Arrebol Corrupto escrita por judy harrison


Capítulo 1
Capítulo 1 - Uma estrela se apagou


Notas iniciais do capítulo

Uma grande amizade vale mais que um amor ferido.



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Catarina e Julia estavam cansadas, os clientes não paravam de chegar e a loja só fecharia dali a 3 horas.
Arrebol era uma rede de lojas de roupas e acessórios femininos, famosa por seus preços imbatíveis.
_ Estou com muita fome, Lili. Acho que vou buscar um lanche. Você quer também?
_ Não sei, Caty, se Valentino souber...
_ Tem mais quatro meninas aqui no crediário, e eu volto logo. Quer suco de caju ou laranja? disse fechando seu guichê.
_ De caju.
Catarina saiu e Julia ficou preocupada. Valentino era o gerente da loja e não tolerava que as funcionárias saíssem durante grandes movimentos.
A loja finalmente foi fechada e as amigas iam sair quando foram chamadas na gerência.
Enquanto subiam as escadas, já imaginavam do que se tratava.
_ Eu já tenho a resposta para ele, Lili, não se preocupe.
No escritório de Valentino, as duas o encontraram muito nervoso. Ele ordenou que elas se sentassem, e falou com um tom alto de voz.
_ Hoje, pela terceira vez esta semana uma de vocês saiu sem autorização para lanchar, e pior, comeram na frente dos clientes, com a loja cheia...
_ Permissão para falar, senhor! Catarina disse com sarcasmo Julia não tem nada com isso. Eu fui por minha vontade e busquei meu lanche, que, aliás, é de meu direito...
_ Direito? Não teve tempo para almoçar? perguntou indignado.
_ Estamos trabalhando por dez horas, o que nos dá o direito de pausar para um lanchinho. Se o senhor quiser eu posso dizer onde isso está escrito nas leis trabalhistas. falava com ironia, demonstrando irreverência.
Julia sabia a onde aquela discussão ia chegar, então a cutucou para que ela se calasse.
_ Você é mesmo muito atrevida! Mas aqui quem faz as leis sou eu. Por acaso acha que tem privilégios?
_ Não é privilégio e você sabe disso. Acontece que eu não permito que você me explore! Não mais!
_ Não quero ouvir nem mais uma palavra, Catarina! Se isso voltar a acontecer estarão na rua.
Ele se levantou, e as duas também, mas Catarina estava possessa.
_ Pois tente despedir a mim ou minha amiga! ela disse se aproximando dele e Julia a segurou, queria tirá-la da sala, mas ela relutou Por que não faz isso agora, Valentino? Você vai sentir o peso da razão de uma funcionária no tribunal!
_ Vamos embora, Catarina, por favor. implorou Julia.
_ Eu não terminei, Julia. Está na hora de alguém colocar esse tirano em seu devido lugar!
Catarina e Valentino se encaravam perigosamente, e ele diminuiu o tom de voz, sentou-se sem lhe tirar os olhos.
_ Pensando bem, não vou despedir vocês. Nós veremos quem tem o peso de quê! Saiam de minha sala.
Julia conseguiu tirar Catarina da sala e foram para a rua.
Mas ela estava com muita raiva e não parava de praguejar contra Valentino. Seu ódio por ele ia além de uma simples advertência de trabalho.
Valentino e Catarina foram amantes no passado, quando ele ainda era um chefe de departamento. Ele prometeu dar o mundo aos seus pés, mas Catarina queria apenas ser amada, era apaixonada por ele e fazia tudo que ele pedia.
Porém, uma rival apareceu, era gerente da loja e fez com que Valentino deixasse Catarina em troca de conseguir que ele ocupasse o cargo ao seu lado na gerencia. Valentino deu as costas ao amor de Catarina e conseguiu o que queria. Depois deu também as costas para a outra, e ela se demitiu. Era um homem insensível e ganancioso.
Mas havia um segredo que ele revelou a Catarina num momento de paixão, confessou a ela muitos delitos que cometia na loja, e que o proprietário nunca desconfiou.
Saber daquele segredo dava a Catarina imunidade, e era o motivo de Valentino não demiti-la e aturar sua rebeldia.
Já no ponto de ônibus, Julia procurava acalmar a amiga.
_ Pelo menos você desabafou. E ele não vai demitir a gente.
_ Mas ainda assim, eu tenho ódio... ódio! ela pegou seu celular e mandou para Valentino uma mensagem Essa noite eu não durmo de raiva, mas ele também não vai dormir.
_ O que vai fazer?
Catarina mostrou a mensagem para ela.
_ Isso vai tirar a paz dele como ele tirou a minha.
_ Pare com isso, Caty, hoje é sábado, amanhã agente pode sair e arrumar uns meninos...
_ Ninguém mais me importa depois do que ele me fez!
Seus olhos estavam molhados. Era a dor de um coração ferido.
Julia ficou preocupada, pois na mensagem havia uma ameaça:
Acabou pra você!
As duas se despediram e Catarina disse que ia para a casa de sua tia.
Deitada em sua cama, Julia pensava em tudo que Catarina passou por ter se apaixonado pela pessoa errada. Sentia pena da amiga, pois sabia que ela ainda amava Valentino.
_ Minha sorte é te amar em silêncio! ela falava com uma fotografia que guardava desde que começou a trabalhar na loja.
Era a foto de Kevin Harris, dono da rede Arrebol, nunca aparecia em público e nenhum funcionário o conhecia, exceto os gerentes e diretores. A foto tirada de um site sobre celebridades era seu único contato com ele.
_ Se você soubesse o que se passa aqui embaixo... Mas é mais fácil ir até a lua do que até você.
Julia o amava, para ela era o rosto mais lindo que já viu, e aquele sentimento platônico fazia bem ao seu coração.
Era domingo à tarde quando a mãe de Catarina procurou por Julia.
_ Senhora Celina? O que faz aqui? ela ficou admirada com a visita, pois a mãe de Catarina nunca saia de casa, então pensou logo no pior Onde está Catarina?
Os olhos apavorados da mulher já denunciavam.
_ Ela não voltou pra casa ontem, filha. Não sei o que fazer! Já liguei para minha irmã e para todos que a conhecem.
_ Oh, Deus!
Depois de dar a ela um copo com água, Julia a acompanhou para casa de Catarina, mas quando lá chegou uma viatura de polícia estava em frente a casa.
Tanto Celina quanto Julia pressentiu o que estava por vir, e se abraçaram esperando que os policiais se aproximassem.
Catarina foi encontrada morta naquela manhã por moradores do bairro onde ela estava.
Durante toda a noite, Julia não saiu de perto de Celina e seus familiares. Tinha dentro de si um grito que não podia soltar por causa da incerteza e de provas, mas sabia que Valentino tinha algo a ver com aquilo.
Quando voltou para casa ela chorou o que naquela hora não conseguiu. E com a foto de Kevin em seu peito falava em prantos.
_ Ela foi muito especial em minha vida! Fomos as melhores amigas do mundo! Oh... meu Deus, quanta dor! Por que, Caty? Onde você foi quando eu a deixei? Por que não me disse?
Alguns dias depois, Julia recebeu uma intimação para comparecer à delegacia para prestar depoimento.
_ Senhorita Julia, você foi a última pessoa a ver Catarina naquela noite, certo?
_ Sim, nós saíamos do trabalho, eram dez da noite...
_ Se lembra de algo que possa nos ajudar? ela apenas abaixou a cabeça As investigações estão girando em torno da hipótese de latrocínio, mas estamos colhendo todas as informações possíveis.
Julia queria, mas não podia falar o nome de Valentino. Sabia que se o acusasse sem provas sua palavra não teria efeito, e se ele fosse intimado, estaria pronto para se safar.
_ A única coisa que sei é que ela disse que ia para a casa de sua tia, mas não foi.
_ Sabe se ela tinha inimigos?
_ Não, acho que não.
Suas palavras eram brandas e seu semblante triste, e o delegado logo notou que havia mais do que ela dizia.
_ Julia, eu sei que está sofrendo com a perda de sua amiga. Mas, se tem algo que está escondendo, é importante que me diga. Seja lá o que for, prometo investigar.
Julia chorou um pouco, mas ele transmitia confiança.
_ Ele... é intocável! ela disse, tentando se conter.
_ Fala do homem que você acha que a matou?
_ Sim.
_ Ninguém é intocável, Julia. Apenas Deus o é!
Julia acreditou nele, e então desabafou, contou tudo que sabia.
Porém, as informações que ela tinha não serviam como provas da culpa de Valentino, nem mesmo dos delitos que ele cometia na loja.
_ Nós não encontramos o celular com ela, ela não tinha nem mesmo seus documentos. Sabe dizer a que horas a mensagem foi enviada?
Sim, entre dez e dez e vinte da noite.
_ Vou lhe dizer uma coisa, senhorita Julia, se Valentino for culpado nós o prenderemos, mas provar é outro processo. Então, se você puder provar que a razão pela qual ele supostamente a matou é mesmo esse segredo, então nós o pegaremos. Senão... Todo trabalho será perdido.
O delegado se levantou e estendeu sua mão, e ela fez o mesmo.
_ Vou fazer o que for preciso!
_ Só mais uma coisa. Você pode recorrer a uma pessoa que pode ser a chave para conseguir essas provas: Kevin Harris.
Aquele nome soava como música para os ouvidos de Julia, mas ela havia se esquecido de que além de seu amor platônico, Kevin era também o dono do império Arrebol, e se tinha alguém capaz de colocar Valentino atrás das grades, era ele.
A ideia de contatar Kevin Harris deu a ela esperança de conseguir o que precisava.
Agora, Julie estava em sua casa e traçava um plano. Havia pensado em tudo que fosse possível.
Ela contava com o fato de ser como Catarina, tinha 23 anos, era bonita e inteligente, e o mais importante, era o perfil preferido das vítimas de Valentino.
E com aquela ideia fixa, passou a se aproximar de Valentino até se tornar sua amiga.


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