Take a chance escrita por BlazeJ


Capítulo 7
Without the ones I love


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais pra linda da Camrivotril, mais uma leitora. E desculpa por qualquer erro, eu simplesmente escrevi, nem revisei.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187726/chapter/7

Nathália


O que eu mais desejava naquele momento era que ele simplesmente me beijasse. Ao invés disso, ele deu um beijo longo e demorado em minha face, fazendo-me corar. Quando colou mais uma vez sua testa na minha, levantei a cabeça, afim de aproximar-me cada vez mais dele. Ele correspondia o ato, o que fez com que nossos lábios se tocassem, e eu ficava cada vez mais ofegante. Eu estava prestes a beijar M. Shadows.

Então a porta a nossa frente abriu, e Arin saiu de dentro do depósito, fechando-a com violência. Me assustei e em um pulo afastei-me de Matthew. Viramo-nos para Arin.

– Ah, foi mal – disse ele enquanto passava a mão pelo cabelo, percebendo que estava atrapalhando alguma coisa muito importante. Shadows lhe deu um murro no braço, e rindo disse:

– Não tem problema, pirralho. Me faz um favor, pega um violão lá dentro pra mim?

Arin concordou, balançando a cabeça, e entrou. Matt e eu nos encaramos sorrindo por mais alguns segundos, e logo o baterista magrelo estava de volta, entregando um violão preto para o maior.

– Valeu, cara. Agora volta lá pra dentro e termina o que você começou – disse Matt, arqueando as sobrancelhas. Arin riu e respondeu com um “vai se foder, seu puto”. Saímos dali ainda rindo, e rumamos de volta para o camarim, onde nos sentamos no imenso sofá vermelho. Matt me deu o violão e disse:

– OK, morena, agora você vai tocar e cantar uma música do Avenged pra mim, pode ser?

– Pode sim, mas qual? – eu queria tocar uma das pesadas, tipo Afterlife ou Unholy Confessions, mas aí ficava difícil com um violão...

– Bom, é um violão, então toca uma mais calma, mas que ainda seja um pouco difícil de cantar... – é, pois é, eu estava começando a achar que Matthew conseguia ler minha mente.

Arrisquei com So Far Away. Assim que puxei o primeiro acorde, mi menor, percebi a expressão do rosto dele mudar completamente. Agora ele estava sério e rígido, e seu olhar transmitia dor. Claro que sim, aquela era a música do Jimmy. Fechei meus olhos e me concentrei na música. Mi menor, sol, ré, si menor, dó.

Never feared for anything. Never shamed, but never free. A life that healed a broken heart with all that it could. Lived a life so endlessly, saw beyond what others see. I tried to heal your broken heart with all that I could. Will you stay, will you stay away forever?

Enquanto cantava, eu sabia da dor que Matthew estava sentindo, mesmo sem nunca ter conhecido The Rev. Eu não mencionara antes, mas nós nunca fomos um quarteto, eu, a Lauren, a Soph e a Theo. Nós éramos cinco. Kayana havia falecido há uns quatro anos atrás.

How do I live, without the ones I Love? Time still turns the pages of the book, it’s burned. Place and time, always on my mind. I have so much to say, but you`re so far away.

Acontece que em uma noite de sexta feira, nós cinco voltávamos de carro de uma festa em Novo Hamburgo, e ela teve que dirigir, porque era a única que já tinha a carteira de motorista a mais de dois anos (para que pudéssemos andar em estrada federal), além de ser a única sóbria. Ninguém sabe ao certo como foi que aconteceu, mas ela perdeu o controle do carro e batemos de frente contra um caminhão enorme. Eu sentava no banco ao seu lado. Os médicos disseram que eu devia minha vida a Kaya, porque quando ela viu o caminhão, ela tentou desviar rapidamente, o que fez com que ele acertasse em cheio somente a metade esquerda do carro, onde ela estava. As outras três meninas estavam sentadas atrás, presas ao cinto, assim como eu, graças a Deus. Naquele dia eu quebrei dois dedos e fiquei com vários cortes no rosto, braços e ombros.

Plans of what our futures hold, foolish lies of growing old. It seems we’re so invincible, but the truth is so cold. A final song, a last request. A perfect chapter laid to rest. Now and then I try to find a place in my mind where you can stay, you can stay awake forever.

Só reencontrei as outras meninas novamente umas duas semanas depois do acidente. Nós fizemos um trato, um pacto, de que nenhuma de nós iria se sentir culpada pela morte da Kaya, nem iríamos mais pensar muito nisso. Porém, no dia sete de janeiro de cada ano, nos reunimos na casa de alguém para homenagear a ela comemorando seu aniversário.

How do I live, without the ones I Love? Time still turns the pages of the book, it’s burned. Place and time, always on my mind. I have so much to say but you’re so far away.

No início foi muito difícil para todas nós que mantivéssemos a promessa, principalmente a parte de não relembrar o acontecido. Eu pensava naquilo sempre, e vivia revendo a mesma cena: Kayana, olhando para mim, desesperada, antes de o airbag explodir em sua frente e o carro ficar totalmente destruído.

Sleep tight, I’m not afraid. The ones that we love are here with me. Lay away a place for me, cause as soon as I’m done, I’ll be on my way, to live eternally.

Dessa menina eu sentia muitas saudades. De todas, ela era a mais próxima a mim. Dos meus segredos verdadeiros, que eram realmente sérios, ela era a única que sabia, assim como só eu sabia dos dela.

How do I live, without the ones I Love? Time still turns the pages of the book, it’s burned. Place and time, always on my mind. And the light you left remains but is so hard to stay, when I have so much to say and you’re so far away.

Quer dizer, ela era minha melhor amiga desde que éramos novas, beirando os nove anos. A sua personalidade era uma mistura de cada uma das nossas outras amigas. Ela era doce e compreensível como Lauren, cara de pau e maluca como Sophia, e engraçada e divertida como Theo. Ainda assim, ela era única, e ninguém, jamais, poderia substituí-la.

I love you, you were ready, the pain is strong and urges rise. But I see you, when it lets me. Your pain is gone, your hands untied. So far away, and I need you to know. So far away, and I need you to, need you to know…

Senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Abri meus olhos e pude ver Matt. Ele chorava desesperadamente, com o rosto entre as mãos e os cotovelos apoiados nos joelhos. Aquela cena me comoveu mais ainda. Larguei o violão e levantei aquele rosto lindo com as mãos. O abracei pela cintura com força, deitando minha cabeça em seu peito. Agora eu também já chorava sem parar. Ele passou os braços sobre meus ombros, também me apertando com força.

– Matthew? – disse eu, com a voz falhada, tanto pelo esforço feito enquanto cantava quanto pelo choro. Ele nada disse, então levantei minha cabeça e me deparei com olhos verdes perdidos, procurando amparo, um ombro amigo. Procurando Jimmy. Ele disse:

– Isso... foi lindo, cara. Eu já ouvi muitas pessoas cantando essa música, mas nunca nenhuma delas me fez chorar. Na verdade, acho que nunca chorei assim na frente de ninguém por nada antes. Só pelo puto do Jimmy, claro... – ele tentou esboçar um sorriso falso, mas as lágrimas irromperam em seus olhos denovo. A essa altura eu já chorava feito um bebê. – Nathi, quer me contar por que você ta chorando?

A voz rouca e grave de Shadows sempre me confortava. As palavras eram pronunciadas docemente e com tanta ternura, que tinha vontade de chorar mais ainda. Eu contei para ele tudo sobre a Kayana, e o quanto me sentia culpada por ter bebido tanto aquela noite e não poder dirigir. Ele me ouvia com muita atenção, e ficou em silêncio ainda um tempo depois de eu ter terminado.

– Olha, não tem como alguém pedir para você não se culpar ou parar de falar na Kayana, ou até de pensar nela. Ela era uma parte importante da tua vida, e se foi. Você vai sentir falta até que a sua vida acabe. Mas tipo, uma coisa que ajuda é pensar nos momentos bons que você teve com ela. Por exemplo, teve uma vez que eu e Jimmy, quando ainda éramos adolescentes, bobos como sempre, passamos do lado de uma mulher que era muito gostosa. O que a gente fez? Batemos na bunda dela e depois saímos correndo. – ele agora sorria escancaradamente. – Viu, olha como eu fico quando penso nas coisas legais que nós fizemos?

Eu também sorri, devido ao comentário. Realmente, acho que só aqueles dois poderiam ter feito uma coisa dessas. De repente relembrei de todas as maluquices que eu e Kaya fizemos.

– Bom, quando nós completamos quinze anos, nós viajamos para Orlando. Sabe, nos parques da Disney e tal... – Matt chacoalhou a cabeça e eu continuei. – Então, nós fomos tirar a típica foto com o Mickey. Primeiro eu tirei a foto dela com o boneco, e depois ela tiraria a minha. Só que na verdade, na hora que ela foi bater a foto, ela deixou em modo de filmagem. Eu arranquei a cabeça do Mickey e nós duas saímos correndo, enquanto ela ainda filmava. – também terminei a fala com um enorme sorriso no rosto. Matt começou a rir.

– Viu só como é fácil achar momentos bons? - ele colou sua testa na minha e ficamos nos olhando. Coloquei minha mão esquerda em seu rosto e murmurei um “obrigada”, com toda a sinceridade possível. Era tão bom poder ver que aquela imagem de macho alfa era só imagem mesmo. Matthew era um cara sensível, além de ser um ótimo conselheiro.

Ele, como resposta ao meu agradecimento, aproximou-se e deu-me um selinho demorado, mas com desejo. Eu estava ofegante, ele era exatamente o homem com quem eu havia sonhado a minha vida inteira. Queria mais, então lhe dei outro selinho, mas dessa vez com os lábios um pouco mais abertos. Ele passou a mão pela minha cintura, e delicadamente puxou-me para perto, aproximando nossos corpos.

Matthew roçava seus lábios no meu, me dando diversos selinhos e beijos leves. Ele acariciava minhas costas com sua mão direita, passando pelo meu quadril e repousando em minhas coxas. Eu estremecia a cada toque seu. Ele agora beijava meu pescoço, com a respiração ofegante. Eu ainda mantinha minhas mãos em sua nuca, brincando com uma mecha de seu cabelo. Sua boca voltou para perto da minha, me envolvendo em mais um beijo leve. Não aguentei mais e abri passagem para sua língua. Aquele fora, de longe, o melhor beijo da minha vida.

Matthew parecia tão sincero. Foi um beijo muito delicado e extremamente cheio de ternura. Ele não ousava com as mãos, acariciava apenas meus braços ou minhas costas. Nossas línguas não brigavam por espaço. Elas dançavam ao mesmo ritmo, abraçadas. Eu não queria mais me soltar de Matt. A cada movimento, aumentava a minha certeza sobre meus sentimentos por ele. O beijo ia ficando quente, então ele cuidadosamente passou uma de minhas pernas para o outro lado de seu corpo, de modo que fiquei com uma perna do lado esquerdo e a outra do lado direito, sentando-me em seu colo.

Nos beijávamos com muito desejo e paixão. Eu não entendia como poderia me sentir assim. Quer dizer, eu o conhecia a menos de quatro horas e já jurava estar apaixonada. Matt quebrou o beijo e disse:

– Nathi, eu não posso fazer isso. – ele escorou a testa em meu queixo, e permanecia com os olhos fechados.

– Fazer o que?

– Isso... que nós estamos prestes a fazer...

Ah, não. Eu definitivamente não iria transar com ele naquela noite. Nesse quesito eu me igualava a Theodora. Nunca fui tão dada como a Sophia, nem tão tímida como a Lauren, mas eu tenho certeza de que não faria sexo com alguém que conhecia há tão pouco tempo.

– Matthew, olha pra mim. – ele o fez, então encarei diretamente em seus olhos. – Eu não sou como as outras garotas que você e os caras tão acostumados a pegar. Eu não transaria com alguém na mesma noite em que conheci essa pessoa... - Matt sorriu e disse:

– Acho que na verdade meu maior medo era de voltar a me envolver emocionalmente com alguém. Depois do divórcio, eu me dediquei completamente a música, e eu to sozinho já faz pelo menos três meses. – ele ainda sorria, olhando diretamente em meus olhos. - Mas parece que agora eu já venci meu medo, e já me envolvi... - antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Matthew roubou-me mais um beijo.

Ouvimos a porta do camarim abrindo e logo Zacky e Theo entraram, rindo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A Kayana existe mesmo, gente, mas ela ta bem viva aqui. E o que eu escrevi sobre ela ser minha melhor amiga, essa parte é bem verdadeira... Te amo, K. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Take a chance" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.