A Lua Cheia (HIATUS) escrita por Breh


Capítulo 17
Capítulo 17 - Perdida


Notas iniciais do capítulo

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Leah nunca fora exatamente minha melhor amiga. Na verdade, não era melhor amiga de ninguém. Era uma garota muito reservada e ás vezes um pouco antipática. Entretanto, quando minha família precisou de ajuda ela estava lá, e continuou leal e seguindo Jacob desde então. Era uma boa pessoa. Se ela estava ali, com certeza estava Jacob, Seth e os Cullen. Eles vieram por mim.

Meu peito encheu-se de amor e gratidão por aquelas pessoas e de puro ódio por qualquer um que quisesse machucá-las. Quando me dei conta estava rosnando alto e de uma maneira selvagem, isso nunca acontecera. O rosnado vinha do fundo da minha garganta enquanto minha boca se repuxava num sorriso sinistro mostrando minhas presas enormes e afiadas. Avancei num piscar de olhos para cima do vampiro moreno, pegando-o de surpresa. Enfiei minhas unhas afiadas nos seus ombros e as senti perfurando sua carne. Forcei-o para trás, para longe de Leah, e bati sua cabeça violentamente contra a parede de concreto. Ele jogou os braços para trás, por cima dos ombros, pegando-me pelo pescoço e me jogando para frente. Meu corpo bateu na parede com força, lançando pedaços de pedras espalhados pelo chão, e caí. Não permaneci muito tempo no chão, apesar do meu corpo latejar. Corri e joguei meu corpo contra o vampiro, depositando ali toda a minha força, desviando de um chute certeiro no estômago. Caímos com um baque surdo no chão, ele segurou meu pescoço com as mãos fazendo-me perder o ar, mas cravei minhas unhas em sua camiseta, forçando-as a entrar em sua carne cada vez mais e mais fundo. Sua face se contorceu em dor e seu aperto no meu pescoço afrouxou, aproveitei a oportunidade para afundar minhas presas no seu braço com toda a raiva que eu sentia. Ele gritou e agitou as pernas, pronto para me chutar para longe de dele, mas senti seu coração rígido entre meus dedos, tão frágil. Olhei fundo dentro dos seus olhos antes de espremer seu coração como manteiga. O líquido vermelho-escuro escorria por toda parte e pude apreciar seu último olhar de agonia antes dele se transformar em um cadáver sem cor com um olhar apagado e vidrado.

O cheiro de sangue preenchia a caverna junto dos ecos de gritos e rosnados. Minhas roupas estavam rasgadas e eu não fazia ideia de onde fora parar minhas botas. Sentia dor e tinha um pouco de dificuldade para respirar por ter quebrados algumas costelas, meu processo de cura era mais lento, mas eu já podia sentir alguns cortes da minha bochecha se fechando. Levantei-me e limpei as mãos cheias de sangue no meu vestido. Minha boca estava com gosto de sangue e não era nada agradável.

Fui empurrada para o lado repentinamente e cairia se Damon não tivesse me segurado. Tudo o que vi a seguir foi como uma dança de sombras em meio aos destroços deixados no caminho por causa da brutalidade da luta. Segurei a respiração e avancei; Levei cotoveladas, arranhões – alguns não tão leves – e sentia meus pés implorarem por descanso cada vez que pisava em um cascalho. Porém distribui muitos socos e, por incrível que pareça, derrubei alguns inimigos e desviei com agilidade dos golpes e investidas, provavelmente era culpa da adrenalina.

Não consegui encontrar Leah em lugar algum, tanto sua forma lobo quanto humana não estavam ás vistas. Comecei a me preocupar seriamente com o que viria a seguir.

— Nessie! — Gritou alguém.

Virei-me para o lado querendo achar a origem da voz, mas o barulho me impedia. Novamente ouvi chamarem meu nome; Era uma voz aguda e masculina. Meu coração se apertou. Cai de joelhos quando tropecei em um pedaço de chão irregular e praguejei. Em meio a poeira, vi um contorno desajeitado correr até mim e me puxar para cima pelos cotovelos. Suspirei alto e abracei a figura pequena em minha frente.

— Seth! — Exclamei com emoção. — Você está bem? Se machucou muito? —Perguntava enquanto depositava uma mão de cada lado do seu rosto e tentava examiná-lo na escuridão.

— Deveria preocupar-se consigo mesma, Ness. Seu rosto está todo machucado e seus cabelos estão destruídos. —Comentou, não perdendo a pitada de humor; Ele sabia o quanto eu era vaidosa.

Sorri brincalhona em resposta. Nunca fiquei tão feliz em vê-lo. Ele parecia bem, tirando um corte na testa e diversos arranhões.

— Viu minha irmã? —Perguntou.

Minha expressão mudou bruscamente com a mínima menção em Leah. Não a encontrara e não sabia se havia sobrevivido. Como dizer isso ao Seth?

— Quando a encontrei estava sendo atacada por um vampiro. — Respondi.

Seu rosto de congelou numa expressão de choque.

—O que? — Gritou. — Você... Como... Ela estava do meu lado... Ele... — Desesperado, começou a gaguejar coisas sem sentido enquanto gesticulava freneticamente.

— Não! Seth, para! — Sacudi ele pelos ombros. — Ela estava viva quando cheguei, mas agora não sei. Quem não está mais vivo é seu agressor. — A última parte foi acrescentada com um toque sombrio

Suas sobrancelhas se ergueram até sua testa se franzir quando ele me fitou com os olhos arregalados. Seu olhar foi passando por todo o meu rosto e descendo pelo meu pescoço, minhas roupas até meus pés descalços. Ele deu um passo para trás com cautela.

— Ness, você está parecendo uma serial killer! — Comentou, um pouco chocado.

Não pude deixar de rir. Ainda não havia me visto no espelho, mas sabia que eu estava medonha.

— Cadê o Jake? — Perguntei enquanto o puxava mais para o canto.

— Jake! — Gritou. — Meu Deus! Era isso o que eu queria falar com a Leah, Ness! Eles o levaram! — O desespero tomou conta da sua voz.

Comecei a convulsionar por dentro. O que ele quis dizer com isso? Quem eram “eles”? Tentei não entrar em pânico.

A luta parecia já ter acabado. Não havia sobreviventes no local. Meus novos amigos não estavam ali, observei aliviada, apesar de não saber para onde tinham ido. Só então notei o quanto Seth e eu nos afastamos da luta. Puxei-o pela mão e caminhei entre os restos de alguns vampiros, sem dar muita importância. O garoto sabia onde era a saída da caverna e, após alguns minutos de corrida no escuro com Seth em sua forma de lobo, saímos livres e fomos abraçados pelo ar gélido da noite.

Feixes de luz da lua atravessavam o topo das árvores e davam formas sombrias aos galhos espalhados aleatoriamente pelo caminho. O barulho das patas do Seth no chão quando pisava em folhas secas ou galhos estava começando a me deixar angustiada, assim como barulho da minha respiração acelerada enquanto tentava, sem sucesso, saber onde diabos nós estávamos. Minha única certeza até agora era de que ainda estávamos em Forks, em algum lugar profundo dentro da floresta que eu nunca me atrevera a ultrapassar.

Ao longe avistei fumaça. Meu coração disparou só com o pensamento de que Jacob poderia estar por ali. Comecei a correr o mais rápido que minha condição permitia em direção a única pista que restara. Não olhei para trás, mas sabia que Seth estava em meu encalço, provavelmente vira o mesmo que eu.

Conforme nos aproximávamos comecei a ouvir vozes e urros. Forcei meus pés, descalços e machucados, a irem mais rápido. Quando cheguei perto o suficiente para eu ver, não ser vista, agachei atrás de uma árvore. Fiquei grata pelos segundos de descanso, se não estivesse nessa situação eu até me sentaria. Meu peito subia e descia rapidamente a medida que eu ia recuperando o fôlego e me acalmando. Espiei por detrás da árvore a cena que rolava bem na minha frente; Elena, Jacob e Sophie estavam amarrados em árvores diferentes, mas todos estavam conscientes. Damon estava desmaiado no chão e um homem de jaqueta do exército segurava Stefan com os braços para trás. Bem ao lado de Damon estava Klaus. Cerrei os punhos e encarei com ódio o homem que causara tanto sofrimento e mortes nos poucos meses que ficou em Forks. Meu Deus, era isso! Como eu fora burra. Mas é claro. Foi ele quem matou o Mike no acampamento, por isso não conseguimos rastreá-lo; Porque seu cheiro era completamente desconhecido para qualquer um de nós. Dei um soco na árvore para não gritar de raiva.

Quase pulei com o susto que levei quando ouvi Seth murmurar algo para si mesmo atrás de mim, esqueci que ele estava comigo.

— Ness, eu não vejo a Leah. — Sussurrou.

Meu Deus, Leah! Estava tão atordoada com a cena que quase me esqueci da irmã dele. Estiquei a cabeça um pouco para direita para ter uma visão mais completa do campo, olhei várias vezes e não a encontrei. Ele tinha razão. Mas onde ela estava? Senti um nó se formando na minha garganta só de pensar na possibilidade de ela estar… Não. Não podia ser. Chacoalhei a cabeça para afastar esse pensamento. Leah era durona, provavelmente estava escondida em algum lugar ou fora buscar ajuda.

— Tenho certeza que ela fugiu. — Falei, olhando em seus olhos para deixar claro que eu realmente acreditava nisso.

Voltei a olhar para frente e observei atentamente o que acontecia. Não tinha percebido que haviam tochas acesas em volta do circulo que todos estavam dentro. E desenhos. Não, eram símbolos. Klaus segurava um livro enquanto gesticulava para uma mulher de dreadlocks baixinha que acabara de chegar, e ele parecia irritado. Maníaco.

— Seth, como vocês sabiam que eu estava aqui? — Mexia nos cabelos com impaciência enquanto aguardava a resposta.

— Jake conhece bem a floresta. Quando você desapareceu ele ficou louco. Organizou grupos de buscas em todos os lugares, assim teríamos mais chances de te encontrar. Os Cullen foram para Seattle, a matilha do Sam ficou com La Push, o Charlie e os policiais ficaram com o restante de Forks enquanto nós ficamos com a Floresta. Aí fomos pegos numa emboscada e tivemos que lutar, nem deu tempo de avisar alguém. — Contou ele, quase sussurrando para não sermos ouvidos. — Mas foi a Leah quem achou a caverna. — Completou com a voz embargada.

Fechei os olhos por alguns segundos para pensar melhor num plano, esfregando as mãos nas têmporas como se isso fosse me ajudar a ter uma ideia genial. Então Leah havia me encontrado. Tínhamos que encontrar aquela garota carrancuda ou eu nunca me perdoaria. De repente tive um plano idiota, mas que talvez, só talvez, pudesse funcionar.

— Seth, eu quero que você distraia o Klaus! — Coloquei uma mão em seu ombro. — Eu vou dar a volta e você chame sua atenção, então corra para bem longe o mais rápido que puder. Leve-o até La Push, onde possa encontrar os outros e conseguir ajuda. — Dei as instruções o mais rápido que pude.

O mínimo que poderia acontecer se o plano não desse certo era Seth conseguir pelo menos fugir e se proteger, no máximo eu o levaria direto para a morte certa, não só dele, mas de todos nós. O plano era insano, mas não dava para pensar em algo melhor no pouco tempo que a gente tinha.

O garoto assentiu sem hesitar. Levantei-me e dei a volta na árvore, já começando a correr para o lado oposto do círculo. Ouvi o farfalhar das árvores e, antes que eu pudesse sequer voltar por onde vim e abortar o plano, uma garota loira apareceu. Ela tinha os cabelos na altura dos ombros, olhos azuis e um rosto angelical. Tinha um ótimo gosto para roupas, tia Alice iria amá-la. Abri a boca para falar, mas ela me calou pegando-me pelo pescoço com uma força absurda. Essa história de me pegar pelo pescoço já estava ficando cansativa. Forcei suas mãos para longe, mas foi inútil. Em três segundos eu estava dentro do círculo, na mira do meu inimigo. Ouvi algumas exclamações de surpresa e o grito abafado de Jacob.

— Ora, ora. Olha quem voltou para se juntar aos amiguinhos. — Ironizou Klaus com o costumeiro sorriso.

Tentei me soltar do aperto da megera, mas a maldita era forte. Direcionava meu olhar de puro ódio a ele.

Algo atrás de Klaus prendeu minha atenção.

— Jake. — Sussurrei ao vê-lo preso e cheio de machucados espalhados pelo rosto.

Meu olhar lhe pedia desculpas por tudo. Transmitia todo o sentimento que eu mantinha por aquele garoto. Segurei as lágrimas. Ele balançou a cabeça milimetricamente e retribuiu meu olhar. Tudo estava bem entre nós.

Enquanto conversávamos sem palavras, Tyler surgiu de algum lugar da floresta e olhava embasbacado para mim. Como ele escapara e os outros não? O sorriso de Klaus se transformou numa carranca ao notá-lo.

— Caroline! — Murmurou em plena confusão.

Então ele não estava olhando para mim, de fato. Era para a loira que me aprisionava.


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