Máscara da Morte – 24 de Junho

Quando ainda era aspirante a Cavaleiro de Câncer e já tinha o hábito de implicar com os demais aprendizes, Shura lhe perguntou o que entendia sobre justiça. Respondera que a justiça estava ao lado dos mais fortes. Ou você vencia ou não valia à pena lutar.

Os boatos diziam que o Cavaleiro de Câncer tinha enlouquecido. Só isso para explicar um Cavaleiro de Ouro ser tão maligno. Que absurdo! Mas não importava. Ele matava para se fortalecer, para ter um cosmo insuperável... Se queriam chamar isso de mal, tudo bem.

Era tão justo quanto podia. Suas vitimas eram assassinos, bandidos, estava livrando o mundo desses tipos. Só que o italiano se empenhou tanto em sua justiça, que nem percebeu quando se tornou um deles, um mero instrumento de morte.

No começo, não se sentia particularmente satisfeito quando acabava matando mulheres, velhos e crianças; mas o que podia fazer? As guerras são assim mesmo, não poupam os inocentes que davam o azar de estar no lugar errado e na hora errada.

Então, acostumou-se. Pessoas morrem o tempo todo mesmo.

Ele precisava alcançar seus objetivos, afinal. Era algo que estava além da moral e da ética. E, por incrível que pudesse parecer, matar aumentava seu poder, tornava-o mais forte. Matava quem entrava em seu caminho sem culpa, medo ou nervosismo, pois não sentia nada. Mentira. Havia certo prazer...

E eram tantas mortes, tantas cabeças penduradas na Casa de Câncer, que ele logo ficou conhecido como "Máscara da Morte". Uma alcunha irremediável de tal forma, que seu nome verdadeiro acabou esquecido por todos que o conheciam – incluindo ele mesmo.

Aqueles horrendos rostos lamuriosos... Achavam que ele ia enlouquecer convivendo com eles. Até parece! Não ouvia lamúria nenhuma. Eram hinos de exaltação à sua pessoa! Como se as trevas celebrassem com ele. Então, continuava colecionando as cabeças de suas vítimas. Eram suas medalhas! Provavam sua força.

Foi por sua forma de pensar que, alguns anos depois, o Grande Mestre resolveu revelar-lhe a verdade sobre o Santuário. Máscara da Morte ficaria ao seu lado. É claro que ficaria, Saga era forte. Devotaria-lhe fidelidade eterna se ele criasse um mundo de justiça calcado na força!

O Leão infeliz certamente o detestava. A maioria dos Cavaleiros de Ouro deviam ter pensamentos ruins em relação a ele. Pouco importava! Sabia que estava fazendo o que era certo dentro de suas próprias convicções.

Um dia, aqueles atos que pareciam cruéis, seriam vistos como justos. O bem e o mal são muito relativos. Definitivamente, era uma questão de perspectiva, por uma causa maior. Para isso, não podia ter escrúpulos em matar ninguém, nem mesmo companheiros de batalha.

É claro que o Cavaleiro de Bronze idiota não entendia nada disso. Achava que a justiça era sempre a mesma, independente do tempo e do lugar.

Isso fazia Máscara da Morte sorrir com desdém. O Dragão dizia aquelas baboseiras sobre os mortos e ele ria. Não! Gargalhava!

O cego idiota teria que morrer também.

E o Cavaleiro de Câncer não se preocupava com a crueldade de matar um ser humano, não é mesmo?

Fim