Eu estava escrevendo em um bloco de notas algumas idéias que surgiam em minha mente, afinal, depois do enorme sucesso de Jagged Little Pill eu tinha certeza de que a minha gravadora exigiria mais um album. Perdida em minhas idéias, um flash me distraiu e acabou com todo meu processo criativo. Logo outro flash se manifestou sobre minha vista. Eu olhava para todos os lados do meu quintal, em busca da origem daquele flash até que ouvi:

- Alanis, olhe para cá!

Procurei a voz e encontrei um homem de aparente trinta anos, com um boné, usava calças jeans gastas e uma camiseta azul marinho, ele tinha uma enorme câmera em mãos.

- Quem é você? Como entrou em minha casa? - perguntei gritando.

- Relaxa, só quero algumas fotos... - ele disse em tom debochado.

- Saia daqui! -  corri em sua direção.

- Não me agrida que é crime! - ele exclamou.

- Cara, você ta invadindo minha casa, invasão de privacidade! - gritei.

- Ok, eu vou... Senhorita Alanis Morissette - ele disse novamente em tom debochado.

Ele pulou o muro de minha casa e se foi.

Corri até meu quarto, deitei-me em minha cama e pus-me a chorar. Minha vida estava uma droga, eu não estava mais aguentando a pressão da mídia sobre mim. Liguei para minha mãe que deu a seguinte idéia:

- Querida, se isole um pouco desse mundo, você precisa relaxar, não pode mais viver assim... Vá para onde, não possa ser reconhecida!

- Para onde, India? - sugeri ironicamente.

Minha mãe gostou da idéia, uma semana depois daquele telefonema, estavamos no vôo para a India.

Chegamos lá depois de 17 horas de vôo, me deparei com uma sociedade pobre, mas feliz, eles viviam de uma forma bem louca, isso se refletia no transito e nas crenças desse povo.

Eu me senti bem por andar em ruas sem ser parada por um fã enlouquecido, por mais que sejam ruas que eu desconhecesse, eram ruas.

No quarto de hotem em que eu e minha nos hospedamos, sentamos na mesma cama e nos encaramos por mais ou menos cinco minutos.

- O que achou do lugar? - perguntou minha mãe.

- Diferente... - respondi.

- Mas é tudo do que você precisa.

- As vezes eu me sinto uma ingrata!

- Ingrata?

- Sim.

- Por quê?

- Bem, eu sempre sonhei com a fama e agora que tenho, não to valorizando.

- Querida nao pense isso, você é humana, precisa de um tempo pra você, é melhor dormir um pouco.

- Ah, mãe, to escrevendo uma canção, quer ouvir no que deu, o titulo provisório é Thank You.