, tudo estava ficando diferente, o atraia.

Sua amiga o abraçou com força, ele percebeu que as lagrimas se libertaram e rolaram por sua blusa. - Eu também vou pintar de branco...

- Layla o que esta acontecendo, porque você esta chorando me falando do seu cabelo? - Cristian a afastou um pouco para enxugar as lagrimas.

- Cristian... Eu vou me mudar...

O coração de Cristian deu uma batida forte e pareceu parar por alguns instantes.

- Por quê?

- Meu pai conseguiu uma promoção... Uma ótima promoção... Nós vamos para o bairro nobre do outro lado da ponte...

O silêncio, apesar de significar a ausência do som, parecia gritar no meio dos dois amigos. Layla continuou.

- Eu vou para o Saint Claire também...

Cristian abaixou a cabeça. - Aquele colégio onde todos parecem tristes e usam preto?

- Sim... É por isso que quero pintar meus cabelos de branco... Não quero me tornar uma miserável... Não quero ir!

Layla explodiu abraçando forte novamente seu amigo. Ela chorava quase soluçando. Cristian estava entorpecido agora. Estava prestes a perder sua melhor amiga, não acreditava.

O silencio agora não gritava mais, apenas acompanhava os dois se consolarem.

Layla olhava para cima buscando os olhos de Cristian. Apesar de tristes, eles estavam diferentes. Era como se ele quisesse agarrá-la e nunca mais soltar. Os dois chegaram mais perto. Ambos fecharam os olhos. Seus lábios se encontraram, eles não se moveram em um primeiro momento, estavam apenas se tocando e apreciando a textura macia que ambos tinham. Era um beijo simples como todo primeiro beijo é. Um misto de alegria e excitação transbordava dentro de ambos. Seus lábios começaram a se mover dando continuidade ao beijo.

E o silencio se acalmou, acompanhando o beijo ate o final.

                                                                                        ***

- Esta com você... - Layla colocava lentamente a mão no ombro do amigo que estava sentado em um balanço.

Cristian virou assustado ao reconhecer aquela voz. Avistou uma garota com um vestido negro com as abas rendadas. Seus cabelos eram brancos.

Permaneceram imóveis. Ela olhava para os olhos avermelhados devido ao choro de Cristian, ele para os verdes e tristes que habitavam a face de Layla.

- Quanto tempo... - Cristian afirmou por fim. - Nós brincávamos bastante aqui. - Agora desviava o olhar admirando o parquinho em que estavam.

Layla se acomodou no balanço do lado dele, sem soltar sua mão. - Faz um ano. E sim nós já brincamos muito aqui.

- Como você soube? - Cristian encarava o chão.

- Contaram a minha mãe... A minha e a sua eram amigas lembra? - Layla olhava para o amigo que vestia um terno igualmente negro a seus cabelos. Estes que agora aparentavam estar maiores desde a ultima vez que se viram.

- Você estava lá? A viu? - Cristian questionava.

Layla reconstruía mentalmente a cena que havia visto. - Eu havia acabado de chegar... Estava falando com sua tia quando avistei a confusão. Você gritando e depois saindo correndo... Vim atrás de você.

- Eu não a vi Layla... Ela não esta morta! Não esta Layla! A minha mãe não morreu! É mentira!

A amiga não teve tempo de segurar seu amigo. Ele saiu correndo em seguida jogando o balanço com forca para traz.

Ela sabia que ele ia para casa. Não o impediu, decidiu voltar para funeral. Eles só iriam se ver de novo após alguns anos.

                                                                                      ***

Cristian entrou em casa abrindo a porta com força. Sua respiração era ofegante por estar correndo para chegar em casa. Foi direto para a cozinha. Seus olhos ansiavam encontrar algo... E aquilo que ele procurava estava lá.

Foi como se seu corpo tivesse ficado mais leve, ele relaxou completamente. Quase não conseguiu desferir as próximas palavras, tamanha a alegria que havia o inundado.

- Eu sabia que você estava aqui mãe.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?
Para aqueles que leram Fragmentos, também iria ter uma cena do pai do Cristian com ele no hospital, que mostraria uma figura totalmente diferente do que foi encontrada em Fragmentos. Apenas decidi retira-la para focar mais no relacionamento do Crintian com a Layla.
Beijos e até a próxima!