Escolhas Indesejadas escrita por Bella P


Capítulo 1
Escolhas Indesejadas




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Era o seu destino, o dragão disse.

De ajudar Arthur a unir todas as terras de Albion. Portanto, com isto em mente, ele não pensou duas vezes antes de usar magia, a mesma magia que era proibida em Camelot sob pena de morte, magia para parar o tempo, para parar a adaga, para permitir que ele pulasse sobre Arthur, o tirando do caminho e salvando a sua vida.

Era o seu destino, o dragão disse.

De ajudar Arthur a se tornar um grande rei. Portanto foi com surpresa que ele se viu dias mais tarde como criado do príncipe, aprendendo a polir armaduras, a vestir a dita armadura no príncipe, o chamar de idiota e acabando por ser punido com humilhação pública e legumes podres. Por salvar a vida dele novamente, desta vez contra Valiant, e descobrir o quanto as suas palavras valiam pouco na opinião de alguém provindo de berço nobre. Mas ele não se importava, porque estava só começando.

Era o seu destino, o dragão disse.

De proteger Arthur de amigos e inimigos e colocá-lo no caminho certo. Portanto ele não pensou duas vezes quando decidiu trocar a sua vida pela de Arthur quando o mesmo foi mordido pelo monstro invocado pela Antiga Religião. E não ficou surpreso ao perceber que acreditava em cada palavra que havia dito ao príncipe quando foi despedir-se dele: ele viveria feliz em servi-lo até o dia de sua morte. Ele apenas não esperou aprender naquela viagem a razão do ódio extremo de Uther por magia assim como tirar sem pedir licença a vida de alguém em troca da sobrevivência de Arthur.

Era o seu destino, o dragão disse.

De proteger Camelot porque o reino seria o coração de toda a Albion quando a hora chegasse. Portanto ele prometeu ao dragão que iria libertá-lo em troca do feitiço que o ajudaria a derrotar Cornelius Sigan. Porque ele faria de tudo para impedir qualquer feiticeiro de destruir o lugar que agora ele chamava de lar.

Era o seu destino, o dragão disse.

De nunca revelar à jovem bruxa o seu verdadeiro potencial. Mas Morgana estava sofrendo, estava assustada, e ele sabia como ela se sentia, pois era da mesma maneira que ele se sentia desde que nasceu. Mas o seu coração puro e mente inconsequente jamais poderiam adivinhar os resultados de seus planos. Uther acreditou que a sua amada protegida havia sido raptada e com isto enviou Arthur atrás dos druidas em um encontro que terminou em mais destruição e mais ódio direcionado a magia. E ele odiou-se por isso.

Era o seu destino, o dragão disse.

De impedir que os soldados de Morgause invadissem a cidade, de impedir o feitiço que colocou todos para dormir. Portanto, sem pensar direito, ele recolheu a cicuta e com um nó na boca do estômago a ofereceu a Morgana. Ver aqueles olhos claros o mirando com tanto desespero foi a pior coisa que aconteceu na vida dele. Algo que ainda lhe dava pesadelos.

Era o seu destino, o dragão disse.

De cumprir a promessa que fez meses atrás de libertar o dragão. E com isto, com o coração pesado, ele proferiu o feitiço, moveu a espada e cortou as correntes e o dragão voou, voou para longe daquela caverna, acima de Camelot, e liberou a fúria dos infernos na cidade. Se ele fechasse os olhos ainda poderia ouvir os gritos, sentir o calor do fogo, aspirar a fumaça e ver os corpos. Mas então Gaius disse à eles que havia uma esperança: o último Senhor dos Dragões, o único que poderia salvá-los, aquele que também era o seu pai. O pai que ele conheceu por tão pouco tempo antes de perder bruscamente e para sempre. Agora ele era o último Senhor dos Dragões e com isto mandou o dragão embora. Camelot estava salva.

Era o seu destino, o dragão disse.

De impedir que o príncipe regente se sacrificasse por seu povo, mesmo que tal ato o fizesse ser ainda mais amado pelas pessoas do reino. Mas um príncipe morto não se tornava rei. Então ele cavalgou com Arthur e seus Cavaleiros na direção da Ilha dos Abençoados com o único propósito de trocar de lugar com o seu mestre. Mas o dragão disse que a sua hora ainda não havia chegado, até mesmo a guardiã do véu disse que a sua hora não havia chegado e quando ele finalmente percebeu os seus arredores viu Lancelot encaminhar-se para a morte em seu lugar. Porque ainda não era a sua hora. E como ele desejou que todos estivessem errados.

Era o seu destino, o dragão disse.

De tornar Arthur o maior rei de todos e ajudá-lo a trazer a magia de volta a Camelot. Mas como ele poderia fazer isso enquanto sentava no chão frio, com lágrimas nos olhos ao lembrar-se das palavras duras de Arthur? A magia era má, era perigosa, era algo que permaneceria banido para sempre daquelas terras. Ele só estava tentando ajudar, ele tinha boas intenções, mas de boas intenções, ao que parecia, o inferno estava cheio. E agora o rei Uther estava morto e com o amanhecer de um novo dia Arthur seria coroado rei.

Era o seu destino, o dragão disse.

De ajudar Arthur a acreditar mais uma vez que ele poderia ser um grande rei. Mas como ele poderia fazer isso enquanto fugiam pelos túneis escuros e frios com Agravaine no encalço deles? Então ele voltou para parar o nobre e inspirou fundo enquanto invocava a sua magia e a liberava sobre os soldados e Agravaine sem dizer uma única palavra. Mas então o homem mais velho gemeu mostrando que ainda estava consciente e deu um sorriso de escárnio para ele quando percebeu a verdade sobre o criado o qual todos dispensavam sem pestanejar. O nobre disse que eles eram parecidos e fúria cresceu dentro dele. Ele não era como Agravaine. Agravaine queria a morte de Arthur e ele faria de tudo para impedir que isto acontecesse. Portanto ele matou Agravaine e sentiu outra parte de sua alma despedaçar com este ato. Porque ela começou a despedaçar no momento que matou Edwin, que perdeu Freya, que quase condenou Gaius a morte por um descuido seu, quando quase matou Morgana, quando perdeu o seu pai e o seu melhor amigo, quando jurou para si mesmo que faria de tudo e mais um pouco para manter Arthur seguro.

Era o seu destino, o dragão disse.

De estar ao lado de Arthur quando a magia fosse trazida de volta para Camelot, quando Albion se tornasse uma única terra reinada pela paz, quando lendas sobre o Verdadeiro e Futuro Rei e o seu leal Feiticeiro começassem a ser contadas.

Mas as suas escolhas o fariam se sentir culpado para sempre.


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