Coisas Devem Fazer Sentido. escrita por Heloisa


Capítulo 5
O ato de se preocupar, o ato de amar.


Notas iniciais do capítulo

Clichê... .-.



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Para dizer a mais pura, e sincera verdade eu já tinha virado a pagina em que Eduardo estava, mas é realmente estranho o fato de um amor antigo e tão puro se tornar algo realmente embaraçoso. Homens falam que mulheres têm o dom de enrolar e dizer tudo em códigos. Mas e os homens?! Que quando queremos que eles sejam diretos eles só nos enrolam, ou simplesmente fazem este drama no qual estou.
Para dizer a mais pura e sincera verdade, novamente, eu não entendo nada. Uma semana havia se passado e nada de conseguir achar o Eduardo, Marisa e eu ligamos para a maioria dos amigos dele, mas ninguém havia o visto, e quando percebi que não deveria me importar mais, larguei de mão, e deixei de me preocupar.
Estava na praia com meu bloco de desenho, tentando reproduzir a imagem de uma mulher robusta que se encontrava um pouco a minha frente, ela que estava deitada sobre uma toalha vermelha deixando o sol com mais de trinta graus queimar a sua pele, nem percebia nada. Vi que era uma obra difícil de fazer, já que a velha senhora não parava de se mexer, larguei de mão e fiquei a observar o mar calmo. O tempo estava bom e a brisa do mar estava deliciosa, estiquei minhas pernas enfiando os dedos na areia e relaxei. Logo tomei um susto ao sentir mãos em minhas costas, era Felipe, apenas sorri e lhe dei um tapa de leve, ele que riu alto sentou-se ao meu lado passando um dos seus braços sobre meu ombro. Ele olhou o desenho que estava sobre a minha perna e procurou a velha que tinha sido reproduzida em grafite, e não conseguiu deixar de fazer cara de deboche.
 - Modelo difícil de se fazer heim?! – disse ele, voltando a colocar a prancheta em minha pernas.
 - Nem falo nada. Ela não para de se mexer... – reclamei olhando novamente a senhora virar de bruços. Ficamos em silencio cada um observando algo que nem me lembro, mas em um estante Felipe me virou deitando-me na areia enquanto ria em cima de mim.
 - O que está fazendo?! – perguntei tentando soltar as minhas mãos que haviam sido entrelaçadas nas dele.
 - Nada só brincando com você. – deu um sorriso maroto.  – E também roubando um beijo seu.  – Ele me beijou e logo voltou a sorrir bem perto do meu rosto.
 - Não precisa roubar... – disse voltando a mim. – Era só pedir.
 - E você daria me daria um?  - perguntou me largando e me deixando sentar novamente.
  - Não! – e sai correndo em direção ao mar.
Infelizmente ou não, eu corria devagar, ele logo me alcançou, mas esquivei indo para outra direção. E Felipe vinha atrás com mais velocidade. Me pegou por trás, já estávamos molhados com as ondas que batiam em nossas pernas.
 - Vai se render?! – disse alto, com tom de zombaria.
 - Não! –
 - Tem certeza? - disse ele me abraçando mais forte. – É a sua ultima chance.
Uma brincadeira no fundo sempre tem um pouco da verdade, e nessa, a verdade é que ainda não havia me entregado a Felipe, ate aquela semana estava fugindo dele, ele que sempre vinha com um sorriso no rosto, sempre muito gentil ou simplesmente bravo. Os toques os abraços que antes tínhamos dados, e aquela noite em que ele ficou comigo em meu apartamento, tudo tinha sido especial demais, só que eu de certa forma estava com medo. Medo de me entregar novamente. 
 - Tá eu me rendo... – murmurei. Ele afrouxou os braços que ainda me seguravam.
 - Ah então agora está livre 
 - Finalmente... – disse me virando e ficando frente a frente. – Finalmente eu posso dizer que gosto muito de você, e que estou feliz em ter te conhecido naquela noite no terraço. E por estar aqui agora.  – me aproximei de seu rosto e dei um beijo rápido e leve. – E da próxima vez não roube e nem peça, apenas pegue. – disse dando outro.
 - Nossa ainda bem, porque já estava pensando como iria roubar outros beijos seus.
 - Seria uma tarefa difícil, já que estaria preparada para qualquer ataque. – deixei os olhos semicerrados fazendo uma careta.
 - Hum... e gostaria de lhe fazer um convite garota difícil. – disse enquanto caminhávamos de volta a nossas coisas. – Me daria à honra de sua presença no jantar da convenção está noite?
Fiz outra careta, mas aceitei.
Quando mais nova, sempre gostei de sonhar com príncipes encantados, sempre sonhei com alguém gostasse de mim do jeito que sou. E quando encontramos alguém assim é difícil de enxerga-lá sem toda a luz que ela irradia. Felipe era assim, chegava com um sorriso que me melhorava meu dia e quando chegava bravo, fazia de tudo ate arrancar um pouco da braveza que o possuiu. Era estranho ficar longe dele, mesmo nos conhecendo há tão pouco tempo... Quanto tempo é necessário para amar alguém? Uma mulher grávida ama um ser que nunca viu na vida. E mesmo que alguém a questione, duvido muito que ela diga o contrario do seu coração. No final só sabemos que é amor, quando sofremos por ele e pelos seus sinônimos: Afeto, afeição, amizade, dileção, inclinação, simpatia, paixão, bem-me-quer, benquerença, idolatria, adoração, ardor, patriotismo, entusiasmo e dedicação.  Mas será que realmente precisamos sofrer por tudo isso? A verdade é que questões como essa sempre levanto perto de datas comemorativas como o Natal, que sempre passei com minha família.
Mesmo no inicio quando meus pais tinham dinheiro apenas para uma pequena ceia, eu e meus irmãos nunca ficávamos tristes, já na véspera de Natal era o dia que nossa mãe fazia as coisas mais gostosas do ano. Percebia que o amor prevalecia, só naquele momento em volta da pequena mesa, mas prevalecia. E concluindo tudo isso percebemos que o amor é luxo, em meio a tantos problemas ele é sempre o que fala em tom mais forte. Nos momentos mais simples.
 Vejo hoje, no lugar onde estou, sentada na areia da praia de um lugar lindo, posso agradecer o amor e dedicação de minha família. Já que na minha vida o amor me deu forças para trabalhar e correr atrás dos meus sonhos, e quando digo amor, digo família e todos os sinônimos antes já ditos, e faltando um mês para o Natal percebi que sem eles não teria forças para chegar onde cheguei.
Havia colocado o meu melhor vestido, mal sabia o que realmente vestir, já que para errar em uma festa basta vestir aquela sua roupa ‘’confortável e pratica’’. Marcamos de nos encontrar no saguão do hotel.
 Ele era o mais bonito de todos que esperavam suas companhias descerem para o jantar. Felipe conversava com alguns colegas de profissão, riam alto em um semi-circulo, caminhei em sua direção ate um de seus colegas lhe dar um toque. Ele se virou e pude ver o seu sorriso viciante, estava com uma camisa branca com os punhos dobrados abaixo dos cotovelos, calça e sapatos sociais pretos, estava simplesmente gracioso.
  - Nossa... Você está linda. – disse ao me ver e oferecer seu braço.
 - Obrigado, você está muito bonito. – ele deu uma piscadela pra mim que se não estivesse me segurando certamente me faria tropeçar ou algo do tipo, ainda estava tentando me acostumar com seu charme.
O salão estava cheio, pessoas de todas as maneiras, algumas quando se passava perto, ouvia-se que não era brasileira. Outras eram tão importantes que sempre em algum canto havia um segurança. Tocava algumas musicas brasileiras MPB famosas, algumas de outras origens. Chegamos a um outro grupo de amigos de Felipe, ele me apresentou a todos- no total eram quatro pessoas – Dois amigos e suas respectivas esposas, as duas olharam para mim de uma forma engraçada, diria que era inveja, não, não é essa a palavra, elas estavam com uma cara com tom deboche. Quando menos vi, Felipe havia se metido em pequeno grupo de investidores, e logo fiquei com as duas mulheres com cara de fuinha.
 - Então Ana Cristina, né? – afirmou uma loira – Você trabalha em que?
 - Sou designer, mas nos últimos tempos faço publicidade fora do país. – respondi educadamente – E vocês?
 A ruiva que não parava de mexer em seu próprio cabelo respondeu.
 - Tenho a melhor profissão sou mãe e esposa. – disse ela dando grande ênfase no mãe e esposa.
 - Eu também. – a loira disse pegando outra taça de vinho.
Percebi o problema delas, já encontrei muitas mulheres antiquadas, que se achavam superiores ao ter um marido alguns filhos, tentando se mostrar a esposa ideal. Que ao encontrar com uma mulher de 25 anos como eu sem ter algum marido ou algo parecido, faziam questão de cuspir em minha cara que eram submissas aos tempos antigos. 
 - Legal. – murmurei procurando um ponto de fuga, mas que infelizmente ria alto com seus colegas de curso. Apenas voltei-me para as duas mulheres, que infelizmente, eram bonitas e convencidas.
 - Como conheceu o Felipe. – a loira novamente me perguntou.
 - Em um centro cultural em São Paulo.
As duas afirmaram com as cabeças insatisfeitas com a minha resposta direta demais.
 - E qual o relacionamento que vocês possuem? – a ruiva perguntou curiosa.
 - Nenhum que lhes interesse! – declarei. As duas arregalaram os olhos pela minha reação.
Sai da mesa em que estava e fui procurar outro canto, havia tanta gente que aquilo já estava me deixando nervosa, lugares muito fechados e com muita gente sempre me trouxe um certo tipo de pânico. Tentei relaxar e me concentrar na minha respiração, não queria envergonhar Felipe na frente de seus colegas de trabalho, já que daquele jantar ele poderia sair ate com um investimento em um bom restaurante. Arrumei um lugar perto de uma grande janela e respirei fundo, logo uma musica agitada começou a tocar e as pessoas se encaminharam a ate pista de dança. Agradeci pela a ajuda dos céus em fazer isso, já que o local havia ficado mais tranqüilo e a multidão estava do outro lado do salão.
Olhei a noite quente que estava pela janela a fora, havia tantas estrelas no céu que talvez diria que era um sonho, já que na cidade de São Paulo ver tantas estrelas seria uma ostentação. Ouvi Felipe me chamar, ele que estava com as sobrancelhas arqueadas em sinal de preocupação.
 - Estava te procurando. – disse ao chegar perto de mim.
 - Me desculpe e que não fico muito bem perto de muita gente, ai resolvi tomar um ar aqui. – dei um sorriso fraco, já que a minha falta de ar ainda não havia passado.
 - Você deveria ter me falado Ana, nos podemos ir embora.
 - Não imagina! – murmurei – Você tem negócios a resolver, não se preocupe comigo.
 - Pare de dizer bobagens, eu me preocupo com você sim, vamos lá fora... – ele pegou a minha mão e fomos em direção a saída, mas antes minha respiração havia parado, na porta da saída do salão lá estava ele, com seus cabelos rebeldes e todo social, antes da minha visão apagar só pude ver que na porta era Eduardo.
>>///<Acordei em um lugar estranho, minha visão estava meia embaçada, mas pude notar que havia dois homens, do meu lado esquerdo havia um todo de branco e dou outro estava Felipe, mas parecia que estava com um olho roxo. Sim depois que minha visão se estabeleceu pude ver levantei rápida, mas minha cabeça voltou a doer.
 - Calma, sua pressão não estava boa.  – disse o homem de branco.
 - Felipe o que aconteceu com o seu olho?! – perguntei incrédula.
 - Depois te conto. – ele se virou para o medico que supus – Doutor ela vai ficar melhorar não é?
 - Vai sim - disse ele, a pressão estava muito baixa. Preciso saber senhorita Ana se você se alimentou nas ultimas doze horas
 - Não... Estava meio enjoada.
 - E sentia dores na cabeça? – perguntou ele
 - Sim. Um pouco deste lado, apontei para a minha têmpora esquerda.
 - Entendo. Já teve desmaios assim, nos últimos tempos?
 - Não...- respondi confusa
 - Muito bem. -  o medico sorriu - Caso haja sinta novamente essas tonturas e dores, volte para cá novamente, o.k.
 - Mas ela vai ficar bem? – Novamente Felipe perguntou.
— Vai sim... – confirmou o médico. – Foi um caso de stress, lhe recomendo que descanse e não tente ficar pensando tanto nos problemas.
Depois que o medico saiu, não sei, mas o clima ficou estranho, Felipe com aquele olho roxo e eu deitada sem poder fazer nada. Perguntei o que havia acontecido e a historia foi o seguinte.
Realmente Eduardo estava na porta quando desmaiei, Felipe foi me socorrer, mas Eduardo interveio, o que ocasionou uma briga entre os dois.  Eduardo partiu para cima deu um soco em Felipe e por resposta Felipe deu outro soco em Eduardo, ate que separam os dois e me socorreram. Não sei o que foi pior, saber que desmaiei em publico, ou Felipe ter mostrado um péssimo gesto na frente de seus investidores. O que me deixou pior ainda...
Me levantei da maca e já me sentia bem melhor.
 - Me desculpe. – disse a Felipe.
 - Por favor, para de pedir desculpas. – disse ele com as sobrancelhas juntas de raiva.
 - Me desculpe. – não havia como evitar era algo não deixaria de pedir ate que ele me perdoasse. – É que estraguei tudo e arruinei a sua noite.
Felipe parou e me olhou.
 - O problema não é você. – disse me abraçando – O problema são fatos que você andou ocultando de mim. Porque não me disse que não estava bem? Droga, eu teria te levado mais cedo pra cá. E aquele mané do seu amigo querendo se intrometer, isso que me deixou nervoso.
 - Desculpa. - murmurei enquanto exalava seu cheiro. – Não queria que tudo rendesse a isso.
 Felipe riu o que foi estranho.
 - Sem problemas, receberia mais alguns mil socos só pata te salvar. – disse rindo e me abraçando mais forte.
 Quando saímos da pequena ala da enfermaria encontrei Eduardo estava sentado no banco, pedi que Felipe me desse um tempo com ele apenas para dizer algumas palavras. Meio contra gosto ele deixou, largou minha mão por custo e me deu cinco minutos. Fui ate Eduardo que mesmo com aquela roupa social, não escondia o olhar cansado, e o cabelo engrunhido.
 Sentei ao seu lado e esperei.
 - Ana você está melhor? – pergunto ele com sua voz rouca habitual
 - Estou sim, mas me responda qual é o seu problema? – perguntei calma.
 - Meu problema e você! Sempre vai ser você...
 - Não sou eu Edu. Olhe para você, não vê que as coisas podem ser diferentes? Você vai ser pai logo, tem uma vida a sua espera, como vai cuidar dela sem cuidar de si mesmo.
 - O filho não é meu. – disse ele em tom seco.
 - O teste não deu negativo?
 - Não fiz teste nenhum, porque a única mãe que quero para os meus futuros filhos é você.
A fala me faltou apenas me levantei
 - Desculpa Eduardo, mas não...
 - Ana só quero que fique ciente de uma coisa, não vou desistir de você. Não depois que quase perdi a única pessoa que me amava, a única sincera. Não vou deixar aquele cozinheiro miserável ganhar de mim. Não quero perder você para ele.  – Eduardo saiu com os passos firmes no corredor branco, aquilo já estava me cansando e me deixando cada dia mais confusa.
Se certa palavras e atos tivessem sido feitos em outros momentos, talvez este drama nunca teria acontecido. A verdade é que meu coração dividido em dois não estáva, eu tenho certeza de quem realmente amo, e teria que dar um fim a essa historia logo.
Cheguei a porta do meu quarto com Felipe me seguindo igual a um segurança, já tinha dito e respondido a ele que estava bem, mas parecia que minha aparência denunciava algo, já que todo momento ele me perguntava a mesma coisa. Passei o cartão na porta e iria dar boa-noite a ele, mas apenas o puxei para dentro do quarto sem me arrepender do que estava prestes a fazer.
●●●●
Em meu sonho tudo parecia confuso e extremamente embaçado, eu segurava a mão de uma criança quando de repente ela sumia na nevoa, eu chamava pelo seu nome e minhas pernas ficavam fracas a cada momento. Corria por todos os lados sem enxergar, ate por um momento o encontrei sentado em um banco, ele sorria e dizia que tudo iria ficar bem por que agora eu podia caminhar sem tropeçar.
 Em minha infância tive uma doença que enfraqueceu os meus músculos, principalmente os das pernas, devido a minha falta de proteína quando nasci. E com crescimento acabei ficando cada dia mais fraca, entre meus sete aos dez anos fiquei dependente de remédios e muletas, dependendo dos dias ate a cadeira de rodas. Isso nunca me desanimou, algumas vezes sim, quando queria brincar na rua e não podia, mas meus irmãos sempre me levavam escondido da minha mãe.  E logo quando fiz dez anos meus pais conseguiram um tratamento para mim e foi ai que tudo começou a melhorar, logo pude caminhar sem auxilio e com ajuda da fisioterapia comecei a caminhar normalmente, sem tropeçar.
 Quando acordo com esse sonhos sempre me vem a cabeça toda a trajetória que passei durante a vida, olhei para Felipe que dormia serenamente ao meu lado e não deixei de ficar com um pouco de vergonha com os atos da madrugada passada. Mas não era nada que me arrependia, observei seu rosto moreno, seus olhos levemente puxados e sua barba que tanto me atraia. Na minha adolescência não imaginava que teria alguém tão bonito ao meu lado, quando digo bonito; falo em todos os sentidos que você possa imaginar. Levantei me com cuidado procurando alguma peça de roupa mas apenas encontrei a camisa branca de Felipe. Vesti-a me sentindo meia boba já que havia ficado enorme, sentei-me na escrivaninha que havia ali perto e comecei a escrever. Já que tinha prometido a Marisa escrever assim que me sentisse mais confortável.

 

25 de Novembro de 2010 – Fernando de Noronha - Pernanbuco
Querida Marisa.
Te  prometi, e estou cumprindo com a minha promessa. Estou lhe escrevendo de um hotel em Fernando de Noronha. Da próxima vez que eu voltar para cá, farei questão de te trazer junto. Assim podemos aproveitar o sol e falar mal dos homens.
Falando neles, bem... Nem quero pensar muito. Tenho que dar algum jeito de conversar com Eduardo sem ele surtar. Mas nunca pensei que algum dia homens brigariam por minha causa. Ainda mais quando estava desmaiada no chão. Bem essa historia lhe conto quando voltar...
Se lembra quando você me disse que estava apaixonada pelo Leandro e que sentia que queria passar o resto de sua vida com ele. Bem... acho que agora sinto o mesmo, sinto que estou perdidamente apaixonada e não sei como resolver uma questão que pode estragar tudo. Pretendo voltar logo, eu prometo, assim que resolver tudo isso.
Mas só uma pergunta que espero ter uma resposta sincera. O que você faria se estivesse no meu lugar?

Com saudades, e muitas.
Ana Cristina

 

 

 Fechei a carta, coloquei o remetente e deixei em cima da escrivaninha. Olhei pela janela e o sol quente já estava trabalhando eram ainda 9h30min da manhã. Fui ao pequeno bar e cozinha e preparei um chá, adoro tomar chá e pelo que soube Felipe também gostava. Voltei ao quarto e o encontrei meio acordado, subi na cama e lhe dei um beijo.
 - Você fugiu...   – disse ele ainda enroscado entre os lençóis, sonolento.
 - Que nada. Quer um chá? Fiz de um de canela quentinho.
 Felipe fez manha e me puxou, sua pele era tão quente que não havia como resistir. Entre beijos ele me abraçou forte e ficamos ali por um momento, apenas aproveitando o tempo, antes que celulares começassem a tocar, aulas a assistir e desenhos a fazer.
 - Ainda quer o seu chá. – perguntei
 - Quero sim... – murmurou beijando a minha testa. – Mas antes quero te fazer uma pergunta.
 - Claro.
 - O que você sente pelo Eduardo?
Aquilo havia me pegado de jeito, sentei e olhei nos olhos de Felipe que me fitava com tensão.
 - O Eduardo foi uma pessoa que senti muito carinho quando mais nova, na época, todos os meus pensamentos, meus projetos viviam orbitando em sua volta. Não posso deixar de dizer que o amei, ate pouco a tempo atrás ainda alimentava uma esperança sobre ele. Mas percebi que alimentar esse monstro era sofrer novamente, porque ele nunca foi sincero comigo. Ai você apareceu antes mesmo de vê-lo depois de cinco anos. O que eu sinto por ele agora, é apenas uma amizade antiga. Alguém que em um momento senti um grande sentimento. – olhei para Felipe que estava pasmo pela minha sinceridade. – E o porquê da pergunta?
 - É que aquele cara gosta demais de você. E não acho que ele ira te deixar assim tão fácil. – declarou Felipe.
 O olhei levantar completamente sem roupa e se espreguiçar, ele riu da minha cara. E voltou a falar:
 - Mas mesmo que ele não desista de você, eu também não irei.


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