My Bulletproof Heart escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 2
1-Oh god, that troublemaker!


Notas iniciais do capítulo

Fiquei surpresa. Ganhei mais reviews do que eu achei que ganharia... Então fiquei animada pra postar :D



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Ao doce som do sinal do almoço, todos nós saímos correndo.

–Sai! Anda! Sai da frente! – fui empurrando todo mundo para chegar lá antes, evitando assim ter que comer as “sobras” do almoço.

Cheguei no refeitório e eu era o primeiro da fila. Levantei os braços e gritei:

–WIN! – todos os pirralhinhos que tinham chegado ali mais cedo olharam para mim de um jeito estranho, mas não me importei. Afinal, eram apenas pirralhinhos, o que poderiam fazer de ruim.

–Ja entendi, fodão, você foi o primeiro. – resmungou Ray.

–Ah, cala a boca aí ô palmeira ambulante! – ri da cara dele. Bob, que tinha chegado logo atrás de mim, me acompanhou na gargalhada. Ray lançou-me um olhar enviesado enquanto eu pulava de alegria.

Anos mais tarde, fiquei lembrando dessa cena... Acho que foi MUITO estranho para os pirralhinhos verem um menino baixinho de 14 anos pulando e comemorando.

–Fodão, vai logo e pega a porra da comida, vai?! – Bob, nesse momento, praticamente rolava no chão de tanto rir.

–Ok, palmeira ambulante, vou pegar a porra da comida! – falei, pegando uma bandeja, um prato e os talheres e levando-os até as funcionárias mal-encaradas que serviam a comida. Uma delas colocou uma coisa nojenta no meu prato. Era branca, gosmenta e estava distribuída em blocos.

–Erm... Tenho medo de perguntar, mas... O que é isso exatamente? – perguntei debochadamente.

–Arroz. – respondeu uma das funcionárias.

Arregalei os olhos.

Isso é arroz?

–Sim. E isso – ela levantou a coisa que ela usava para pegar aquela gororoba – É uma concha que eu vou enfiar na sua “parte de trás” se você não andar logo.

–Eita! Tá bom, docinho! – me espantei, andando rapidinho para o lado. Peguei o resto das coisas nojentas e me sentei em uma das mesas lá do fundo.

O refeitório era praticamente distribuído assim:

Nas mesas da frente, ficavam os populares: Atletas, líderes de torcida, entre outros.

Nas mesas do meio, ficavam os nerds: Presidentes do clube de xadrez, clube de ciências, clube da matemática, clube da puta-que-pariu.

Nas mesas de trás, ficavam os excluídos. E até os excluídos eram divididos: Em uma mesa ficavam os rockeiros, em outra os punks, na outra os emos e na última mesa ficava eu, Ray e Bob. Nós eramos tipo um grupinho a parte, simplesmente porque não nos encaixávamos em nenhum outro grupo. Não éramos populares o suficiente para ficar na frente, não eramos espertos demais para ficar no meio e nosso gosto musical era tão misturado que não podíamos ser classificados como rockeiros, punks ou emos.

Resumindo: Ganhamos a exclusividade de uma mesa só nossa.

–Eca, Ray! Que porra é essa que você pegou? – indagou Bob, cutucando com o garfo uma massa verde e amarela.

–Ela disse que era brócolis com queijo... Mas eu duvido bastante. – ele fez uma careta, que eu também fiz.

–Eu devia começar a contrabandear comida de verdade pra essa escola... E cobraria vinte dólares por cada alimento! Eu ficaria rico! – bufou Bob.

–Mas o que é isso, meu caro! – exclamei – Você vai extorquir a turma toda?

–Eu aposto que eles pagariam até a alma para ganhar algum tipo de comida decente. – disse Ray.

–Tem razão. – resmunguei, empurrando a bandeja para frente – E aí, vamos?

–Claro, passar mais um dia com fome até chegar em casa. – resmungou Ray.

–Melhor do que comer isso aí. – fiz um gesto indicando... Aquilo pode ser chamado de comida?

–Verdade. Vamos embora daqui.

Saímos daquele refeitório cheio e fomos para o pátio.

O pátio... bom, era bem amplo. Alguns bancos brancos estavam posicionados nos cantos, perto de algumas plantas. Do lado direito, haviam alguns brinquedos toscos de criança, como um escorregador minúsculo, uma casinha que só cabiam três criancinhas, entre outras coisas idiotas. Isso tudo era separado por um murinho bem baixo. Do lado esquerdo, havia uma mesa de pingue-pongue que estava sempre apinhada de gente. Mais para o fundo haviam umas mesas onde os nerds se juntavam para brincar com seus cards e qualquer merda do gênero. No fundo, havia a quadra, onde ficavam os populares. Qualquer um que chegasse lá (e que não fosse popular), era automaticamente expulso e virava motivo de chacota por duas semanas.

Experiência própria.

Continuando, os emos se juntavam em um cantinho escuro qualquer. Os rockeiros pegavam seus iPods e se sentavam em uma parte mais alta do pátio e os punks sentavam-se em um banco muito grande que ficava do lado do muro das crianças e reclamavam da vida.

Já nós três, os excluídos, andávamos por aí, parando vez por outra em alguns bancos. Mas na maioria das vezes, nos sentávamos em uma espécie de corredor que havia perto das mesas de pingue-pongue. Ninguém ia lá por causa das histórias de que “um aluno morreu lá” e idiotices do gênero. Eu, Bob e Ray não dávamos ouvidos e você sabe o que aconteceu um dia?

UM BELO NADA!

Oooh! Ficaram chocados? Eu também!

Deixando a ironia de lado, como ninguém ia lá, nós podíamos fazer o que bem entendessemos. Algumas vezes apenas conversávamos. Outras vezes ficávamos ouvindo música. A maioria das vezes fazíamos os dois ao mesmo tempo.

–E aí, vamos fazer o que hoje? Alguma coisa emocionante? – ironizei.

–Que tal só andarmos por aí?

–Você que sabe, Bob.

Começamos a vagar sem rumo, conversando. Até que eu vi, sentado em um dos bancos, o mesmo garoto da sala. Porém, ele não estava sozinho, um menino estava sentado ao lado dele. Os dois pareciam conversar.

–Ei, não é aquele garoto? O tal Gerard?

–Ih, é sim. – notou Bob – Mas quem é o outro? O mais novo?

–Não sei... Provavelmente o irmão dele. – arrisquei.

–É, talvez. Mas por que está tão interessado nele? – indagou Ray.

Examinei-o. Seus cabelos pretos eram um pouco grandes e sua franja caía sobre um de seus olhos. Sua boca era rosada e ele era muito pálido.

Ele até que era bonito...

Mas o que é isso, Frank?! Qual é a desses pensamentos de bicha? Para com isso!

–N-nada... Por nada. Vamos... É, vamos para o corredor.

–Iiiiiiiiiiiiiih Frank, tá gaguejando?

–Vai pro inferno, Ray.

Bob, mais uma vez, morria de rir ao meu lado.

–Apaixonou, é, bichinha?

–Eu mandei você calar a boca – murmurei entredentes.

–Ah, mandou, é? Então vem aqui calar, anão!

Fechei os olhos. Nada me irrita mais do que ser chamado de anão.

–Na moral Ray, vai tomar no...

–Galera, peraí, peraí! – Bob interrompeu meu “lindo palavreado” – Vamos ficar calmos, sim? Vocês não vão brigar na frente do menino novo, né?

Bufei.

–Foda-se o menino novo, eu estou mais interessado em quebrar a cara desse filho da puta aqui!

–Então deixe isso para mais tarde, sim?

Ray bufou, mas concordou. Fiz o mesmo.

–E aí, trouxeram o iPod? – indagou Ray.

–Como sempre. – levantei o dito cujo. Bob também.

Não se preocupe, nós somos assim mesmo: Brigamos, nos xingamos e nos batemos, mas cinco minutos depois estávamos rindo, conversando e brincando.

–Maravilha. Então vamos lá.

Olhei mais uma vez para o lado e vi que os dois meninos não estavam ali. Franzi a testa, curioso.

–BRIGA! BRIGA! BRIGA! BRIGA!

–Ei, o que está havendo? – indagou Bob.

–Eu não sei... – olhamos na direção de onde vinham os gritos.

Vi o menino mais velho, o da minha sala, prensado contra a parede da quadra por uns outros dois garotos do terceiro ano, grandes e burros. O tal Gerard parecia amedrontado, enquanto os meninos do terceiro ano riam e o ameaçavam.

–Ah merda! Aquele criador de problema! – saí correndo na direção deles, ignorando os gritos de Bob e Ray.


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Notas finais do capítulo

Reviews são bem vindas, é.