Short-fic: When Somebody Gives A Damn escrita por mariliacarv


Capítulo 1
Meu drama também se mudou pra Los Angeles


Notas iniciais do capítulo

enjoy rangerss



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Sair da minha cidade natal no Colorado, pra morar com meus avós em L.A. não era uma ideia que se concretizava na minha cabeça. Eu não queria isso de maneira alguma, mas minha mãe queria porque queria que eu fosse. Ótimo, é assim que ea queria viver a vida dela, longe de mim. É assim que ela queria manter seu casamento com Robert, longe de mim.
Se ela queria se ver longe da sua "pequena e adorável filha Sophie", ela estava certa. Eu seria morta e enterrada em Los Angeles. Antes de completar meus 18, terei conseguido cometer suicídio. Já fiz uma lista de maneiras legais e menos dolorosas de morrer. Afogada, enforcada, envenenada, com remédios pra dormir.
Ninguém se importa comigo, a não ser meu cachorro que meu pai levou para Portugal com ele. Eu amava meu pai, mas quando ele se foi sem se despedir de mim, e ainda levou a única "coisa" que se importava comigo, a qual eu também, a única me importava. Meu pai me magoou, muito. Se aquele cara resolvesse aparecer na minha frente, mataria ele. Mas agora, a única pessoa que eu pensava em matar, era a mim mesma.
-Que bom que você veio morar conosco, Sophie! - Minha avó dizia abrindo os braços, logo ao lado do meu avô.
-É, é, ótimo. - Passei no meio dos dois ajeitando minhas malas pesadas em minhas mãos.
"Ela vai se acostumar com aqui, tenho certeza". Pude ouvir meu avô dizer isso quando estava um pouco a frente deles. "Vai sonhando". Pensava andando toda irritada até o carro.
-Pode subir, o quarto de ópedes é lá em cima. Mas agora ele é seu, reformamos algumas coisas só pra você, Sophie. Esperamos que goste, muito.
-Ah valeu vó. Vou colocar minhas coisas lá em cima e, ei, tem alguma coisa de comer? Pra falar a verdade eu tô morrendo de fome!
-Claro, claro. -Ela deu uma risada gostosa- Vou fazer alguma coisa pra você comer e te chamo assim que ficar pronto.
Subi correndo com minhas coisas, meio cambaleando mas fui. Abri a porta e me deparei com vários origamis pindurados por alguns cordões de nilon no teto. Por alguns segundo fiquei admirando e passando a mãos naquelas dobraduras com cores fortes e tão lindas. Caí na real que tinha que arrumar todas minhas roupas, afinal, a partir daquele momento moraria com meus avós. Ótimo, ótimo. Guardei algumas peças na cômoda pintada de branco, contrastando com o azul escuro da parede e outras no guarda roupas. Ouvi minha avó gritando que a comida estava pronta e senti meu esômago pedir por alimento.
Me sentei na mesa com os pés na cadeira e meu avô logo reprovou minha atitude. Estava com tanta fome que nem dei bola.
-Você deve saber que aqui temos algumas regras, não é mesmo? Acho que sua mãe já lhe disse algumas.
-Deve ter dito vó, mas acho que não prestei bem atenção - Sorri cínica. - Vô, pode me descolar 50 dólares?
-Bem, voltar pra casa até as 10 da noite, avisar quando for sair e com quem sair. Se quer dinheiro, terá de batalhar por ele. - Ela continuava dizendo.
-Tá certo, agora te direi as minhas regras, que servem pra qualquer lugar. Eu vou onde eu quero, quando eu quero, e com quem eu quero.
Me levantei da mesa, peguei minha bolsa transversal de franjas e saí pra andar por aquela cidade. Quem diria, até que era legal isso tudo. Famosa Venice Beach, será como dizem? Avistei uma pista de skate com vários tipos de rampa, e eu era fascinada por skate. Me sentei na beirada de uma pista e um garoto andava nela. Fiquei balançando minhas pernas e olhando pra ele fazer manobras. Aquele menino magrinho, de roupas um pouco mais largas do que ele, bermuda caindo e boné na cabeça, parou no meio da pista, deu um tapa na franja e me olhou. Que é, mané?
-Curte skate?
-Tá falando comigo? - Perguntei olhando pros lados.
-É, acho que só tem você aqui né. - Ele abria os braços segurando o truque do skate em uma das mãos.
-Vai saber se você é louco, ou algo do tipo. Essa cidade tem de tudo. - Me levantei, dei alguns tapas na bunda tentando limpar algo.
-Então a marrentinha é de fora? - Ele andava na mesma direção que eu, só que ainda estava na pista.
-É, sou do Colorado. - Fui pulando pistas, e o idiota seguidor andava por algumas com o skate
-Você ainda não respondeu minha pergunta.
-Que eu saiba, você só fez uma. - Me recusava a olhá-lo. Sou fria e chata. Mas uma coisa que odeio é dar atenção a gente mais chata que eu que torra a paciência.
Deu uma risadinha e, agora que estava no calçadão de Venice Beach, ele estava do meu lado.
-Inicialmente perguntei se gostava de skate.
-É, me agrada um pouco. - Disse colocando meus óculos de sol e virando pra uma barraquinha de milk shakes. - Um médio de morango, por favor. - Pedi e "thank God" já havia um pronto. Paguei e continuei andando pelo calçadão.
-Você é bem, destemida, diria. - Ele falou meio sem graça, e senti que me olhava esperando que eu retrucasse o olhar.
-Não, eu sou eu mesmo. Odeio rótulos. Bem, vamos ser diretos. - Parei e me virei pra ele - Vai me seguir até quando? - Suguei um pouco de shake.
-Na verdade não estava te seguindo, eu moro logo ali. - Apontou pra uma casa não muito grande, mas não chamaria aquilo de pequena nunca na vida. Frente a praia, demais.
-Ah, legal - Continuei andando e ele continuou do meu lado deslizando com o skate - Pensei que morasse logo ali. - Falei tomando meu shake e olhando o mar distante.
-Eu disse, mas não disse que iria entrar em casa.
Garoto insistente, credo. Deu algumas piruetas pelo corrimão gigantesco que havia ali por perto. - Afinal, qual seu nome?
-Sophie. Não que me interesse muito mas, só pra não perder o costume... qual o seu?
Riu abafado - Pedro, Pedro Gabriel. Bem, sabe onde eu moro, fico na pista todos os dias. Quando quiser passar lá pra conhecer a cidade Sophie - deu ênfase em meu nome, otário - estarei lá.
Se mandou, finalmente. Achei que teria de aguentar aquela falação na minha cabeça cheia o tempo todo. Desviei de meu caminho e pisei na areia de tênis e tudo. Meu Converse era preto e detonado, foda-se. Fui caminhando até o mar certa do que faria. Entrei com tudo n'água e abri os olhos. Sentia uma coisa gostosa, como se algo quisesse que eu ficasse dentro da água por muito, muito mais tempo. Sorria abobada, e senti que precisava de ar. Beleza, agora sim meu plano estava sendo posto em prática. Disseram na internet que afogada é a forma mais gostosa e aliviante de se morrer. Queria saber como eles descobriram isso. Senti meus pulmões precisarem cada vez mais de ar, e acabei colocando minha cabeça pra fora da água. Covarde, isso sim o que eu era. Uma bela de uma covarde. 17 anos nas costas e nem coragem pra se matar direito tem.
Voltei pra casa e já estava escuro, meus avós jogavam cartas na varanda e reclamaram comigo por estar molhada.
-Fui nadar.
-De roupa, minha filha? - Meu avô perguntava sem entender.
-Que é? Prefiria que nadasse em plena Venice Beach nua? Sem problemas, amanhã faço isso se preferir. Agora preciso de um banho e cama, estou morta. Boa noite.
Subi, me banhei e caí na cama. Estava prestes a pregar o olho quando escuto batidas na porta. Murmurei algo como "entra". Minha avó, great!
-Olha, Sophie. Sei que está difícil pra você ficar aqui conosco, deixar todos seus amigos de Delta pra morar aqui agora mas, sua mãe quis assim. Tente se acostumar. Los Angeles é um lugar incrível, e não conheci ninguém até hoje que não gostou daqui. Se você sair, se divertir, conhecer pessoas, irá gostar, tenho certeza disso.
-Foi sempre assim né? - Meus olhos já estavam marejados.
-O que, sempre assim? - Ela me olhava sem entender porra nenhuma do que eu falava.
-Minha mãe. Ela sempre me mandou pra cá quando queria resolver alguma coisa na vida dela. Depois de 4 casamentos, resolve me mandar pra cá definitivamente. Acho que dessa vez a barra lá está mesmo difícil, pra me mudar de cidade, DE ESTADO pra salvar a vida dela. Por que ela nunca pensa em mim, vó? Por que ela nunca pensa em mim como se fosse realmente filha dela? Ela me vê como um encosto que só atrapalha a vida dela a 17 anos. Um coisa que empaca todos desejos e sonhos que ela tem. Acho que não é só ela. Meu pai se mudou pra Portugal por que? Queria se ver livre de mim, também. Ninguém me suporta vó, ninguém! Nem mesmo eu me suporto. - Eu chorava de raiva, de vontade de amor, de falta de carinho, mas principalmente de revolta. Revolta de nunca ter tido um amor de verdade que não fosse do meu cachorro.
-Não fale isso, minha linda. Você sabe que é importante pra todos nós, sabe o quanto eu e seu vô lhe amamos. Sabe o quanto gostamos da ideia de ter você aqui morando conosco. - Tentava me acalmar aos poucos. - Você pensa que não mas, quando sua mãe me disse que lhe mandaria pra cá, eu corri pra reformar este quarto pra você, fazer estes origamis, pendurá-los no teto, reformar os móveis. Tentei deixar tudo em perfeitas condições. Sei o quanto gosta de tudo arrumado. Queria deixar tudo lindo pra você. Então, nunca pense que ninguém te ama, nunca! Todos nós te amamos, e vivemos por você, tá bem?
-Não seria tão otimista assim, mas tudo bem. Não vou mais discutir porque não quero mais motivos pra odiar minha vida, já são demais.
-Boa noite, Sophie - Ela se levantou calmamente da cama, e já abria a porta - Vó espera! - Praticamente gritei - É, obrigada por, ter gostado da ideia de me ter aqui e, por ter tido este carinho pra arrumar tudo pra mim, de verdade.
Ela apenas sorriu e se retirou. Desliguei o abajour e apaguei.


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Notas finais do capítulo

sooo? *-* @itsmariliacarv



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