Entrei em casa rápido, e fui direto ao banheiro do meu irmão (o meu ficava na minha suíte, e eu não podia atravessar o chão do quarto devido à minha obra-prima ), e entrei de baixo do chuveiro e deixei a água escorrer sobre mim durante um bom tempo. Eu ia lavar meu cabelo, mas só tinha shampoo anti-caspa no banheiro. NO-JO. Então eu só molhei ele, amanhã de manhã eu daria um jeito naquilo.

Passei os dedos entre os fios para desembaraçá-los e lavei meu corpo, já estava quase saindo do banho quando ouvi meu celular tocar.

Saí correndo do Box enrolada em uma toalha, e logo que cheguei na sala (aonde o Benedito celular estava) pude ver no visor “Papai”. Atendi rápido e pude ouvir a voz dele ao fundo.

_Oi Katie! Tudo bem meu amor? – ele disse.

_Tudo sim pai! E aí, como vão as coisas? E a Esther? – Esther era minha madrasta... eu deveria odiar ela, mas pelo contrário, eu gostava dela. Ela me entendeu quando ninguém naquela casa tentou.

_Tudo está bem sim, só liguei para ver se estava tudo ok aí – ele disse, e eu ri.

Conversamos mais um pouco, e eu subi para o quarto do Josh junto com um pacote de bolacha (a única coisa doce que eu achei em casa). Cheguei a conclusão que ia ter que fazer uma lista e pedir para a empregada comprar no mercado, por que eu fazendo compras era definitivamente um desastre.

Me enfiei de baixo do edredom e liguei a TV, estava passando Simpsons e eu fiquei assistindo, até dormir.

Na manhã seguinte...

_It’ Britney bitch!

Abri meus olhos lentamente e amaldiçoei a pessoa que estava com música alta essa hora da manhã. Olhei ao redor e não vi Josh, aonde será que ele estava?

Levantei lentamente e ao passar pela janela tive uma visão do inferno: uma garota loira pulava de um lado para o outro ouvindo Britney (aquela linda frase estava explicada). A casa dela era vizinha à minha, e eu abri a janela do quarto e dei um grito com minha típica voz de macho matinal:

_DÁ PARA ABAIXAR UM POUCO ESSA MERDA, POR FAVOR? – ela se assustou e me olhou assustada. Fechei a janela e as cortinas, e segui para o banheiro.

Lavei o rosto e escovei os dentes, e deixei meu cabelo do jeito que estava (n/a: imaginem a versão vermelha do da Ke$ha haha).

Desci para tomar café da manhã e assim que entrei na cozinha notei a presença de duas pessoas entranhas.

Josh e Bob me olharam e sorriram, e as garotas que estavam sentadas na bancada fizeram o mesmo. Olhei para eles e forcei um sorriso, meu humor estava uma droga.

_Acho que tem alguém com ressaca hoje – Bob disse, rindo de mim.

_Acho que alguém deve estar com muita fome depois da noite de ontem – falei enquanto olhava o pratão de panquecas que ele estava fazendo.

As garotas coraram, e Josh abraçou uma delas por trás.

_Kat, essa daqui é a Anne e aquela lá é a Marie, elas são nossas amigas.

_Prazer garotas – falei, olhando para Josh com um olhar mortal: ele ia ter que me explicar aquela coisa depois.

_Bom gente – falei – eu acho que vou voltar a dormir já que uma maldita que mora aqui do lado me acordou – falei, pegando uma caixinha de suco de laranja e indo em direção às escadas. Todos começaram a rir e eu os olhei curiosa.

_O que foi? – pedi.

_Você tem noção de que horas são? – Bob pediu.

Fiz que não com a cabeça, bocejando.

_São quase duas da tarde Kat, vai sair um pouco que não sei se você sabe, mas eu tive que dormir no sofá graças a uma pessoa que estava dormindo de atravessada da minha cama. – Josh disse – E eu quero ir deitar um pouco depois.

A garota que estava na frente dele (Anne, eu acho) deu um sorriso maroto, e meu estomago revirou. Eu tinha esquecido de trocar os lençóis daquela cama, vai que ele e ela... AI MEU JESUS.

Pela cara de nojo que eu fiz ele deve ter reparado o que eu pensei, e disse:
_Vai dar uma volta, vai... O dia está lindo hoje.

Mostrei o dedo do meio para e saí para pegar meu celular e ir dar uma volta no bairro.

Peguei também 15 dólares, caso eu achasse uma sorveteria por ali.

O que é? Deixem eu ser gorda em paz.

Saí de casa e o sol quase me cegou. Eu estava com uma regata branca, um short de ginástica preto e um chinelo preto também.

Caminhei durante alguns minutos, mexendo no celular até ouvir uma voz conhecida.

_KAT! – ele gritou e eu me virei. Era Jimmy.

_Oi James! – falei, esperando aquele ser gigante me alcançar e comecei a falar – O que você está fazendo aqui? – pedi.

_Estou indo na casa do Johnny pegar uma baqueta que ele estava me devendo.

_Ele mora aqui perto? – perguntei, nem sou curiosa.

_Sim, é ali na outra quadra. Zack é quase vizinho dele, e Syn mora quatro quadras da nossa casa para o outro lado, do lado da casa do Matt – ele disse, como se estivesse fazendo uma lista mais para ele do que para mim.

_Vocês devem atormentar demais essa vizinhança – falei, rindo.

_Olha quem fala! A menina da coreografia bizarra que quase provocou um enfarto em uma pobre velhinha! – ele disse, olhando para o outro lado e prendendo o riso.

_Hey, velhinha nada! Aquele ser é obra do demônio, ok? – eu falei e nós dois demos risada.

_Você quer vir comigo? – ele pediu, sinalizando em direção a casa do pigmeu.

_Por mim tudo bem! – respondi – Contando que o senhor me mostre aonde tem uma sorveteria depois.

_É claro, aqui perto tem uma muito boa e o dono é meu amigo.

Dito isso, nós caminhamos até a casa amarela de dois andares em que o baixinho morava, e quem nos atendeu foi a mãe dele:

_Jimmy, e você deve ser a Kat! – ela disse – Johnny ainda está dormindo, mas deixou isso daqui para vocês. – ela entregou um pacote com duas baquetas dentro.

Agradecemos e continuamos andando em direção a tal sorveteria.

_Por que ele te devia essas baquetas Jimmy?

_Pode me chamar de Rev! – ele disse – então, é que ele estava brigando com o Matt e pegou minhas baquetas para se defender e acabou quebrando uma e trincando a outra! – ele disse, como se aquilo fosse normal.

_Nossa, nem sabia que vocês gostavam de WWE. – falei e nós dois gargalhamos.

_E que história é essa de Rev? – pedi, curiosa.

Ele me explicou que cada um tinha um apelido entre eles, e Rev era a abreviação do dele. Concordei e caminhamos um pouco em silêncio até que ele pediu.

_Hm, Kat, eu não sei se já tenho intimidade para te pedir algo assim, mas... eu vi as marcas no seu braço.

Merda.

Mas como ele viu? Ele tinha olhos de águia é? Eram somente algumas marcas finas perto do pulso esquerdo...

_Eu achei que elas já tivessem sumido – falei, sincera.

_Você fez isso, certo? – ele pediu, com cautela.

Mentir ou...
_Sim, fui eu. Mas faz tanto tempo e ah, são coisas que me assombram... Eu parei com isso.

_Tudo bem – ele disse, sorrindo meigo – eu só queria saber se você estava bem mesmo.

Assenti  e logo pude ver um local forrado de lajotas coloridas, e pedi:
_Ali é a sorveteria?

_Não – ele disse, sério – ali é o paraíso.

Entramos no local e ele parecia uma criança de dois anos, encheu o pote dele até não caber mais. Tudo bem que eu fiz quase a mesma coisa.

Pagamos e sentamos em uma mesinha que tinha na frente, e começamos a conversar.

_Mas e aí, me conte por que você se mudou.

_Então – eu disse – meu pai é um empresário, ele tem alguma ações no Canadá, e eu morava com ele e com a minha madrasta até pouco tempo atrás, e meus irmãos moravam aqui, por que Bob faz faculdade de administração e Josh faz Engenharia. Minha mãe morreu a quatro anos, e foi aí que o problema, bem, você sabe... – falei, pondo a mão direita sobre meu pulso esquerdo – começou... Eu me dou bem com meu pai, mas sempre quis morar com meus irmãos, eles parecem me entender melhor... Então, a o que, três dias? Meu pai disse que tinha comprado uma casa aqui para nós. E cá estou eu, me embuchando de sorvete com um garoto de pegou sorvete de abacaxi por que “tem a cor do Bob esponja!” – imitei a voz dele, e nós dois demos risada.

Eu estava na metade do meu pote quando Rev deu um grito que fez com que todos do local olhassem para nós:

_HOJE É SEXTA-FEIRA!

_E daí, seu retardado? Fala mais baixo! – falei, corando.

_Nós temos que sair, né. Daqui um mês começam as aulas e eu sou um ótimo aluno e vou dormir todo dias as novo horas.

_SÉRIO!? – quem gritou agora fui eu. Ele só podia estar me zoando.

_Não, sua burra. – ele disse e eu fiz beicinho – Então, você topa ir na festa que um tal de Scott vai dar?

_Ah, tendo bebida estamos aí. – falei, rindo.

_Então vamos acordar o Brian.

_Como você sabe que ele está dormindo? – pedi.

_Ele sempre dorme até tarde, vamos.

Ele foi me puxando até chegarmos em uma casa branca com três andares.

_Os pais dele não vão estranhar? – pedi, quando ele abriu a porta e entrou.

_Toda a família dele está viajando, e era para ele ficar na casa do pai,mas ele prefere ficar aqui por que é mais perto do local aonde a gente ensaia.

_Ah, ta. – falei.

Subimos até o terceiro andar e ele entrou na primeira porta a direita. O quarto estava todo escuro, mas consegui distinguir várias roupas jogadas no chão, uma guitarra no canto do quarto e um ser branco com algumas tatuagens no braço dormindo de bruços.

_E agora? Como vamos acordar ele? – pedi.

_Eu vou pegar a água lá em baixo.

_ÁGUA JIMMY? – pedi, assustada.

_Ele só acorda assim, cara. Se você quiser tentar enquanto eu vou lá pegar a jarra... – ele disse enquanto saia do quarto, como se aquilo fosse normal.

Ok, o que eu faço agora?

Me aproximei da cama e vi os cabelos bagunçados esparramados no travesseiro,  ele dormia tão profundamente... Coitado dele quando o Jimmy voltar.

Abri a cortina do quarto, deixando a luz do sol entrar. MEU DEUS, aquele quarto era uma z-o-n-a. Ele se remexeu e enfiou a cabeça debaixo das cobertas. Já eram quase quatro da tarde, como aquela criatura ainda estava dormindo? Ah sim, do mesmo jeito que eu consigo.

Me sentei na ponta da cama de casal, e puxei o pé dele e falei:

_Brian, acorda...

Ele resmungou.

_Brian, vamos, levanta daí.

_Não. – ele disse, com a voz abafada.

_Se você não levantar eu vou te bater com meus golpes mortais. –falei, prendendo o riso.

Ele ficou quieto.

_Vou entender isso como um sim. – falei, pegando um tênis no chão e começando a bater nas costas dele.

_PORRA! – ouvi ele gritar.

_LEVANTA BRIAN, LEVANTA FLOR DO DIA, ESSE É UM LINDO DIA! – cantarolei enquanto puxava o edredom e saltitava pelo quarto. Me virei para a cama e quase tive um AVC ao ver que ele só estava com uma cueca samba canção preta. Ele se sentou e esfregou os olhos.

_AAAAH! – gritei, tampando os olhos com o edredom azul escuto – PÕE UMA CALÇA SEU FILHO DE SATANÁS!

_Vai se ferrar, vai dizer que nunca viu isso? – ele disse, irônico – E o que você quer?
Pude ouvir passos, e Jimmy entrou no quarto.

_Droga, achei que a água ia ser precisa aqui.

_Se você me tacasse água eu ia te bater até você morrer seu filho da mãe – Brian disse.

_O que vocês querem afinal? – ele pediu, se levantando da cama e indo para eu não sei aonde, afinal, eu estava escondendo meus olhos inocentes daquela visão... digamos que... tentadora?

_Nós vamos na festa do Scott hoje, e viemos te convidar. – Jimmy falou.

_Que horas vai ser lá? – ele pediu.

_Sete e meia, mas passe lá em casa antes, ok? – Rev disse – e tente ir de carro, não to a fim de ir de carona.

_Ok – ele respondeu. – Kat, você já pode tirar o meu edredom agora, a não ser que você tenha gostado do cheiro dele, é claro.

_Ah, ok. – soltei o edredom, ele estava usando uma calça meio soltinha preta, e estava sem camiseta.

_Você chama os outros então? – James pediu.

_Chamo sim, não sei se o Matt vai, ele disse que queria ficar um tempo a sós com a Val, já que ontem ele arrastou ela para beber com a gente. – Syn disse, rindo.

_Bom, então eu e a nanica – Jimmy disse, e eu lancei meu olhar 43 para ele – vamos para casa, passem lá ali pelas seis.

_Pode ser – ele disse, se jogando na cama.

_Tchau Syn – disse, saindo do quarto.

Eu não sabia o que esperar dessa festa, mas coisa ruim não iria ser... eu espero.