Ellwood escrita por Lord Dragon


Capítulo 1
A Bruxa


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro capítulo da história, que serve mais como uma introdução do enredo, não tendo grandes revelações.
Boa Leitura! ^^



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   Os sinos enferrujados da igreja na pacata vila de Ellwood tocaram, chamando os seus fiéis para mais um encontro com o padre Salomão. Eram tempos difíceis e negros para aqueles aldeões que vivam cercados pela densa floresta que cobria quilômetros ao redor da vila.

   Rezar missa era o que o povo de Ellwood mais fazia. Se cansavam de plantar, ordenhar, colher, mas nunca cansavam de rezar para Deus, isso começou a se tornar tradição desde que Ela apareceu. Surgiu das trevas da noite, seus gritos congelavam a alma do mais corajoso guerreiro, voava como um falcão procurando uma presa e o seu manto negro era mais escuro do que o céu sem estrelas. Aqueles que cruzaram o seu caminho, tentaram caçá-la ou até mesmo se unir a ela, nunca mais foram vistos. E foi assim que a bruxa apareceu pela primeira vez em Ellwood.

   Só as preces diárias restaram de arma para os aldeões. E que Deus tivesse a bondade de ouvi-las, do contrário, estariam desarmados.

   - São tempos difíceis, meus amigos – disse padre Salomão – Nossa querida vila está sendo ameaçada já faz dois anos por esse demônio que Satanás nos enviou. Mas eu digo uma coisa a vocês, Deus não nos abandonou. Oh! Não. Ele escuta cada prece que lhe é dirigida, mas hei de haver o dia que elas serão escutadas. Sim. Deus recebe todas as preces, mas aguarda o momento mais certo para dar a sua graça. Vamos orar meus amigos, quem sabe se orarmos com toda a fé que nós temos, Deus nos atenda logo. Pai Nosso...

   E o coral de orações matinais começou. O padre Salomão estava próximo dos seus quarenta anos, mas mesmo assim seu cabelo já estava repleto de faixas grisalhas, bem como o seu cavanhaque e ele mais parecia um espectro quando vestia aquela batina preta e pendurava o seu crucifixo dourado no pescoço.

   As orações foram interrompidas quando a porta da igreja foi escancarada e por ela entrou um velho, com roupas que mais pareciam trapos e terra entre as suas unhas.

   - Padre Salomão – ele gritou – Minha filha! A bruxa a pegou.

   - Santo Deus! – disse o sacerdote.

   Era um vasto campo onde a grama já havia perdido a cor, pois esperava a fria neve do inverno. No gramado, jazia o corpo de uma menina de dez anos, sua pele estava pálida e seus cabelos dourados machados de sangue que devia ter saído da imensa ferida aberta no seu pescoço. A mãe chorava debruçada na filha e o pai estava parado do lado dela, junto de padre Salomão e um homem baixinho, gordo com poucos fios de cabelo em sua cabeça, era Ezequiel, o curandeiro da vila.

   - O mesmo ferimento das outras vítimas –ele disse – O sangue do corpo foi drenado pelo pescoço. Pelo jeito a bruxa deve ser metade vampiro.

   - Isso não tem graça, Ezequiel – padre Salomão o repreendeu – E as costas dela?

   - Não pude ver. Desde que encontraram o corpo, a mãe não sai de cima da garota.

   - E com toda razão. Perdeu a filha. Está fazendo exatamente como Maria fez com Jesus ao tirá-lo da cruz. Uma mãe, sofrendo por ter perdido o fruto de seu ventre.

   - Padre – disse a pobre mulher, o encarando – Por que Deus fez isso comigo? Será que eu não rezei direito.

   - Você rezou sim, minha querida. Deus tem um plano maior.

   - Por que dizem isso? – quis saber o pai, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e se misturavam com o suor – Que plano maior pode estar por trás disso?

   - Você saberá quando ele aparecer, meu bom homem. Mas, não querendo ser indelicado nesse momento tão duro de suas vidas, mas o que sua filha fazia fora de casa durante a noite?

   - Ela nos acordou durante a noite padre. Disse que havia escutado a irmã dela pedir socorro na floresta.

   - E vocês foram procurar por ela?

   - Não, padre, nossa outra filha morreu durante o parto. Eu disse para que ela que foi só um pesadelo, mas parece que ela decidiu sair para procurar por ela.

   - Como eu pensei.

   O padre se afastou, amassando a grama debaixo dos pés. Ezequiel o acompanhou o mais depressa que pode, apesar do seu peso não lhe ajudar a ser veloz.

   - O que você havia pensado, padre? – quis saber o homem gordo.

   - Ellwood está com problemas mais sérios do que pensávamos, Ezequiel. Nem nossas casas são seguras.

   - Mas o símbolo que a Lepra nos ensinou a fazer nas portas impede que a bruxa entre.

   - Infelizmente acho que a bruxa também sabe disso. Ela é capaz de imitar a voz de entes queridos, Ezequiel. Tudo para atraí-los para as suas mortes. Ela está com fome, precisa se alimentar.

   - E o que faremos, padre? Já atiramos, a cortamos, furamos explodimos, queimamos e mesmo assim ela continua viva.

   - Então teremos que tomar medidas drásticas.

   - O que o senhor quer dizer?

   - Há um bispo em Londres que é especialista em caçar seres sobrenaturais. Falarei com o ancião para mandarmos um mensageiro antes que toda Ellwood vá paras entre os dentes da bruxa.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, peço que sempre deixem um review. Sejam sinceros, dizendo se está bom assim ou o que deve ser melhorado.



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