TRILHA SONORA dessa parte

Ela desapareceu a última mecha loira esvoaçante desapareceu naquele caos ,estava sozinho não achava mais minha mãe e nem minha irmã, nem Chaz. Senti as lágrimas descerem pelo meu rosto ,pânico tomou conta de meu corpo...Harry estava certo ela não poderia arriscar a vida dela por um amor que ela nunca iria ter...suspirei e o choro já estava mais continuo e desesperado, solucei e sequei as lágrimas com o peito da mão, e como se fosse um baque cai no chão com força me agarrei em um dos parapeitos do navio e veio da ponta uma cadeira com toda a força do mundo e atingiu meu ombro, murmurei de dor e vi várias pessoas caindo em queda livre para a água gélida, tratei de me levantar e fui cambaleando em direção ao navio, “eu vou morrer” é a única coisa que passa em minha cabeça agora! Não havia mais botes o capitão estava trancado em sua cabine esperando a morte chegar, estávamos a seis horas da costa nem de helicóptero teríamos chances de salvar todos ,o barco se inclinava cada vez mais a as famosas cenas de Titanic se passavam em minha mente como um filme, agora era eu o protagonista, o barco inclinou-se mais fazendo com que eu caísse novamente e perdesse o equilíbrio uma forte dor em minha costela devido a pancada me fez grunhir de dor, vi uma criança berrando e chorando enquanto descia rapidamente ao meu lado tentei esticar o braço para salvar a sua vida porém não consegui, as lágrimas faziam um trajeto molhado em suas bochechas rosadas e os olhos transpareciam o medo da morte próxima, fui engatinhando até chegar a ponta do navio e me segurei no parapeito depois de quase 15 anos que foi lançado o filme Titanic ninguém teve a brilhante ideia de seguir os mesmos passos que Leonardo DiCaprio, me agarrei no parapeito tentando buscar tranquilidade estava na mesma posição na noite que encontrei Amanda pendurada tentando se matar, respirei fundo novamente segurando as lágrimas que teimavam a cair, o frio cortante dificultava a minha respiração fazendo a situação piorar, escutei um forte ruído que me fez estremecer o barco havia se partido ao meio e agora caia em queda livre em direção a água, me preparei para morrer 1,2,3...contei em minha cabeça e tranquei a respiração assim que senti o choque da água congelante em meu corpo me soltei do parapeito antes que ficasse preso nos escombros e comecei a nadar em qualquer direção, estava um caos havia milhares de pessoas na água gelada se debatendo e chorando, uma gritaria ensurdecedora, eu não sentia mais minhas pernas e não fazia a mínima ideia de como eu estava conseguindo nadar, eu sentia meu peito se contrair a cada braçada por conta do frio e pensei que iria perder os membros ali mesmo, comecei a nadar mais rápido a medida que o curto circuito começou, e isso só aumentou a gritaria eu estava há alguns metros de distância do aglomerado de gente porém o barulho era muito que parecia que não havia me movido, encontrei boiando a parte de cima de uma mesa retangular de madeira, e logo eu  subi nela e me estiquei ali o vento frio começou me fazendo tremer, nessas horas a água era quente, tratei de respirar fundo e segurar as pontas “eu não posso morrer!” pensava comigo mesmo enquanto estava deitado de bruços com a minha cabeça apoiada sobre as minhas mãos, voltei meus olhos para o navio que agora parecia que soltava fogos de artifícios, fogos de artifícios como aqueles naquela fria noite em que me declarei para Amanda, tudo me lembrava ela, e ela era um dos motivos por quem eu iria lutar até meu ultimo segundo de vida, o navio começava a lenta jornada de afundar fazendo com que os gritos aumentassem, e me deixassem atordoado várias braçadas e o cheiro da água salgada me deixavam embriagado, o frio cortante como se alguma alma penada rondasse onde eu estava em meio a névoa, a minha visão começou a ficar turva o navio parecia pequeno diante das minhas pálpebras e logo tudo ficou preto.

Silêncio. Silêncio, era essa estranha palavra que se escutava agora....nenhum ruído, nenhum vestígio, meus olhos na árdua tarefa de abrirem novamente, meu peito tremia conforme eu respirava não tinha voz para pronunciar nada, passei as minhas mãos trémulas em meu rosto e vi que ele estava com algumas partículas de gelo, olhei para o lado e vi corpos adormecidos e brancos boiando, em um sono profundo...um sono para sempre! Voltei minha cabeça ao lado e não encontrei o grande navio que antes era encantado pelo charmes da sereias até o fundo do mar, olhei para o lado e uma forte luz amarela ofuscava meus olhos “eu estou vivo!” pensei, porém minhas entranhas nadas proferiram; “Não há ninguém aqui!” algum sotaque irlandês proferiu, “Vamos ao menos tentar!” escutei outra pessoa com um sotaque irlandês mais acentuado comentar; ”HÁ ALGUÉM AQUI?!” escutei berrarem “SIIIM!” minha mente gritava ansiosa mas não saía som de minha boca, me levantei com dificuldade e comecei a bater meus braços na água na tentativa de chamar atenção e consegui, minha respiração estava péssima sentia apenas o ar gélido entrando em meu nariz; “TEM ALGUÉM VIVO!” escutei alguém exclamar, e eu continuei batendo com os braços mais forte, não sei de onde veio tanta força para os meus braços duros pelo frio “É UM RAPAZ!” alguém comentou assim que eu vi a lanterna amarela em minha direção, o barulho do motor cortava a água até chegar em minha direção ,me ajudaram a subir no bote e lá me entregaram um cobertor quentinho, no qual me encostei em uma das redes de pescas e fechei os olhos logo após fitar a bruma do amanhecer.

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A campainha de meu celular me fez voltar a realidade, eu havia vivido uma aventura! Uma aventura tenebrosa, que não deixava de ser uma aventura! Olhei o visor e lá estava a foto minha e de Monna, junto com Peter há um ano atrás; Eram 14h30 eu precisava ir buscar Peter na escola, me levantei de minha mesa no imenso escritório que eu tinha e coloquei as coisas na minha pasta;

-Já vai senhor Malik?!- escutei Jannet, minha secretária, me perguntar;

-Sim,Jannet! Eu volto mais tarde! – vida de viúvo não é certo, desde que perdi Monna minha vida esta mais complicada que nunca, Peter é um ótimo filho eu o amo mais que tudo, porém há certas coisas que fica complicado quando se é apenas um, peguei o meu carro e fui dirigindo até a escola de Pete, que era privilegiada e ficava apenas alguns metros da praia, hoje iria leva-lo para dar uma volta na praia,praia.... a cena de hoje de manhã não saia de minha cabeça, era Amanda eu  a vi! Com as longas madeixas loiras ao vento me encarando sorrindo, mas logo depois seu sorriso desapareceu assim que uma voz soou ao fundo! Ela esta casada, casada com Harry. Era isso que me doía queria que ela fosse a mãe dos meus filhos, queria uma família feliz.

-PAPAI!-escutei alguém gritando e tropeçando nas palavras, fazendo com que meu mundo obscuro se iluminasse subitamente e uma alegria surgisse em meu peito, me virei de costas e o aviste correndo com as pernas curtas e os braços aberto, me ajoelhei no chão largando a pasta no solo de pedras e abri os braços ele veio correndo e logo senti seu corpo delicado e quente ao meu , o envolvi em meus braços e ele retribuiu o abraço, ele era o que importava para mim, Peter era meu mundo agora, meu único objetivo! – Você veio papai!- ele comentou eufórico, pois nunca conseguia busca-lo na escola , sempre mandava Jannet fazer isso para mim;

-Eu vim, amigão!-eu disse o abraçando mais forte e afagando seus cabelos negros- eu prometi não é?!- ele olhou em meus olhos e assentiu sorridente com a cabeça, me levantei do chão e peguei sua mochila e a minha pasta, e com minha mão direita segurei sua pequena mão;- Como foi o seu dia, Pete?!- eu perguntei carinhosamente enquanto eu o via fitando os allstars em seus pés;

-Foi legal, papai! Eu fiz uma nova amiga a...- ele foi interrompido, pela voz fina e feminina tropeçando nas palavras;

-Até amanhã, Pete!-eu olhei para o lado e a pequena menininha de cabelos castanhos cacheados e olhos verdes acenava para Peter alegremente enquanto ele retribuía, havia algo nela familiar, os lábios. Reconheceria aqueles lábios de qualquer lugar, eram iguaizinhos os de Mandy, subi mais os meus olhos e a mesma loira que havia encontrado naquela manha de 13 de julho estava ali, com um vestido branco social sorridente o mesmo sorriso puro e carinhoso que ela trazia nos lábios dês do dia em que a conheci , os cabelos loiros dourados pela luz do sol que batia frequentemente neles,ela voltou seus olhos para mim me encarando surpresa, do mesmo jeito que na praia, eu apenas sorri em retribuição...

-Papai! Papai!- senti alguém puxando meus dedos, era Peter- podemos tomar sorvete?!- ele perguntou me encarando com os olhos meigos e calmos, voltei ao mundo real e respondi tentando esconder o quanto eu estava eufórico;

- Claro,Pete ! Qual sabor você quer?- eu desviei meus olhos para onde Amanda estava anteriormente, porém ela havia desaparecido, desaparecido como na ultima vez que a vi em meio a multidão de pessoas eufóricas;

-Hm...chocolate! – Peter respondeu após pensar um pouco, eu assenti com a cabeça e continuei caminhando não só em direção a sorveteria, e sim caminhando em direção a minha vida, o destino não quis que ficássemos juntos...ele fora trapaceiro conosco, nos enganou, mas no fundo de minha alma eu sei que eu queria que tudo que aconteceu naquele verão fosse eterno.