Talking To The Moon escrita por Pincharm


Capítulo 33
Capítulo trinta e dois




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Primeira noite de Isabella no nosso apartamento de novo. Estou nervoso.

Fico na sala até tarde da noite, fingindo ver televisão, mas na verdade estou ansioso para vê-la deitada naquela cama, vestindo uma camisola... Oh meu Deus, porque eu fui aceitar aquilo? É tão óbvio que não vou conseguir me manter nesse plano!

Ela sai do quarto vestindo um roupão cor de rosa que parece ser bastante confortável, os cabelos molhados, e caminha até a cozinha a passos firmes. Será que ela está nua por debaixo daquele roupão? Será que é pecado desejar uma grávida?

Oh meu Deus, dai-me juízo.

- Bella, deseja alguma coisa? – Porque eu desejo você! Mas é claro que eu não digo isso em voz alta.

- Está tudo bem, eu só... Quero algo doce. – Ela diz, se apoiando na porta da cozinha com um só pé, as coxas bem torneadas ficam a mostra, e eu não posso evitar a reação do meu corpo.

- Você já está na fase dos desejos? – Pergunto tentando pensar no bebê, somente nele.

- Acho que não. Não daquele jeito que grávidas costumam ficar pelo menos. Eu... só estou com vontade de... chocolate?

- Quer um chocolate quente? – Ofereço sorrindo. Adoraria fazer um para ela, até porque era isso o que eu fazia quando ainda éramos um casal. Ela costumava dizer que não havia melhor no mundo.

- Você faria? – Ela pergunta surpresa.

- Yeah...

Levanto do sofá e caminho até a cozinha. O cheiro do shampoo dela invade minhas narinas e me sinto em casa. Ela passa as mãos nos cabelos, como se quisesse intensificar aquele momento, como se soubesse que eu estava adorando sentir aquele cheiro, e que se ela continuasse me provocando, eu iria acabar cedendo.

Ela não está errada.

Enquanto preparo a bebida para ela, ela me assiste sentada com as pernas cruzadas na cadeira, enquanto brinca pensativa com uma colher. O silencio entre nós dois as vezes dói, porque não é um silencio cumplice, um silencio que diz que esta tudo bem. É aquele que diz que temos muita coisa para falar, mas não temos coragem. Bom, eu não tenho, ainda, mas aposto que se eu der carta verde, ela falará tudo aquilo que eu mais tenho medo de ouvir.

Termino o chocolate e o coloco na caneca cor de rosa que ainda estava ali, guardada no armário, a espera dela. Foi a única coisa que ela deixou para trás, além de mim é claro.

Ela olha curiosa, surpresa por ainda não ter jogado fora aquela peça. Pra falar a verdade, com a reforma no apartamento, tentei jogá-la fora, torci para que ela quebrasse “acidentalmente”, mas ela continuava ali, intacta.

- Obrigada. – Ela diz e logo em seguida da o primeiro gole. – Oh meu Deus! Isso é tão bom... Eu poderia viver me alimentando só disso pelo resto da minha vida.

- De nada. – Lhe digo sorrindo e caminho até a sala novamente. Ela vem logo atrás, sem parar de tomar o chocolate, e se senta no sofá, encolhida, com as pernas cruzadas... Tão minha Bella. Eu costumada sentar atrás dela, e ficar ali por muito tempo, vendo TV com ela em meus braços, mas agora...

Ela toma tudo e boceja. Eu não consigo parar de olhar para ela.

- Acho que vou me deitar. Você se importa?

- Não. Fique a vontade.

Ela entra no quarto sozinha, mas depois volta.

- Você não vem?

- Ahn... já vou. Só estou... terminando isso. – Digo apontando para a TV, mas ela sabe que eu estava mentindo, porque eu não consigo, em hipótese nenhuma, assistir “a vida de Paris Hilton”, que era o que estava passando naquele momento. Pra falar a verdade, eu não estava sequer prestando atenção, e por isso meu plano começou dando errado.

Ela entrou no quarto e encostou a porta. Queria lhe mostrar que comprei novas fechaduras, mas fico feliz por ela não ter perdido o hábito de anos atrás.

Espero quinze minutos até tomar coragem de me levantar daquele sofá. Tomo um calmante que promete domar um leão feroz, e torço para que ele realmente seja bom. Quero deitar na cama e dormir, e não ficar tenso como sei que irei ficar por tê-la tão perto de mim novamente.

Ao entrar no quarto, porém, percebo que aquele remédio não era tão forte quanto o que eu sentia por ela. A ver deitada, enroscada naquele travesseiro enorme – praticamente seu tamanho -, dormindo como um anjo, com uma camisola nada angelical, fez eu me sentir um idiota por achar que conseguiria sobreviver àquilo com apenas um pequeno comprimido que prometia milagres.

Respiro fundo e caminho na ponta dos pés até a cama. Com cuidado me deito, coloco o edredom por cima do meu corpo, e assim permaneço, estático, olhando para o teto branco e sem graça. O cheiro dela começa a me invadir novamente, ela se mexe um pouco, mas continua a dormir. E então me permito olhar para ela, só um pouquinho, eu prometo.

Seus olhos estão bem fechados, o que é bom, assim ela nunca vai saber que esse momento existiu. A aliança que lhe dei ainda está ali, em seu dedo, e mesmo no escuro, sou capaz de enxergar o coração de rubi. Suas coxas estão parcialmente descobertas, e me pego desejando ser aquele maldito travesseiro que nos separa, mas que serve de apoio para ela, que lhe abraça, como eu queria abraçar.

Eu não sei quanto tempo levou, mas sei que passei boa parte da noite acordado. Dormi em algum momento, eu sei, mas quando acordo, é como se eu tivesse passado a noite toda em claro. Meus olhos ardem, meu corpo pede socorro, estou realmente exausto. Mas Bella continua a dormir, calma, serena, ainda virada para mim, mas com as pernas fora do travesseiro sortudo. Aliás, onde foi parar o maldito travesseiro? E é então que eu percebo uma de suas mãos em meu peito.

Imediatamente prendo a respiração e fico paralisado. Será que ela pode sentir meu coração tão acelerado só de ver a sua mão ali? Será que ela fez de propósito? O travesseiro não conseguiria nos separar por muito tempo, pelo visto.

Encosto minha mão na dela, sentindo seu calor, e sinto a adrenalina tomando conta do meu corpo. Se eu continuar desse jeito, ela irá acordar e me ver tendo uma recaída, o que eu não quero. Com cuidado, seguro sua mão, a retiro dali, dou um beijo e a coloco no colchão. Tento me levantar sem fazer barulho, e graças a Deus eu consigo. Dou risada ao ver o travesseiro jogado no chão, abandonado. “Ela ainda me prefere, amigo”, penso, e continuo a rir da minha idiotice. Me arrumo rapidamente e me preparo para ir ao trabalho. Há dias não apareço, e começo a cogitar a hipótese de pedir demissão.

Não contei a ninguém, mas entrei em contato com outra empresa, tentando conhecer minhas chances de crescer um pouco mais em minha profissão. São animadoras, mas ainda não sei se dará certo, embora esteja torcendo para não ter que passar o resto da minha vida olhando envergonhado para Tania e John, e para que não precise vê-los todos os dias nunca mais. Mas eles são só um pretexto para essa minha decisão. Eu estou cansado de sempre ter as mesmas coisas. Sei que há um tempo andei como um zumbi, não queria mudar minha rotina por nada nesse mundo, mas agora as coisas estão diferentes.

Hoje eu acredito que a partida de Isabella me jogou num mar fundo e apavorante, mas também me ensinou a nadar.

*2 meses depois*

Até hoje não me acostumei com o fato de ter Isabella dormindo ao meu lado novamente, sem poder tocá-la. Bom, na prática eu a toco sim, quando percebo que ela está num sono profundo. Converso com o nosso filho todas as noites, sem que ela saiba, e beijo sua barriga também, amando cada pedacinho dela.

Mas pra falar a verdade, as coisas estão insuportáveis. Eu não aguento mais, sinceramente. Acho que o meu tempo de fugir acabou, e agora, eu tenho que voltar atrás e pedir explicações, aquelas que eu estou evitando desde sempre.

E é com esse pensamento que me arrumo para ir trabalhar. Quando estou saindo do quarto, ela abre o olho e geme. Volto, instintivamente, para garantir que esteja tudo bem.

- Para onde você vai? – Ela pergunta com a voz rouca.

- Preciso ir trabalhar.

- Oh... Me desculpe, eu esqueci desse detalhe. Está tudo bem.

- Você quer que eu fique aqui? Posso trabalhar em casa...

- Não. Só porque sou uma imprestável que não pode trabalhar não significa que você o seja também.

- Do que você está falando?

- Nada. Tenha um bom dia, Edward.

- Diga-me, Bella, por favor. Você programou algo para hoje?

- Eu tenho ultrasson.

- Oh meu Deus, sério? Que horas?

- 16h. Mas tudo bem, eu vou sozinha. Eu só... queria que você estivesse comigo, mas tudo bem.

- Não, não está tudo bem. É claro que eu vou com você.

- Sério?

- Yeah... Eu venho te buscar, tudo bem? 15h30?

- Tudo bem então.

- Então estamos marcados! Você pode me ligar sempre que quiser e precisar, ok?

Ela faz que sim com a cabeça e fecha os olhos, creio que tentando voltar a dormir.

Saio do quarto com o corpo tenso, sem saber como continuarei a lidar com aquela situação. E então tenho uma ideia.

- Bella? – Chamo voltando ao quarto.

- Oi.

- Você acha que descobriremos hoje o sexo do bebe?

- É provável que sim... Por isso que quero que vá comigo.

Sorrio emocionado.

- Estou ansioso para isso.

- Eu também.

- Quer ir comigo ao shopping, mais tarde? – Pergunto.

- Shopping?

- Yeah... Temos um enxoval para preparar, certo?

Ela abre um sorriso enorme, lindo, luminoso. Sei que fiz a coisa certa dessa vez.

- Claro, será ótimo.

- Então tudo bem.

De repente me sinto mais leve, mais confiante. Talvez eu precise mesmo começar a derrubar as paredes que construí entre nós dois. Talvez eu não tenha mais forças para evitar aquela situação. Eu sou um homem, tenho que enfrentar meus dilemas. Por mim, por ela, pelo nosso filho.


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Notas finais do capítulo

Fortes emoções no próximo capítulo.
A conversa!
Até lá, girls!



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