A viagem em si durou uma semana e meia. Alternei entre correr, pegar ônibus, viajar de avião, viajar de carro e parar para me alimentar.

Quando enfim cheguei a Seattle, estava tão cansada que resolvi pegar um avião até Port Angeles. Quando cheguei naquela cidade, parei e descansei um pouco. A sorte daqueles humanos é que eu me alimentei bem no caminho até aqui.

Fui para uma pequena lanchonete e sentei-me em uma mesa da área de fora. Olhei para a cidade e suspirei. Não dá para voltar. Agora que já estou aqui, tenho que continuar. Mas ainda não me decidi. Ah, é tão difícil.

E Forks, como será que está? Chuvosa ainda, com certeza. Desde que fugi, não cheguei nem a perguntar se alguem sabia como a cidade está.

Bom, a tecnologia deve ter tomado conta de lá, como tomou conta do resto do mundo. É incrível essa capacidade de inventar coisas.

Eu tenho acompanhado isso. Não necessariamente admiro, mas algumas invenções são até úteis. Claro, ainda prefiro uma pintura a uma foto, mas tirar uma foto é infinitamente mais fácil que pintar um quadro.

– A senhorita vai querer alguma coisa? - Perguntou uma garçonete.

– Não, obrigada. Só estou admirando a cidade.

Para ser sincera, eu estava pensando. Eu tive 100 anos, mas mesmo assim não consegui decidir. Que tipo de ser sou eu, que não consegue decidir uma coisa tão simples? Claro, os dois lados tem seus prós e contras. Mas eu me pergunto: será mesmo que eu quero ir para algum desses lados? Passou-se um século e eu consegui me virar sozinha. Tive algumas visitas por algum tempo, como um tal de Fred que esperava uma tal de Bree.

Eu posso continuar sozinha, eu acho. Pensando melhor, não. Não mesmo. Eu não quero uma vida solitária. Quero fazer amizade com outros vampiros.

E, então, volto a decisão. Isso me irrita muito. É perturbador ter que escolher entre meu criador e os bajuladores. Eram bajuladores sérios e eu quase escolhi eles várias vezes. Mas e Carlisle? Dava para perceber que ele gostava de mim.

Parei de pensar nisso. Levantei da mesa, coloquei uma mala nas costas e pendurei as outras duas no ombro, segurando bem forte as alças.

Saí da cidade, encontrei uma floresta e comecei a correr.

Levei mais ou menos duas horas até eu chegar a Forks e mais 40 minutos até a trilha que fiz até a casa que Carlisle desejava. Era uma casa bonita e um pouco afastada da cidade, mas ainda estava nos limites de Forks. Coloquei minhas malas em cima de uma árvore e, quando cheguei na estrada, senti um cheio estranho vindo da casa.

Cheiro de cachorro molhado.

Olhei para o chão. Nada. Olhei para casa e o vi. Não, os vi. Era uma matilha. Na verdade, eram só quatro, mas ainda assim era aterrorizante. Dei um grito e saí correndo, adentrando na floresta sem saber em que direção seguia.