Talking To The Moon escrita por Pincharm


Capítulo 6
Capítulo cinco




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Sim.
    Não.
    Oh meu Deus! Estou realmente maluco!
    Eu não vou ligar, eu não quero saber, não quero. Mas e se eu apenas ouvir a sua voz? Não preciso falar nada... Ela não precisa nem saber que sou eu.
    Mas ela tem o meu número... O que fazer? Enfrentar o frio congelante de Seattle a essa hora da noite atrás de um telefone público não é algo muito encorajador. Por ela eu seria capaz de andar nu em temperaturas muito menores, então ir atrás de um telefone, vestido, debaixo do frio, não era nada demais. Mas e se ela reconhecesse o número mesmo assim? Pelo amor de Deus, ela morou anos em Seattle, ela conhecia muito bem o código de área!
    Eu sou tão burro... Burro! Burro! Burro!
    Abaixo a cabeça pensando em me atirar da janela ao invés de continuar com aquela vida medíocre, tentando mentir para mim mesmo, vivendo algo que, sinceramente, não me pertencia mais. Ela levou a minha essência com ela, ali só estava o esqueleto. A existência, mas não a vida.
    Olho novamente para o celular e descubro então que posso inibir o meu número numa chamada. Viva a tecnologia! Sempre soube que aquele aparelho serviria para algo além de fazer chamadas e acessar a internet. Faço tudo o que preciso e respiro fundo. Eu não vou falar nada. Absolutamente nada. Apenas ouvir a sua voz e desligar, é tudo o que eu me permito fazer.
    Olho por mais uns segundos a nossa foto, pensamentos negativos tentam atingir o meu cérebro, me dizendo que é melhor não ligar pois ela pode estar com outro, nem lembrar mais que existo, e eu sofrer ainda mais. Mas eu não tenho como saber tudo isso com apenas um “alô” vindo de sua boca. Como eu já disse, não quero saber se ela tem outro, só quero saber se ela ainda existe, se ainda tem a mesma voz que eu adoro, e mais que isso, quero ouvir sua voz novamente, depois de meses.
    Aperto o botão verde e espero. “Não vou ser covarde e vou fazer isso até o fim” é o meu mantra.
    O primeiro toque parece durar eternamente. Sinto minhas pernas estremecerem e desço da janela, deitando-me na cama. Mantenho o olhar na lua e espero. O segundo toque vem estridente, como se quisesse me fazer desistir, me assustar, me afastar ainda mais dela. Mas continuo. O terceiro toque é interrompido. Ela atende.
    - Alo?
    Sinto falta de ar. Meus olhos se enchem de lágrimas e não penso direito. É ela! É a voz do meu amor.
    - Alo? – Ela insiste e meu coração aperta, como se não estivesse espaço para ele bater livremente. Sinto como se fosse morrer, mas não consigo me importar. Minha boca se meche, mas então faço ela parar, pois não falaria nada com ela. Fecho os olhos e espero ouvir sua voz mais uma vez para então desligar.
    - Alo? Tem alguém aí? – Ela pergunta cantando, e quando percebi já era tarde demais, acabei falando o nome dela em voz alta.
    - Edward? – Ela pergunta surpresa.
    Desligo o telefone e me amaldiçoo pelo que fiz. Só um homem retardado e idiota como eu seria capaz de descumprir a própria regra. E mesmo sem querer admitir, espero que ela retorne a ligação. Cinco minutos inteiros e eternos se passaram e nada. Para não deduzir nada que me fizesse odiar ainda mais a minha atitude, me convenço de que eu apenas ouvi errado, e ela não chamou o meu nome, e eu muito menos falei o nome dela. Foi tudo obra da minha imaginação e do meu cérebro afetado pela sua voz. Só isso.
    É como quando nós fazemos algo de errado, algo muito absurdo até para nós mesmos, e não queremos acreditar naquilo. Então colocamos na cabeça que nada aconteceu, ou que suas consequências não foram tão desastrosas assim. E então, depois de dias repetindo a mesma coisa, você acaba por acreditar em suas próprias mentiras, e se esquece do que de fato aconteceu. Mas comigo é um pouco diferente, porque eu simplesmente não consigo esquecer nada que tenha o nome Isabella Swan envolvido. Então, como já era de se esperar, no outro dia lá estava eu, revivendo aqueles segundos (ou minuto?) em que estive com ela no telefone, numa conversa que não chegou a existir, mas que me deixou muito mais surtado que o normal.
    Não consigo tirar a sua voz da cabeça por todo o dia. A maneira como ela falou o meu nome foi tão carinhoso que foi impossível não me lembrar dos tempos em que estávamos juntos, sem maiores complicações. Ela falou meu nome com adoração, como se estivesse esperando por aquilo para ficar feliz... Ou, isso sim, talvez isso tudo seja minha fértil imaginação trabalhando mais uma vez.
    Aquela ligação ligou um botão imaginário em meu cérebro que eu havia desligado no momento em que ela partiu: o botão da esperança. Talvez ela voltasse como havia prometido. Ela pode então, aparecer a qualquer momento na nossa casa, não pode? Depois que ouviu minha voz, ela pode ter percebido que sente a minha falta, e que eu sinto a dela, e que já está na hora de voltar.
    E assim que ela fizer isso, marcarei a data do nosso casamento. Colocarei uma aliança grossa em seu dedo e nunca mais deixarei que ela vá para longe de mim. E tudo ficará bem, porque ela também nunca mais vai querer ir para qualquer lugar em que eu não esteja.
Foi apenas uma aventura minha Bella, já está na hora de voltar.
    E mesmo tentando ser racional e não deixar que aquele jeito de dizer meu nome – que pode ter existido somente em minha cabeça – me afete, não consigo evitar o sorriso e o brilho nos olhos que me acompanharam por todo o dia. Todos perceberam a mudança súbita de humor, e eu não liguei para os comentários sobre se eu finalmente tinha feito sexo depois de tantos meses “na seca”. Eu só quero que eles calem a boca e me escutem gritar que ela ainda me ama, e que em breve estará de volta.


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Notas finais do capítulo

Cap. curtinho.
Amanhã eu posto mais (se der!) pra compensar!
Beijos