Um Amor De Infância escrita por Anah


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, meu computador quebrou e voltou só agora, mimi. Desculpa.
Bom, aqui esta mais um capitulo, espero que gostem :)



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Onze anos depois…


Naraku Grant estudava o pergaminho que continha a chave de seu futuro.

"Eu, Beatrix Higurashi, primeira filha do comandante Renaud d'Angoulême, emissário de Felipe II da França, declaro, em meu leito de morte, que reconheço minha filha, Kagome, como única herdeira de minha fortuna e minhas propriedades, de conformidade com as leis deste reino."

Era datado de maio de 1184, assinado e reconhecido com o selo dourado e roxo dos Higurashi afixado no final.

Um sorriso despontou no rosto de Naraku, que recolocou o documento no esconderijo, junto com os pertences de seu falecido tio e começou a caminhar de um lado para o outro.

Sim, era uma idéia brilhante. Posição e poder. E quem melhor para ser condecorado do que ele mesmo?

Seu primo Souta falecera onze anos atrás, e seu tio, John Grant, descansava em paz havia pouco tempo. Quem poderia impedi-lo?

O semblante assustado de um garoto lhe veio à mente. O menino que agora já era um homem, e Naraku sabiam que ele buscaria vingança, tentando recuperar o que um dia lhe fora tomado.

Uma batida na porta. Naraku virou-se e observou seu primo, Perkins, entrar no aposento.

— Você me chamou chefe?

Chefe. Sim, o título o agradava. E muito. Sempre sorrindo, Naraku foi até a escrivaninha perto da janela.

— Sim. Quero que entregue uma mensagem.

Inclinando-se sobre a mesa, escreveu uma nota e assinou-a com um rabisco. Em seguida, dobrou-a ao meio e passou-a a Perkins.

— A quem devo entregá-la?

— A Kagome Todd — respondeu Reynold. — A filha do dono do estábulo.

— Ah… — Os olhos de Perkins brilharam.

Era um homem muitíssimo ganancioso, característica que Reynold apreciava. Perkins enfiou o pergaminho no bolso de sua manta.

— Imagino que a nota deva ser entregue ao pai da jovem.

— Aquele aleijado? Não, de jeito nenhum. A mensagem é para Kagome. Não permita que caia nas mãos de outra pessoa. Cuide já desse assunto.

— Mas… Ela sabe ler?

— Sabe. Um dos caprichos insanos de meu tio.

— Como quiser. A mensagem será entregue agora mesmo. — Caminhou até a porta, então voltou. — Ah, quase me esqueci de lhe avisar que há guerreiros Taishos na floresta! Segundo as sentinelas, devem estar chegando dentro de um dia.

— Quantos são?

— Três. Talvez quatro.

— Reconheceram algum?

— Não.

Naraku agitou a mão, dispensando-o.

— Está bem. Pode ir. Quero que saia neste minuto para entregar a mensagem a Srta. Kagome Todd.

Perkins assentiu e se retirou do aposento.

— Taisho… — Reynold foi até a janela e ficou em silêncio por alguns instantes, observando a paisagem. — Chegou a hora de encerrar esse assunto de uma vez por todas.





Inu Yasha Taisho não conseguia se manter concentrado na caçada. Recostou-se no tronco da árvore e colocou seu arco no chão. A neblina da manhã havia desaparecido em meio aos raios de sol. Inu Yasha desdobrou a manta de lã xadrez, ainda molhada da noite úmida, e enrolou-a ao redor dos ombros para se proteger do ar frio.

Um assobio penetrou a quietude da floresta. Saltando em seu cavalo, Inu Yasha guiou o garanhão na direção do som. Em instantes, deparou com seus companheiros vindo ter com ele. Nenhum deles trazia caça.

— Bankoutsu, errou o tiro, é?

— Sim. O animal era uma verdadeira beleza.

Da última vez em que vira Bankoutsu e Miroku naquela manhã, os dois estavam atrás de um cervo.

— Estamos a dois dias de Braedün Lodge, e não conseguiremos levar nada — disse Miroku.

— É melhor encontrarmos algo. — Inu Yasha lançou-lhe um olhar malicioso. — Imagino que você não gostaria de decepcionar uma determinada pessoa.

— Pessoa? Do que está falando? — Bankoutsu ficou curioso.

Miroku manteve-se calado, no entanto não conseguiu evitar o rubor de suas faces.

— De uma jovem, em especial — respondeu Inu Yasha.

— Kaede? — arriscou Bankoutsu, indignado. — Ela é tão velha quanto às pedras Craig Mur. Miroku, eu não sabia que…

— Seu tolo, não é Kaede — balbuciou Miroku. — É… Sango.

— Ah… Essa é uma bela garota.

— Eu sei, mas não quero que vocês fiquem comentando por aí! — Miroku parou seu cavalo.

Inu Yasha e Bankoutsu caíram na risada. Pouco depois, continuaram seguindo para o sul, por entre as árvores.

— E você, Inu Yasha? Não se encantou por nenhuma das jovens que seu tio Sesshoumaru tentou lhe apresentar?

Inu Yasha nunca contara ao amigo sobre a menina, sobre sua promessa. Ninguém conhecia seu segredo. Ninguém.

— Não tenho tempo para esse tipo de tolices, Bankoutsu.

— Talvez não, mas acho que está na hora de fazermos outra viagem até Inverness.

Inu Yasha lembrou-se da última vez em que haviam estado lá, alguns meses atrás, bebendo e se divertindo com as mulheres. A memória mais vivida que tinha da viagem era a dor de cabeça que o atormentara por dois dias. Era tudo de que não precisava naquele momento. Não, sua impaciência estava sendo incitada por algo bem mais profundo do que a ausência de uma mulher para lhe esquentar a cama.

Chegara à hora.

Sua mãe falecera, e seus irmãos já tinham idade suficiente para cuidar de suas vidas, caso ele viesse a morrer na batalha. Sim, havia chegado o momento de recuperar o que lhe era de direito, e de acertar as contas com o sujeito responsável pela morte de seu pai, bem como pela ruína de seu clã.

A lembrança daquela noite fatídica ardia em seu interior como se tivesse acontecido alguns dias antes. Todas as evidências incriminavam seu pai como culpado, porém Inu Yasha nunca acreditaria. Nunca.

Precisava ter aquela adaga de volta! Por mais estranho que fosse não era a arma cravejada de pedras preciosas que assombrava seus sonhos, e sim a visão de uma menina com o rosto sujo, calça comprida e folhas emaranhadas em seus cabelos desgrenhados.

O garanhão relinchou, e Inu Yasha voltou à realidade. Afastando de si as lembranças sombrias, olhou a sua volta, verificando a posição de suas armas. Tudo estava em ordem. Acalmou seu cavalo com algumas palavras dóceis, e fitou seus companheiros.

— Bakoutsu, o que ouviu sobre Findhorn?

Fazia anos que Inu Yasha cuidava de seu antigo lar. Alguns homens de seu clã viviam nas redondezas, próximo ao terreno cercado. A fortaleza, pelo que lhe constava, estava descuidada, o jardim parecendo uma verdadeira mata.

— Nenhuma grande novidade, Inu Yasha. Os soldados dos Grant continuam patrulhando a área.

— Mas nossos companheiros que ficaram lá não estão ociosos. — Miroku incitou a montaria para frente.

— É verdade. Todos são fiéis aos Taisho e estão prontos para ajudá-lo no que for preciso.

— São homens bravos e leais à memória de meu pai. — Inu Yasha sorriu.

— Você é o chefe, agora. Eles são leais a você.

— Sim, sou o chefe do clã, Bankoutsu. E vocês todos sabem o porquê.

Seu pai estava morto, assassinado por um covarde, e ele não fizera nada para impedir. Inu Yasha cerrou os dentes, pegou o cantil de couro pendurado na sela e deu um longo gole na bebida.

— O que pretende fazer? — Miroku quis saber.

— Reivindicar o que é meu de direito e acertar as contas com aqueles que me roubaram. Eu deveria ter resolvido esse assunto há tempos.

Durante anos a fio, Inu Yasha pensara em vingança. Entretanto, o clã de sua mãe era pequeno, e Sesshoumaru Davidson, um homem prudente. Não costumava permitir que o sobrinho saísse de sua vista durante a infância. Quando mais maduro, Inu Yasha se deu conta de que carregava não apenas as responsabilidades de um homem, mas também de chefe de clã. Não, não poderia ter arriscado a vida de tantos homens em uma missão tão perigosa.

— Como pretende capturá-los? — perguntou Bankoutsu. — O exército dos Grant é bem grande.

Inu Yasha passara anos pensando nesse assunto, obcecado com as estratégias e táticas de guerra, aperfeiçoando suas habilidades e as de seus companheiros.

John Grant poderia ter acabado com a vida dele a qualquer momento, bem como com a de seus companheiros. Todavia, nada disso acontecera, o que serviu para acalmar a ira de Inu Yasha.

Todavia, agora, após a morte de John Grant, a situação era bem diferente. Alguns diziam que fora assassinado, embora não soubesse explicar como. O sobrinho dele, Naraku Grant, se tornara o chefe do clã. Sim, tudo mudara.

— Não podemos correr o risco de atacá-los sozinhos — teve de admitir.

— Todos os Taishos o seguiriam em uma batalha. — O rosto de Miroku brilhou, com uma lealdade que chegou a emocionar Inu Yasha.

— Eu sei. Contudo, não posso trazer morte e destruição ao que restou de meu clã.

Poucos guerreiros de seu pai tinham escapado da ofensiva comandada por Naraku Grant para vingar a morte de seu primo Souta. E Inu yasha carregava consigo o pesado fardo daquelas mortes.

— Não se preocupe Miroku. Nós só agiremos quando tivermos homens suficientes.

Bankoutsu o olhou com curiosidade.

— É isso mesmo, rapazes. Pretendo juntar os Chattan.

— O clã Chattan, a aliança! — exclamou Miroku, espantado.

— Os Davidson estão de nosso lado. — Bankoutsu torceu os fios de sua barba grossa entre os dedos, analisando as opções. — Seu tio é o chefe do clã, e eles o obedecerão sem pestanejar.

— E os Macgillivray e os MacBain? — Miroku perguntou, Inu Yasha estava se cansando daquela conversa. O céu pálido e esbranquiçado da manhã cedera espaço a um lindo azul. Espreguiçou-se e ajeitou o arco em suas costas.

— É um belo dia para caçar.




Ela era a treinadora, agora. Kagome Todd apertou as coxas nas costas do cavalo, que respondeu no ato, trotando para frente, gracioso e submisso. Depois de muito trabalho, conseguira domar o tempestuoso garanhão árabe.

O estábulo do clã Grant produzia os melhores cavalos da Escócia, velozes e poderosos, além de bastante resistentes. Seu pai ficaria contente com aquele garanhão. Se pudesse, teria treinado sozinho o animal.

A lembrança do acidente era tão remota… Kagome tinha doze anos de idade quando Naraku Todd foi jogado da montaria, comprometendo para sempre sua espinha. Ainda podia andar, mas jamais montaria um cavalo sem sentir muita dor. Depois disso, ela não teve dificuldades em auxiliar o pai nas tarefas que sua profissão exigia: treinar novas montarias, transformando-as em cavalos de guerra aptos a carregar os guerreiros do clã.

Kagome guiou o animal pelo pátio do estábulo, inclinando-se um pouco, a fim de manter o equilíbrio. Ela nunca usava sela, preferindo a sutil comunicação entre cavaleiro e montaria.

— Kagome!

Ela avistou Martin correndo, abanando um bilhete dobrado.

— Perkins pediu para lhe entregar esta nota.

— Para mim? — Limpou as mãos na calça e pegou o pergaminho das mãos do jovem. — O que poderia…

Ao abrir o bilhete, a pergunta morreu em seus lábios.

Uma hora mais tarde, Kagome seguia em direção ao Castelo Glenmore.

O chamado para ir até lá despertara sua curiosidade. Por que Naraku a chamara? Quando tinha algum assunto referente ao estábulo, ele conversava com seu pai. Naraku Todd quisera ir junto, mas o bilhete dizia para Kagome comparecer sozinha.

Não existia nenhum perigo. Ela conhecia a floresta melhor do que qualquer homem de seu clã, e costumava cavalgar sozinha desde que deixara a infância. Um sorriso malicioso se formou em seus lábios ao rememorar as tardes que passara com Inu Yasha no bosque.

Fazia muito calor naquele verão. O perfume de pinho permeava seus sentidos. Sua mãe insistira para que colocasse um traje especial, uma herança, na verdade: um vestido de seda amarelo-pálido que Madeleine Todd trouxera da França anos atrás, quando contava a mesma idade da filha agora.

Kagome quisera calçar suas botas de montaria, mas a mãe não permitiu. Colocara um par de sapatos de pelica, que complementavam o vestido. Na cintura, como de costume, a pequena adaga que seu pai lhe dera.

O castelo surgiu a sua frente. Estava na hora de mudar para… Como seu pai dissera? Uma posição condizente com uma dama. Kagome se virou de lado no cavalo e alisou a saia. Era uma maneira ridícula de sentar-se em uma sela. Claro, só poderia ter sido inventada pelos homens para as mulheres.

Cumprimentando seus compatriotas, seguiu até a entrada do castelo. Ao se aproximar das escadarias, desmontou e entregou as rédeas para um garoto.

Quando deparou com Jaken, já dentro do castelo, sentiu um nervosismo incômodo. Diziam que Naraku o conhecera durante uma de suas viagens no ano anterior. Perkins sorriu, analisando-a como se fosse um potro.

— O chefe a aguarda. Siga-me. — Perkins apontou para os degraus de pedra que levavam ao segundo andar.

Alguns minutos depois, ele a deixou em um aposento que parecia ser o dormitório de Reynold. Era um quarto cheio de tapeçarias e móveis pomposos. Apesar de o dia estar quente, o fogo queimava na lareira.

Um ruído chamou-lhe a atenção. Havia uma porta aberta no final do cômodo e, sem pensar duas vezes, Kagome foi até lá para tentar escutar melhor o que acontecia. Eram vozes masculinas. O chefe estava entre eles, embora não conseguisse distinguir suas palavras. Sem dúvida era uma discussão. A voz de Naraku foi ficando mais alta, e Kagome quase desmaiou ao escutar o nome que ele gritou: Inu Yasha Taisho.

Agora ele já era um homem, um guerreiro. Ah, mas sempre soube que esse seria seu destino… Será que se casara com alguma jovem elegante? Uma mulher rica e cheia de posses? As brincadeiras infantis ainda ecoavam em seus ouvidos.

Kagome afastou as lembranças. Estava claro que, onde quer que estivesse, Inu Yasha Taisho irritava o novo chefe do clã Grant.

Inclinou a cabeça na direção da porta no intuito de tentar escutar um pouco mais. Passos rápidos se aproximavam, e Kagome correu para trás. Alguns segundos depois, a porta se abriu por inteiro.

Naraku Grant parou diante dela, estudando-a com seus gélidos olhos azuis. Kagome nunca estivera tão perto daquele homem, e a proximidade despertou-lhe certo temor. Era um homem de cerca de trinta anos, pele clara, cabelos negros e longos, presos em um rabo com uma fita de couro. Uma imponente figura sob a manta do clã Grant. Um guerreiro, um verdadeiro chefe.

Como não aprovou a maneira como ele a olhava, Kagome tentou evitar o rosto de Naraku.

— Chefe. Chamou por mim?

— Kagome … — falou Naraku, pronunciando cada sílaba. Então lhe pegou a mão direita e levou-a aos lábios, beijando-a sem tirar os olhos de cima dela. — Como você está bonita. Tamanha beleza não deve ficar escondida em um estábulo.

Quando ele se aproximou mais, Kagome viu-se forçada a controlar a urgência de dar um passo atrás.

— Tenho um assunto muito sério para discutir com você, minha jovem. — Para seu grande alívio, ele a soltou e foi até a janela. — O que acha deste lugar?

A pergunta pegou-a de surpresa.

— É… muito bonito. Com certeza um dos castelos mais belos de toda a Escócia.

— Concordo. O que acha de vir morar aqui?

— Eu já moro aqui, no chalé de meus pais. O estábulo de treinamento fica a apenas dois quilômetros do castelo.

— Não entendeu bem o que eu quis dizer. — Ele riu. — O que acha de vir morar aqui, no castelo… comigo?

— Sinto muito, mas acho que continuo não entendendo. — Uma terrível premonição irrompeu dentro dela.

— Quantos anos você tem, Kagome?

— Dezenove senhor. Quase chegando aos vinte.

 Por que aquele homem teria interesse em sua idade? Por que mandara chamá-la?

— Dezenove. Já passou faz tempo da idade de casar. Por que não se casou?

Então era isso. As faces de Kagome começaram a arder.

— Não tenho a menor intenção de me casar, senhor. Prefiro cuidar do estábulo. Tenho muito trabalho a fazer e…

— Não quer se casar? Duvido que seu pai pense da mesma maneira.

Suas suspeitas se confirmaram. O pai armara tudo aquilo.

— Não, senhor, ele não pensa como eu.

— Imaginei. Na realidade, chamei você até aqui para lhe dizer que se casará dentro em breve.

Incrédula, Kagome se afastou de Naraku.

— Eu me casar? Com quem?

Um sorriso formou-se no rosto pálido.

— Comigo. No dia do solstício de verão.





Inu Yasha guiou seu cavalo para baixo pelo íngreme desfiladeiro. Não conhecia muito bem aquela parte da floresta, portanto, seguia com cuidado, observando as árvores em busca de qualquer sinal de movimento.

Bankoutsu e Miroku continuaram dirigindo-se para o sul, enquanto Inu Yasha fora para o oeste, atrás de um cervo marrom, o maior que já vira em toda a vida. Em algum momento de sua jornada adentrara as terras dos Grant, mas não tinha importância. Assim que conseguisse capturar sua presa, iria embora.

Seus companheiros o aguardariam no lago Drurie, um lugar a algumas horas de onde se encontrava. Estudou o armamento, analisando a iluminação. Havia tempo de sobra; isto é, desde que encontrasse logo o cervo.

A ravina era permeada de espinhos e pedras, dificultando os passos do animal. Loureiros e lariços acompanhavam o caminho, tão altos que davam a impressão de alcançar o céu.

Inu Yasha lembrou-se de seu esconderijo no bosque. Dele e daquela linda garota. O sol penetrava pelo palio esmeralda, transformando a mata em uma floresta imaginária de sombras e luz.

Permaneceu em silêncio, aproximando-se de um riacho que ficava no final da descida. Inalando o ar fresco e térreo da floresta, estudou as folhagens a sua volta.

Lá estava ele!

O cervo marrom, iluminado pelos raios solares e imóvel atrás de um arbusto. Seu arremesso teria de ser perfeito. Bons arqueiros conseguiriam acertá-lo. Inu Yasha já sentia o peso do animal no lombo de seu cavalo. Sim, aquela presa era sua.

O garanhão, treinado para caçadas, não se mexeu quando Inu Yasha puxou a flecha, mergulhando-a no pote de gordura pendurado em sua cintura. Em momento algum seus olhos perderam o cervo de vista.

O animal enfiou a pata na água, espirrando gotículas para todos os lados.

Era agora ou nunca. Após fazer uma prece para seu santo padroeiro, Inu Yasha ajeitou a flecha no arco e mirou sua presa. Situações como aquela o seduziam ao extremo. Os anos de treinamento, de preparo, os prazeres perdidos provaram valer a pena naquele breve instante antes de soltar a flecha. Um Taisho nunca errava. Então aconteceu.

O cervo levantou a cabeça em sinal de alerta. Um segundo antes de escutar a comoção, Inu Yasha pressentiu o que o animal já notara: cavaleiros!

— Malditos!

O cervo correu para a floresta. Inu Yasha forçou o cavalo a esconder-se na sombra de uma árvore, verificou suas armas e apontou o arco na direção do barulho.

Um garanhão marrom apareceu do meio das árvores do lado oposto da ravina. O cavaleiro, uma mancha indistinta de amarelo e , guiava o animal para o riacho. De repente, ele saltou as águas, porém tropeçou ao pisar na outra margem, jogando o cavaleiro longe.

Inu Yasha procurou por outros, mas não viu nenhum. Com cuidado, foi se aproximando do riacho, sempre com a flecha pronta para atirar.

O cavalo marrom se contorcia de dor no chão ao lado do cavaleiro. Por Deus, era uma mulher! Assim que Inu Yasha chegou mais perto, ela se colocou de joelhos e olhou para cima, assustada com a queda.

Ele perdeu o fôlego.

Os cabelos da jovem eram uma mistura de negro e castanho, envolvendo um rosto arredondado. O vestido se rasgara na altura do ombro direito, revelando a protuberância de um seio delicado. Ela estava cheia de lama, e manchas de sangue sujavam o tecido amarelo do pescoço à cintura.

Assim que conseguiu raciocinar, a jovem arregalou os olhos ao se dar conta da presença de Inu Yasha. Os olhares se encontraram e, um momento depois, ela estava com uma adaga em punho.

Inu Yasha jamais vira uma moça tão linda e encantadora.

O tropel de cavalos o tirou do torpor. Cavaleiros desciam a ravina, iluminados pela luz do sol. Cavaleiros do clã Grant.

A mulher olhou para eles, apavorada. Levantou-se depressa e foi até seu cavalo, sempre segurando a adaga.

Os guerreiros os avistaram e diminuíram o passo. Inu Yasha contou-os. Dez doze talvez. Muitos. Decisão tomada pendurou o arco no ombro e estendeu a mão para a bela jovem.

— Venha. Eles estão quase nos alcançando.

Ela o estudou por um segundo, olhou para os cavaleiros, guardou a adaga, e só depois aceitou a ajuda. Três passos depois parou.

— Meu cavalo! Preciso ajudá-lo — disse ela, voltando-se para o animal ferido.

Sem pensar duas vezes, Inu Yasha pegou o arco e a flecha e atirou no cavalo, acertando-o em cheio.

— Você o matou…

Interrompendo-a, ele inclinou-se e puxou-a para cima de seu garanhão. Então, virou-o e começou a subir a colina, fugindo dos homens, imaginando em que enrascada estaria se metendo.



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Notas finais do capítulo

Vou colocar mais dois capitulos pra compensar a falta de posts ok ? çç



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