CAP. 9 A FUGA

Chegou a cogitar a ideia de se entregar a polícia e devolver a Nina sua paz e sossego. Mas de qualquer jeito seria morto, e era uma coisa que ele não aceitava, nem mesmo por ela.

Por toda a noite ele pensou em como tirar o peso de sua consciência, a culpa por tantas lágrimas que caiam daqueles olhos lindos que o encantavam, num rosto que ele beijou e pelo qual se apaixonou.

Pela manhã Rocky levou para Nina o café da manhã.

Mas para seu espanto e susto ela não estava mais lá.

_ A algema! Eu me esqueci de colocar!

Ele pegou sua moto para sair, mas a gasolina estava espalhada no chão.

Nina havia percebido que estava livre e conseguiu quebrar a porta para sair, mas antes esvaziou o tanque da moto para o caso de ele voltar ainda aquela noite.

Rocky temia por sua própria vida agora, mas percebeu com a sujeira no chão que Nina modificou sua aparência antes de fugir, e que levou as roupas que ele trouxe.

_ Espero que salve sua vida, para salvar a minha.

Ele era um homem inteligente e esperto. Mas daquela vez a paixão por Nina o fez vacilar.

Nina estava perto da lanchonete, na praça onde falou com Rocky pela primeira vez. Queria ir até lá e falar com Caren, pois a via de longe. Mas Caren não a reconheceria naquela distancia, pois Nina estava com seus cabelos louros e curtos como os de um homem, além de óculos de grau que escondiam seu olhar, e a maquiagem no rosto que ela nunca usava.

De qualquer jeito ela não podia se aproximar da loja, por que havia seguranças dos dois lados.

Não era Nina que devia se esconder da polícia, afinal era a vítima. Mas era a vida de Rocky que ela queria poupar.

Depois de observar bastante sua amiga e notar também que tudo estava sob controle na sua ausência, ela saiu dali, e foi caminhando até sua casa.

Ao chegar, havia policiais lá e ela manteve uma grande distancia. Não havia forma de contatar suas amigas sem ser descoberta, pois certamente elas mesmas avisariam a polícia.

Sem dinheiro e sem rumo, Nina não sabia o que fazer agora que não tinha nem a ajuda de Rocky. Pensava nele como um salvador, mas não queria sair da cidade em que nasceu. Em sua mente veio a ideia de continuar vivendo por ali, em outra casa, já que não seria reconhecida por ninguém, e Rocky poderia ajuda-la a sobreviver em troca de seu silencio.

_ E devia ter proposto isso a ele.

Pensou em voltar para a choupana, mas não queria se arriscar, então esperou que ele mesmo a encontrasse.

E não demorou para que isso acontecesse.

Ela estava na praça novamente e foi abordada por uma prostituta que sempre fez ponto naquela região.

_ Você é namorada do Rocky?

Nina olhou assustada para ela. Mas se lembrou de que só ela o chamava assim.

_ Sou.

_ Um homem pediu que eu lhe desse isso.

Ela só entregou um bilhete e foi embora.

“ Entendo que não quer ir embora daqui, mas tem que possuir outros documentos. Me encontre no parquinho perto do shopping para conversarmos. Prometo não prende-la mais.”

Nina atendeu ao pedido por concordar com aquilo, mas quando chegou ao parquinho foi abordada por uma Van, de onde saiu um homem e ordenou que ela entrasse.

_ Rocky me mandou. Coloque essa venda nos olhos. Vou levar você até ele.

Aquele nome tinha que ser a senha para confiança.

Quando chegaram ao destino, um galpão cheio de carros, ele a deixou e saiu fechando o lugar.

_ Rocky? – chamou por ele. Parecia um lugar deserto.

Mas Rocky apareceu entre os carros e se aproximou com um semblante de ira, como de quando ela o conheceu.

_ O que pensa que está fazendo? – sua voz grossa e ríspida também voltou – Está querendo matar a nós dois?

Mas ela não sentia mais medo.

_ Estou disfarçada, não vê?

_ Aquela praça é o último lugar que você devia estar, Nina! – disse quase gritando – Está se arriscando e arriscando minha vida também! Por que fugiu?

_ Eu não quero ir embora daqui.

_ Prefere corre riscos! Que absurdo! Eu achei que você iria sumir. E descubro que está “na boca do lobo”, exatamente onde não devia.

_ Desculpe-me, mas eu não sei ser fugitiva como você!

Ele segurou seu braço.

 _ Então tem que deixar que eu decida seu destino e suas atitudes, pra que não sejam tão irresponsáveis.

_ Acha que sou irresponsável? Eu podia ter ido à polícia, mas não fui pensando em você, Rocky!

Ele suspirou, tentando ser mais tolerante.

Enquanto a conduzia a um sofá explicou o que ela nem imaginava.