Definitivamente eu estava sob efeito de algum de algum tipo de droga. Semideusa? Eu lutei contra uma mulher cobra e o meu melhor amigo era um bode, ok... Mas isso já era demais.

John estava rindo da minha expressão de retardada eu acho.

- Tá, muita coisa pra absorver né? Mas eu vou explicar tudo, vem senta aqui. –Ele me arrastou pra dentro de casa e me sentou no sofá. 

- Bom, pra começo de história você deve conhecer sobre os Deuses Gregos e tralála... Pois é, eles realmente existem e uma das práticas mais comuns deles é descer a terra e ‘ficar’ com mortais, dessas uniões nascem crianças como você. Semideuses. Os monstros vivem atrás de vocês, mas nós temos um lugar seguro pra te levar que se chama Acampamento Meio-Sangue. Os sátiros como eu viajam por ai pra encontrar esses semideuses entendeu?

- Bom, ér... Entendi. Mas eu sou filha de qual Deus então?

- Bom isso nós vamos descobrir no acampamento quando o teu pai te reclamar. Então, vai arrumar suas coisas pra nós irmos antes que mais monstros apareçam? – Ele disse com aquele tom de achando graça de tudo que sempre me irritava.

- Ok menininho bode, vou fazer a minha mala. – Fui até o meu quarto e peguei o que era realmente importante pra mim. Algumas fotos minha com a minha mãe e o meu pai antes de ele morrer. Esqueci de mencionar não é? Sim, eu tinha um pai, mas quando eu fiz 9 anos  ele morreu em um teste de vôo. Ele era piloto da aeronáutica brasileira e quando ele se foi eu fiquei realmente muito mal, mas eu não sei por que sabia que ele estava bem onde quer que ele esteja de qualquer forma. De um jeito bizarro eu podia sentir isso.  E agora com essa história de semideusa eu não sabia mais quem era meu pai ou mãe biologicamente, mas isso não me afetava em nada. Eu sempre amei os dois incondicionalmente e isso não ia mudar agora.  Peguei também minha caixinha de maquiagem que só tinha praticamente vários lápis de olho, rimel e gloss. Minha chapinha, (Veja bem, meu cabelo é castanho meio dourado e encaracolado, só cacheado nas pontas e na franja. Recentemente eu tinha feito californiana quase loira, mas eu não sabia viver sem minha franja estar lisa. Um pouco de futilidade – Confere.) Minhas camisetas, calças Jeans e shorts,  a minha coleção de 4 all stars que eu não vivia sem , meu notebook e meu celular . Desci pra encontrar com o John.

- Já estou pronta, e ai qual é o plano? – Perguntei.

- Bom, nós vamos tomar um avião daqui até Nova York, como eu já sei que você fala inglês e francês fluentemente nem tive o trabalho de manipular a névoa pra você ter aulas de inglês.

- Como você sabe disso? – Perguntei. Minha mãe sempre viajou muito então ela me botava em muitos cursos pra me manter realmente ocupada e não me sentir tão só, até que funcionaria bem se eu fizesse amigos por lá. Mas enfim...

- Eu tenho meus truques. – O engraçadinho respondeu .

- Então tá. Vamos para o aeroporto.  – Falei.

- Mas antes tenho que avisar a sua mãe. –Ele disse e saio andando em direção ao jardim. Pegou a mangueira, fez um esguicho pra cima e disse. – Ôh íris, aceite a minha oferenda. – Então jogou uma moeda que parecia ouro lá e a água tremeluziu. – Me mostre Ester Alves. – A minha mãe apareceu mesmo ali, como uma chamada 3g.

- Oi mãe. – Falei pra ela que pareceu surpresa

- Oi filha. – Ela disse.

- Ester, eu estou levando a Helena, você sabe pra onde não é? – John falou. – Então qualquer coisa pode entrar em contato conosco.

- Tudo bem John, filha, faça boa viagem e boa sorte. – Ela falou e me jogou um beijo.

- Obrigada mãe. Eu te amo. – Então John soltou a mangueira e minha mãe sumiu. Eu tranquei a casa, e nós fomos andando.

O aeroporto ficava bem perto de casa então nós chegamos lá rapidinho e tomamos o avião rapidinho também. O John fez algo estranho com os dedos que fez a moça do guichê pensar que eu tinha um passaporte, mas era só um pedaço de papel azul dobrado. Ele disse que se chamava manipulação da névoa, fiz uma anotação mental pra pedir pra ele ensinar isso pra mim depois. O vôo foi realmente tranqüilo e o John ficava me fazendo rir a cada cinco minutos, mas enfim descemos em Nova York que era extremamente... Caótica é essa a palavra. Tomamos um táxi e descemos no pé de uma colina. Subimos a colina e tinha um pinheiro com um tapetinho felpudo dourado pendurado em um galho baixo e embaixo um... AAH CARAMBA, UM DRAGÃO CORRE !!

John quase morre de rir da minha cara. – Ele não vai te atacar besta, ele protege o velocino de ouro que é o que mantém as fronteiras mágicas daqui do acampamento, o nome dele é Peleu.

- Ah tá então né... – Falei já querendo me enterrar de vergonha. Vi um portal mais a frente escrito em alguma língua que eu pude entender, acho que era grego talvez Acampamento Meio-sangue. Atravessamos o portal e estava mais quente daquele lado e eu pude sentir um ótimo cheiro de morango.

- Bem vindo a sua nova casa Helena.