Eu tremula perguntei:
- Presa? Pelo que? – Eu ainda estava abraçada ao corpo de Rachel.
- A senhora ainda pergunta? Você acabou de matar esta moça, da qual eu não sei se é sua parenta ou algo do tipo.
- Ela é minha mãe! – Eu exclamei, chorando novamente.
- Cuidado com o jeito que fala conosco Sra. Green! Pois bem... Então matou a sua mãe?
- Não! Nunca seria capaz disso!
Anthony assistia á aquela cena, calado, sem nenhum movimento. Até que uma voz ecoou pelo quarto dizendo:
- Ela não matou esta moça! Foi um disparo acidental....
Levantei minha cabeça, ali estava o criado do hotel, que havia assistido a toda aquela cena, e finalmente chegou para dizer a verdade. O policial adiantou-se e foi em sua direção:
- Você tem certeza do que esta falando? Porque, pode ser muito grave – Ele ameaçou.
- Sim tenho certeza, e se precisarem de uma testemunha eu estarei aqui. – Ele olhou para mim e concluiu – Para ajudar-lhe.
- Ok.... Ok.... O corpo será levado para o necrotério, e mais tarde liberado para o enterro... E enquanto a você... – Vai ter que me acompanhar até a delegacia, você e o criado.
- Um criado que tem nome... Jonas.
- Sim, Jonas... Você também irá me acompanhar, como já havia dito!
- Espere!- Eu gritei
O policial já cansado daquela “enrolação” virou-se para mim e disse:
- O que a senhorita deseja agora? – Ele disse em um tom de ironia.
- Anthony poderá me acompanhar?
Ele olhou-o, Anthony estava desacreditado daquela situação.
- Sim, mas vocês dois não irão no mesmo carro, para evitar certas coisas.
Eu concordei, e então deixamos o corpo de Rachel para trás, eu dei o meu ultimo beijo em sua testa, abracei Anthony e então trancamos o quarto. Enquanto esperávamos o elevador parar em nosso andar, Anthony cheirou os meus cabelos, beijou no meu rosto e sussurrou em meus ouvidos:
- Não se preocupe tudo irá da certo, e você sabe... Sempre estarei aqui. – Beijou o meu rosto novamente, e abraçou-me com toda a força e amor que poderia ter.
Embarcamos no elevador, em um profundo silencio. Chegando lá embaixo, Jonas e eu fomos no mesmo carro, e Anthony estava no outro, com o delegado. Parecia agonizante estar naquele carro, e com aquela maldita sirene tocando e anunciando: “Eu tenho dois assassinos aqui”. Era horrível.
Ao chegar lá, e descer do carro, minhas pernas tremiam, os meus batimentos cardíacos estavam acelerados. Eu estava totalmente descontrolada, e com certeza isso era perceptível. O delegado mandou-me esperar um pouco, para que ele pudesse arrumar algumas papeladas. Enquanto isso, eu ficava andando de um lado para o outro parecendo uma barata tonta, por conta do nervosismo. Anthony exclamou:
- Tracy! Não vai adiantar nada você ficar andando de um lado para o outro, tente se acalmar sente-se aqui comigo.
Eu parei
- Uma pessoa que esta prestes a ser presa, e você quer que eu me acalme?
Ele ficou calado, não queria confusão naquele momento. O silencio tomou conta novamente, até Jonas ser chamado para entrar na minúscula sala, e contar sua versão de tudo aquilo que havia acontecido.
Meia hora depois ele sai, e então a voz chama: “Senhora Green, pode entrar na sala agora”.  Eu dei um pequeno beijo em Anthony, e secando as lagrimas me encaminhei para o local.
Sentei-me na cadeira que havia, e fiquei frente a frente com o delegado. Ele percebia que eu tremia demais, e então disse:
- Aconselho que se você for falar alguma coisa em sua defesa, seja clara e que, por favor, se acalme.
Eu respondi com um mero “ok”. E então tomei um gole de água, do pequeno copo que ali havia sobre a mesa.  Comecei a contar a minha versão, e com todo o meu coração, toda a verdade que havia acontecido, até que ele me para, percebendo a verdade e tentando fazer com que eu mentisse, ou algo assim:
- E enquanto a Anthony... O que ele estava fazendo ali?
- Como lhe disse, nós estávamos juntos, e ela foi lá para tentar matá-lo.
- Ah sim... – Ele, pois sua mão sobre a outra – E então, você matou-a para que ela não matasse Anthony?
- Não. – Fiquei seria, e de alguma forma esse “não” tornou-se muito claro para ele. – Ela foi levada por uma sensação de susto, e com isso caiu e bateu a cabeça na quina de algum móvel, do qual não me recordo... Nisso a arma voou longe, e eu tentei pegá-la para guardar, e servir de prova para vocês, e então, como eu não sabia manuseá-la ela disparou, acertando Rachel.
Ele me interrogou mais uma vez, e eu respondi a tudo, sem hesitar.
- Muito bem... Espero que isso não aconteça mais, se dirija a este local – Ele mostrou-me um papel – E pague a fiança.
Tentando fazer uma surpresa a Anthony, eu saí de cabeça baixa, escondendo o sorriso que havia tomado a minha face. Ele foi de encontro a mim e desesperado disse:
- Tracy? Você esta presa, quantos anos? Não, não... Não quero ficar longe de você.
Eu abracei-o, e vendo algumas lagrimas descendo pelo seu rosto eu disse:
- Espero que isso seja de felicidade, porque eu não fui presa, eles me liberaram.
- O que?! – Anthony exclamou.
- Isso mesmo que ouviu.
 Ele levantou-me, abrindo um sorriso enorme, e então agradecemos a Jonas, por nos ajudar, e que agora tornaria-se meu amigo. Fomos até o local pagar a fiança e finalmente, eu... Estava livre.
A única coisa que eu poderia esperar depois daquele dia, uma coisa previsível, seria o enterro de Rachel.