Short-fic: When Somebody Gives A Damn escrita por mariliacarv


Capítulo 2
Vocês todos verão o "louca"


Notas iniciais do capítulo

mais um mais um ! haha enjoy rangers



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-Bom dia! Dormiu bem, menininha?
-Vô, não sou mais menininha. Já tenho 17 anos, ok? Mas sim, dormi bem. - disse passando pela mesa, logo comendo uma torrada com geléia de morango. - Hum, vó, o que aconteceu com a tv? Não liga.
-É porque está estragada
-E não vai mandar consertar?
-Não, televisão não dá futuro.
-Mas e como vou fazer pra ver meus programas favoritos?! Eu preciso passar meu tempo fazendo alguma coisa!
-Pegue minha velha bicicleta nos fundos e vá andar por aí, conhecerá alguém, talvez. - Passou do meu lado e sorriu. Bufei e saí pisando duro em busca daquela merda de bicicleta. Fucei em várias coisas nos fundos, achei meus patins da Hello Kitty, patinete e enfim a tal bicicleta. Verifiquei os pneus e notei que estavam murchos.
-Droga, vou ter que passar em algum lugar pra consertar isso.
Comecei a andar por todo canto daquela cidade. Recebi algumas buzinadas dos motoristas que ficavam bravos por eu passar na frente deles. Eu apenas gritava alguns palavrões e seguia meu caminho. Cheguei a ver Johnny Depp na rua olhando vitrines. Confesso que morri de vontade de largar aquela bicicleta no meio da rua e correr pra abraçar aquele cara,meu ídolo! Me segurei e apenas gritei um "Sou sua fã" e ele sorriu e acenou pra mim. Se eu morri? Claro que não idiota, tô aqui te contando a história, não estou?
Eram perto de 2h da tarde e eu passei pela pista de skate, cheguei a rolar os olhos rapidamente a procura do garoto de ontem, sem sucesso, voltei minha visão para frente.
-OI - algum filho da puta dá um pulo na minha frente, me fazendo gritar de susto e de dor pelo tombo que levei.
-Nossa, desculpa por - Ele ria - isso tudo. Vem, te ajudo a levantar.
-Há, que engraçado. Quase me mata e depois que ajudar. Sai da minha frente, não quero tua ajuda. - Tentei levantar e senti uma dor imensa no pé. - Olha que inferno! Eu torci o tornozelo por sua culpa, Pedro!
-Ei, calma marrentinha. Vem, te ajudo. - Ele puxou minha mão e me fez passar um braço por seu pescoço e me apoiar nele. - Manca ainda?
-Sim, um pouco. - Havia baixado a guarda, afinal, o garoto estava me ajudando. Eu não iria chegar em casa sozinha daquela maneira.
-Onde mora? - Dei as guias pra ele e me levou até em casa, mesmo não sendo muito longe, segurando o peso de uma pessoa apoiada só de um lado do teu corpo e ainda guiando uma bicicleta é muito. O caminho cresceu uns 10 quarteirões.
-Aqui, é aqui que minha vó, ér... eu moro.
-Mora com os avós? - Ele perguntava me ajudando a subir a escada, e encostando a bicicleta perto da porta.
-Sim, mas isso é uma longa história que vou te dever. - Ele riu - Na verdade eu estou é com preguiça e desinteresse em te contar mesmo.
-Tudo bem, tempo não vai faltar pra você me contar. - Sorriu sem mostrar os dentes.
-Ai credo, quer dizer que você vai me perseguir todos os dias?! - Ele riu com a cabeça baixa, e eu sorri quebrando o clima. - Brincadeira você, foi bem legal me ajudando hoje, obrigada.
Ficamos em silêncio alguns segundos, nos olhando.
-Olha, parece que alguém aqui deu o braço a torcer. - Ria.
-Se toca garoto, você nem me conhece, ok?! Não vai achando qualquer coisa de mim, eu NUNCA dou meu braço a torcer! Sei liga, tá bem?
Minha avó abriu a porta e cumprimentou o garoto, perguntando logo em seguida o que tinha acontecido comigo
-Você, você torceu o pé minha filha? Entra, vem, vou colocar uma tala em você.
-Eu tô de boa vó, só preciso sentar e ficar quieta. Só tá doendo. - Eu falava com o Pedro me ajudando a sentar no sofá.
-Nada disso, já venho. - Ela saia falando algumas coisas mas nem dei ouvidos.
-Será que é só uma dor? Teu pé tá bem inchado... - o garoto falava e passava a mão levemente por meu tornozelo, enquanto eu reclamava de dores.
-Eu preciso ir na farmácia comprar faixas - Minha avó falava enquanto pegava sua bolsa - Você pode fazer companhia pra ela... qual seu nome mesmo garoto?
-Pedro, me chamo Pedro. Faço, eu fico aqui com ela.
-Não precisa, ele já vai embora vó, fica tranquila. Te espero aqui com a faixa. Né Pedro? Você já está indo? - Eu o empurrava devagar e minha avó saia de fininho se despedindo de nós.
Vi o garoto sentar no sofá ao meu lado, e olhar pra baixo sorrindo. O olhei com cara de "aff"
-Você não tem jeito mesmo, né Sophie? E olha que te conheço tecnicamente a um dia e meio. Agora sim, você tem tempo e me contar sua história de vir morar em Los Angeles.
-Nunca disse que não tinha tempo, disse que tinha preguiça. Mas ok, vi que você é um chato de galocha que não vai largar do meu pé enquanto eu não te contar meu paradeiro nessa cidade infernal.
Contei pra ele tudo, e inclusive chorei algumas lágrimas. Típico pra deixar a história mais emocionante ainda. Uma história acabada e chata que só fala do meu sofrimento e do meu transtorno pessoal.
-Fica calma vai, esse negócio é da sua cabeça. Vai ver é pro seu bem mesmo conhecer gente nova. Essa cidade é demais. Agora que me conhece, eu acho - Pedro sorriu, o que me fez fazer a mesma coisa - vou te ajudar a crescer aqui.
-Ei, o que é isso? - Ele disse pegando o meu diário em cima da mesinha, o qual tinha todos meus planos! Como morrer, a raiva que tinha da minha mãe, a revolta da mudança de cidade, quando meu pai levou meu cachorro embora, TUDO! Não podia deixá-l ver aquilo.
-Não! Me devolve agora! - Eu tentava pular em cima dele pra pegar de volta mas foi em vão. Ele pegou, abriu e leu as primeiras páginas. Não tinha nada demais nelas, apenas meu amor por Good Charlotte sendo expressado.
-Hum, vejo que curte Good Charlot... peraí... Como morrer? - Ele me olhava incrédulo e voltava o seu olhar pro diário. Droga, ele viu. Não fiquei quieta.
-Você não podia ler isso! É pessoal! - Me levantei e tomei de sua mão, voltando a sentar com dor no tornozelo. O garoto sentou ao meu lado e me olhava quieto.
-Sophie, você é maluca? Quer cometer suicídio? Por que não enfrenta seus problemas?
-Porque são muitos e eu cansei deles! Tudo vai melhorar se eu não existir mais, tudo! Minha mãe vai salvar o casamento dela, e eu não vou dar dor de cabeça aos meus avós. Bem melhor assim
-Para de pensar besteira vai. Aí, sua avó chegou, tenho que ir pra casa. Cuida desse pé ai e para com essas ideias idiotas, beleza? - Ele foi e minha avó veio logo enfaixar meu pé.
O que me deu raiva, é que por alguns segundos cheguei a pensar que ele iria reagir diferente, me apoiar, talvez? Sim, ele tinha minha idade e podia me apoiar com isso, mas não. ele tinha a cabeça de todos. "Isso é besteira, Sophie" "Você tá louca". Vocês todos verão o louca quando eu não estiver mais aqui, aí sim.


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Notas finais do capítulo

this :)