Its All About Our Moments escrita por dontseemtocare


Capítulo 1
One Shot




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Eu tinha que encarar o fim. Não importa de fato se a vida está te proporcionando momentos incríveis, eles irão acabar. Não importa se a vida te apresenta pessoas incríveis, elas se vão. Ela se foi. Eu sempre soube que haveria um fim, uma despedida, mas nunca pensei que seria tão difícil. Minha garota iria embora, construir seu futuro, seguir seu sonho e o de seus pais, e me deixaria embora com os meus sonhos por fazer. Eu tinha que deixar de sonhar e viver de lembranças.

Flashback


– Hum. Bateu a fome. – Sofia disse me olhando. Estávamos no sofá da sala da minha casa assistindo TV.

– Sério... Você come demais, garota. – falei rindo.

–Harry! – ela disse enfezada. – Me chama logo de gorda.

– Você não é gorda, eu não disse isso.

– Você quis dizer isso.

– Eu não quis! Eu vou buscar alguma coisa pra gente na cozinha, So. Deixa de bobagem. – afaguei seus cabelos.

– Coma você! Eu vou embora. – ela levantou e já ia pegando sua bolsa em cima da mesinha da sala.

– Ei! – peguei em seu braço com força. – Você vai embora?

– Me larga, tá me machucando. – lágrimas desceram pelo seu rosto. Foi aí que percebi quanto a aparência vale para uma mulher e de quanto ela precisa para ter o ego ferido.

– Me dá pelo menos uma chance de me desculpar.

Ela respirou fundo e olhou nos meus olhos. Soltei seu braço.

– Você a garota mais linda que eu conheço. Não existe ninguém no mundo que possa competir com a cor dos seus olhos, com a forma que seu cabelo cai dos seus ombros quando você mexe demais a cabeça, o jeito que você fecha os olhos quando sorri, como você anda, como você fica linda irritada... Sofia, a palavra perfeição me lembra você. Você não tem nada de gorda. Não se magoe por um comentário bobo de um idiota como eu, de verdade. Eu te amo, minha linda. – a expressão dela não mudava enquanto eu falava tudo isso, então pensei que meu pedido de desculpas não tinha surtido efeito algum. Me xinguei mentalmente por não saber nem ao menos tocar o coração de Sofia.

Para minha surpresa, ela me abraçou.

–Me desculpa, Harry.- sua voz saiu mais fina e doce que o normal.

–Eu era quem estava devendo desculpas á você. Vai lá pro meu quarto, So, a TV ta chata hoje. Vou tocar alguma coisa pra você, vai querer escutar?

–Claro que eu quero! – ela disse animada. – Mas só vale se você cantar aquela...

–Mas eu nem terminei ainda...

–Não importa, Harry. Ela é perfeita do mesmo jeito.

–Tá certo. – rolei os olhos. – Vou pegar alguma coisa pra gente comer, ta?

–Uhum. – ela me deu um selinho e correu para as escadas.

Fiz sanduíches e suco e levei para o quarto. Sofia olhava minhas composições.

– Você colocou mais uma frase naquela música.

–Foi. Mas eu não consigo escrever mais nada. – ela pegou seu sanduiche e seu copo de suco e eu peguei os meus.

–E eu não sei te ajudar. – ela riu fraco.

–Um dia eu termino ou eu não me chamo Harry Styles... Melhor procurar outro nome.

–Idiota! – ela gargalhou.

Terminei de comer e peguei o violão. Me sentei ao lado de Sofia na minha cama e comecei a tocar.

You know I’ll be your life, your voice, your reason to be

My love, my heart is breathing for this moment

In time, I’ll find the words to say

Before you leave me today

–Por que você gosta disso, Sofia? Acho que vou desistir dessa música, não sei o que colocar nela...

–Eu gosto porque ela é linda, Harry! Você deveria estar pensando em alguma coisa muito inspiradora para escrever esses versos. – ela me olhou com um sorriso de canto.

– Essa minha inspiração tem nome e sobrenome, sabia? – coloquei o violão em cima da minha mesa.

–Hum. Posso saber o tal nome e o tal sobrenome? – ela fazia expressão de ciúmes.

– Pode. O nome é Sofia – aproximei meu rosto do dela – e o sobrenome dela é Henderson, mas futuramente será Styles.

Ela sorriu largamente e eu a beijei. Nos deitamos e ficamos um bom tempo ali, pensando no que seriamos.


Flashback off


Pouco antes de Sofia ir embora, no aeroporto, perguntei a ela como ficaríamos. Ela não respondeu nada e nós ficamos em silêncio.

– Relacionamentos á distância são... – ela começou um tempo depois, mas não concluiu a frase.

– Sofia, acho que o melhor seria passar uma borracha nisso tudo, hein? – segurei suas mãos. – Vai ser difícil mas...

–Harry, não me peça para esquecer tudo. – ela começou a chorar. – Eu nunca vou esquecer.

–Nem eu. – a observei enxugar as lágrimas – Só... Vamos nos desligar um do outro.

–Por que tem que ser assim? – ela me olhou com os olhos vermelhos.

–Porque não vamos conseguir seguir em frente se ainda tivermos algum tipo de ligação. E, Sofia, eu quero o melhor para você. Você vai começar uma fase completamente diferente da sua vida agora. Vai conhecer pessoas novas. Vai realizar seus sonhos.

–Falando assim, faz sentido. Só vai ser complicado.

–Para mim também. Aqui dentro – peguei sua mão e coloquei no meu peito – dói muito. Eu não vou poder te fazer feliz... Não quero também um relacionamento que vai nos render tanto sofrimento, Sofia.

–Eu sei... Também não quero.

Eu a abracei. Permiti que algumas lágrimas caíssem e confesso que isso deixou aquele abraço ainda mais especial. Era nosso último abraço. Pensar que aquela poderia ser a última vez que eu tocaria em Sofia me fazia suar frio.

–Não quero te perder. – eu sussurrei em seu ouvido.

Ela não falou nada. Mas a forma que ela encaixou o rosto em meu pescoço e seus braços apertaram ainda mais nosso abraço eu pude ouvir um “não quero te perder também”, mesmo não sendo dito.

Depois de um tempo naquele abraço, Sofia foi ao encontro dos pais que esperavam a nossa conversa terminar. Seus pais olharam para mim como se eu fosse uma criança da África decepcionada porque os helicópteros com cestas básicas não haviam passado naquele dia. Eu me sentia assim, de fato. Privado de uma necessidade vital. Sofia era uma necessidade vital que eu tinha que me acostumar a não ter acesso.

Vi os três entrarem no avião e fui embora para casa. Comecei a lembrar dos momentos. Meu amor por Sofia era baseado nas coisas mais simples, numa tarde de filmes, numa música, num livro, num sabor de sorvete, em como gostávamos do nosso café, nos ciúmes bobos, nas brigas que solucionávamos com um beijo, um carinho e um violão, nas vezes em que colocávamos um CD do He Is We, ela colocava os pés em cima dos meus e nós dançávamos, na pilha de roupas minhas que ficava no fim da cama dela quando eu passava o final de semana com ela, nas discussões que tínhamos quando jogávamos um jogo e eu dizia que a deixava ganhar, nas vezes que eu tentei ensiná-la a jogar futebol e nós riamos juntos dos tombos que ela levava... Eu sou o passado dela agora, mesmo que tenha planejado ser o futuro.


Flashback


– O mercado internacional está propício para esse investimento. Invista pouco no começo. Se perceber que o saldo é positivo por um bom tempo, invista um pouco mais. Aos poucos, meu caro... Aos poucos. – o pai de Sofia dizia bem saudoso.

Não estava nos meus planos ir á um jantar em um restaurante chique com os pais de Sofia e um amigo deles. Mas Sofia me chamou e eu não saberia dizer um não. Não conseguiria negar de forma alguma uns minutos ao lado dela.

–Mas essa montanha-russa econômica me assusta. – o Sr. Martin, amigo do Sr. Henderson, disse e os dois riram.

Sofia pigarreou e deu um chute fraco nos meus pés.

–Com licença, vou ao toalete. – ela disse e levantou da mesa indo em direção ao banheiro. Sim, banheiro. Nunca fui chique.

Eu ficava calado tentando encontrar alguma coisa interessante na conversa para prestar atenção. Um tempo depois, meu celular vibrou no bolso do meu paletó. Peguei e vi uma mensagem de Sofia.

“Se tiver alguma ideia de lugar mais interessante para estar, me encontre na saída do restaurante. Xx”

–Com licença, preciso atender. – falei chacoalhando meu telefone e me retirei.

Sofia me esperava fora do restaurante, mexendo em algumas plantas do jardim.

–Aonde nós vamos? – Sofia sorriu.

–Não é muito longe. Mas você vai me prometer que não vai reclamar de algumas leis que eu vou quebrar, ok?

–Como? – ela me olhou com o cenho franzido.

–Promete. – sorri.

–Prometo. – o cenho ainda franzido.

Eu segurei sua mão e comecei a correr puxando-a pela mão. Ela começou a rir. Automaticamente eu ri também. Pouco depois desacelerei os passos e paramos em frente a uma casa que ficava na mesma rua da minha.

–De quem é essa casa? – ela me perguntou.

–Dos Pharrell. – eu disse e me abaixei ficando de quatro encostado ao muro. – Pula o muro.

–O QUÊ? - ela me olhou como se eu estivesse fora de mim.

–Não grita, So. – olhei se havia alguém na rua. Por sorte, não. – Os Pharrell viajaram para o Líbano e só voltam daqui há um mês. Confia em mim, por favor.

Ela me olhou por alguns segundos e subiu em minhas costas para pular o muro. Pouco depois ela estava do outro lado. Me apoiei nas pedras do muro e consegui chegar ao outro lado também. Sofia encarava o jardim da casa.

–Harry...

– O jardim dos Pharrell. Um belo gramado, roseiras bem cuidadas, e as tulipas. Os bancos são de cimento, mas acho que não poderia trazer alguns de bambu no meu paletó.

“Um belo gramado, roseiras bem cuidadas, tulipas e bancos de bambu”. Foi assim que Sofia descreveu, uns meses atrás, um lugar perfeito para se casar.

–Você não cansa? – ela me olhou nos olhos.

–De quê?

–Ser tão... Perfeito. – ela me abraçou.

–Eu queria ser perfeito. Tanto quanto você.

Ela sorriu e me beijou. As luzes estavam apagadas, mas a iluminação da rua ajudava a iluminar o jardim. Nos sentamos na grama, um ao lado do outro.

–Só falta os convidados e o padre. – ela comentou e riu.

–E o noivo, não? – perguntei.

–Não...

–Então você pretende se casar com a roseira? – perguntei com um sorriso de canto.

Ela riu e mexeu nos meus cabelos.

–A única pessoa que eu ousaria pensar em casar está bem aqui do meu lado. A única pessoa que eu ousaria querer passar o resto da minha vida.

Eu não neguei o sorriso que meus lábios formaram sozinhos quando eu ouvi as palavras de Sofia.

–Então que venham os convidados e o padre. – falei.

–Você diria sim?

–Quantas vezes fosse preciso para provar que é você que eu quero do meu lado.

Ela me abraçou e demoramos um pouco naquele abraço. Um agradecendo ao outro, sem usar palavras, por tantas coisas. Eu agradecia a Sofia por me fazer tão completo quando estávamos juntos.

Voltamos para o restaurante e demos algumas desculpas esfarrapadas pela demora. As tais desculpas não foram bem aceitas, mas quem se importava? Eu havia ganhado o meu dia. Talvez a minha vida.


Flashback off.


Cheguei do aeroporto em casa. Olhei para os CDs de Sofia que ela tinha deixado comigo perto da televisão. Não sabia se conseguiria ouvi-los mais uma vez. Fui para o meu quarto e vi meu violão tão avulso à situação. Não sabia se conseguiria tocá-lo mais uma vez também. Minhas músicas espalhadas na minha mesa... E aquela, a que Sofia tanto gostava, em destaque. Eu deveria terminá-la, mas não tinha motivação o suficiente. Não tinha Sofia.

Lembrei de Sofia ali, sentada na minha cama. Esperando eu trazer qualquer coisa para o lanche e dedilhando as cordas do violão, olhando minhas partituras, tocando alguma música do He Is We. Ela ama essa banda, razão pela qual todos os CDs perto da televisão são deles.


Flashback


–Eu vou tocar alguma coisa, Harry. – Sofia terminou de tomar o suco e colocou o copo na mesa – Se eu errar alguma coisa, não zombe de mim. Não sou tão profissional quanto você no violão.

–Não fala bobagem. – sorri – Tenho certeza de que você vai tocar muito bem.

–Hum, certo. – ela me olhou de canto – I Wouldn’t Mind do He Is We. – pegou o violão e começou a introdução.

Não era uma música fácil de se tocar, mas seus dedos deslizavam pelas cordas como se estivesse tocando Brilha, Brilha Estrelinha.


Forever is a long time

But I wouldn’t mind spending it by your side

Tell me everyday I’d get to wake up to that smile

I wouldn’t mind it at all

I wouldn’t mind it at all

Seus olhos brilhavam e ela cantava olhando nos meus como se as palavras fossem dela para mim. Eu sorri e ela também. Aquele momento foi para a lista dos “momentos que eu gostaria que não acabasse”.

Sofia terminou a música e começou a rir.

–Sou um fracasso. – ela falou entre risos.

–Eu devia ter filmado.

–Para colocar no Youtube? Para o mundo inteiro rir da minha cara? Não pretendo ser a próxima Rebecca Black, Harry.

–Não. – falei rindo da comparação estúpida. – Rebecca Black bem que gostaria de ter a sua voz.

–Não precisa tentar me agradar. Eu vou continuar te amando se você disser que eu canto mal. – Sofia disse apertou as minhas bochechas. – Fique tranqüilo.

Sofia me entregou o violão.

–Você não acredita em mim, não posso fazer nada. – eu disse dedilhando o violão.

–Você prestou atenção? Digo... Na letra da música.

–Sim. Me lembra alguém. – eu falei sorrindo.

–É, me lembra também. – ela riu – Na verdade, me lembra nós dois, nossos planos, tudo isso.

–Então essa é a nossa música? – coloquei o violão encostado na parede. – Temos uma música?

–Isso! Temos uma música. – ela colocou os braços em volta do meu pescoço. – Uma trilha sonora.

–Um casal típico dos filmes... – falei rindo.

–Com um típico final feliz. – Sofia completou rindo também.

Nos abraçamos. Sofia cantarolou um “every song you write or sing is so warm to me”. E eu concordei com ela em silêncio.


Flashback off.


Peguei o violão e comecei a tocar algumas notas soltas. Formei uma sequência e fiquei repetindo várias vezes. Olhei para a porta aberta.

Eu queria ter pelo menos mais um dia com ela, eu queria voltar no tempo, queria gritar tão alto para Sofia me ouvir, queria ter as palavras certas na minha boca para trazê-la de volta... Me sentia tão incapaz e isso tornava tudo tão mais difícil. Era algo que eu não podia simplesmente lutar contra, nem mesmo esconder.

Peguei uma folha em cima da minha mesa. Era a música que eu escrevi para Sofia, interminada, sem esperança alguma de ter mais alguns versos. E eu prometi que a terminaria. Tirei um lápis do estojo e comecei a escrever o que eu queria sentir naquele momento.


Shut the door, turn the light off

I wanna be with you

I wanna feel your love

I wanna lay beside you

I cannot hide this even though I try

Nossos corações bateriam mais forte, eu a tocaria com a mão trêmula... Não pude segurar as lágrimas. Finalmente coloquei para fora o que se acumulou por Sofia ter ido embora. Isso dificultava ainda mais. Mas seria impossível não demonstrar nenhum tipo de melancolia por causa dessa separação. Experimente passar alguns anos com uma pessoa, fazer planos com ela, sentir os sentimentos mais sublimes por ela e vê-la partir depois. Tente impedir a dor no seu coração. Mas antes de tudo saiba que só quem está livre de sentir essa dor são os que não amam. E devo dizer que tenho pena dos que não amam, dos que negam sentir algo parecido ao que Sofia me fez sentir todo esse tempo.



Heart beats harder

Time escapes me

Trembling hands touch skin

It makes this harder

And the tears stream down my face


If we could only have this life for one more day

If we could only turn back time


You know I'll be

Your life, your voice,

Your reason to be my love

My heart is breathing for this

Moments in time

I'll find the words to say

Before you leave me today


Lembrei que eu me coloquei naquela situação, eu disse a Sofia que seria melhor esquecer... E eu realmente achava que seria. Só não imaginava que no começo tudo seria tão difícil e que tudo tenderia a dificultar ainda mais. Eu pedi para não ser lembrado, pedi para que tudo acabasse. Não queria Sofia presa num relacionamento á distância, ela conheceria pessoas novas, iria querer ter relacionamentos novos e nunca foi a minha intenção atrapalhar a vida dela.


Close the door

Throw the key

Don't wanna be reminded

Don't wanna be seen

Don't wanna be without you

My judgement is clouded

Like tonight's sky


Undecided

Voice is numb

Try to scream out my lungs

But it makes things harder

And the tears stream down my face


If we could only have this life for one more day

If we could only turn back time


Eu viveria de lembranças…


Flashes left in my mind

Going back to the time

Playing games in the street

Kicking balls with my feet

Dancing on with my toes

Standing close to the edge

There's a part of my clothes at the end of your bed

As I feel myself fall

Make a joke of it all


Moments não terminou como eu imaginei de início, mas eu a terminei. Ainda era uma música para Sofia, ela só não veria como ficou.

Fiquei até tarde tocando Moments em meu quarto, pensando se ainda conheceria alguém com tanto poder sobre mim, que me fizesse tão bem quanto a So. Confesso que seria difícil, mas todo fim vem com algum começo. E eu só tinha certeza de alguma coisa: Sofia era insubstituível na minha vida e eu nunca conseguiria esquecê-la.




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Notas finais do capítulo

É isso. Obrigada mesmo você aí que leu. E voce que só leu essa nota, clique em Home e deixe de ser preguiçoso.



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