Lendas Do Acampamento: Vingança De Urano escrita por V i n e


Capítulo 16
O Rei das Serpentes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187986/chapter/16

Eu não aguentava mais ficar sentado. Meu TDAH estava me matando! Não que eu estivesse parado. Na verdade eu me mexia até demais. Olhava, virava, colocava o cabelo de Sophie atrás da orelha e colocava os braços em seus ombros.

- Vai demorar muito? – Perguntei mal humorado.

- Mais cinco horas para chegar a Denever. – Disse Raphaella.

- Aff. – Resmunguei – Preciso de algo para me distrair!

Sophie ergueu uma sobrancelha. Ela revirou os olhos e me beijou. Isso aliviou minha tensão me fez relaxar e sem sombra de dúvida isso me distraiu. Segurei sua nuca, isso era bom demais! O único som que se ouvia era o som dos nossos lábios, movendo-se em sincronia.

- Deuses vocês são insuportáveis! – Murmurou Rapha. – Emma ligue o rádio, por favor?

- Claro. – Disse Emma sorrindo para nos dois. Ela já estava mais calma e já havia parado de chorar o que era bom. Ela ligou o radio e uma música começou a tocar.

- Amo essa música! – Disse Sophie. – When I Look at You.

- Essa letra... – Murmurei. – É uma música muito bonita.

- Amo a letra. – Disse-me ela. - Yeah, when my world is falling apart  And there's no light to break up the dark That's when I, I, I look at you When the waves are flooding the shore and I Can't find my way home anymore That's when I, I, I look at you – Cantou ela. Sua voz era magnífica, como a de um filho de Apolo. Fiquei tão encantado que puxei seus lábios para os meus. Se foi um beijo voraz? Sim.

Segurei seu rosto a centímetros dos meus.

- Sophie essa é nossa música! When I Look At You! Quando eu olho para você! Mil coisas acontecem ao mesmo tempo! Um mar de sensações.

- Tudo bem Cara de Sardinha. Essa é a nossa música!

- Emma desligue o rádio! Eles estão mais melosos! – Disse Rapha torcendo o nariz.

Emma riu e deixou o rádio ligado.

Peguei a mão de Sophie e a puxei mais perto. Ela recostou a cabeça em meus ombros e fechou os olhos.

- Você não dormiu não é? – Perguntei.

- Depois do que aconteceu entre nós eu fiquei boiando no mar das sensações. – Riu ela ainda de olhos fechados.

- Agora durma minha Srta. Wikipédia. – Sussurrei em seu ouvido.

- Você anda muito possessivo não? Meu Cara de Sardinha – Perguntou ela rindo.

- Se você pensa assim... Não posso discordar. – Eu ri. – Eu estou com fome Emma você trouxe os salgadinhos?

- Sim. E trouxe uns sanduíches naturais. – Disse ela.

- Me passa um? – Pedi. Emma pegou um sanduíche enrolado em papel alumínio e entregou a mim.

- Obrigado.

Enquanto eu comia meu sanduíche pensei em Julie. Nós achávamos que ela era uma traidora, até Emma já aceitara a ideia, mas alguma coisa dizia que eu estava deixando passar alguma coisa. Alguma coisa muito importante. E a conversa com Apolo apenas tinha me deixado muito intrigado. Uma pessoa iria morrer nessa missão. Sophie talvez... Mais isso eu não iria permitir! Uma alma por uma alma. Jake me disse uma vez. Eu podia salvá-la caso algo acontecesse, e eu ia salvá-la.

Meus olhos estavam pesados, minha mente vagava sem rumo em um vale de pensamentos. Sophie estava aninhada em meus braços em um sono profundo. Apesar da relutância e do medo de ter novos sonhos, eu adormeci.

O mármore negro brilhava sombriamente na luz cálida da noite, a baixa luminosidade dificultava minha visão.  Atrás de mim eu ouvia um silvo de uma serpente, e um rastejar oculto nas sombras. Olhei para trás, os pelos de minha nuca se eriçando. Não havia nada a não ser o farfalhar das folhas lançando sombras monstruosas no mármore polido. Hesitante viro-me para frente para procurar Brius.

-Feche os olhos! – A voz de meu pai é clara e desesperada em minha mente. – Essa fera vai te matar! Não abra os olhos! Ela não pode te fazer mal em seu sonho, mais se olhar...

Medusa! Pensei.

Eu sei que o que fiz foi perigoso, mais eu sou uma pessoa curiosa. Abri meus olhos em pequenas fendas. Não encarei os olhos da criatura, mas seu corpo era abominável. Escamosa, um corpo longo e maciço como a de uma serpente. Uma serpente grande. Não ousei erguer o olhar, a fera sibilou. Fechei meus olhos com força.

- Você conheceu minha mascote. Williams seu pai sabe que você não pode evitar o que vai acontecer- Disse Brius em algum lugar, sua voz era sufocada por causa do peso do céu. – Você não pode derrotar meu bichinho de estimação. – A fera silvou. – Junte-se a nós ou não se meta conosco. Só um aviso.

Mesmo sem olhar nos olhos dele. Senti seu poder ilusório me domando. Vi a fera, mas não morri. Era uma ilusão.  Uma serpente enorme, uma pena negra se projetava em sua cabeça. Seus olhos brilhavam prateados, o veneno pingava de suas presas, presas do tamanho de meu braço e afiadíssimas. Sua língua bifurcada chicoteava o ar, com um movimento repentino a cobra abriu sua boca gigante e em um bote sinuoso, foi engolido.

Acordei num pulo sem querer joguei Sophie para o outro lado e ela acordou assustada.

- O que foi? – Perguntou ela.

- Serpente... Gigante... Horrível! – Gaguejei.

- Que?

Contei a elas todo meu sonho, não economizei nos detalhes o que tornou a história mais real do que eu queria que fosse.

- Esse monstro. Você disse que ele tinha uma pena negra na cabeça? – Perguntou Emma.

- Sim.

Vi Emma ficar tensa no banco. Ela tremeu.

- Você sabe o que é? Você sabe não é Emma?

- Por Atena que eu esteja errada! – Disse Emma.

- Emma você não pode esconder isso da gente! – Acusei.

Sophie ficou pálida ao meu lado.

- Vocês duas estão me escondendo algo! – Sibilei. – Que monstro é esse?

- Uma fera terrível! Hibrida. Um ovo de galinha chocado por uma rã. Uma fera letal, o rei das serpentes. O Basilisco!

- O que é isso? – Perguntou Rapha.

- Ártemis nunca te contou sobre esse monstro? – Perguntou Emma.

- Não. – Disse Rapha entre dentes. Pelo visto ela não gostou de saber que Ártemis havia lhe escondido algo.

- O basilisco é capaz de matar com um simples olhar. Os únicos jeitos de matá-lo são fazendo-o ver seu próprio reflexo em um espelho, considerando-se que alguém chegue perto o bastante. – Disse Emma. – Ninguém que eu conheça conseguiu chegar perto. Diz à lenda que o basilisco, era chamado o rei das serpentes porque todas as outras cobras, comportando-se como bons súditos, fugiam logo que ouviam a distância o silvo de seu rei, ainda que estivessem se banqueteando com a mais saborosa presa, deixando o manjar para o monstruoso rei. Só há três maneiras de vencê-lo: Fazê-lo ver seu reflexo em um espelho. Se ele ouvir o canto de um galo. Ou ser morto com a lança de um bravo cavaleiro.

- Com o canto de um galo?

- Para ele é letal. – Disse Emma sobriamente.

- E sem dúvida iremos lutar contra ele. – Eu disse temendo meu próprio e indefinido destino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!