Essa era uma das melhores sensações que senti na vida, de ter na mente o pensamento de que tudo estava voltando ao normal, bem e  realmente perfeito. Eu não deixaria ninguém estragar aquilo.

POV Jade.

Havíamos finalmente chegado em casa,quer dizer... No RV do Beck,que também é minha casa. No hospital tivemos uma longa despedida da Cat, com todos aqueles “tchauzinhos” e risinhos. Na viagem de carro, Beck havia me perguntado 400 mil vezes se eu estava realmente bem. Eu estava bem, só estou mesmo precisando de café.

- Você não está sentindo fome? – Ele me perguntou, assim que eu sentei no sofá e liguei a TV.Estava passando Simpsons, pelo menos ainda não tinha visto esse episodio.

- Não estou sentindo nada. Além da extrema vontade de beber café. – Eu estava furiosa. Ele me devia café... Mesmo depois de ter pagado as despesas do hospital, almoço ... Mais, ele ainda me devia uma xícara de café.

Observei ele rir enquanto ia para a cozinha. Ele começou a fazer café. Ótimo! Finalmente. – Sorri enquanto me inclinei delicadamente no sofá. Minhas pernas e braços estavam cheias de ataduras, meu braço esquerdo estava com um gesso,( ainda bem que era o esquerdo, pois eu uso o direito para tomar café e para escrever) Jonh havia quebrado meu pulso. E minhas costas estavam doloridas. Eu realmente me sentia um lixo.

Alguns minutos depois, ele veio com minha xícara favorita de café. Eu sorri quando ele me entregou. Provei. Perfeito... O café que o Beck faz é o melhor café que já provei, melhor do que o da escola, melhor do que o da cafeteria, melhor do que o meu...

Enquanto pensava o quanto absurdamente o café dele era o melhor café do mundo.Pude ver ele ficando tenso, e se sentando ao meu lado.

- Beck?  - Perguntei, abaixando a xícara.

- Oi? – Ele sorriu se virando para mim.

- O que foi? – Eu perguntei, o encarando.

- O que? Nada. – Ele me olhou com uma sobrancelha levantada. Ele estava mentindo, eu sabia disso... Beck poderia ser um bom ator, mais eu conheço ele a 4 anos e meio. Ele é meu namorado, eu sei quando fala a verdade e quando não fala.

- Beck. – Usei meu tom de voz advertido. Ele se distanciou, sorrindo.

- O que? – Ele me perguntou, fazendo careta.

- Vai me dizer o que esta se passando ou não vai? – Minha raiva e fúria voltaram.Ele se encolheu e riu nervosamente. – Beck!

- Tá legal! – Parece que finalmente ele iria confessar. – Não sei como dizer isso...

- Dizer o que? – Eu perguntei. Essa conversa não estava levando ninguém a nada. – Apenas diga logo! Já.

- Ok! – Ele falou nervosamente. – Bom... Huh... Hã

- BECK! – Eu gritei. Ele estava começando a me irritar. Senti o braço dele passar por minhas costas, segurando minha cintura. Isso de alguma forma de acalmou.

- Sabe... O Jonh... – Ele começou depois de uns segundos em silencio.

- Sei.

- Ele apareceu... Hoje de manha no hospital. – Ele falou rapidamente.

- Ele? Hã? E como assim? O que ele disse? Por que ele foi lá? – Eu perguntei apenas algumas das perguntas que viam em turbilhões em minha mente. Afinal, o que o Jonh queria?

- É. – Beck não respondeu nenhuma pergunta. – Ele apareceu lá pedindo desculpas.

- Oh? – Eu perguntei, zombando. – Desculpas?

- É... – Ele mordeu os lábios. Ficava tão quente assim. - ... Ele pediu desculpas, para mim e principalmente para você.

- E? – Eu perguntei. Queria que ele andasse logo... O Jonh pedindo desculpas? Isso pode ser alguma brincadeira sem graça...

- Me mandou entregar isso. – Ele tirou aquele envelope branco do bolso, o que a Cat havia perguntado o que era.

Eu peguei o envelope, e pude ver que era uma carta direcionada a mim. Eu olhei meio confusa e com medo para o Beck.

- Abrir? – Ele me perguntou.

- Tem certeza? – Eu perguntei, com medo... Era poucas as vezes que eu sentia medo de verdade, uma foi quando eu terminei com o Beck, a outra foi quando eu vi o Jonh na escola.

Ele hesitou, e depois concordou. – Abre.

- Ok... – Falei com a voz tremula. Coloquei minha xícara de café de lado.

Abri o envelope, e lá tinha um papel com a letra do Jonh; Comecei a ler.

Jade,

       Primeiramente quero te pedir desculpas, por tudo que fiz, por tudo que sou. Todas aquelas dores e angustias que você passou, todas as lágrimas que deixou cair... Foram culpa minha. E hoje, eu desejo mesmo voltar ao tempo e mudar tudo aquilo.

       Eu falei que te amava, mais eu não sabia o que era amor. Sempre fui cercado de mimos e garotas a minha vida inteira, até que conheci você... Sempre uma garota diferente e imprevisível. Achei que te amava, mais eu apenas queria ter posse de você. E quando você foi embora, minha vida acabou. Eu sabia que tinha que te achar e fazer você sofrer... Mais lá no fundo, não era isso que eu realmente queria.

   E ainda, fiquei com raiva ao ver você com o  Beck. Não suportava te ver feliz assim... Tentei separar vocês, mais... Os dois pareciam imãs. Beck nunca parou de lutar por você, e eu creio que nunca vai parar.

     Me desculpe, e eu nunca mais vou aparecer na sua vida. Percebi que você não é a garota que eu devo correr atrás.

     O mínimo que posso fazer agora é pedir desculpas, e desejar com todo o coração que você seja extremamente feliz, ao lado dele.

 Não vou mais aparecer na sua vida, vou morar com meus avós em Londres...

Espero que consiga esquecer tudo de mal o que te fiz, mais...  que ainda se lembre da pessoa boa e sincera que existia dentro de mim, e que pouco aparecia.

                                                  Até mais, Jade West.

                                                                                                                                                                                     - Jonh Esttiw.

- Deus... – Foi o que eu consegui dizer, depois de um tempo para minha mente fixar o que meus olhos tinham acabado de ler.

- Jonh... Nos deixou em paz... – Beck falou tenso. Logo depois deu um sorriso grande.

- Finalmente. – Minha voz saiu mais animada do que eu havia previsto. Eu olhei para o Beck, ele olhou para mim... Olhos marrons, quentes e brilhantes... Eu sempre me perdia ao olhar naqueles olhos.

O que veio na minha mente depois disso? – Eu o beijei. Eu apenas o beijei... Voltamos ao nosso perfeito mundinho... Onde tudo dá certo, onde nada é perfeito. Apenas os beijos.

Ele me beijou de volta, ardentemente. Estávamos felizes,pela primeira vez em semanas... Estávamos nos sentindo livres.

Eu sorri entre o beijo, estava fazendo isso várias vezes... Estou me tornando previsível! Argh.

Nos paramos o beijo por falta de ar. Maldito ar... Por que tem que acabar tão rápido em nossos pulmões?

- O que foi? – Ele me perguntou preocupado.Estava ofegante por causa do beijo.

- O que? – Eu perguntei. Do que ele estava falando?

- Você está chorando. – Ele me disse. – Por que?

Eu toquei rapidamente em meus olhos... Estava chorando sem perceber de novo? Afinal, que diabos está acontecendo comigo?

Enxuguei as lágrimas rapidamente. – Nada. – Respondi.

- Nada? – Beck perguntou, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Estou feliz... Tão feliz que estou ... chorando. – Eu havia dito isso? Deus! A obscura e malvada Jade West havia dito isso? Argh!

Beck sorriu, ele limpou mais uma lágrima que havia escorrido do meu olho. Do nada senti todo aquele peso que eu carregava em minhas costas, todas as angustias, e sofrimentos saírem, se exalarem de mim... Estava realmente livre.

Eu  o puxei para perto de mim e comecei a beija-lo novamente. Nos deitamos no sofá vagarosamente. Eu nem me importava com a dor que estava sentindo nas costas, nos braços, ou nas pernas... Eu apenas queria aproveitar esse momento.

- Jade, você acabou de sair de um hospital. – Ele disse parando o beijo e se levantando.

- Argh! Que seja! – Eu me inclinei  e voltei a beija-lo.