POV Jade.

Ele havia me perguntado,  e eu tinha um nó na garganta, tudo passou pela minha cabeça, e parecia uma estupidez.

Me remoia a vontade de abraçá-lo e beijá-lo, como eu sempre fazia  ... Mas, agora eu não poderia fazer isso... Ele pigarreou, e então me lembrou que eu estava devendo uma resposta a ele.

- N-não importa! – Quase gritei. Ele se encolheu, um passo para trás.

Virei-me de costas... Não queria olhar mais para ele. Passava as mãos em meus braços, tentando me aquecer, eu tremia de frio. Isso tudo que eu fiz, querer me matar... Era idiotice.

FLASHBACK ON#

Eu estava já debaixo d’água, a alguns segundos. Observava todo o lago, antes de morrer... Ele era escuro e sombrio.Senti alguém pulando na água, mais estranho... Será que alguém mais queria morrer ou estão jogando cadáveres no lago?

Senti uma mão passando por minha cintura, e me agarrando por baixo dos seios. Mais que diabo! Quem pensaria em me tirar da água?

Mesmo não sabendo quem era, tentei me soltar, eu não conseguia de jeito nenhum? Seria a morte me levando?

Não conseguia olhar para cima, o jeito em que eu estava posicionada e a pressão da água dificultava ver quem é que estava me levando... O braço que me agarrara firmemente, era de cor branca, levemente bronzeada, e me puxava com cuidado e delicadeza, como se eu fosse uma pétala de rosa... Estranho, quem seria?

Algum homem que me viu pulando? Provavelmente... Então me deixei levar, já não tinha mais oxigênio, estava sem ar... E já que eu não iria morrer afogada neste lago, era melhor ir para a superfície e respirar mais um pouco. E isso demoraria menos, se eu não estivesse arranhando e mordendo o braço do homem para ele me soltar.

Cheguei a superfície, quase sem força e completamente sem fôlego. Ele me deitou delicadamente na grama, ai eu fechei meus olhos. Senti ele deitando do meu lado, tentando retornar a respirar normalmente. Eu também fazia o mesmo, só que com muito menos barulho.

Depois de uns cinco minutos, apenas ouvindo a respiração acelerada e alta dele, me levantei da areia, e olhei para o meu “herói”.

AH! O QUE ? ERA O JONH? O QUE O JONH ESTAVA FAZENDO AQUI? ELE FOI SUBISTITUIDO NO ULTÍMO SEGUNDO PELA PESSOA QUE ME SALVOU? ATÉ ONDE EU SABIA ELE QUERIA ME INFERNIZAR, E NÃO ME SALVAR DA MORTE!

- O que? – Eu perguntei, enquanto uns montes de perguntas indignadas passavam em um flash pela minha cabeça.

- Jade. – Ele falou, em um suspiro, olhando para as árvores e não para mim.

- Por que? – Eu perguntei, no meu tom usual, só com um toque de curiosidade na voz. – Por que me salvou? Não viu que eu pulei para morrer?!

- Só não pude deixar isso acontecer. –Ele falou, balançando a cabeça em sinal de “não” lentamente. Enquanto se levantava, eu me levantei também.

- Por que quis me salvar? Por que entrou nessa água gelada por mim? – Eu perguntei, afinal... Que joguinho era esse que ele estava tramando para cima de mim?

- Por que ainda quero lhe infernizar muito... – Ele falou, sempre limitando a resposta.

- Você me viu pulando? – Perguntei o obvio, não estava raciocinando direito.

- É claro que eu vi. Se não agora provavelmente você estaria morta. – Ele falou, passando as mãos pelo jeans molhado.

- O que está fazendo aqui? Estava me seguindo, não é? - Usei meu tom de deboche na ultima pergunta. 

- Não, sua idiota. Um velho amigo do meu pai faleceu, por isso vim aqui ver o enterro. – Ele parou, e depois ficou me olhando, com cara de bobo... Minha blusa deveria estar transparente e colada por causa da água. – Diferente de você, que veio aqui apenas para jogar fora o inferno de sua vida, e me obrigar a  pular nesse lago gelado.

- Você não era obrigado a pular, fez isso de por que quis. – Falei na minha voz mais fria o possível, com os dentes cerrados.

Depois de um breve momento de silencio, algo passou pela minha cabeça. E então...

- SEU IDIOTA! – Eu gritei, enquanto tentava espancar ele.

- O que você tem? – Ele me perguntava, enquanto desviava dos socos, dos arranhões e dos murros.

-  VOCE CONTOU PARA O BECK QUE EU  TINHA FEITO SEXO COM O ZACK! – Eu gritei, e  depois me arrependi... Mas  olhei em volta e não tinha ninguém por perto.

- Ué... –Ele se deliciou em um pensamento, logo depois começou a rir. – E-eu – ele tentava falar em meio as gargalhadas irritantes. – E-eu, eu não falei  isso... Nem sabia... Anta!! – Ele ria e quase chorava com isso...

O  QUE? ELE NÃO HAVIA CONTADO AO BECK? EU FIZ PAPEL DE IDIOTA?

- Como assim?  O Beck havia me falado que você tinha contado para ele que eu tinha esse segredo, e eu precisava falar a verdade! – Eu falei, segurando o choro.

Ele ria – Não, eu falei para o Beck que você tinha segredos, nem sabia que você tinha o traído com o Zack... – Ele continuava a rir.

Então meu relacionamento tinha se acabado em vão... Eu havia contado ao Beck que eu tinha o traído com o Zack, mesmo ele nem fazendo idéia disso! AAAH! Agora sim, eu preciso morrer!

- SEU IMBECIL! POR QUE VOCE FOI FALAR ISSO PARA ELE? – Eu já gritava de novo, tentando acertar um murro na cara dele.

Ele se desviou e segurou meu braço o jogando para o chão, e então eu me afastei dele... Me roendo por dentro de raiva.

Ai daí em diante, o Beck chegou... Eu quase pulei para abraçá-lo, mas me reprimi no ultimo minuto.

FLASHBACK OFF #

- Jade... – Senti ele chegar mais perto. – Não faça isso de novo... – A mão dele tocou o meu ombro.  - ... Não perca sua vida maravilhosa... – Senti a respiração dele bater em meu pescoço ainda molhado. – Não faça isso comigo... – Ele apenas falou, enquanto me abraçava por trás, eu podia sentir o hálito doce e fresco dele, com aquele toque de menta.

POV Beck.

- Jade... –Cheguei mais perto dela, falando calmamente – Não faça isso de novo... – A minha mão tocou o ombro gelado e molhado dela.  - ... Não perca sua vida maravilhosa...- Cheguei cada vez mais perto-  Não faça isso comigo... –A abracei por trás, tentando aquece-la ao máximo.

Me lembrei das ultimas 48 horas, e então fiquei tenso e de uma vez a soltei e recuei um paço para trás... Fui longe demais, eu sabia o que iria acontecer de novo... Eu a beijaria e assim seria esquecido tudo o que aconteceu entre a gente... Mas eu não podia fazer isso, agora não... Pois sempre na minha memória viria a imaginação dela me traindo com o Zack, isso era insuportável.

Ela se virou para mim, com a expressão : “ Por que diabos você parou? ”. Então apenas fiz o que passou por minha  cabeça.

Tirei meu casaco jeans e coloquei sobre os ombros gelados  e molhados dela, com a maior delicadeza o possível... Como se estivesse embrulhando a peça mais valiosa do mundo.

- Se seque, vá para casa logo! Não faça isso de novo, por mim. – Falei a ela, enquanto acenava com um meio sorriso e ia embora sem deixar explicações.

Apenas me virei de novo, e vi ela me olhando com aqueles olhos azuis acinzentados, pedindo uma explicação, enquanto apertava o meu casaco jeans sobre o seu corpo.

Voltei a olhar para frente, antes que o desejo de voltar lá e beijá-la me tome por completo. Então fui fazendo o caminho de volta para o carro, com um peso nas costas querendo voltar para ela.

POV Jade.

E então ele foi embora... Me deixou... Mas, isso já  era de se esperar.

Já tinha até esquecido que o Jonh estava nocauteado, mas o que me lembrou foi o celular dele que começou a tocar.

Ah, que se dane, Jonh... Mais... Ele me “salvou”, por que senão eu não teria tido esse momento com o Beck.Então de algum modo, eu estou o devendo essa.

Me ajoelhei ao lado dele e procurei o celular pelos bolsos da calça jeans molhada, assim que achei, era o pai dele ligando... Apelidado gentilmente de “Papai”;

Então o enterro do amigo do pai dele já havia acabado, e o pai estava ligando preocupado para o filho. Seria um pouco estranho o pai ouvir uma voz feminina atendendo o celular, então eu ignorei, e desliguei o celular dele.Iria tentar cuidar do Jonh, pois era estranho ele não ter acordado até agora.

Não queria ir ao hospital, pois teria de dar informações aos médicos, e iriam descobrir que socaram a cara dele até ele desmaiar.E então eu não teria coragem de falar que foi o Beck, e para protegê-lo contaria que fui eu que tinha o nocauteado.E chamariam meus pais e os pais do Jonh... E isso viraria uma situação insuportável de se lidar.

Eu tinha vindo com meu carro, então seria mais fácil levar o Jonh até lá. Sem que o pai dele visse. Eram quase meio dia, então certamente meus pais não estariam mais lá e voltariam apenas tarde da noite, como sempre, dando a desculpa de “Ficar ocupado demais com o trabalho.” Todos os dias eram a mesma coisa, principalmente nesse mês, eu só vi meus pais uma vez nessa semana.

Levantei com dificuldade o Jonh, nossa como ele pesava. Coloquei o braço dele por cima dos meus ombros e fui o arrastando discretamente até chegar ao meu carro, no estacionamento... Hoje seria um dia exausto...