Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 12
Capítulo 11 - BÔNUS - Seth Clearwater


Notas iniciais do capítulo

Capitulo editado em abril de 2022.

Músicas no capitulo.

The Acid - Ra.



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Seth.

 

Há quatro meses renasci.

O imprinting faz isso.

Nos refaz. Ao menos essa é a minha ideia.

Reneesme, precisava exatamente da única coisa que posso oferecer a ela. Proteção.

Eu precisava do que somente o nascimento dela poderia  trazer. Paz.

Sua chegada selou a paz novamente, e nos trouxe uma nova perspectiva, que nossa magia é muito mais importante para o mundo do que somente proteger os humanos, ou manter linhagens vivas.

Prova disso, é como tudo foi perfeitamente encaixado para que Reneesme pudesse estar aqui hoje.

Um ser único, que acredito eu, em um futuro próximo será ponte para novos horizontes e caminhos.

Todos nós aprendemos diariamente com ela. Reneesme, é diferente de todos os híbridos, humanos, ou vampiros.

Sua forma extraordinária de se comunicar a torna única.

Ela é todos, e ao mesmo tempo não é definida por nenhum.

Seu crescimento é assustadoramente anormal, e mesmo preocupado com isso, sinto no fundo do coração, que ela ficará bem. Minha fé neste acreditar é inabalável, e nenhum outro pensamento ousa rondar minha mente.

Distraído em pensamentos durante nossa corrida, mas atento a cada movimento suave da pequenina.

Posso ouvir o martelar rápido porém suave do pequeno coração de Nessie.

Todas as tardes há um mês, quando seu crescimento ficou mais acentuado, corremos para caçar.

Ela está convencida que pode me surpreender, então treinamos isso.

Nessie torna-se cada dia mais ágil. Senti seus passos quase imperceptíveis… Ela pulou do galho de uma árvore onde se escondia. Fingi distração, porém antes que seus pés tocassem o chão me lancei segurando seu pequeno corpo com cuidado nas mãos. 

 – Peguei. – meu sorriso era vitorioso, já Nessie, fez uma carinha de brava adorável. – E mais uma vez eu venci Nessie.

Sua mãozinha tocou meu rosto.  

“Assim não vale Seth, você trapaceou”.

Gargalhei, enquanto a ajeitava em meu colo e caminhava em direção a sua casa.

— Você precisa focar ao redor, e como fez nas outras vezes, concentra-se apenas no Lobo, esquecendo que meus sentidos são como os seus, nas duas formas Nessie. Eu avisei concentração pequena. – ela me olhava nada feliz com o sermão. Típico de um irmão mais velho.

— Seth, está certo minha querida. Você pode surpreendê-lo dominando apenas seus passos. – a voz de Bella tilintou em nossos ouvidos. 

É difícil me acostumar com esse novo tom de voz dela, com seus movimentos leves, seu odor, mas principalmente não consigo me acostumar com os olhos.

Meus sentidos ao lado de Reneesme, ficam cada dia  mais precisos, e pude sentir alguém se aproximar em uma velocidade inumana.

Ajeitei Nessie protetoramente em minhas costas.

— Acalme-se Seth, é Edward, eu posso senti-lo. – Bella me alertou com os olhos fechados.

Alguns segundos depois Edward surgiu entre as árvores.

— Vejo que estão se divertindo. – ele disse sorrindo enquanto abraçava Bella.

Assim como eu, Bella ansiava a volta de Edward, pois as notícias que ele pode trazer, são importantes para ambos. 

— Edward? – Bella cruzou os braços ansiosa.

Edward, olhou em nossa direção parecendo desanimado.

    – Nada. Nenhuma única pista ou rastro dele. Jacob sumiu como fumaça. Os últimos rastros indicavam o Canadá, porém, desapareceram. Provável seguiu em sua forma humana. – ele informava cautelosamente.

— Precisamos encontrá-lo. Eu devo a ele a minha vida e... —Bella olhou ternamente para  Nessie, que permanecia com as mãozinhas em meu pescoço, secretamente me pedindo para brincarmos mais. – Ele não pode continuar acreditando que não consegui. Jacob merece e precisa saber. — Bella caminhou reflexiva. — Deve haver algum lugar Seth, um local onde só uma pessoa além dele conheça. – Bella se refere a uma única pessoa… Leah.

— Já tentei os locais onde só os dois costumavam ir. O local mais afastado foi a aldeia onde eles permaneceram alguns dias. Contudo, não há sinal dele por lá. E Leah não me deixa  mais tocar no assunto. — desabafei entristecido. 

“Não fique triste Seth, tudo ficará bem, Leah será feliz. Jacob vai aparecer” — Nessie, tocou meu rosto, transmitindo palavras de conforto.

— Ela vai assumir a matilha algum dia Seth? – Bella demonstra sua preocupação com Leah. E sinto uma certa culpa, por tudo que está acontecendo, inclusive o desaparecimento de Jacob. 

— Acredito que sim Bella, ela nos pediu um tempo. Os garotos que resolveram ficar na matilha de Jacob, estão aguardando como eu. Sam nos disse para ter paciência. Pela primeira vez em muito tempo Leah, tem a chance de ter privacidade novamente. Ela precisa desse espaço neste momento. — só é doloroso vê-la sofrer desta maneira. 

Encontrar Jacob, talvez traga paz a ela, e a todos nós.

— Eu entendo Seth, não vamos desistir, não se preocupe. — Edward respondendo aos meus pensamentos.

— Obrigado, Eu preciso trazê-lo de volta, Jacob merece ser feliz tanto quanto Leah. — desabafei.

— E será Seth. Jacob sempre esteve ao meu lado quando foi preciso, farei o mesmo por ele. E assim que voltarmos de Volterra, vamos prosseguir com as buscas. Antes de partirmos para o Brasil em busca de informações sobre... – olhamos para Nessie, distraída enrolando as mãozinhas na camiseta pendurada em minhas costas.

A viagem de Bella a Volterra, deixa Nessie preocupada.

Ela se remexeu inquieta em meus braços assim que ouviu sobre a cidade dos vampiros.

— Ei, calma okay?! Tudo dará certo! — a pequena apenas assentiu.

Porém, continua incomodada como eu, com a viagem, posso sentir.

 ……..

Voltamos para a mansão dos Cullens, Nessie havia adormecido em meus braços durante o caminho, como sempre acontece após nossos passeios.

A deixei dormindo e parti em direção a reserva. Farei rondas esta noite, e preciso descansar.

Passei pouco tempo com Jacob como alfa, e ainda sim, é estranho ter Sam no comando novamente.

Ando aguardando ansiosamente que Leah, assuma o posto confiado por Jacob a ela.

Contudo entendo e respeito seu momento, e ela terá toda a paz a qual precisa para se reerguer.

Deixei o Lobo dominar meu corpo. E como sempre acontece, em segundos não estava mais sozinho.

Quem é vivo sempre aparece. Embry já está impaciente.

— Em que posso ajudar, Embry? brinquei.

Preciso que fique em meu lugar agora, e a noite fico no seu Logo vi seus motivos, Embry tem um encontro.

Isso não é exatamente um encontro, é apenas uma ida ao cinema. ele retrucou.

Ida ao cinema é  quase um namoro Embry. Ou não é? – debochei. mesmo sabendo que ele tem pânico dessa palavra… namoro.

— Não sei Seth, você já levou uma garota ao cinema? ele desafiou debochado.

— Não. — fui sincero, mentir não adiantaria ele descobriria mesmo. — Porém se ida ao cinema contar como encontro, já tive vários com você, Paul, Quill, Jake… – ele me interrompeu.

— Calado Seth, por favor. Pense… descansando a noite, amanhã não estará um trapo para cuidar da monstrinha. — ele provocou. Rosnei com o apelido usado por ele para se referir a Reneesme. Esse apelido foi dado por Paul, aquele desocupado.

Já avisei sobre este apelido. — meus dentes estavam expostos.

Embry se divertia com a minha reação.

Certo, não precisa mostrar os dentinhos Seth. A minha intenção é dizer, que você será uma babá descansada amanhã, só isso. Rosnei involuntariamente.

Vá Embry, suma daqui, corra para seu encontro, não encontro, que não é um namoro.

Ele se despediu ainda se deleitando com a minha reação ao apelido dado por eles a Nessie.

Iniciei minha ronda ao lado de Collin, Tom e Brady.

O ar gelado, já é um prelúdio de dias frios e com neve.

Sam juntou-se à ronda, e dispensou os meninos. Só nós dois permanecemos.

— Como estão as coisas? — ele demonstrava sua preocupação com Leah.

Sua preocupação é similar a da nossa família.

— A tristeza parece devorá-la por dentro. — desabafei.

Passaram-se meses Seth, precisamos tentar ajudar de uma forma mais efetiva. Leah se isolou. Some e ninguém sabe onde está, não conversa, ou interage. Mal sai de casa, desconfio que quase não sai da própria cama. Estou preocupado com ela. Muito. sua preocupação, é quase um reflexo da minha.

Não sabemos ao certo como agir, mas sinto que desta vez Leah, precisa deixar a própria dor fluir. Estou presente, prometi dar o que for preciso, e ela pediu distância, e tempo. Vê-la desta forma também é difícil para nós Sam, você conhece minha Mãe, sabe como ela é protetora, mas não podemos ver Leah esconder suas emoções novamente, e sentimos que se pressionarmos, ela vai fingir estar bem, sem realmente estar, e isso não podemos permitir. Neste momento ela não deve reprimir nada por preocupação com os sentimentos alheios. 

Sam parou há alguns metros de distância. Refletindo sobre minhas palavras.

— Vocês têm razão Seth. Só acho que precisamos pensar em algo, para ela ter certeza, de que não está sozinha. Ajudar de alguma maneira. — Sam pontuou.

Acredito que a melhor forma de ajudar neste momento seja respeitar sua escolha em ter paz. Não podemos entender sua dor, podemos supor. Leah ama Jacob realmente, e perder esse tipo de amor, deve ser algo pesado. Vamos dar tranquilidade a ela neste momento.

Está certo, não sejamos um caos a mais. E refletindo sobre isso, quero te pedir um favor. — assenti. — Esteja mais ao lado dela. Você é uma pessoa de alma leve Seth. Certamente sua presença fará muito bem a Leah. Estou te liberando das rondas. Quando não estiver ao lado de Reneesme, estará com a sua irmã.

Senti uma emoção sem tamanho.

Minha admiração por Sam, não era em vão. Sabia que em algum momento ele voltaria a ser o líder que um dia acreditei ser o correto.

Não consigo apagar meus erros do passado, porém consigo reescrever meu caminho daqui em diante Seth, e vou sempre lutar pela família que somos, em matilhas separadas ou juntas. Agora vá, esteja ao lado de quem sempre esteve ao seu. Sua irmã.

Minha emoção é tão imensa que não conseguiria expressar neste momento.

Sem pensar duas vezes, parti em direção a minha casa, aquecido e mais leve por ter a certeza, que agora nosso passado de ressentimentos está de vez para trás.

E somos a família, que jamais deixamos de ser.

Cheguei próximo a minha casa, e a sensação de leveza me domina neste momento. 

Já consigo ouvir minha Mãe preparar o jantar cantarolando uma música qualquer enquanto mexe nas panelas. Ouço minha irmã, se remexer inquieta em sua cama no andar de cima.

Entrei em casa com a imagem da minha irmã na mente.

 – Seth, meu filho! Fico feliz em te ver cedo em casa, a tempo de jantar comigo. ela sorriu de forma acolhedora e reconfortante como sempre.

Me aproximei e depositei um beijo no topo de sua cabeça. Minha Mãe, está a cada dia menor que eu. Ou estou crescendo assustadoramente rápido. 

— Vou tomar um banho rápido, e já desço. — respirei fundo inalando o aroma delicioso da refeição que está sendo preparada por ela. — O cheiro, está maravilhoso como sempre.

Minha Mãe sorriu feliz com o elogio.

— Então vá, tome banho, já está quase pronto, vou colocar a mesa. — assenti, olhando em direção a escada, que dá acesso aos quartos. — Ela desceu hoje?

— Sim, ela ficou parte do dia aqui. — minha Mãe, sussurrou um pouco mais animada. — Limpou a casa, me ajudou a cortar os legumes, saiu e voltou a pouco mais de uma hora. Tomou banho e deitou.

Sorri esperançoso.

— Ela vai superar, acredito nisso. — minha fé em Leah, é indescritível.

— Estou tentando não odiá-lo, ou nutrir mágoa e raiva, pois, além de ter visto Jacob nascer, esses sentimentos são ruins, e pesados de carregar, contudo é tão difícil ver minha filha assim, tão triste e perdida. — minha Mãe desabafou..

Encurtei o espaço entre nós com dois passos, e a abracei forte.

— Ele também está sofrendo Mãe, e por mais que eu tente ter raiva também entendo sua dor. — confortei minha Mãe.

Jacob tem certeza que perdeu Bella, e se culpa por não ter conseguido impedir, ou interromper a gestação dela a tempo de manter seu coração batendo.

Tento ignorar o vazio opressor que sinto apenas com essa hipótese, sempre que penso sobre esse assunto. Neste momento é totalmente impensável.

— Eu sei meu filho. Mas, Jake sabia da transformação de Bella, e assim mesmo ficou com Leah. — minha Mãe está magoada com Jacob.

Segurei o rosto maravilhoso e terno da minha Mãe entre as minhas mãos.

— Leah, escolheu sentir Mãe. Assumiu os riscos da relação, sentiu a intensidade, e a força de amar realmente. Ela não se arrepende. Infelizmente, Jacob não suportou o que viu aquele dia. Foi uma cena monstruosa, e não sei como ia reagir em seu lugar. — tento ponderar, mesmo com todos os erros, Jacob, é um irmão para mim. E jamais vou esquecer a expressão estampada em cada mínimo pedaço do seu rosto…

— Você está se tornando um homem maravilhoso Seth, Estou orgulhosa de você. — minha Mãe passou uma das mãos em meu rosto. — Seu pai certamente está sorrindo, em ver o ser humano iluminado que ele ajudou a trazer ao mundo. – abracei minha Mãe, tirando seus pés do chão.

— Te amo dona Sue. – declarei.

— Também te amo meu menino. –  ela beijou minha testa.

— Vou subir, tomar um banho e já desço, está bem?! — coloquei minha Mãe no chão novamente. 

— E Reneesme? — ela adora a pequena.

— Esta Linda como sempre. — meu peito encheu de orgulho ao falar dela. — Nessie, é tão esperta, tão inteligente. Está secretamente tentando me ensinar francês. Mãe, ela entende francês!! Como isso é possível?! — soltei as palavras, pois, busco não enlouquecer com o fato de Nessie ter quatro 4 meses de idade, a aparência de uma criança de quase três, e ter  conhecimento que muitos adultos até hoje não dominam.

— Ela é filha de um vampiro meu filho, eu acredito em tudo. E o crescimento dela como está? — minha Mãe não faz idéia de como esse assunto me preocupa.

— Diminuiu um pouco, não muito. Ainda é muito para a sua pouca idade. Bella está com a viagem marcada até Volterra, e logo após sua volta iremos para o Brasil.

— Como assim iremos Seth Clearwater? — a voz da minha Mãe subiu duas oitavas. — Você não está realmente pensando em ir com os Cullens nesta viagem, está? — a indignação estampada em seu rosto.

— Mãe, não posso me separar da pequena, e vou convencer Bella sobre isso. Sou um híbrido que tem o coração batendo no peito, posso ir a lugares onde ela e Edward, não podem. Precisamos descobrir o que Reneesme é. — informei cautelosamente para não assustar dona Sue.

— Não gosto nada desta idéia Seth. Você, sem nenhum dos meninos por perto para te proteger. — minha Mãe sempre se preocupando a toa.

Preciso mudar de assunto rapidamente, para não enlouquecer minha Mãe.

— E o Charlie Mãe como está? — olhei sugestivo para ela, que fazia gestos, pedindo silêncio sobre o assunto por conta de Leah, como se minha irmã não fosse ouvir mesmo se eu sussurrar.

— Está bem. — ela tentava disfarçar o tom de voz manhoso, mas o sorriso apaixonado está ali definitivamente. — Preocupado com… você sabe… tudo. — minha mãe evita falar sobre Bella, dentro da minha casa e quando o faz,  na presença da minha irmã, Leah lança o seu melhor olhar de puro ódio e desprezo. — Não houve mais nenhuma transformação em sua frente, logo ele nunca mais passou mal. — ela provocou.

— Mãe quantas vezes terei de explicar os motivos de ter feito aquilo ein? Edward e Bella queriam sair de Forks levando com eles a pequena. Como eu ficaria aqui sem ela? E Jacob sempre me disse que Charlie era mais forte do que todos pensavam. E ele estava certo. — justifiquei.

— Estou brincando Seth, não vamos discutir sobre isso novamente meu anjo, prometo. Suba, vá tomar seu banho, a comida está quase pronta. — ela sorriu e caminhei até a escada, antes de pisar no primeiro degrau, sua voz me surpreendeu. — Não terminamos nossa conversa sobre essa história de viagem, amanhã conversaremos mais sobre este assunto. — sorri sem jeito, vendo que minhas artimanhas para tentar distraí-la, foram completamente inúteis.

Subi e fui direto ao banho.

Entrei embaixo da água morna, e deixei meus músculos relaxarem. Só neste momento, noto como todas essas situações me deixam tenso. Muitas vezes cansado.

Fiquei alguns minutos a mais do que pretendia no banho.

Desliguei o chuveiro, e me troquei rapidamente, minha mãe avisou sobre a comida estar pronta. Estou faminto.

Um estranho sentimento tomou conta do meu peito… é apreensão.

Parei em frente a porta do quarto da minha irmã. Abri lentamente, para não acordá-la.

Leah dormia inquieta.

Fiquei observando sua expressão carregada e dura, a inquietude em seu sono,  e sinceramente não sentia saudades de ver isso. Leah havia perdido esses traços quando Jacob estava em sua vida. Infelizmente agora estão presentes novamente. 

Caminhei até a cama, e sentei na pontinha do colchão, coloquei minhas mãos em seus pés.

Em alguns segundos ela abriu os olhos.

— Vai ficar ai me observando dormir?! Você anda passando muito tempo ao lado do Cullen mesmo. — a voz  rouca e embargada de quem acabou de despertar.

Sorri com a língua afiada dela.

— Você não fica bonita dormindo, só para constar. — foi a vez dela sorrir. — Vamos jantar? — convidei ainda alisando seus pés.

— Estou sem fome Seth, comi mais cedo. — seu tom de voz não é ameaçador como de costume, quando a acordo. Para minha tristeza, sua voz está totalmente apática.

— Leah, entendo sobre o seu tempo, jamais saberei sobre a sua dor, só preciso que você não desista de reagir. Levantar, se firmar novamente. Jacob, confiou a matilha, á você, justamente por acreditar nessa capacidade de se reerguer e na força, que só você tem. — Leah retribuiu minhas palavras com um sorriso sarcástico, em uma expressão dura e insatisfeita.

— Seth, Jacob me achava uma pedra, deixou a matilha comigo por isso, e foi embora sem olhar para trás. — sua voz contém  uma ponta de rancor.

— Leah, ele acreditou em você quando já não acreditava nele mesmo. Confiou a você algo que dependia dele, pois sabia da sua força. Jacob não acha que você é uma rocha, tenho certeza, ele acredita na sua força, fibra e coragem. — levantei da cama. — Agora vamos jantar, pois mulheres fortes precisam se alimentar corretamente, e isso é duplicado quando se trata de uma Loba Beta.

Leah sorriu. Um lindo sorriso que não vejo há meses. Ela não faz idéia como esse gesto, enche meu coração de alegria.

— Tentando me comprar com palavras bonitas e doces? — ela cruzou os braços.

— Sim, mas infelizmente acredito que não será por isso que vá descer, e sim pela deliciosa comida da dona Sue. Além disso, quem sabe te agradando, você volta logo, e me desconecto dos pensamentos idiotas do Paul. Vai que cola. — brinquei.

— Não colou, nem adianta elogiar bebê Clearwater, não vou assumir a matilha ainda. — seu olhar é decidido.

— Está certo. Mas, jantar em família você pode aceitar, certo? — estendi a mão em sua direção, ela respirou fundo.

— Certo. — Leah, segurou minha mão e levantou. Ao ficar em pé,  me deu um abraço tão forte, tão necessário. Meus olhos encheram de lágrimas.

— Obrigada Seth. — ela depositou um beijo na minha bochecha.

— Te amo Leah. — declarei sincero.

— Também te amo meu irmão. 

Neste momento tenho a certeza que Leah voltará em breve, mais cedo do que queira admitir ou imaginar, e essa certeza preenche meu coração de esperança. Amor. E agradecimento por ser irmão dessa mulher. Descemos juntos para jantar, e pela primeira vez desde a partida de Jacob, Leah interagiu com minha Mãe e comigo ao mesmo tempo.

Talvez ela não perceba, quanto essa atitude é importante para nós, como sentimos falta dela. 

Mas hoje, mostramos que ela pode contar com a família, estamos aqui, e precisamos dela.

Ficamos conversando na sala um tempo após o jantar, relembrando do nosso Pai, e de histórias da nossa infância.

Minha Mãe e Leah subiram para dormir, e fiquei mais um tempo na sala, assistindo besteiras na tv. Antes de deitar liguei na casa dos Cullens. Nessie não dorme sem ouvir minha voz. Eu não durmo se não ligo para ela.

Deitei me sentindo leve. Ver Leah, sorrir é um início. Traz força para manter a esperança, de que ela vai superar.

Deitei com uma sensação de paz incrível e logo adormeci.

Meu sono foi agitado. Tive pesadelos a noite toda.

Levantei, e fui tomar um banho rápido.

Meu coração está inquieto.

— Tudo bem Seth? — Leah, bateu suavemente na porta do banheiro. Abri a porta com um aperto inexplicável no peito.

— Não sei. Acordei me sentindo estranho, inquieto e apreensivo. Não dormi bem, tive pesadelos que não consigo lembrar.  — um aperto no meu peito indicava algo errado e uma necessidade. — Preciso ver Nessie.

— Ei calma. Você está impressionado com seus pesadelos Seth.  — Leah tentou me confortar.

— Pode ser. Vamos ver. me vesti agilmente e sai sem tomar café. Corri pela mata e nem percebi em que velocidade. Mas rapidamente cheguei a casa dos Cullens.

— Nessie? — entrei na grande sala da mansão dos Cullens, não havia ninguém. Tudo parece calmo. Minha respiração lentamente foi se acalmando, até que senti passos suaves se aproximando, e um coraçãozinho batendo rápida e normalmente.

— Seth! — Nessie se lançou em meus braços. Ela sabe mas não gosta muito de falar. Exceto comigo.

— Bom dia Seth. — Bella adentrou alguns segundos depois.

— Bom dia Bella, e Edward. — cumprimentei os dois. Nessie me mostrou a vontade de caçar.

— Vamos Seth? Nessie está impaciente desde que se levantou. — Bella, me falou enquanto abria a porta.

Nessie me fitava como se reconhecesse a própria inquietude nos meus olhos. Talvez seja esse o motivo, ela está inquieta, e acaba refletindo em mim.

— Eu ficarei para cuidar de alguns detalhes da viagem. — Edward avisou a Bella, que assentiu positivamente. 

Saímos para caçar. E a agitação de Nessie foi amenizando. Mesmo não desaparecendo completamente.

Corremos pela mata. A neve já está por todos os lados. Nessie está maravilhada.

Fazendo formas na neve. Saltando tão graciosa. Tão serena e com aquele ar desafiador em minha direção.

Talvez minha inquietude seja reflexo da preocupação de Nessie, com a viagem dos pais a Volterra… talvez.

— Aposto que eu pego o cervo maior e não deixo uma gota sequer no chão Nessie. — desafiei tentando desfazer a preocupação que ameaça ficar estampada na minha expressão.

Nessie, colocou as mãozinhas na cintura. E se lançou à frente.

Dei uma vantagem a ela, e adentrei a mata já deixando o Lobo dominar meu corpo.

A alcancei com facilidade.

Nessie subiu em minhas costas. E próximo ao rio saltou agilmente, após me usar como carona. Muito espertinha por sinal.

Atacamos um bando de cervos. A pequena até tentou, mas eu peguei o maior. O imobilizei e deixei ela se alimentar dele.

Bella se aproximou rindo da carinha de brava dela com essa atitude minha.

Estava entrando na clareira para voltar a minha forma humana quando uma luz estranha bateu em meus olhos.

Corri na direção de Nessie e Bella. Nós olhamos juntos na mesma direção.

Uma mulher pálida como a neve, bem similar aos Cullens, observava a distância. A ausência de batimentos indicava se tratar de uma Vampira. Bella acenou para ela, porém, a mulher mostrou as presas em nossa direção.

Como um reflexo de auto defesa, minhas presas já estavam à mostra.

A postura ofensiva da mulher fez Bella se lançar à frente em direção a ela.

 – Seth tire Nessie daqui agora. – Bella rugiu, enquanto  desaparecia na mata. Nessie já estava segura em minhas costas. Uivei alto, em alerta para matilha.

Meus instintos naturais de me lançar atrás da Vampira, eram quase incontroláveis. 

Porém, neste momento preciso proteger Reneesme. 

Em segundos Paul, Sam, Quill, Embry, estavam na mata.

Na mente de Sam, a imagem de Leah correndo para encontrar o restante da matilha, me causou uma sensação imensa de segurança.

Não temos comunicação com Leah, exceto Sam, que pedia a ela que cobrisse o perímetro onde a sanguessuga se lançou. Leah é a mais veloz de nós.

Sam, tranquilizou minha irmã mostrando a Leah, que estou bem.

Levei Nessie de volta à mansão. 

Ao entrar Rosálie  nos aguardava aflita. Caminhou em minha direção e tomou a pequena, em seus braços. Rose, teve dificuldades em desenrolar as pequenas mãos de Nessie dos meus pelos.

Escutei um uivo forte e poderoso cortando o céu e quebrando o silêncio na mata, o uivo conhecido e há meses em silêncio. É Leah, estremecendo tudo ao seu redor. E mesmo não compartilhando de seus pensamentos ou sentimentos há meses, reconheço cada sentimento por trás desse uivo. É dor… quase um desabafo.

Instintivamente quase fui até minha irmã. Porém minhas patas estavam travadas no chão. Sair daqui significa deixar Nessie desprotegida, e isso não consigo fazer. 

Iniciei uma corrida ao redor da propriedade dos Cullens, verificando se esta tudo seguro.

Nessie, andava impaciente dentro da casa acompanhada de Rosálie e Esme, posso ouvir claramente os passos das três. A ansiedade e nervosismo na Pequena, são quase um reflexo meu neste momento. Ansioso e nervoso, aguardando o retorno dos Cullens.

Não identifiquei se foram alguns minutos, ou horas, pois pareceu uma eternidade até a volta de Bella, Edward, Carlisle, Jasper, Emmett e Alice.

Minha impaciência e preocupação tentando vencer meu bom senso, e meu auto controle.

Sentir a ansiedade de Nessie, acaba me tirando completamente o foco. É como se fossemos pontas de um laço, que nos conecta de todas as formas.

— Venha Seth, já estamos todos aqui, Nessie está protegida. — Edward me tranquilizou enquanto entrava na mansão.

Corri para a mata e a transformação foi rápida.

Ao me aproximar podia sentir a preocupação no tom de voz, e na postura de todos ali. 

— Era Irina, as imagens na mente de Seth, são claras. — Edward dizia a Carlisle.

— Sim era, vi claramente. — Bella afirmou.

— Mas qual o motivo da postura defensiva dela? — Carlisle indagava, quando entrei.

— Talvez a presença de Seth? — Bella olhou em minha direção, especulando.

Nessie se lançou em meus braços.

— Eu? – fiquei sem entender, enquanto ajeitava Nessie protetoramente em meus braços. — Hey, está tudo bem agora. — tranquilizei a pequena.

— Pode ser, Irina não nos perdoou por impedi-la de atacar a matilha para vingar a morte de Laurent. — Edward parecia preocupado, mas, não convencido.

— Ela queria nos matar? — fui surpreendido com essa informação, não foi à toa minha posição defensiva quando a vi.

— Ela queria matar Jacob, Sam e Paul, pois eles mataram Laurent para defender Bella. — Edward me colocou a par do assunto.

— Achei que este assunto havia ficado para trás, após nosso casamento. — Bella ponderou.

— Eu também, entretanto… — a frase morreu antes de Edward ter a oportunidade de finalizá-la.

Escutamos um vaso estilhaçar no chão.

Alice estava em transe, os olhos vagando longe dali. 

Sua expressão sempre leve e feliz, se transformando em algo sem explicação. Junto a esse olhar uma expressão de horror começava a estampar o rosto de Edward.

Meu coração se comprimiu dolorosamente em meu peito. Apertei Nessie em meus braços… Ela tocou meu rosto

Não fique com medo, tudo dará certo”. — assenti, pois, a pequena tenta me acalmar, mesmo não fazendo idéia do que realmente estamos prestes a enfrentar.

Contudo me acalmar neste momento, observando a expressão horrorizada de Edward, é impossível.

 

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Meu olhar cruzou o olhar de Bella, no exato momento que a consciência nos atingiu, pois sabíamos que é sobre Reneesme.

Nesse momento Nessie, me observou, e de alguma forma entendeu a situação. Nossa compreensão sobre o que não sabíamos ainda, as palavras que nem sequer chegamos a ouvir, mas ninguém além de nós poderia sentir, e ter mais certeza…. é algo relacionado a ela, 

— Diga de uma vez Edward. — Bella, não tinha emoção alguma na voz. 

O olhar de Edward, confirmando o que já sabiamos.

— A decisão foi tomada. — a voz de Alice era fria como gelo, quase palpável. — Irina foi ao encontro dos Volturi. Todos eles virão. A guarda toda.

— Porque? — Carlisle andava de um lado para o outro.

— Quando? — Emmett indagou.

— Eles precisam de um motivo para virem, vamos adiantar a viagem de Bella, nos antecipar. — Esme sugeriu esperançosa.

— Qual motivo dessa loucura? — Rosalie, se aproximou de Alice, tentando entender o que traria os Volturi, até nós.

— Não temos como impedir Irina? Seja lá qual o tipo de justiça que ela busca, vamos fazê-la entender. — Jasper olhava para Edward, já que Alice, parecia uma estátua de gelo. 

— Ela já está muito à frente, só iríamos perder tempo e correr mais riscos. — Edward parecia fazer uma força fora do normal, para destravar o maxilar e soltar essas palavras.  Seu tom de voz continha uma raiva sem tamanho, e isso está evidente. 

— E por qual motivo, os Volturi vão sair de Volterra, trazendo a guarda até Forks? — Rosálie, tentava arrancar algo de Edward, entretanto, seu o maxilar permanece cerrado, contendo algo que mudará tudo assim que ele falar.

— Reneesme. — Bella sentenciou, a voz apática. Ela sabia, assim como eu.

— A decisão já estava tomada, eles apenas esperavam o motivo. Irina dará um a eles. — Alice estava aterrorizada.

— Eles não vão tocá-la. — quase rosnei. Nessie  ainda em meus braços.

— Não consigo ver de maneira clara, Seth e Nessie atrapalham minha visão. — Alice estendeu a mão para o marido. — Venha Jasper, preciso me afastar, minhas visões certamente ficarão mais claras longe daqui. — Jasper segurou a mão de Alice, e eles saíram pelos fundos da casa.

A dor em meu peito é tão avassaladora que está dificultando minha respiração.

Bella estendeu as mãos para Nessie, que imediatamente foi para o colo da Mãe. Bella a segurou gentilmente, e abraçou protetoramente. Edward abraçou as duas. Como se pudesse formar um campo de proteção em volta delas.

— Ela não é como aquelas crianças Edward. Não é! — a voz de Bella continha um choro seco, pelas lágrimas que é incapaz de chorar agora.

Ele olhou surpreso para a esposa por um instante, talvez por ela saber exatamente o que Alice viu, mesmo sem ler a mente dela, e ter a certeza do motivo que o calou. 

Edward suspirou fundo acariciando as costas de Bella. 

— Eu sei amor. Nós sabemos. — ele tentava confortá-la.

Minha respiração ficou ainda mais irregular. Meu coração disparando frenético em meu peito. Não saber o motivo de vê-los desesperados assim, está me sufocando.

— Do que diabos, vocês estão falando? Nessie, não é igual a quem? Preciso saber tudo o que está havendo e qual o motivo desses italianos acharem que Reneesme, é uma ameaça!!! — algo em mim está se fortalecendo.

Edward assentiu. E fez um gesto para irmos para fora.

Nessie estava inquieta e preocupada. Estendeu a mãozinha para que eu a pegasse. Segurei em meus braços e pude senti-la relaxando um pouco.

Nessie tocou meu rosto…

“Estou com medo Seth”. — seus pensamentos infantis, buscando algo errado durante suas brincadeiras desta tarde, que pudessem justificar a fúria da mulher na mata.

— Acalme-se, estamos aqui. Sua família, eu e todos que a amam. Nada vai ferir você ou qualquer outra pessoa que ame, está bem?! — afirmei.

Me aproximei de Bella, para que ela segurasse a filha e a confortasse. 

“Não vá Seth”. — Nessie estava preocupada sem entender nada ao seu redor.

— Não vou demorar, vá descansar e quando você acordar estarei de volta. — ela assentiu. Nada satisfeita.

Nessie sabia que eu não mentiria ou esconderia nada dela.

— Vamos. — sai da mansão em direção à mata. Seguido por Edward.

Nos afastamos o bastante para Reneesme não nos ouvir.

Edward, começou a me contar o que Irina deduziu ao ver Nessie. E um dos poucos motivos de toda a guarda sair de Volterra. As crianças imortais, e todas as histórias que a cercam.

Cada palavra é dolorosa de ouvir.

Nessie, se torna o alvo principal, ou apenas uma desculpa monstruosa para os Volturi, destruírem os Cullens, que são um dos poucos clãs, numerosos, e juntos podem causar problemas aos Italianos.

Ouvi tudo em silêncio sem saber ao certo qual é a minha expressão neste momento. Nunca senti um medo tão profundo assim, não sei ao certo como reagir.

Edward ficou me analisando durante alguns minutos, após me contar toda a história envolvendo as crianças imortais, e o clã Denali. Explicando o que justificaria Irina ir até os Volturi.

— Eles não irão tocar em Nessie. Nem que eu morra tentando protegê-la, eles não vão chegar perto dela!!! – nunca houve uma certeza maior na minha vida.

Não esperei pela resposta, deixei Edward para trás mudo. Segundos depois o Lobo dominou meu corpo.

Sam, Paul, Embry e Collin, já aguardavam minha chegada e em segundos viram os últimos acontecimentos, e o que estava por vir.

O uivo de Sam rasgou o céu da reserva. Ele quer a matilha toda reunida agora.

Em alguns minutos todos os Lobos estavam adentrando a clareira e suas mentes conectando umas às outras. Exceto uma mente.

A mente que eu preciso agora. Leah.

Preciso da sua força e garra neste momento, ocupando o  lugar deixado por Jacob, a ela. Preciso da garra, que só a minha irmã tem, mais do que nunca.

Leah está na mata no rastro da sanguessuga com Quill e Jared. – Sam afirmou.

Apenas assenti, me sentindo mais seguro. A certeza de ter minha irmã ao meu lado neste momento desesperador para mim, já me dá forças para lutar, mesmo sem saber por onde começar, tenho a certeza que vamos conseguir.







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Notas finais do capítulo

Capitulo editado em Abril de 2022.