Cheguei em casa respirando fundo, não só pelo fato de eu estar correndo igual uma louca para ganhar tempo, mas também por meu coração está a mil por hora de ansiedade, odiava quando minha asma dava sinais de existência! Principalmente nesses momentos inapropriados.

-Mãe, cheguei! - Gritei quando entrai pela sala. Minha mãe odiava quando eu chegava em silêncio.

-Filha nos vamos para a casa da sua vô... Quer ir também? - Ela perguntou da cozinha enquanto eu pegava minhas coisas para um banho, passei pela cozinha com um sorriso enorme no rosto. Até estranhando a falta de choro e berros dos meus irmãos, mas estava animada de mais para me preocupar com aquilo.

-Não mãe... Hoje eu vou sair com a Sara! - Falei indo em direção ao banheiro e ela se virou para mim.

-Vai é?! E por que está tão feliz assim? - Ela perguntou erguendo uma sobrancelha.

Por um momento eu quis contar para ela, contar tudo o que eu tinha descoberto naquele dia maravilhoso, mas não pude. Em anos de convivência com minha mãe aprendi o que se deve o o que não se deve falar para não discutir e ganhar mais tempo.

-Só estou feliz mamãe! - Falei e dei um beijo nela na bochecha e corri para o banheiro. Já eram 7:40. Ainda precisava de flores e ursinho de pelúcia! Quem sabe bombons...

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Coloquei meu melhor vestido ainda não usado preto fosco, curto com um decote considerável. Soltei meu cabelo o ajeitei de uma forma que ficasse casual, passei uma maquiagem leve, afinal, vai saber se naquela noite eu iria suar?! Mas foi ai que eu me dei conta de mim, e se ela não me quisesse mais e achasse que tudo o que eu estava fazendo era da boca para fora..? Mas com uma negativa de cabeça espantei todos os maus pensamentos. Já estava atrasada e precisava correr, não poderia ficar ali parada pensando coisas negativas.

Já fui pedindo um táxi pelo celular, ainda bem que era perto, pois ele não demorou dez minutos. Peguei meu dinheiro reserva que eu tanto economizava para caso eu precisasse me declarar para Sara - ok, não pensava nisso quando economizei minha moedinhas e troquei por notas de cem...

-Moça, rápido por favor. Quero passar na floricultura mais perto que tiver... - Falei quando entrei no táxi e bati a porta., com minha animação, forte de mais.

-Tem uma aqui perto e é... - Ele começou a falar e porque ele ainda não estava andando?

-Pode ser moço, só quero que acelere... - Disse um tanto irritada - Por favor! - completei com medo de estar sendo grossa de mais por causa da minha pressa.

Sem mais nenhuma palavra o homem deu a partida, correndo como eu havia pedido e o agradeci mentalmente. Ele parou em frende de uma floricultura.

-Espere por favor! - Falei e sai do carro.

Entrei na loja, que era muito grande por sinal, olhando para os enormes buques de flores espelhados a venda.

-Posso ajudar? - Uma moça veio a mim, sorrindo, como se tivesse ganhado o dia apenas em me ver.

A encarei por um segundo. Ela era loira dos olhos azuis, lembrava muito a Luna... Balancei a cabeça para esquecer essa comparação e ela pareceu confusa com a minha negação, ignorei o fato e falei:

-Pode, quero um boque bem grande! Com um cartão também. - Seu sorriso voltou de orelha a orelha e ela perguntou:

-Para quem seria? Para sua mãe? Ou presente...?

-Para minha futura namorada! - Falei aquilo com o maior orgulho do mundo. E pela segunda vez o sorriso dela falhou, mas logo vou reconstituído, mas não tão caloroso quanto antes.

-Bom, de namorados temos vários... Sabe qual é a cor preferida dela?!

-Vermelho... Preto... É, vermelho e preto... - Falei olhando ao redor a procura de algo vermelho e preto que me chamasse atenção, e eu achei. Um lindo e enorme buque de rosas vermelhas com algumas gotículas pretas nas pétalas. - Aquele ali. - Apontei para o buque. - Quanto que está?

Ela encarou as rosas e o sorriso branco da moça de iluminou subitamente.

-Aquele está 1-4-0. - Ela disse os números separadamente, acho que para não assustar o cliente dizendo que custa 140 reais, isso tudo em flores!

-E a vista em dinheiro vivo? Quanto que me sai?! - Chorei um pouco.

-Um desconto de 10%! - A moça disse orgulhosa, como se 10% fosse muito!

-Moça, olha, eu vou comprar flores. pagar o táxi que está ali fora, sem contar o restaurante caríssímo que vou leva-la... Por favor! Me dá um desconto bom! Se não vou ter que comprar um mais barato e ela realmente gostaria daquele...

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Entrei no táxi com o enorme buque de flores vermelhas com gotículas pretas e um lindo cartão de amor, escrito: "Demorei para perceber, mas finalmente encontrei minha felicidade!" - Bem minha situação! E paguei apenas 110 reais apenas! Chorar não é tão ruim assim.

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Meu coração estava a mil quando toquei a campanhia do apartamento que tantas vezes eu já havia visitado casualmente. Tinha as flores na minha frente e o cartão na mão esquerda escondi atrás do meu corpo.

Quando Dona Noemia abriu a porta ela levou um susto ao ver tantas flores. Sorri sem graça para ela, que logo entendeu e sorriu também. Ela saiu da porta, a deixando aberta.

-Sara a Magh chegou! - Ela gritou e foi direto para o quarto, acho que ela sabia que aquele momento era só nosso.

-Já estou indo! - Sara gritou de volta do quarto dela. Nunca senti tanta aflição ao ouvir uma voz. O pior que era a voz que eu ouvia sempre que estava triste, que estava feliz, que estava irritada, que eu ouvia simplesmente por ouvir. Já sabia de cor e salteado as gírias e tons. Por que minhas pernas tinham que tremer justo naquele momento com aquela voz?!

E por um momento pensei em desistir, em jogar as flores e o cartão para traz e ir para a festa surpresa do trabalho de Sara como combinado antes, esquecer tudo aquilo, tudo que Olivia havia dito, tudo que Luna tinha feito... Mas era tarde de mais, Sara já sair do quarto mais linda e maravilhosa que nunca! Com um vestido branco que se destacava em sua pele bronzeada e nos cabelos negros e ondulados que caiam nas costas. Fiquei em transe por um longo, muito longo segundo. Até que percebi a surpresa de Sara em me ver ali parado com o enorme buque de flores e ainda mais com cara de boba a olhando.

Foi ai que percebi que não tinha ensaiado nada para falar, que eu tinha feito tudo e achava que ela iria para meus braços simples assim? Sem eu dar uma explicação ao menos daquilo tudo?! Eu deveria ter pensado em algo antes de chegar lá com aquelas flores e restaurante programado... Mas acho que foi melhor assim, pois eu coloquei as flores no chão perto da soleta da porta e coloquei o cartão em cima delas. Entrei no apartamento encarando Sara nos olhos, os olhos dela pareciam perolas negras enormes de pura confusão.

Me ajoelhei em sua frente, e seus olhos pareceram arregalar mais ainda.

-Sara! - Falei, acho que mais para eu mesma do que a chamando, tinha que ter certeza de que ela estava ali. Eu ainda a encarava nos olhos quando continuei. - Sara, eu tenho muitos conceitos tortos... E você sabe disso! Sabe como eu fui criada e como minha família é... - Engoli em seco em só imaginar minha mãe vendo aquela cena. A filha se declarando para uma menina, mas eu já estava ali, iria continuar! - Sabe o quão difícil foi te aceitar como amiga, lembra..? - Ela apenas afirmou com a cabeça. - Então imagina como foi aceitar que eu... Magh Monsen amo perdidamente minha melhor amiga Sara Montemor! - Eu podia ver uma lágrima brilhando em seu olho direito, mas que era impedida de sair. - Foi muito muito muito difícil! Mas eu finalmente consegui! Finalmente percebi o quão eu te amo e o quanto eu quero ser sua e quero que você seja minha! E não é só por uma noite como os homens que eu peguei ou as mulheres que você pegou... Quero poder envelhecer ao seu lado! Quero poder acordar todos os dias e dizer bom dia para a pessoa mais linda desse mundo! Quero poder te beijar... Te abraçar... Te amar como minha mulher para o resto da vida! E mesmo eu sabendo que é meio tarde minha descoberta, eu queria muito que você me desse essa chance! De te fazer feliz... Para eu poder ser feliz! - As palavras saíram como se não fosse eu quem as tivesse proferindo e sim meu próprio coração.

E sem perceber algumas lágrimas indesejadas escorriam pelos meus olhos, eu ainda encarava Sara e ela tinha uma expressão indecifravel, nunca tinha visto aquela expressão em seu rosto, ela estava atônita! Sem se mexer, apenas me encarando de volta.

Pensei que aquele seria o momento certo para sair correndo e bater minha cabeça na parece por não ter descoberto meus sentimentos antes, mas Sara subitamente se ajoelhou na minha frente sem tirar seus olhos dos meus e se aproximou colando nossos lábios. Uma onda de calor percorreu por todo meu corpo, como se aquele beijo fosse o bastante para tirar todas as teias de aranha que tinham em meu organismo. E foi apenas um rosar de lábios que provocou todas aquelas sensações!

-Eu te amo tanto Magh... - Ela sussurrou entre meus lábios. Sorri com aquilo e a abracei, a abracei para senti-la mais perto de mim. Quis passar um fita por nós para nunca mais nos separarmos, mas me contentei em ficar ali, sentindo-a em mim, como se nada pudesse nos separar! E eu estava muito bem ali, nos braços da minha amada Sara!