Passaram o resto da tarde juntos, foi como se conhecessem há anos. Mary apesar de carismática, não tinha muitos amigos. Seu gosto era parecido com o da rapaz, sendo assim, o assunto corria naturalmente. Passaram metade do tempo conversando, e outra parte apenas observando as outras pessoas que estavam no campo.

William voltou para casa com um olhar diferente, como se algo muito especial estivesse por vir. Estava ansioso para ir na escola, como não se sentia desde o primeiro dia de aula, que não foi dos melhores devido aos valentões. Mas Mary... Ela sim tornava tudo mais fácil. Ele estava eufórico, como se fosse rever um amigo que não via há meses, passar um dia longe dela já o deixava assim. Poderia estar se apaixonando, mas o que era aquilo? Afinal, se falaram uma vez, mas era como se estivesse esperando por alguém como ela a vida toda.

Para surpresa do rapaz, quando chegou na escola teve aula de Química com Mary, mesmo odiando a matéria achou perfeito poder passar mais tempo com ela, além dos intervalos. Estava lendo o capítulo que o professor pedira, quando ela disse:

–Estamos pensando em acampar na outra semana, disseram que eu poderia chamar quem quisesse, então pensei em você. Assim é bom, pode conhecer meus amigos e outras pessoas que estiverem lá...

–Claro - disse ele entusiasmado- Posso ver com a minha mãe, digamos que ela tem algumas regras, mas nada que me impeça de ir.

–Ótimo, mas retiro o que eu disse sobre te dividir com meus amigos, acho meio complicado.

– Por que diz isso Mary?

–Will, é que eu sou ciumenta.

O garoto ficou surpreso com a atitude dela, e ouviu-se um breve silêncio entre eles, até que:

–Foi brincadeira bobinho, não precisa me olhar desse jeito- Ambos cairam na gargalhada.

Aquela brincadeira deixou William intrigado, pensando se poderia ou não ser verdade. Digamos que fosse, quer dizer então que se Mary tinha ciúmes, pelo menos gostar, ela gostava. Preferia pensar assim. Não que ciúmes seja um sentimento semelhante ao amor, mas a maioria das pessoas que amam sentem isso, e quem sente é porque ama. Talvez fosse cedo demais para falar ou até mesmo pensar em algo tão grandioso. A melhor opção era tentar entender o que se passava, para depois então pensar em dizer algo. Tomar decisões precipitadas nem sempre se resulta em coisas boas. Poderia até mesmo estragar uma amizade que acabou de começar, e talvez fosse só isso mesmo: Amizade.

Faltavam 5 dias para o acampamento e William já havia conseguido autorização de sua mãe para ir, então ele e Mary já faziam planos sobre o que comprar, onde dormir e muitas outras coisas. Provavelmente iria dividir a barraca com algum amigo dela, e Mary fosse dormir com as meninas. Pensou em perguntar como seria, mas a moça poderia imaginar que ele tinha segundas intenções. Ele sempre pensava antes de dizer qualquer coisa à ela, pois não queria ser mal interpretado, mesmo apesar da forte atração que sentia.

Compraram algumas coisas no mercadinho, apenas pra adiantar o trabalho. Ainda faltavam os artigos de acampamento, que William nunca havia comprado. Então combinaram de ir no dia seguinte, assim poderiam comprar numa loja em um bairro próximo. Ela já estava acostumada com acampamentos, então sabia direitinho o que iria comprar.

No dia seguinte, se encontraram no parque pra fazer as compras:

–Animado? -disse Mary.

–Muito, acho que é uma coisa diferente- Respondeu William.

–Você vai gostar, tenho certeza. Nem imagina como o lugar é perfeito, adoro tirar fotos lá, nadar na cachoeira, essas coisas. Tem uns campos incríveis, grama verde e macia, dá vontade de deitar e ficar olhando pro céu... Acho que me empolguei - disse ela meio sem jeito.

–Claro que não, adoro quando você fala das coisas que te deixam feliz, conseguiu me animar mais ainda. Podemos ir em todos esses lugares, espero que seja perfeito mesmo.

–Sim, é que faz tempo que não saio para fazer algo divertido assim, e com você vai ser tão diferente que até fico ansiosa...

–Você disse isso num tom meio estranho, por quê?- perguntou William meio surpreso com as palavras da garota.

–É que ninguém me trata como você, ninguém me olha da maneira que você faz, ninguém fala comigo assim, me dá sorrisos inesquecíveis, e eu meio que precisava disso hoje.

William ficou sem palavras, e estava prestes a se aproximar dela, até que ela parou na porta de uma loja e disse:

–É aqui.