5.

Depois de treinarmos a tarde toda voltamos para nossos compartimentos. Lucas dizendo o tempo todo que sobrenaturais são fáceis de derrotar, que magos também, que aprendeu camuflagem e blá blá blá. Eu não parava de pensar em Dean. Ele parecia ser gentil. E ele era lindo. Realmente encantador. Ta decido tomar um banho frio, coloco um pijama. Hoje está quente, coloco um short e uma camiseta. Deito. Não estou com sono. Saio em busca de ar fresco. Entro no elevador e aperto qualquer botão. Acabo parando no 6º andar que é uma espécie de parque. Está realmente tranqüilo aqui. Decidi ficar nesse andar. Era ótimo que esses elevadores da capital não faziam um barulho sequer. Me sento num banco que fica debaixo de uma arvore perto de um lago. Aqui é realmente lindo. Lembranças de meu pai vêm à tona novamente. Me lembro  de nós treinando na floresta. Quando ele ensinou Lucas a caçar e me ensinou tudo sobre plantas e espadas. Ele morreu por culpa da capital! Irônico né? Lágrimas escorrem pelo meu rosto e mais lembranças aparecem em minha mente. Como éramos felizes! Sinto uma mão quente em meu ombro reconheço o toque. Não gosto que me vejam chorando mas não há escolha. Me viro e o abraço. Mal o conhecia mas sentia que podia confiar nele. Ele percebe que estou chorando e se preocupa:

- O que houve? Alguém te machucou? – ele pergunta procurando algum tipo de arranhão

- Não ninguém me machucou. São apenas... lembranças – digo olhando em seus olhos o que faz eu chorar ainda mais. O mesmo tom de azul dos olhos de meu pai

- Pode confiar em mim – ele diz – me conte que tipo de lembranças são essas?

- Bom, meu pai morreu faz um mês. Ele foi morto pela capital, por infringir as regras. Ele já participou dos jogos. Bom, ele ganhou e com isso ele virou vencedor e fomos morar na aldeia dos vitoriosos. Estávamos felizes e não passávamos mais fome. Depois de um tempo ele começou a ter problemas com a capital. Eles queriam manipulá-lo. Meu pai acabou contando um grande segredo da capital em praça pública – tornei a chorar – e eles o executaram. Logo depois nos despejaram da mansão e voltamos a morar na nossa humilde casa, onde passamos fome. – Dean me abraça e seca uma lágrima de meu rosto

- Sinto muito Kat. Não fazia idéia de como era difícil pra você – ele diz

- Realmente não é fácil – reflito – Fazer o que né? Ela não tinha chances aqui, coitada...

- Ela? Ela quem?

- Ah esqueci que você não sabe. Diferente dos outros eu não fui sorteada

- Então por que você está aqui? – ele parece confuso eu rio e tento explicar

- Porque me ofereci no lugar de uma amiga, Violet. Ela não teria chances, iria morrer. Então fui voluntaria.  – ele estava perplexo eu ri fiz um sinal de “terra chamando” e ele riu

- Você é realmente muito corajosa – ele chega mais perto e me abraça

- Você é a única pessoa que sabe disso – digo a ele – Nunca contei isso a ninguém – não sei por que mas confiava nele. Me sentia segura. Decidi que 3 sobreviveriam nessa edição ou pelo menos 2.

- Sabe, me sinto honrado – nós rimos – Eu também confio em você tanto é que vou contar algo que nunca contei a ninguém: Eu tenho medo de aranhas - Nós rimos

- Não agora é sério. Minha mãe também participou dos jogos. Ela ficou tão traumatizada que tive que me criar sozinho. E ainda tive que cuidar dela. Hoje em dia ela está internada numa clinica de repouso e eu a visito quando posso. Nunca contei isso a ninguém. Só você sabe. As pessoas pensam que ela trabalha lá. – o abraço para dar apoio, e decido que posso confiar nele

Ficamos conversando a noite toda. E a noite foi esfriando. Estava de short e camiseta e logo começo a tremer. Dean oferece seu moleton. Eu aceito já que estava morrendo de frio:

- Você não está com frio? – pergunto já que ele estava apenas de calça, já que tirou seu moleton para me emprestar.

- Não. Uma grande vantagem dos filhos de Apolo. Não sentimos frio. Deve ser nossa “quentura” natural – nós rimos. Ele é realmente lindo. Eu não posso me apaixonar por ele. Ele é de outro portal e bem... Ainda não sei como vamos nos manter vivos. Deitamos na grama e conversamos um pouco. Acabo adormecendo ali mesmo.