Contos de garotos e garotas da escola escrita por Ingrede Snape


Capítulo 1
O garoto Dark




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Ele não era o cara mais bonito nem inteligente da escola. Fazia o tipinho "Me visto de preto, então me deixem em paz". Sempre de cabeça baixa com os olhos em uma revista de meninos e fones de ouvido. Sempre no intervalo se sentava debaixo da mesma árvore. Nunca vi mais de cinco meninos indo conversar com ele. Sempre que iam, era para pegar algum CD ou jogo novo. E nunca vi meninas indo até a árvore. Não acho que ele seja o tipo da maioria das meninas da escola. Elas prestam mais atenção naqueles bonitões ou nos que possuem motos. Juro que já tentei diversas vezes passar pela árvore como quem não quer nada e dizer algo a ele. Já ouvi todas as bandas que vejo nas camisas que ele usa. Já fui para escola com um look dark também. Já me sentei em um banco próximo a ele com uma revista de rock na mão e fones de ouvidos estridentes. Mas ele nunca levanta a cabeça. Nunca olha para ninguém.

Mais um dia ele me surpreendeu. Era um dia qualquer na escola, com as matérias mais chatas que você pode imaginar. O sol queimava loucamente naquela terça. Era verão e o jardim da escola estava limpo e arrumado. Me sentei de costas para o pátio e fiquei observando. Distraída não vi que alguém se aproximava e se sentava no mesmo banco que eu, de costas para o pátio. De costas para os outros.

Muda. Foi isso que fiz, fiquei muda. Olhei para ele que estava menos pálido que o normal. tinha uma mecha cacheada tampando um olho. Seus lábios estampavam um sorriso tímido.

_ Olá, menina de florzinhas.

Ele estava rindo do meu casaco??

_ Humm, olá menino dark solitário.

Ele riu. E isso é algo que o mundo precisa ver. Já estava claro o dia mais depois que ele sorriu tudo ficou ainda mais luminoso. Ele não era desse mundo.

_ Olha, pelo que eu percebi você também é uma solitária por aqui...

_ Então veio me fazer companhia??

_ Bom, se me quiser aqui...

Quase gritei: "CLARO!" mais me contive. A única coisa que consegui fazer foi desviar os olhos. Ele encostou ainda mais e colocou os fones de ouvido.

_ O que você gosta de ouvir??

_ Bom... eu - pensei em dizer uma banda que ele gosta mas preferir não esconder nada. - eu ouço bastante bandas novas da internet, mas costumo mais ouvir pop rock!

_ Compreendo. Mas diz uma banda?

_ Hummm, Panic! At the disco.

_ Seu gosto musical não é tão ruim assim. Há uma esperança para você - disse sorrindo - Quer que eu traga um pôster deles pra você? Eu trabalho em uma lojinha de artigos de rock.

_ Ahhh, claro! Quanto fica?

_ É um presente, boba!

_ Sério?? Ahhhhh obrigada mesmo! - Disse quase pulando do banco.

_ Trago qualquer dia! Mas me diga, qual o seu nome?

_ É Melissa, e o seu?

_ Théo.

_ Teodoro, Teobaldo ou só Théo?

_ Só Théo.

_ Que lindo!!

_ Agradeça minha mãe. Olha, já vou para sala, faz uns 10 minutos que a sirene tocou. Te vejo nesse mesmo banco amanhã?

_ Ahh, tudo bem!

Quarta, quinta, sexta, segunda e assim por diante. Sempre nos viamos ali. A garota florida e o cara da blusa do Slipknot. Ele sempre engraçado e misterioso e eu sempre tímida. Mas sempre feliz em tê-lo por perto. Todos comentavam sobre a gente e ele sempre ria dos comentários e dizia: "Que legal, graças à você sou popular!". Eu nunca dizia nada sobre o assunto. Tinha medo que ele pensasse que eu andava espalhando os boatos. Tinha medo de que nós fossemos amigos e não outra coisa.

Mas dessa dúvida ele me livrou. Um dia no mesmo banco (já não se sentava mais debaixo da árvore), ele pegou de leve na minha mão e disse:

_ Sabe porque você sempre me via sentado naquela árvore?

_ Não, porquê?

_ Eu estava te esperando.

_ Me.. me esperando??

_ É, desde da primeira vez que você passou por mim no corredor, Melissa, eu percebi que esse ano ia ser o melhor da minha vida. Então eu te esperei.

_ Só que eu não fui até você.

_ Eu sei. Mais eu pensei: "A vida é curta, e com ela pode valer a pena", então tomei coragem e me sentei nesse banco. Foi ai que tudo começou.

_ O que começou?

_ Meu amor por você.

Um suspiro de surpresa saiu de mim. Como pode ele ser tão fofo? Não disse nada, eu não sabia o que dizer. Ele acariciou meu rosto e pôs uma mecha do meu cabelo loiro atrás da minha orelha. Se aproximou e me deu um beijo na testa. Bem de leve. E então, desceu seu rosto até meus lábios. Nessa hora eu descobri, que foi bom ter esperado por ele.


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