Hyoga – 23 de Janeiro

Quando Hyoga nasceu fazia um frio terrível. Era vinte e três de janeiro e sua mãe o acalentava nos braços sorrindo. Seu primeiro – e único – filho era lindo e saudável. E o melhor de tudo: era a cara dela. Tinha herdado seus cabelos louros e seus olhos claros, não parecia quase nada com o pai...

Ainda bem.

Infelizmente, conforme crescia, Hyoga começou a manifestar curiosidade a respeito do pai. Era natural e até esperado, mas Natassia não pôde evitar se sentir um pouquinho... triste.

Hyoga não conseguia entender os silêncios longos e pensativos de sua mamãe. Assim como suas esquivas vagas e seus sorrisos melancólicos. Ele só queria saber quem era o pai... Onde ele estava? Por que ele não podia ficar com a família como os pais de tantas outras crianças ficavam?

– Logo você vai conhecê-lo, Hyoga... – Natassia afirmou em um dia qualquer enquanto o menino a enchia de perguntas de novo.

Ele ficou ansioso... Mas a mamãe não parecia muito animada.

– Você não quer isso, mamãe? – perguntou meio chateado por causa da expressão dela. Gostava de vê-la feliz.

Natassia não respondeu nem que sim, nem que não. Mas ela sorriu e isso bastou para Hyoga, que sorriu de volta. Ah, ele a amava tanto!

Queria ter dito mais vezes que a amava, que o pai não importava e que tudo o que queria era estar com ela, felizes, para o resto da vida. Mas não dava tempo, não é? Foi tudo tão rápido. O naufrágio, o pânico, a correria. Em um momento estava abraçado à mamãe e no seguinte ela colocava um rosário com a cruz do norte em seu pescoço, enquanto se despedia pela última vez.

E pensar que tinham partido naquela viagem para encontrar o pai... Não demorou muito para Hyoga concluir que aquele homem, que o tratava como um garoto qualquer, não valia toda a consternação que sua curiosidade causara à mamãe.

Antes nunca o tivesse conhecido.

Fim