Querido Diário escrita por BTanuki


Capítulo 3
Capítulo 3 - A festa




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A festa

 

Por : Ero-Hime

 

A música podia ser ouvida já na escadaria da casa de Aquário e a festa parecia bem animada. Eram nove horas da noite e isso significava que o belo cavaleiros de Peixes estava atrasado. Era verdade que sempre demorava um pouco mais para se arrumar, mas desta vez também se excedera no cuidado com a aparência.

O rapaz apressou o ritmo da descida, tinha que pelo menos chegar antes do ‘parabéns’. “Ah, droga! Chegar tão atrasado não vai permitir que eu aproveite a noite com o Máscara!”, Afrodite se recriminou mentalmente.

Acelerando o passo, atravessou rapidamente Aquário e próximo a Capricórnio podia ouvir os acordes de The Thong Song.

- Ai! Olha essas luzes piscando! Todo mundo deve estar se acabando de dançar! – Afrodite falou consigo mesmo. O jovem guerreiro sabia que sua conquista seria na pista de dança. Já imaginava seus passos habilidosos e precisos prendendo a atenção dos olhos malévolos de Câncer.

 Adentrou com leveza pela décima casa. Notou que ninguém virara para admirar sua entrada gloriosa. A verdade é que todos olhavam entusiasmados os dois rapazes que estavam no centro da pista de dança. Afrodite se aproximou e percebeu o motivo de sua entrada ter sido ignorada. Os passos em perfeita sincronia de Máscara da Morte e Shura hipnotizavam os convidados, bem como a ele próprio.

Aos olhos azuis e inocentes de Peixes, Máscara da Morte era um dançarino nato. De inegável talento e sensualidade. A cumplicidade dos dois rapazes ao executarem movimentos complexos certamente se devia a amizade e a alguns ensaios. Os olhares que a dupla trocava entre si eram concentrados e os passos provocantes eram um artifício para entreter o público.

A música acabou e a pequena multidão se desfez, elogiando a dupla efusivamente. Os olhos de Afrodite ainda estavam fixos em Máscara da Morte, que abraçou entusiasmado seu companheiro. O guerreiro de Câncer ainda sussurrou algo para Shura, de certo um elogio que o encabulou.

- Afrodite! Você chegou e eu nem vi!- Milo cumprimentou seu amigo dando tapinhas no seu ombro.- Tá olhando o que?

- Nada, menino...- Peixes voltou-se para o jovem guerreiro de Escorpião disfarçando o transe do qual saíra.- Olha ali o Shaka... não sabia que ele estava naquele canto...

- Ah é... ele tá meio caladão hoje... Talvez não esteja gostando da festa...- o menino respondeu omitindo a sua preocupação.

- Oi Afrodite.- O cavaleiro de Aquário se aproximou.- Mal o Afrodite chegou, você já vai fofocar?- Camus voltou-se para Milo fuzilando-o com o olhar.

Escorpião revirou os olhos e respondeu malcriado:

- Eu não estou fofocando nada, seu chato.

- Então vamos pegar algo para beber.- Camus pegou seu amigo pela mão e meneou a cabeça para Afrodite.- Com licença.

Peixes sentiu-se ligeiramente perdido. Máscara da Morte já não estava mais à vista e preferiu procurar o aniversariante. Atravessou a modesta pista de dança, onde Aiolia dançava desajeitadamente e alcançou Shura.

- Feliz aniversário!!!- Afrodite disse enquanto abraçava seu amigo.

- Afrodite! Até que enfim você chegou...- Shura retribuiu o abraço e continuou.- Já estava achando que você não viria.

- Imagina se eu ia perder a sua festa!- O belo cavaleiro pensou em Câncer e corou suavemente.- Tome, aqui está o seu presente.

Capricórnio pegou o pacote e o desembrulhou com cuidado. Seus olhos brilharam quando descobriu do que se tratava. Era um daqueles perfumes caros e tão cheirosos que Afrodite usava. Lembrou-se de uma ocasião em que elogiara o perfume de Peixes, o cavaleiro não percebera que Shura sentira-se momentaneamente atraído pela pele acetinada e perfumada.

- Ah, Afrodite... não precisava...- O aniversariante balbuciou, mas foi interrompido.

- Claro que precisava!- Afrodite retorquiu sorridente.- Se você gostou... Agora eu vou falar com o resto do pessoal.

O cavaleiro de Peixes piscou para Shura e se retirou. Com um suspiro Capricórnio viu Afrodite se distanciar e foi guardar seu presente.

- Afrodite!- Aldebaran, que estava sentado ao lado de Shaka, acenou para Peixes.

- Aldebaran! Shaka!!!- Afrodite falou enquanto se aproximava.

- Oi Afrodite, pensei que não viesse mais.- Virgem falou visivelmente abatido.

Por alguns instantes Afrodite manteve seu olhar fixo ao de Shaka. Percebeu que algo não estava correto, ou pelo menos, não ia bem como deveria ir. Constrangido por ficar encarando seu amigo em silêncio, virou seu rosto examinando a festa e respondeu:

- Eu estava me arrumando...- O guerreiro de Peixes respondeu simulando distração.

Touro achou graça do amigo pisciano e gargalhou animado, sabia que quem não o enxergasse mais profundamente, o veria frívolo.

- Ei! Afrodite!- Aiolia se aproximou do trio cumprimentando o cavaleiro de ouro.

- Oi Aiolia! – Afrodite acenou.- Nossa, você tava empolgadaço dançando hein...

- Pois é...- o rapaz sentiu-se elogiado.- Mas eu ainda vou dançar como você, ou como o Máscara e o Shura...- Concluiu com um sorriso humilde.

Os olhos do cavaleiro de Peixes estacaram na figura que voltava a pista de dança. Máscara da Morte estava com uma calça cargo preta e a blusa azul marinho estava desabotoada, exibindo seu peito liso e úmido. Aiolia continuou conversando qualquer coisa, mas Afrodite nada ouvia. Via como que em câmera lenta seu amado colocar um cigarro nos lábios e acendê-lo. Câncer tragou e a brasa se iluminou, como o sentimento do jovem guerreiro de Peixes. Aos poucos Afrodite sentiu a melodia que tocava invadir seus ouvidos e então percebeu que aquele era o momento de se insinuar e conquistar o cavaleiro de ouro da quarta casa.

“Let me lick you up and down

Til’you say stop

Let me play with your body baby

Make you real hot

C’mon let me do all the things you want me to do

Cuz tonight baby I wanna get freaky with you”

As primeiras palavras da música foram tão impactantes que Afrodite prendeu a respiração. Peixes conhecia essa música, Freak me. Já se imaginara inúmeras vezes dançando esta mesma música de forma atrevida enquanto era observado por seu amado. E assim, seu corpo esguio abandonou o controle de sua mente e começou a se mover na cadência da melodia.

A medida em que ondulava seu corpo, aproximava-se cada vez mais de Máscara da Morte. Afrodite fitava seu objeto de desejo dentro dos olhos e repetia as atrevidas palavras da música. O cavaleiro de Câncer observava perplexo a mudança repentina de Peixes. “Será que ele bebeu?”, o italiano se perguntava. Estava certo, no entanto, que o jovem Peixes não bebera mais do que ele próprio!

Os demais convidados animaram-se diante da exibição de Afrodite. Ele sempre tivera jeito para a dança e geralmente, junto com Máscara da Morte e Shura, animava as festas. Alguns olhares mais atentos perceberam de imediato que aquela movimentação era mais atrevida e obviamente provocante.

- Baby don't you understand, I want you for my nasty man, I wanna make your body scream, then you will know just what I mean, 24 carat gold, Take it slow and overload, I wanna lick you up and down, And then I wanna lay you down.- Afrodite cantava enquanto fazia gestos maliciosos, mordendo os lábios e pressionando as mãos pelo corpo. Câncer até esquecera-se de dançar, apenas fitava, entre surpreso e excitado, a performance do guerreiro de Peixes.

O jovem cavaleiro de Peixes sabia, por ainda possuir um leve resquício de consciência, que estava sendo muito atrevido. A letra da música estava muito além da sugestão, ela aludia o óbvio e apesar de não estar completamente certo em por em prática as coisas que cantava, Afrodite não tinha dúvidas quanto a conquista de Máscara da Morte. Não queria nada além dos beijos do alvo da sua adoração.

Afrodite sentiu-se ainda mais seguro ao perceber que o guerreiro dourado de Câncer estava visivelmente abalado, sentia-se sexy, poderoso e prosseguiu com seus movimentos sensuais e precisos. Quando a música acabou, a pequena platéia aplaudiu e elogiou o belo cavaleiro. Contudo, Afrodite sequer entendeu, ouvia alguns murmúrios que soavam distantes. Seus olhos estavam como que fincados na figura de Máscara da Morte. Sentia o suor colar-lhe a franja na testa, sentia seu peito subir e descer ofegante. Sua boca estava seca de ansiedade. O rosto estava quente, afogueado.

- Você dançou bem.- Máscara da Morte falou após alguns segundos em silêncio. A frase soara levemente impessoal, proferida por aquele sorriso torto que tanto evidenciava a beleza do italiano.

O cavaleiro de Câncer virou-se e foi buscar algo para beber. Peixes permaneceu parado, no meio da pista de dança, dividido entre decepcionado e confuso. Sentiu os olhos arderem e se encherem de lágrimas. “Talvez ele seja assim mesmo... de não demonstrar os sentimentos...”, o jovem cavaleiro pensou consigo. Piscou repetidas vezes, tentando afastar as lágrimas e sentiu um toque impaciente no ombro.

- Afrodite, cara! Mas você é surdo?!- Milo começara a sacudi-lo irritado.- Tô falando com você!!!

- Ai, menino...- Peixes se livrou da mão inquieta que o balançava.- Mas que diabos você quer?

Milo de Escorpião aproximou-se, cobrindo a boca com a mão, e comentou no ouvido do amigo:

- Você tá afim do Máscara?

O vermelho tomou a bela face de Afrodite, que fechando os punhos com força, respondeu irritado a Milo:

- Mas você só pode ser um retardado, Milo! Sem noção!!! Que ridículo!- O guerreiro de Peixes tomou fôlego e prosseguiu aparentemente mais calmo.- E mesmo que eu estivesse... Você tá doido se acha que eu contaria a você...

- É... dá pra ver que você não está mesmo afim dele.- Escorpião simulou uma expressão séria e continuou cínico.- De onde eu fui tirar essa idéia?! Bem, então vamos sentar ali com o pessoal. Tem um salgadinho apimentado de queijo que tá uma coisa!- E tomou então o belo cavaleiro pela mão e o guiou a força.

Peixes não se opôs, estava cansado e desolado. Permitiu ser guiado por Milo até o pequeno grupo de dourados.

- Nossa, Afrodite... você dança muito, cara!- Aiolia comentou animado.

Afrodite respondeu com um sorriso um tanto quanto desanimado e fez um cafuné na cabeça do menino. Máscara da Morte não estava ali. O cavaleiro italiano estava do outro lado do salão. Sequer olhava para o jovem pisciano. Câncer conversava animadamente com Shura. Peixes voltou a sua atenção ao grupo e percebeu que todos, com exceção dele próprio e de Shaka, conversavam animados. Concluiu que não havia motivo para entristecer-se na festa e pôs-se a conversar também.

Distraído e com o humor renovado, o cavaleiro de ouro de Peixes conversava com Aldebaran, quando por curiosidade passou os olhos pelo salão. Começava a tocar uma música que Máscara da Morte costumava cantarolar. Buscou o italiano com os olhos e encontrou-o cantarolando, mas seguindo por uma direção oposta a pista de dança. Parecia se dirigir para fora da casa de Capricórnio. Seus olhares se cruzaram por um breve momento, e os lábios de Câncer se contorceram num sorriso debochado. Seria este o sinal? Esta era a hora?

O jovem guerreiro de Peixes esperou seu amado se retirar do local e então pôs-se de pé. Não sabia se aquilo havia sido um convite, na verdade, esperava de todo o coração que fosse, mas não podia simplesmente ficar esperando por um aviso divino. Iria seguir Máscara da Morte.

- Já vai, Afrodite?- Milo perguntou quando o cavaleiro de ouro se colocou de pé.

- Vou... vou ao banheiro.- Afrodite respondeu hesitante.

Esperou que seus amigos voltassem a conversar descontraídos e então, seguiu a mesma direção que seu amado. Ficou satisfeito pelo fato da música estar alta o bastante para encobrir o barulho de seus passos. Do lado de fora da décima casa sentiu um vento gelado e fraco balançar-lhe os cabelos. Ouviu a voz de Máscara da Morte, ligeiramente abafada, repetir os versos da música. Seguiu o eco obstinado, afastando-se da entrada do templo, embrenhando-se pelos cantos escuros e escondidos até alcançar o italiano.

O cavaleiro de ouro de Peixes jamais havia sentido medo antes, muito menos todas as emoções que invadiram seu peito de forma tão desordenada e confusa. Se soubesse que a imagem que via neste momento ficaria gravada de forma tão violenta em sua memória, jamais teria abandonado o salão, onde conversava tão descontraído junto com seus amigos. Os primeiros soluços saíram antes mesmo que as lágrimas. Os olhos ardiam e sua cabeça parecia querer explodir.

Máscara da Morte de Câncer e Shura de Capricórnio estavam juntos. Se esfregando, se beijando, se abraçando. Juntos.

You and me baby ain't nothin' but mammals So let's do it like they do on the Discovery Channel Do it again now You and me baby ain't nothin' but mammals So let's do it like they do on the Discovery Channel Gettin' horny now ”, o refrão marcava como ferro em brasa aquela visão em sua mente.

Amargurado e arrependido, Afrodite agradeceu aos Deuses por não ter sido descoberto. Pelo menos não seria indigno a ponto de expor seus sentimentos para o casal que desfrutava de momentos tão íntimos. Juntou o pouco que restava de coragem e voltou pelo mesmo caminho que percorrera há instantes atrás.

Ao chegar à entrada do templo de Capricórnio, permitiu-se chorar com todas as forças. Sentiu o corpo chacoalhado pela força do pranto. A visão estava tão embaçada que nada via. Chorou como nunca antes. E para não ser importunado ou questionado do motivo de tanto choro, atravessou correndo a décima casa, deixando seus amigos surpresos, confusos e preocupados.

Assim que chegou ao templo de Peixes, atirou-se em sua cama soluçando e com o corpo dolorido. Pediu a Athena piedade e que tirasse a sua vida, pois não queria continuar a viver com tanta vergonha.    

 

 

 

 

Alguns dos capítulos possuem citação de uma música.

Sugiro aos leitores que tenham interesse, que ouçam a música.

Nos finais de capítulo sempre deixarei disponível a listagem com: capítulo correspondente – título da música /autor.

Divirtam-se!

 

Capítulo 2 – Believe / Cher

Capítulo 3 – The Thong Song/Sisqo – Freak me/ The Booty girlz – The bad touch/ Bloodhound Gang

Capítulo 5 – Emotions/ Destiny’s child

 


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