Half Demon escrita por Pedro L Scarpa


Capítulo 2
Encomenda


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais de um mês, mais está ai, o capitulo 2! o/



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Eram por volta de oito horas da manhã, o sol estava começando a raiar com mais intensidade, iluminando assim, o beco onde eu me espremia pra passar.
Depois do que havia acontecido mais cedo, eu nunca mais deveria me atrever a entrar em um beco, mas eu não gostava da idéia de um adolescente ensangüentado carregando uma cruz no meio da rua.

O beco tinha um fedor insuportável e alguns simpáticos ratinhos andavam felizes pelo chão. Logo à frente eu via a saída. Uma saída para o lugar que eu menos queria ir nesse momento – O mercado.

Não havia mais becos ou esconderijos a disposição, a única maneira de passar seria entre as pessoas felizes que faziam suas compras matinais.

-Tenho mesmo que fazer isso? – Pensei.

Depois de pensar sobre a melhor maneira de passar pelas pessoas cheguei à conclusão de que era impossível. Eu teria que atravessar a multidão.

E assim fui, passando normalmente pelos cidadões, que me olhavam com pavor ou perplexos demais pra demonstrar quaisquer reações. Algumas crianças agarraram suas mães, chorando, outras me olhavam curiosas. Senti-me muito mal com todos aqueles olhares de censura me seguindo.

Enquanto virava a esquina, ainda com muitos olhares sobre mim, uma imensa construção de pedra bem-trabalhada se ergueu a minha frente. Haviam vitrais multicoloridos por todas as paredes e majestosas portas duplas de carvalho maciço, com uma grande cruz ao topo - A igreja podia ser modesta, mas não deixava de ser linda...

-Finalmente – suspirei.

Empurrei com grande esforço a porta de carvalho – Que por sinal fazia muito barulho.

Por dentro, a igreja era mais linda ainda, com seus múltiplos vitrais fazendo cores de fundirem e iluminarem toda a extensão do salão de orações. Havia muitas velas ao altar, iluminando o busto de alguém, que se virou assustado para trás.

-MATT! É você?! – Disse Padre, correndo de abraço a mim – Matt, por demoraste tanto?
-Matt, você está bem?! – Disse em tom urgente, me sacudindo – Meu Deus, você está ensangüentado!
-Calma, Padre – Disse eu, apontando pra camiseta - Isso não é meu...
-Matt, pelo amor de Deus, me conte o que aconteceu!
-Sente-se Padre, pois essa é uma longa história...

Então eu contei a história, detalhadamente a Padre do perseguidor, até o demônio. Ele não me interrompeu nenhuma vez, apenas me ouviu, com seus olhos azuis vidrados em mim. Mostrei-lhe a cruz que usara pra matar o Cérbero, e a forma que o matei. Ao final, seus olhos cintilavam...

-Um Cérbero então? – Disse animado – Interessante, de fato interessante!

Padre estava estranho, ele nunca demonstra tamanho interesse em tal tipo de coisa – Parecia que havia assimilado com algum desejo ou realidade de seu subconsciente.

Então finalmente disse:

-Certo Matt, entendo que passou por maus bocados hoje, mais preciso de outro favor seu...

Fiquei perplexo:

-Padre, me salvei por pouco da morte e você ainda quer lhes dar uma segunda chance de me matar? Está louco?

-Matt, eu sei que não quer ir lá de novo, mas agora que um demônio se revelou de seu disfarce, e você o matou, nenhum outro ousará chegar perto de você por algum tempo.

Refleti por um tempo, e finalmente disse:

-Certo, e o que tenho que fazer?

-É simples, você vai pegar uma encomenda pra mim, enquanto estou na audiência com nossa vila vizinha falando sobre o ataque a você, hoje.

-Muito bem, qual o endereço? – Disse eu, impaciente.

-Rua do Mercado, 43 – Disse Padre, sorrindo com o fato de ter me convencido a fazer uma coisa que não queria. – Bem, Matt, eu tenho que ir, se não me atraso.

Aproveitei pra dormir um pouco antes de ir pegar a tal encomenda.

Acordei com uma empolgação que se equiparava a zero. Não quis nem levantar, mas levantei. Vesti uma camiseta nova, com o logo do nirvana estampado e um jeans claro. E claro, minha bandana de caveira pra esconder os malditos chifres.

Logo que sai pelas imensas portas de carvalho vi que estávamos no pôr-do-sol.

-Bem, queria ter saído mais cedo, mas tudo bem... –Murmurei a mim mesmo.

Caminhei apreensivo, olhando pra todos os lados e com certo temor de que alguma criatura das sombras me abocanhasse e me rasgasse ao meio.

Finalmente eu estava no mercado, muito diferente do que eu havia visto de manhã, agora não havia mais ninguém e os vendedores haviam desmontado suas barracas.

Comecei a andar na rua circular paralela ao mercado. Olhei o número das casas um tempo, e finalmente achei, numero 43.

Era uma porta de madeira negra entalhada com águias. Havia também uma elegante aldrava em forma de cabeça de águia.

Pensei duas vezes:

-Será que devo mesmo bater nessa porta?

Quando me dei conta, já estava esmurrando a aldrava contra a porta, que fazia um som metálico muito peculiar.

Depois de um tempo uma portinhola se abriu em frente ao meu rosto e um par de olhos verdes zangados me fitou:

-O que você está fazendo aqui, garoto?! – Disse o homem em um tom ríspido.

-Err... eu-eu vim buscar uma encomenda! – Eu estava nervoso.

O homem me olhou uma segunda fez e finalmente voltou a fechar a portinhola.

Desesperado, eu comecei a esmurrar a porta uma segunda vez, agora gritando:

-Eu vim buscar uma encomenda, uma encomenda para Padre!!

A portinhola voltou a se abrir:

-Para quem? – Disse o homem, como se saboreasse ouvir aquelas palavras novamente.

-Para padre... –Disse eu, ofegante.

-Você deve ser o Half Demon... Só um minuto, por favor.

A portinhola voltou a se fechar, mas agora eu ouvia uma infinidade de cliques metálicos atrás da porta, alguns segundos depois a porta estava aberta, revelando assim um homem ruivo, alto, musculoso e barbudo. Seria até bonito, se não fosse às muitas cicatrizes em seu rosto.

-Por favor, entre – Disse fazendo uma leve reverencia.

Entrei e me deparei com um lugar muito mal iluminado. Olhando melhor, pude perceber que parecia que o lugar havia sido abandonado há muito tempo, teias de aranha de estendiam nas quinas das paredes e dos móveis, e pilhas e pilhas de livros empoeirados estavam empilhadas em estantes e em alguns móveis, fazendo assim parecer uma biblioteca abandonada. Também havia em uma prateleira em particular, uma infinidade de objetos que eu nunca vira em toda minha vida...

-Meu nome é Mário, prazer em conhecê-lo.

Concordei com a cabeça.

-Bem, suponho que está apressado demais para aceitar um cafezinho, estou errado? –Disse ele, educadamente.

-Não, obrigado, só me de logo a encomenda- Disse eu, apressado.
-Muito bem, aqui está- Disse ele, puxando um pacote gigantesco de trás do balcão e entregando em minhas mãos.

Achei que fosse cair com o peso do pacote, mas por incrível que pareça ele era extremamente leve, mesmo tendo o meu tamanho.
Não havia nome ou qualquer indicação de destinatário ou remetente, exceto um cartão minúsculo pendendo da corda que amarrava o embrulho, abri-o e me deparei com uma caligrafia fina e arqueada, que dizia:

 “Use Quando Necessário”.

Aquela frase não fazia qualquer sentido pra mim. Só o Padre entenderia, usando essas frases de efeito.

-Bem, obrigado Mário.
-Eu que agradeço – Disse Mário, sorridente, abrindo a porta para mim.
Voltei caminhando para cara, pensando que tipo de coisas misteriosas poderia haver dentro do pacote.

E quando eu estava de frente à igreja, eu ouvi uma coisa que me deixou em pânico...

Alguém urrava de dor, e esse alguém era padre...           


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