Short-fic: When Somebody Gives A Damn escrita por mariliacarv


Capítulo 5
Você não tem ideia do que é cometer suicídio


Notas iniciais do capítulo

tá pequeno mas tem barraco uhules



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POV's Sophie

Senti meu corpo cair em um lugar duro e gelado. Caramba, era meu leito de morte? Talvez, duro e gélido assim como eu. Senti uma pressão em meu peito como se alguém me forçasse voltar a conciência. Escutei gritos e alguns soluços. "Vamos Sophie, por mim, vamos". Quem era que estava falando aquilo? Eu já não estava morta? Já não estava no inferno?

Senti que ar entrou em meus pulmões e logo cuspi cerca de 2 litros de água. Eu estava viva. Sim, estava viva e engasgada.

–Finalmente - Pedro disse e me abraçou por cima de meus dois braços, não me dando chance de retibuí-lo. Ele me soltou, sentou ao meu lado com uma aparência abatida e vi meus avós sentarem no chão e agradecerem a Deus de todas maneiras possíveis que eles sabiam.

Aquele clima se estabeleceu até o hospital, quando me levaram pra ver como eu estava. Fiquei enrolada em uma coberta o tempo todo, que estava me dando até calor. Saí de lá com um diagnóstico nada fora do normal. O climão no carro foi terrível, todos calados, inclusive Pedro, que olhava pra janela com um vazio tamanho nos olhos.

Descemos do carro e eu e Pedro ficamos frente a frente até meus avós sairem. Não nos olhávamos.

–Sophie, não demore muito, tá bem? - Os dois entraram e fiquei lá fora com ele.

–Eu já vou...

–Pedro espera. - O olhei. Realmente queria que ele ficasse. Ficasse comigo, pra sempre. - O que aconteceu hoje eu nã...

–Olha Sophie, eu realmente achei que você fosse desistir dessa babaquisse, e sabe por que? Pra dar valor à vida que tem, dar valor as pessoas que te amam. Você acha que não mas, está cercada por pessoas que se importam contigo e querem teu bem, garota!
Permaneci em silêncio.

–Você não tem noção, do que é cometer um suicídio. - Ele lacrimejava e forçava para não deixar lágrimas escorrerem - Eu vi meu tio, ficar louco por meses. Era muito ligado a ele, muito. Tinha chave de sua casa e ia lá quando me desse na telha. Um dia, resolvi ir sem nem avisar, e quando abri a porta me deparei com ele amarrado pelo pescoço pendurado no teto. Mas ele estava louco, tinha perdido a família em um acidente. Tanto é que, ao seu lado tinha uma foto da família, quando o encontrei morto. Eu o encontrei naquele estado. Eu tinha apenas 14 anos, e fui o primeiro a ver aquela cena. Fiquei paralisado por longos minutos, tentando perceber se aquilo era mesmo verdade. Ele, tinha motivos para aquilo, Sophie. Ele tinha. O que você tem, não passa de manha! Não passa de birra de uma adolescente revoltada com a vida que quer chamar a atenção só pra si mesma. Tenta perceber, que o mundo não gira em torno de ti. As pessoas tem de se preocupar com outras coisas. O que você fez hoje foi muito sério, e você não tem noção da seriedade porque não passa de uma revoltada imatura. Eu realmente pensei que aquela sua birra iria passar, mas você foi longe demais, demais mesmo. Quando você pensar no que fez, nas consequências que aquilo traria pra todos, crescer pelo menos um pouco, me liga. Me liga e diz que você virou uma pessoa direita, e que largou de ser uma garota mimada que só pensa em si, enquanto todos tentam fazer com que fique bem.

Fiquei chocada com aquilo tudo que ele me disse, que não consegui dizer se quer uma palavra. Apenas vizualizei ele indo embora, e não pude fazer nada porque, não havia simplesmente o que se fazer.
Entrei e fiquei deitada pensando no que ele me disse. Realmente, precisava repensar em minhas atitudes mas, o que ele me disse foi muito forte, muito mesmo. Adormeci com medo do Pedro nunca mais querer ver meu rosto novamente.


***

Dias se passaram e eu não tinha ligado pro Pedro, nem tinha o procurado em lugar algum. Ia de casa pro trabalho, do trabalho pra casa. Tinha emagrecido vários kilos por falta de apetite. Minha anemia devia estar nos auges dos 80%. Eu não me importava, tantava agir como se nada tivesse acontecido.

Quando voltei do trabalho, cerca de 3h da tarde, vi o carro do meu padrasto na porta de casa. Entrei furiosa em saber que ele e minha mãe estavam lá. Dei de frente com os dois conversando com meus avós, e minha mala no chão, perto da minha mãe.

–O...O que você está fazendo aqui?

–Vamos embora, Sophie. - Robert disse.

–Cala a boca, intrometido. Falei com a minha mãe.

–É melhor pensar antes de falar qualquer coisa mocinha. Nós vamos mesmo embora.

–Não! Eu não vou pra onde você quer dessa maneira! Eu vim pra cá e vou permanecer aqui.

–Seu avô me ligou reclamando de seu comportamento há dias e só pude vir hoje então por favor, entra logo no carro. - A essa altura do campeonato estava discutindo com minha mãe na calçada.

–Não vou entrar! Eu não vou embora! Dá minhas coisas! - Lutei com ela pela minha mala. Puxava de um lado e ela de outro. Por fim ela soltou e cambaleei pra trás.

–Você vai pra um internato! Vai receber uma educação rígida, e lá não pode fazer o que quiser, muito menos tentar suicídio mais uma vez!

–Para mãe! Entenda que eu não vou! Vó diz pra ela que não quero ir, eu gosto daqui por favor. - Implorava quase chorando aos meus avós, que assistiam tudo sem dizer uma só palavra. Minha velha tinha uma expressão triste ao ver aquilo, então por que não impedia?

–Você não cansa de dar trabalho, Sophie? Precisa de um tratamento, e lá nessa escola eles oferecem isso! Entra agora no carro.
Larguei minha mala no chão e sai correndo em disparada, apenas ouvindo gritarem meu nome. Não dei a mínima. Precisava dizer tudo isso pra uma pessoa na qual eu confiava, precisava do carinho dele, depois de dias sem nem ouvir sua voz.

O avistei apenas andando nas pequenas rampas, e chamei por seu nome. Retirou os fones do ouvido e me olhou. Corri pra ele desesperada e em prantos, o abracei forte e senti ele me retribuir, mas não com a mesma intensidade.

–Pedro, eu não quero ir. Por favor. Não deixa ela me tirar de Los Angeles Pedro, eu preciso de você. Antes de tudo, antes de todos. Eu preciso. Você é o único com quem eu consigo ser eu mesma. Por favor. Sei que errei mas, eu repenso em tudo mas não deixa ela me levar, eu te amo por favor Pedro fala com ela.

–Ei, calma. O que foi? Quem? Quem quer te levar onde? - Parei um pouco de soluçar pra contar pra ele.

–Minha mãe, veio me buscar pra me levar pra um colégio interno que tem tratamento psicológico rígido. Ela acha que tenho problemas e quer se livrar de mim de mais uma maneira. Não deixa Pedro, eu adorei vir pra cá, com meus avós. Eu conheci você, eu mudei, eu me tornei uma pessoa melhor. Aquilo que aconteceu naquele dia eu, eu não sei porque fiz aquilo, eu estava feliz, estava bem, estava calma mas, sinto que quem fez aquilo realmente não era eu. Por favor Pedro não deixa ela me levar, não deixa.

Ele me olhou com doçura e dó, me rendi aos seus braços mais uma vez quando ele me envolveu com os mesmos e acariciou minha cabeça.

–Vem, senta aqui. - Fomos pra um banquinho, onde não havia quase ninguém. - Você, tem que pensar que esse negócio talvez seja uma ajuda que sua mãe tá te proporcionando, e você sabe que... precisa disso - Disse as últimas palavras mais baixas e logo depois beijou o topo da minha cabeça, que estava encostada em seu ombro.

–Mas não quero ir embora. Não quero de maneira alguma sair daqui.

–Olha, sabe que o melhor pra você é ficar em paz e, saber ouvir os outros. Se você se manter na linha aqui, sei lá, indo a culsultas psicológicas, trabalhando nisso, nem precisa ir pra esse colégio.
Me virei pra frente, e parei com o olhar fixado no nada, mãos entre meus joelhos e mordendo o canto da boca.

–Talvez seria mais fácil se eu fosse mesmo. Fosse pra deixar todos em paz. Vou viver melhor, acho - Falei mais pra mim mesma mas ele escutou.

–Para com isso vai, fica aqui, eu te ajudo, eu estou aqui pra isso, não é? - Me abraçou de lado, sorri com aquilo


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Notas finais do capítulo

curtiram rangers? achei bobo mas enfim -hmpf- me xinguem aqui: @itsmariliacarv xoxo