Vi pelo canto do olho um pouco de tristeza nos olhos de Liliandil, a mesma tristeza que vi hoje de manhã nos olhos de Susana e muitas outra vezes

-Estão bem – ri de alegria – O que fazem aqui?

-Viemos buscar vocês, precisamos mais uma vez de nossos reis – Liliandil tentando se recuperar sorria pra mim

-Meu Deus! Eles são de verdade! – Jessie disse quase chegando a cor verde, eu sabia que se ela estivesse bem já teria pulado nele

Me virei para os outros da classe e eles estavam calados com a boca escancarada em formato de “O”, até mesmo Isabella, apenas Tony tinha um sorriso torto e satisfeito pra mim quase com orgulho e eu corei desviando o olhar pros outros da sala, até que finalmente alguém cortou o silêncio com um grito. Isso mesmo, um grito, era alguma garota do fundo da classe que estava pálida

-Não, não – Liliandil se apressou em ir tampar a boca dela

A garota ficou olhando pra Liliandil com os olhos dilatados de surpresa

-Não vamos, machucar você, pode me chamar de Lilian – ela destampou a boca da garota

-Lilian – a garota disse pra si mesmo

-É isso mesmo – Lilian sorriu e se virou pro resto dos alunos

-Precisamos avisar os outros – Caspian disse um pouco ansioso

-É claro – a expressão de Lilian voltou a tristeza – os outros

-Ai minha cabeça esta rodando – Jessie reclamou – eu não acredito que estão aqui

-Por pouco tempo – Caspian se virou pra mim – precisamos de vocês em Nárnia

-Nárnia?Ela também existe? – alguém perguntou

-Você não vê que sim? – outro disse

-Mais o que aconteceu? – os ignorei

-Não podemos contar agora – Caspian olhou pra mim e pros alunos – falamos depois, onde os outros estão?

-Edmundo, Susana e Pedro estão na faculdade e Eustáquio esta na escola acho

-Tudo bem, vamos até lá

-Não desse jeito – apontei pras roupas deles – estamos em 1956 em Londres, não podem vestir isso

-O que esta acontecendo aqui?

O professor chegou dizendo abobado olhando para Liliandil, a mim e Caspian

“-Anda Lúcia! Inventa alguma coisa!” Uma voz na minha mente gritou pra mim

-Srta Pevensie, explique-me isso

-Acho que eu posso explicar – Liliandil vem com um olhar angelical – sou Lilian e ele é Caspian somos amigos de Lúcia Pevensie, ela vai precisar sair da escola no momento, aconteceu um problema... Familiar

-É verdade Pevensie? – o professor me olhou duro e eu só assenti com um pouco de medo, não posso ser expulsa bem no fim do ano – Por que a armadura? – ele olhou pra armadura de Caspian

-Eles... – comecei minha mente pareceu travar – ah...

-Eles vão a um baile a fantasia Professor Ronald – quem eu menos esperava disse, era Tony

O professor olhou duramente para Tony que respondeu em meu lugar

-É verdade – eu disse

-É mesmo turma?

Olhei pra turma com cara de desespero, eu não vou viver pra contar a historia, não acredito que já passei por tanta coisa e vou acabar assim, como louca

Pra minha surpresa eles assentiram isso devia ser obra de Liliandil que estava com cara e concentração

-Ora tudo bem então, podem ir

(...)

A faculdade dos 3 estava em aulas e foi fácil pedir pro porteiro ir chamá-los em suas devidas salas, é claro que foi estranho ver eles vestidos daquele jeito, até eu acharia estranho

Pouco depois o porteiro veio dizendo que eles logo viriam até lá, fiquei olhando pro fim do corredor quando finalmente Edmundo surgiu com cara de preocupação, eu sorri pra ele e ele pra mim, quando Caspian e Lilian deram uma espiadela e o sorriso dele abriu mais correndo até agente e abraçou Caspian e em seguida Lilian

-Você cresceu – Caspian diz rindo

-Mais ainda não alcancei você – ela fez cara de emburrado

-Edmundo – revirei os olhos

-Vocês se casaram? – ele pegou a mão de Lilian procurando a aliança e não achou

-Ainda não – Lilian suspirou – aconteceram muitas coisas desde que vocês foram embora

Vi Pedro chegando com um sorriso enorme

-Que coisas? – Pedro chegou sério

-Falamos depois, deixe Susana chegar – Lilian disse tentando colocar um sorriso nos lábios

Pedro só pareceu notar Lilian agora e sorriu torto, o sorriso que eu e Edmundo conhecemos, o sorriso de vergonha, mais vergonha de que?

Olhei de esguelha para Edmundo e ele estava com uma expressão de surpresa, vi ele olhar pra mim e eu olhei pra ele, ele estava confuso como eu agora

-Sou Liliandil – Lilian sorriu como um anjo e os dois trocaram um aperto de mão – mais pode me chamar de Lilian

-Sou Pedro, então é ela quem você falou, a noiva...

-É sim – Edmundo respondeu

-Mais não nos casamos – Lilian diz com tristeza em um suspiro – casaremos depois que tudo isso acabar

Visão de Susana

Hoje o dia estava uma tortura, só tinha assunto chato e isso me dava tempo pra pensar, eu não queria pensar, nesses tempos eu sempre ocupo minha mente com alguma prova, trabalho ou arrumar algo em casa, por que se eu parar pensar, eu sou pensar NELE

Não em Nárnia, mais o Rei dela, aquele que eu ainda amo com todas as forças, com que eu sonho todos os dias e anseio em vê-lo novamente, mesmo sendo isso impossível, crescer por um tempo me pareceu algo certo, uma bela coisa da vida, agora eu odeio, queria parar de crescer e ficar no meu corpo de 16 anos pra sempre, assim voltar em Nárnia para vê-lo quando eu quisesse, mais muitas coisas me prendem aqui, não só minha idade, mais minha família que eu também amo

Tento não pensar nele, nem mesmo em seu nome, mais as vezes é inevitável, uma voz sussurrar pra mim

Caspian... Caspian... Caspian...

Eu já estava quase chegando e eu só me perguntava o que diabos Lúcia fazia fora da escola e quem eram os dois que estavam com ela?

Eu finalmente virei o último corredor e vi Lúcia sorrindo pra mim, mais não era só um sorriso, a felicidade pulsava no olhar dela, um olhar que me contagiou e eu sorri em resposta, o melhor sorriso que eu podia dar no momento, então eu o vi

Devo estar louca, Caspian não pode estar aqui, era impossível. Minha mente realista e um pouco pessimista me dava soluções obvias, que era só mais uma das minhas alucinações que eu costumo ter com ele, mais meu coração magoado batia cada vez mais forte e rápido me dizendo que dessa vez na era alucinação, era Caspian

Ele sorriu pra mim e eu dei o máximo de mim para li dar um sorriso tão lindo quanto o dele, não se me saí bem com essa alternativa, mais ele ainda sorria pra mim, até que finalmente eu estava de frente pra ele e assim demos um abraço

Enterrei meu rosto no peito dele e aspirei o cheiro dele, então minha mente se alinhou ao meu coração em uma única idéia, era ele mesmo ali, era Caspian.