Ps I Love You escrita por lucas esteves


Capítulo 3
Traveler


Notas iniciais do capítulo

- O-o que? Mas mãe, a gente não pode receber alguém. Digo, essa pessoa será completamente excluída na escola, você sabe como é o pessoal do colégio.
— Não, não será! Ela escolheu correr o risco, mas não deixaremos ela se sentir mal aqui – vociferou sua mãe. – Se ela confiou que nossa casa era o melhor lugar, nós vamos tratá-la infinitamente bem... E você, mocinho, não vai ousar destratá-la.



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A Viajante

 

 

- Oi mãe, oi pai. – Seb disse, sentando-se à mesa.

- Oi filho. Como foi a aula? – perguntou sua mãe.

- Foi boa. Eu e os meninos conseguimos terminar mais uma musica no intervalo, no estúdio do colégio. E eu e a Annie completamos um ano de namoro.

- Eu tenho certeza que você e os meninos vão ganhar esse concurso. – comentou o Sr. Lefebvre, confiante.

A mulher, contudo, fechou a cara enquanto colocava o almoço.

- Eu acho... – ela começou enquanto ia a vinha da pia à mesa – que essa moça, Annielle, não é mulher pra você.

O marido e o filho suspiraram.

Não era a primeira vez que ela deixava claro seu desgosto pela garota. Seb sabia que sua mãe queria uma ‘princesa’ como nora, mas ele gostava da namorada.

- Mãe, eu garanto, você ainda vai gostar da Annie. – o garoto disse rindo.

- Ok, ok, espero que algum dia... – disse contrariada, finalmente sentando-se ao lado do marido.

- Mudando de assunto... O que foi aquele barulho lá em cima? – perguntou seu pai.

- Hum, quebrei um espelho velho da mamãe... Um antigo que estava socado no meu guarda roupa. – completou após ver o olhar que a mesma lhe dirigia.

A mulher, depois de um olhar repreensivo, sorriu, servindo-o de macarronada.

- Ih, sete anos de azar!

- Na verdade. – interrompeu Sra. Lefebvre – A minha avó costumava dizer que quando quebramos um espelho, ao invez de azar, ele nos mostra a pessoa que mudara nossas vidas para sempre.

Os dois homens desataram a rir.

- É sério. – retrucou irritada. – Experimentem desprezar as superstições da vovó, a vida ainda vai provar pra você, meu filho, que isso é verdade.

- Ah, claro. Como da vez em que você disse que não pode brincar com promessas, fazer elas em vão e por ai vai. – debochou Sr. Lefebvre.

- Promessas são coisas sérias. São coisas que duram a vida inteira e nós temos que cumpri-las. A vida cobra, sabiam?

Os dois trocaram olhares descrentes, parando de rir.

- Bem... – tornou a dizer Sra. Lefebvre. – Lembre-se, querido, que nós temos algo muito importante para contar para o Seb.

O homem consentiu.

- E o que seria? – perguntou o rapaz.

- Filho, você se lembra quando nós nos cadastramos naquele programa de intercâmbio pro caso de você querer ir pro exterior?

- Eu lembro... Eu até que estava empolgado, mas depois eu desisti.

- Então... – continuou seu pai. – Mas acontece que a partir do momento que você podia ir pra fora, alguém também poderia vir para cá, morar um ano ou seis meses, na nossa casa.

Seb ficou em silêncio, apenas esperando que os pais continuassem.

- Pois então, nós fomos escolhidos – disse sua mãe, vendo os olhos do filho se arregalarem. – Por uma família brasileira.

- O-o que? Mas mãe, a gente não pode receber alguém. Digo, essa pessoa será completamente excluída na escola, você sabe como é o pessoal do colégio.

- Não, não será! Ela escolheu correr o risco, mas não deixaremos ela se sentir mal aqui – vociferou sua mãe. – Se ela confiou que nossa casa era o melhor lugar, nós vamos tratá-la infinitamente bem... E você, mocinho, não vai ousar destratá-la.

- Destratá-la?

- Sim, é uma menina.

- E quando ela vai chegar?

- Sábado – anunciou seu pai, alheio a discussão.

- Mas sábado eu ia sair com a Annie.

Sua mãe se levantou com tranqüilidade, levando seu prato já vazio até a pia.

- Hum. Desmarque com ela, eu quero você aqui.

- Mas mãe, é a comemoração do nosso aniversário de um ano de namoro.

- Sebastien, eu não estou nem um pouco preocupada com isso. – retrucou irritada.

- Eu não vou ficar, não vou perder o final de semana com a minha namorada pra receber alguém do outro lado do mundo.

- Aaah, vai sim. E se você não quiser perder um final de semana ao lado daquela lá, eu te faço perder muitos outros.

Seb se levantou da mesa, derrubando a cadeira com raiva.

- SEBATIEN LEFEBVRE, NÃO VIRE AS COSTAS QUANDO EU FALO COM VOCÊ! – esbravejou a Sra. Lefebvre.

O rapaz deu meia volta e voltou à mesa, de cabeça baixa.

- Diz...

- Você vai tratar essa moça muito bem, viu?

- Ta... Ta bom – respondeu com um tom de voz quase inaudível. – Posso subir, mãe?

A mulher respirou fundo, sentando-se ao lado do marido sem perder a pose.

- Pode, pode ir sim.              

Ele começou a seguir até seu quarto, mas parou novamente na porta da cozinha.

- Eu posso ir na casa do David? Preciso levar um negocio pra ele fazer o trabalho de anatomia dele.

- Não pode levar amanha? – perguntou seu pai rapidamente, não querendo que a esposa dissesse um grande e rápido “não” ao filho.

- Eu queria levar hoje, se não tivesse problema...

- Pode ir. – assentiu sua mãe, voltando a sorrir. – E mande um beijo para a Sra. Desrosiers e para o David.

Seb assentiu e subiu para o quarto.

Pretendia ir a casa de David assim que ligasse para Annie, desmarcando o sábado.

Não vai ser fácil.”, pensou.

Na pressa de afundar a cabeça no travesseiro, Seb acabou pisando em um caco do espelho que ali estava e cortando o pé, mas não deu atenção ao machucado, apenas usou o travesseiro para abafar um grito de raiva, pensando em como contar toda aquela historia a Annie sem um barraco.


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