13 de Janeiro, 22:45

Ichigo estava voltando para casa com Rukia, depois de terem matado um Hollow. Os dois caminhavam silenciosamente, até que a baixinha fala:

- Ichigo... Porque as pessoas comemoram aniversário?

- Que tipo de pergunta é essa?!

- Só quero saber! Afinal, eu preciso saber tudo sobre os humanos, não é?

- Bem... É uma data especial, sabe? Eu, particularmente, não gosto do meu aniversário. Não sei como as pessoas ficam felizes por ficarem mais velhas. Sinal de que logo estarão enrugadas, e ainda comemoram...

- Entendo... – Então Rukia ficou pensativa, deixando Ichigo um tanto confuso.

- Porque perguntou isso? Lá na Soul Society não comemoram aniversário?

- Não... A maioria dos shinigamis nem lembra a data do aniversário, muito menos que idade está completando.

- Mas você lembra a data do seu, né?

- Claro! Tenho boa memória, lembro de tudo que já me aconteceu esses anos todos.

Logo que disse isso sentiu um aperto no coração, um misto de tristeza e alegria.

Lembrava de tudo: De todas as alegrias, todos os momentos especiais, e também as tristezas...

Lembrava de Kaien, que sempre a surpreendia no seu aniversário. Era um dos únicos que não esqueciam a data, e ele até costumava brincar com Rukia, dizendo que ela era tão velha que se colocassem velas com a quantidade de anos que estava completando, o bolo teria que ser da largura de um pneu, e que correria o risco de causar um incêndio na Sereitei. Deu um mínimo sorriso, lembrando do jeito divertido de Kaien, mas Ichigo a desperta de seus devaneios, passando a mão em frente ao seu rosto.

- Oee, Rukia! Já chegamos.

- Ah, nem percebi. Desculpe.

Ichigo levou um susto. Rukia se desculpando? Ou alguém raptou a Rukia verdadeira e deixou essa no lugar, ou ela estava realmente estranha.

“Primeiro ela veio com essa história de aniversário, e depois fica se distraindo assim à toa?” Pensou Ichigo, realmente confuso, até que finalmente chegou a uma conclusão: Ou hoje é o aniversário de Rukia, ou está perto. Resolveu então perguntar.

- Rukia, quando é seu aniversário?

- Hã? Que tipo de pergunta é essa?

- Só tô perguntando!

- Estranho você perguntar isso tão de repente...

- Vai dizer ou não?!

- Tá, é dia 14 de janeiro! E se continuar gritando desse jeito vai acordar as meninas. – Ichigo percebeu que realmente tinha falado um pouco alto. Entrou no seu corpo, enquanto Rukia já estava entrando no armário, quando ele finalmente percebeu um detalhe.

“O aniversário de Rukia é amanhã! Devo comprar alguma coisa? Óbvio que sim, mas o quê? Rukia é rica, está acostumada a ter tudo do bom e do melhor, e com certeza Byakuya dará alguns kimonos caríssimos a ela.”

Pensou, decididamente mais confuso ainda. Pra piorar, sentia-se meio estranho por conviver com a baixinha por tanto tempo e não saber o dia do aniversário dela.

Chegou a cogitar a idéia de perguntar à Rukia quantos anos ela completaria, mas seria meio indelicado perguntar isso a uma mulher, ainda mais quando ela é shinigami, o que significa que ela pode ter 200 anos, com cara de 16 ou 17 anos. É, definitivamente, não era seguro perguntar. Depois algum tempo, Ichigo caiu no sono, com Rukia na sua mente, o que era muito costumeiro de uns tempos pra cá.

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14 de janeiro, 07:00

Ichigo acordou bem cedo, tomou um banho, vestiu uma calça jeans colada, uma camisa branca com o número 15, por cima colocou um casaco laranja e calçou seu tênis. Fez tudo isso no maior silêncio, para não acordar ninguém. Numa hora dessas, nem Yuzu estava acordada ainda.

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Rukia ouviu uma movimentação no quarto, mas achou que estava sonhando. Ichigo jamais acordaria às 7 horas em um sábado, a não ser que Isshin o arrastasse da cama aos gritos. Ignorou e voltou a dormir calmamente, esquecendo até que era seu aniversário.

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Duas horas depois, Rukia acordou, e estranhou que Ichigo não estivesse na cama.  Resolveu tomar um banho e descer para tomar o café da manhã.

- Ohayo! – Disse Rukia, descendo as escadas. As meninas responderam normalmente, e Isshin deu um berro que assustou a todas. Ela comeu rapidamente e resolveu sair um pouco.

Estava feliz e ao mesmo tempo melancólica. O dia do seu aniversário sempre lembrava a mesma coisa. Ou melhor, a mesma pessoa: Kaien. Ele que sempre fazia seus aniversários ficarem melhores. Sempre a presenteava com coisas simples, mas bastante significativas. O sentimento que nutria por ele, havia esquecido, graças a certa pessoa, mas a saudade ainda era grande.

Sentiu os olhos marejados, mas limpou-os rapidamente. Rukia jamais chorou, desde o dia em que a pessoa que mais amou morreu na sua frente, e não era hoje que iria chorar. Kaien com certeza não gostaria de vê-la chorando.

Quando percebeu, estava em frente ao rio. O rio que sempre via no pôr do sol, quando voltava da escola com Ichigo. Deitou na grama e ficou olhando o céu azul e com algumas nuvens brancas como algodão. Fechou os olhos e ficou pensando... Será que seus amigos lembrariam? Ela já havia comentando certa vez, numa conversa, e realmente esperava que eles lembrassem.

Depois de algumas horas só sentindo o vento frio, Rukia resolveu voltar para casa. Ia ficar no Mundo Real mesmo, não faria diferença se fosse para a Soul Society ou não.

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Ichigo, Urahara, Yoruichi, Renji, Byakuya, Karin, Yuzu, Inoue, Chado e Ishida estavam na casa dos Kurosaki. Pela hora, Rukia logo chegaria para almoçar, e teria uma bela surpresa.

Yuzu tinha feito todas as comidas preferidas de Rukia, Inoue e Yoruichi preparam a decoração roxa com prata, Chado e Ishida tinham passado um bom tempo enchendo os balões, enquanto Isshin brigava com Byakuya e os outros faziam coisas aleatórias, como arrumar a mesa.

Enfim, depois de muita bagunça e gritaria, tinham conseguido terminar, e agora estavam escondidos esperando a aniversariante, até que ouvem o barulho da chave destrancando a porta, pra logo depois ser aberta. Todos gritaram:

- SURPRESAA!!!!

Rukia quase caiu pra trás do susto, mas ficou muito feliz ao ver todas as pessoas especiais pra ela, juntas num lugar só. Ainda sentia falta de Kaien, mas prometeu a si mesma que ficaria feliz, assim como ele a fazia feliz nessa data.

Todos cumprimentaram Rukia e deram presentes, mas Ichigo estava num canto, em silêncio, como se estivesse pensando seriamente sobre o que fazer. Rukia simplesmente sorriu pra ele, um sorriso lindíssimo, que fez Ichigo querer parar o tempo, só para vê-la, e ele sorriu de volta, com vergonha.

Depois disso todos comeram, beberam muito, brincaram, riram, gritaram e se divertiram bastante, até de noite, e a festa ainda não tinha acabado.

Aproveitando que todos estavam distraídos, Ichigo pegou Rukia pela mão e levou ela até o jardim da casa. A pequena estranhou, mas deixou ser levada. O ruivo olhou para baixo, com muita vergonha, e Rukia reparou que ele estava vermelho. Riu da timidez dele, mas esperou ele falar.

- Rukia... É... Omedeto.

- Arigatou. – E sorriu novamente, sabendo que ele ainda iria falar mais.

- Então, eu comprei isso pra você. – E tirou de dentro do casaco uma caixa, e entregou pra Rukia.

Ela abriu. Era um lindo colar em ouro branco, em formato de coração, que se abria. Rukia abriu o pequeno coração e leu as inscrições: “Je t'aime, ma petit” e do outro lado tinha um espaço para colocar uma foto. Ela abriu um sorriso radiante. Nunca recebeu uma coisa tão linda, e queria usá-la naquele momento. Virou-se e pediu para Ichigo colocar nela.

- Então, gostou? – Perguntou Ichigo, meio inseguro.

- Se eu gostei? Eu amei, Ichigo!

Rukia sorria como uma criancinha num parque de diversões. Ficaram se olhando por algum tempo, ambos muito felizes, até que Rukia toma coragem e faz uma coisa que nunca tinha feito. Pulou no pescoço de Ichigo e deu um abraço nele. O ruivo ficou muito feliz com o contato, e mais vermelho ainda, e envolveu com o braços a cintura da pequena.

Tomando uma coragem que não sabe de onde tirou, Ichigo afastou um pouco Rukia para depois selar seus lábios aos dela. A pequena arregalou os olhos e ficou vermelha como um tomate, mas depois relaxou e aproveitou o momento.

Ichigo pediu passagem com a língua, e Rukia abriu um pouco a boca. Ela não sabia o que fazer, já que era seu primeiro beijo. Não que não tentassem beijá-la, mas é que até então, a única pessoa que ela queria era Kaien. Com medo, afastou de Ichigo e abaixou a cabeça, com muita vergonha.

- O que foi Rukia? – Perguntou Ichigo, confuso. – Ah, me desculpe. Não devia ter te forçado. Me desculpe, é sério.

- N-não é isso. É só que... – Rukia suspirou para se acalmar e fez uma coisa que nem ela mesma esperaria de si: Agarrou Ichigo e deu-lhe um beijo apaixonado, que ele logo retribuiu.

Ichigo explorava cada cantinho da boca de Rukia, enquanto ela timidamente o acompanhava. Quando o oxigênio não se fazia mais presente, eles pararam para respirar. Olhavam-se com amor, mas ao mesmo tempo meio tímidos, e com sorrisos bobos na face. A primeira a fala foi Rukia, que no calor do momento esqueceu de perguntar uma coisa.

- Ichigo, o que significa a frase do colar?

- Eu te amo, minha pequena.

Rukia, mesmo sem perceber, derramou uma lágrima de felicidade, que Ichigo enxugou carinhosamente. A pequena beijou Ichigo novamente, um beijo calmo e cheio de amor, que ambos sentiam imensamente um pelo outro.

Rukia parou o beijo, abraçou Ichigo e disse:

- Também te amo, meu morango. Obrigada, você me deu o melhor aniversário da minha vida.

Ichigo sorriu. Sentia-se muito feliz, mas uma pergunta ainda martelava na sua cabeça.

- Rukia, quantos anos você tá completando? Uns 160?

A baixinha sentiu ofendida e começou a bater no ruivo, que gargalhava tentando segurar Rukia, que era muito forte. No fim, Rukia acabou rindo também, e eles sentaram na calçada para ver as estrelas.

Sábado, 14 de janeiro, um dia que ficaria marcado para sempre.