Careless Whisper escrita por SakyChan


Capítulo 1
Last Dance


Notas iniciais do capítulo

Baseado na música Careless Whisper do Seether. Aconselho a ouvi-la enquanto lee se não for pedir demais!!
Espero que gostemmmm!!!



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Eu me sentia mais do que inseguro ao pegar a mão dela e traze-la para a pista de dança. Algo me dizia que aquela seria nossa última dança... A minha última dança.

A culpa se acumulava em meu coração e minha mente enquanto os minutos passavam, sem que dissesse uma única palavra. Eu fingia que tudo estava bem, fingia perfeitamente. Mas nada é realmente perfeito. Eu sabia que ela não era nenhuma tola. E agora, olhando para seus olhos atentamente, não foi difícil perceber aquele estranho brilho prateado neles, que diziam algo desconhecido e triste para mim.

Enquanto o tempo passava lentamente, me sentia cada vez mais desajeitado, afinal pés culpados não têm nenhum ritmo. Aquelas cenas, desagradáveis agora, se passavam pela minha cabeça junto dos momentos em que eu queria lembrar para sempre. Momentos de felicidade ao lado dela, a verdadeira amiga que tive. Tive... Era doloroso pensar no passado, pois internamente sabia que ela já não era mais a minha amiga e que nunca o seria mais.

Sabia que jamais dançaria daquele jeito, não sem ela.

Se pudéssemos voltar atrás e apagar memórias, ações desnecessárias, se pudéssemos consertar um coração quebrado... Porque era tão impossível? Eu deveria ter sido mais cuidadoso, não brincar com sentimentos e emoções alheias daquele jeito. Desperdicei a chance de uma vida.  A pergunta batia em minha cabeça repetidamente: como pude enganar uma amiga? Não apenas uma amiga, mas a única pessoa que sabia que amaria para sempre, incondicionalmente. E consegui traí-la. Um sentimento desconhecido de raiva e auto-piedade passava por mim. Se conseguia trair a única pessoa a quem jurara nunca trair, imagina do que seria capaz?

O tempo não conseguiria reparar o dano que havia feito. Não receberia mais aqueles sussurros descuidados dela, seus conselhos, suas palavras doces em meu ouvido. A ignorância é bondosa e ao mesmo tempo a melhor escolha, pois não nenhum consolo em saber a verdade, apenas dor. Mas não continuaria por muito tempo. Olhando em seus olhos verdes eu sabia que ela já acabara.

Um desespero começou a se abater sobre mim. Desejei que aquela noite, que aquela dança nunca mais terminasse, que ficássemos ali para sempre, apenas olhando um para o outro. Sabia que o desejo era insano, mas pelo menos manter aquela lembrança, era o suficiente. Eu poderia viver com aquilo. Com aquele olhar sincero, que parecia ver a minha alma, dela. Às vezes parecia doer, mas era bom. Como se fosse uma espécie de penitência pelo que havia feito. Mas sabia que não era o suficiente. Eu merecia coisas piores, muito piores, talvez sequer houvesse um castigo digno do erro que havia cometido.

Enquanto a música morria olhei novamente para seu rosto. Antes, eu, sem coragem, havia desviado meu olhar, como uma criança que fora pega fazendo algo errado. Ela continuava me encarando. Um olhar claro,límpido. Mesmo que a música estivesse terminando ela ainda parecia tão alta. Desejei outra coisa impossível, que fossemos embora dali, longe daquela multidão, daqueles sorrisos falsos, e que pudéssemos conversar calmamente. Mas talvez magoar-nos-íamos com coisas que desejamos dizer, mas não conseguimos. Era mais do que impossível. Era improvável. E já estávamos magoados o suficiente para o resto da vida.

Mais pensamentos torturantes se passaram, cada um machucando mais do que uma facada no peito. A pior coisa que poderia pensar, e estava fazendo isso, era no que poderia ter acontecido se eu não tivesse feito aquela besteira. No quanto aquilo poderia ter dado certo. No quanto éramos felizes juntos. Que poderíamos ter dançado para sempre ali, eternamente. E eu tinha estragado tudo. Aquilo era horrível de imaginar.

Eu morria aos poucos, assim como a música. Cada toque, uma gota de sangue caía. Mas continuei ali, firme, ou tentando parecer firme ao seu olhar. Quem poderia dançar comigo além dela? Quem aceitaria? Ou melhor, eu conseguiria aceitar?

Mais uma triste despedida na vida de alguém que já estava cheio delas. Sabia que mal estava aguentando aquela, imagine se aguentaria mais alguma. Nada poderá substituí-la, nada. Então o que eu mais temia aconteceu, a música terminou, assim como a nossa dança. As palavras estavam formadas, prontas em minha boca, mas parecia impossível pronunciá-las. E seria quase um desrespeito à ela. Então apenas vi ela se soltar de meus braços, com um olhar triste no rosto, a última expressão que veria dela. Então se afastou, me deixando só ali, apenas observando-a partindo dolorosamente para sempre.

“Por favor, fique...”


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Notas finais do capítulo

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