Pov. Hermione Black.

...

  Alguns dias depois...

  - Hermione. – ouvi Lilian gritar do hall de entrada. – Estamos saindo.

   Não respondi nada, continuei centrada na panela enquanto meus pensamentos bombardeavam minha cabeça. Sim, eu achava maior irresponsabilidade dos três saírem para passar no mundo trouxa. O que eles achavam que ia acontecer? Encontrar nosso querido Voldy e tomarem café como velhos amigos de infância? Ou eles pensam que enquanto tomam sorvete a guerra vai acabar? Olhem a ironia em minhas palavras.

     Continuei mexendo a panela e tentando me convencer que não tinha jeito se aqueles lá eram irresponsáveis, passei a mão e pressionei minha testa, já faz alguns dias que estou com uma grande dor de cabeça.

       Depois do ocorrido na torre de astronomia Lily veio varias vezes até mim para saber pra onde iríamos, o que faríamos e até tentar me convencer de tirar essa idéia absurda da cabeça de Harry. Mas apenas não dei ouvidos a ela.

       - O que esta fazendo? – ouvi uma voz vindo da porta da cozinha, quase tive um ataque do coração já que era a única em casa, virei-me  e deparei com Cedrico olhando risonho pra mim.

     - Esta querendo me matar né? – perguntei desligando o fogo.

    - Desculpa-me senhorita. – ele fez um gesto Cortez.

      Sorri.

      - Por que esta aqui? – perguntei.

      - Vim te buscar. – ele respondeu enquanto íamos para a sala. Vendo a minha completa confusão Cedrico continuou. – Moddy disse que era melhor você ir para a toca, já que você é a melhor amiga do Harry e todo o blá blá blá, resumindo lá é mais seguro.

        Revirei os olhos.

      - Esse Olho tonto, ta de marcação comigo. – resmunguei. – só pode.

        - Por que?

       - Esses dias ele encontrou um feitiço que acaba com o obliviate  e em quem você acha que ele foi testar? – Cedrico apontou pra mim. – Exatamente, o cara veio até aqui implorando para testar o feitiço em mim.

        Meu amigo riu.

        - Você deixou?

        - Meu pai e Tiago acharam que seria uma boa, seria divertido ver isso. – falei brava. – Que adultos mais sensatos né? E a Lily nem estava em casa pra me socorrer, por isso tive que aceitar.

         Acho que nunca vi alguém rir tanto da desgraça dos outros, sem contar os gêmeos claro, mais Cedrico estava até segurando sua barriga que estava doendo de tanto rir.

         Já conseguia ver o sofá quando fiquei muito tonta e tive que parar pra recuperar o equilíbrio. Cedrico ao meu lado parou também me olhando com um interrogativa.

        - Você esta bem? – ele perguntou meio receoso.

       - Estou.- afirmei.

       Minha visão foi ficando meio escura e turva. Olhei pra Cedrico e senti meu corpo me puxar pra escuridão. Só vi ele correndo até mim antes de desmaiar.

***

       - Silent night... Holy night! – eu cantava na rua escura, enquanto via os flocos de neve caírem levemente no chão. As ruas estavam pouco iluminadas por ser noite de Natal. Mesmo estando sozinha eu não estava com medo só continuei cantando: - All is calm, All is bright. Round yon Virgin, Mother and Child...

        Ouvi um barulho e imediatamente parei de cantar. Meu coração acelerou e olhei para a rua deserta. Mesmo pouco clara consegui ver duas silhuetas vindo em minha direção. Era uma mulher alta e loira com um garoto praticamente da minha idade segurando sua mão ao lado.

         - Hermione? – ela me chamou e como se eu a conhecesse há anos corri ao seu encontro. – Como você cresceu. – a mulher continuava sorrindo e o garoto ao seu lado olhava para ela assustado. – Sou eu se lembra, tia Cissa.

        Olhei para ela cuidadosamente,eu não me lembrava dela, mais sentia que ela era familiar.

        - Você esta muito grande, já esta com quantos anos? – ela perguntou passando a mão no meu rosto. – 6 ou 7? Draco esta pra fazer 7 e lembro-me que ele é só alguns meses mais velho que você.

         O menino ao seu lado olhou pra mulher confuso.

        - Quem é ela mamãe? – ele perguntou.

      - Sua prima Draco, filha da tia Bella. – tia Cissa respondeu sorrindo.

        - Minha mãe não se chama Bella. – falei. – O nome dela é Jane.

       A loira sorriu como se tivesse um segredo e pegou-me no colo.

       - Você é igualzinha a seu pai. – Draco, supus que fosse seu nome, olhava para mim e para a mãe ainda confuso. – Espero que tenha a personalidade marcante de sua mãe.

         Agora até eu estava confusa. Mas como ainda era nova, deixei ela continuar falando e fiquei só observando.

        O sino bateu mostrando que já era meia noite e vários fogos foram visto brilhando no céu. Vi tia Cissa com um sorriso enorme olhando para a imensidão azul. Mas logo o sorriso se fechou e ela começou a olha em seu casaco tirando, o que me pareceu ser um pedaço de madeira.

        - Eu queria poder te levar pra casa, porem não posso. – ela disse agora meio triste. – Sinto muito, mas nenhum dos dois pode se lembrar de hoje à noite.

         Ela puxou Draco para mais perto de si mesma e apontou o graveto para ele sussurrando logo em seguida:

    - Obliviate.

     O garoto fechou os olhos e parecia meio sonolento logo em seguida desmaiando nos braços da mãe.

       - Ele não tem resistência alguma a feitiços de memória. – ela disse para si mesma. – Hermione, agora não podemos ficar juntas, mas prometo que um dia seremos uma família normal e feliz, você virá morar com a gente.

         Uma felicidade grande se estendeu dentro de  mim e dei um sorriso.

       - Agora tenho que ir. – Cissa apontou o graveto e disse: - Obliviate.

        Pisquei confusa e olhei ao redor.

       Onde eu estava? Por que estou aqui? Cadê minha mãe?

        E os momentos anteriores eu já não lembrava-me mais.

       - Hermione? Cadê você?

        Era a voz da minha mãe tinha certeza.

        Mas não corri até ela, só continuei parada ali cantando:

      - Silent night… holy night! Shepherds quake at the sight!

       Minha mãe de longe viu eu parada e veio correndo.

       - Hermione por que esta aqui? – ela disse desesperada e vejo que ela estava chorando. – Como veio parar aqui?

         - Não sei mamãe. – respondi.

       Jane me abraçou forte, e uma coisa aconteceu. Eles não pareciam a minha família, algo em mim estava faltando. Continuei olhando para  meus pais e tudo que eu via era dois completos estranhos.

       - Vamos Jane, dar algo quente para ela tomar.

       E essa foi minha única memória daquela noite.

       Até agora.

***

     Abri os olhos e vi que estava na sala de casa, deitada enquanto Lily media minha tempera e Cedrico estava ao meu lado.

        - Hermione? – ouvi a voz de Sirius ao fundo, parecia bem aliviado.

      - Que bom que acordou querida. – Lilian disse.

      Tentei levantar e colocar meus pensamentos em ordem. O que acabara de acontecer?

        - Você é muito irresponsável Hermione, como não anda comendo e dormindo direito? – Sirius falou muito irritado, mais nem dei atenção a ele. Meus pensamentos estavam em outro lugar. Mas precisamente no meu natal de seis anos.

        Era Narcisa e Draco...?

       Aquilo foi um sonho? Ou era uma lembrança?

     - Hermione? Esta me ouvindo? – Sirius perguntou.

     Olhei para Lily e perguntei:

       - O feitiço que Moddy lançou em mim tinha qual finalidade mesmo?

       - Caso alguma vez alguém tenha apagado sua memória você iria se lembrar. – ela respondeu. – Por que? Lembrou de alguma coisa?

         Suspirei.

        Eu não conseguiria pensar direito com tantas pessoas falando comigo assim.

         - Não. – menti. Não acho que isso tenha haver com eles.

         Olhei para Sirius e percebi que ele sabia que eu estava mentindo, às vezes é horrível saber que ele me entende muito bem.

          - Eu vou arrumar minhas coisas. – falei levantando-me, fiquei tonta por um minuto mais logo me recuperei.

         - Arrumar as coisas? Vai pra onde? – Tiago perguntou.

       -  Moddy acha melhor eu ir pra toca. – respondi. – É mais seguro pra mim lá, e mais fácil, assim encontro Harry e Rony logo.

       Deixei todos pra trás e corri para meu quarto.

       Arrumei minhas coisas correndo e desci já com meu malão pronto e tudo que iria precisar para a viajem. Tenho que admitir já estava com quase tudo pronto só esperando a hora de irmos embora.

        - Aqui esta a chave de portal. – Cedrico apontou. – Vamos senhorita?

       Sorri.

       - Claro senhor.

       Sem ao menos me despedi peguei a chave de portal e fomos para a Toca.

     Agora era a minha vez de pensar.

...

Continua...