The Two Kingdoms escrita por YourSmile


Capítulo 11
Capítulo Final


Notas iniciais do capítulo

Dedicação

Para Mim
2012 – Que tinhas 14 anos quando decidiste escrever uma história.
2013 – Que decidiste parar de escrever.
2014 – Que começou a ler mais.
2015 – Que tinha lido 30 livros na tua vida toda.
2016 – Que leu 52 livros apenas num ano e conseguiste entrar na universidade dos teus sonhos.
2017 – Que dia 11 de Abril fez 20 anos.

Obrigado as todas vocês.



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O grande dia, ou neste caso, a grande noite aproximava-se de forma vertiginosa. A lista dos preparativos crescia mas não as horas disponíveis para os fazer. Kaname e Rido não poupavam a esforços – nem a despesas - para tornar aquele o casamento do milênio.

Por vezes, ainda me apanhava a pensar em Zero. Apesar de não dirigirmos mais a palavra e o olhar, ele está sempre lá, nas sombras, garantido a segurança de todos.

Além de todas as questões cosméticas do casamento, havia uma grande parte burocrática que também tinha que ser tratada. Reuniões eram uma constante durante a noite e por vezes se prolongavam pela manha. Novamente, a questão que provoca mais polémica era os talismãs. Apesar de ter concordado em viver em Solar – Principalmente, de forma a afastar aqueles tiranos do meu reino – e ter conseguido que apenas eu intervém nos assuntos do seu território, adicar dos talismãs não estava nos meus planos.

Eu sabia que o consenso nunca seria perfeito, contudo as cedências faziam parte do casamente e eu iria lutar para Kaname ceder.

ʃ

A seda branca abraçava e drapeava ao longo do meu corpo. Milhares de perolas foram traçadas aos meus fios castanhos e cada uma delas lembrava o luar que pairava sobre mim. Caminhava descaça sobre o pavimento de mármore e segurava um simples boque de rosas vermelhas.

O som da orquestra pairava no ar e os olhares dos convidados em mim. Era agora e não havia volta a dar.

Kaname esperava por mim altar, o seu smoking, seu sorriso, belos cabelos castanhos e olhos que faziam qualquer mulher de derreter, mas eu não era qualquer mulher. Eu sabia quem era o verdadeiro Kaname por detrás daquela máscara. Também eu havia caído uma vez no seu charme, quando nós conhecemos no meu aniversário. Mas desde esse momento eu cresci tanto, como pessoa, como mulher, como rainha.

No meio do altar, os 12 talismãs formavam um círculo perfeito. Kaname segurou na minha mão e encaminhou-me para o meio.

— Estamos hoje aqui reunidos para testemunhar não só a união de dois reinos como o de duas almas, Yuuki Kuran, Primeira de Seu Nome e Rainha de Astel e o Nosso Príncipe Herdeiro Kaname. Que o vosso casamento seja próspero e a bençoado pelos próprios reis da lua. Agora a troca de votos.

Pego da adaga que se encontra ao meu lado e corto a palma da minha mão enquanto Kaname faz o mesmo e por fim juntamos as mãos sangrentas e dizemos ao mesmo tempo.

— Sangue do meu sangue, eu sou teu/tua e tu és minha/meu, teu sangue será meu alimento e tua alma me pertence até este corpo imortal cair por ferida mortal, agora e para sempre.

Separamos as mãos e bebo o sangue de Kaname de seu pulso e ele faz o mesmo comigo enquanto os guardas começam a retirar os talismãs, um por um e começam a sua jornada até a fronteira onde eles ficaram.

— Agora e para sempre – Diz o padre a cerimonia termina.            

            ʃ

O contraste das mãos ásperas nas minhas costas macias, o som do tecido a ser rasgada, a cair suavemente ao longo no meu corpo e por fim aqueles olhos. Olhos que olhavam mas não focavam, como se imagem a sua frente fosse apenas uma miragem, como se aquele corpo não fosse meu. Eu sentia-me dormente, apesar de consciente, o corpo não respondia ao meu comando e simplesmente me deixava ir, conduzida pelo toque das outras mãos.

Os olhos das testemunhas pairavam sobre nós, escondidos entre as sombras, à espera que o casamento fosse consumado para retomarem às festividades, todos os olhos menos um. Eu conseguia distinguir os fios prateados e olhos lavanda no meio da multidão de olhos.

Quando terminou, Kaname agradeceu às testemunhas a sua presença e dispensou-as, todas, menos o jovem guarda.

— Então Zero, conta-me, apreciaste o nosso pequeno show – Disse Kaname enquanto vertia uma bebida em dois copos.

— Sabes – Continuou ele entregando um dos copos a Zero – Foste destacado como o nosso guarda para esta noite, é uma grande honra proteger o teu príncipe na sua noite de núpcias. Vamos brindar, a uma nova era.

E o pesadelo começou de novo e de novo até a minha inocência se extinguir completamente. Mas eu iria ser mais forte, tinha se ser mais forte.

E de novo.

Pelo Zero.

E de novo.

Pela Yori

E de novo.

Pelo sacrifício dos meus pais.

E de novo.

Por Astel.

E de no…

Explodi.

ʃ

 

Não houve gritos.

Num momento ele estava lá e no outro não. Um olhar, um simples olhar. Eu vi o reflexo dos meus olhos vermelhos nos dele antes do queimar de dentro para fora. E no fim, cinzas cobriam o quarto como uma camada de neve.

The Winter Queen

Aquela que trás a neve depois do calor

Será que eles sabiam como eu seria quando me batizaram, o significado que o meu nome teria ou simplesmente era o destino a brincar comigo. 

Desperto dos meus pensamentos ao sentir pressão na minha testa.

Bloody Rose.

Eu sabia o que vinha a seguir. Apesar de tudo, Zero era um homem de honrar e eu acabar de assassinar o príncipe herdeiro. Eu matei o Kaname. Meses de planeamento e reuniões, tudo pela paz de dois reinos, de seus habitantes. Eu havia destruído tudo, não consegui reprimir o meu poder.

Iria terminar tudo aqui. Naquele momento. Numa meia respiração.

Então o inesperado aconteceu. Zero guardou a arma e colocou seu casaco sobre mim.

— Temos de ir, não temos muito tempo.

— Mas..

— Se partimos agora podemos chegar ao acampamento da sua comitiva antes do amanhecer, antes de alguém descobri isto.

— E o que fazemos quando chegarmos lá.

— Retiramo-nos para o castelo e começamos a preparar a nossa única alternativa. Preparamos a nossa estratégia para a guerra.  

ʃ

Tal como Zero previra, a guerra era dura em ambas as partes. Vampiros eram imortais em relação ao tempo mas não a feridas mortais. Os campos de guerra cobertos pelas cinzas daqueles que partiram e as armas que eles deixavam.

A cada dia que passava, Yuuki era mais consumida pela dor daqueles que ela matava, não aqueles que morriam pelas suas mãos mas sim os seus olhos. Os vampiros de sangue puro e alguma nobreza eram conhecidos pelos seus poderes mas os de Yuuki eram realmente assustadores. Poder tirar uma vida com tanta felicidade não devia ser permitido mas era por isso que havia um preço a pagar sempre que ela o usava mas elas recusava-se a falar disso. Ela iria o usar, mesmo que a matasse, tudo por Astel.

— Isto nunca terminará, estaremos sempre presos neste loop de guerra – Disse digo observando Yuuki a se preparar para mais uma batalha. A sua armadura brilhava sobre o luar.

— Não te preocupes. Para o bem o para o mal, hoje será a última.

O mundo cai ao pés de Zero – Não me digas que.

— Rido concordou. Ou eu deixo o campo de batalha viva ou nenhum de nós sobrevive, mas esse pormenor ele não sabe.

— O teu poder está no limite, se usares ele vai-te queimar também.

— Alguém disse uma vez que estaria disposto a sacrificar a sua vida de terminasse com esta guerra e é o que eu vou fazer. Eu já tomei medidas no caso da minha morte.

— Deixa-me ir contigo. Tu e eu, a lutar lado a lado, mesmo que seja a ultima vez, quero estar ao teu lado e se queimares, eu queimo ao teu lado.

— Sou capaz de me sacrificar a minha vida mas não a tua.

— Uma vida sem ti é uma vida que não a pena vivar.

ʃ

Foi uma batalha equilibrada até ao fim. O som do choque das lâminas era a única coisa que enchia o ar. Zero concordo que não interviria na luta. Os soldados de ambos os lados prendiam a respiram com a antecipação, quem iria ser coroado o vencedor e quem ia ser dissolver no ar em redor. Então começou, o cheiro a sangue. Seria muito mais para matar um vampiro de sangue puro mas pelo cheiro doce que enchia o ar Zero sabia que era o início do fim. Por melhor lutadora que Yuuki poderia ser, Rido tinha centenas de anos de experiencia que tornavam aquela uma luta com apenas um final possível e Zero o sabia mesmo antes de ver Yuuki a cair no chão coberta de cortes.

   Zero quebra a sua promessa e corre em direção dela. Ele tinha de a salvar. Ele tinha de ser rápido, ele tinha de matar Rido, ele tinha de conseguir. Mas ele estava longe e mesmo antes de conseguir tirar a sua arma, Rido está pronto para dar o golpe final e Yuuki olha para ele, não com lágrimas nos olhos, mas sim alivio. Ai o mundo volta a explodir em fogo  deixando para trás, apenas Bloody Rose, Artemis e no fim neve.   

ʃ

Quando a poeira assentou medidas foram tomadas. Como a rainha estava morta, a próxima na minha de sucessão assumiu o trono, Yori. Assim como em Solar o príncipe herdeiro acendeu à posição que tinha pertencido ao seu pai.

Como haviam prometido a Yuuki, Yori e Senri se casaram de forma a garantir a paz e a união permanente dos reinos. E de forma a honrar esta nova era, o reino unificado foi batizado de Haru – Primavera. 

ʃ

O amanhecer surgira no horizonte e os raios solares atingiram a areia dourando seus milhares de cristais. Ainda muitos vampiros preenchiam as ruas da cidade, os primeiros bares começavam a abrir, amigos a beber um copo, belas mulheres a dançar há luz do sol que era refletido por suas peles sensíveis.

O sol e o mar eram refletidos nos olhos cor de sangue de uma bela rapariga com cabelos loiros como a areia que observava. O amanhecer sempre fora a sua altura favorita do dia, pois lhe fazia sentir mais humana.

Tudo seria mais simples se tivesse nascido numa terra estrangeira como humana. Raramente os vampiros deixavam aquelas terras e se aventuravam pelo que estava a sul. Mas ao longo dos séculos a relação deles com outros povos tem aumentado com as trocas comerciais e nos bares perto do porto contam-se as histórias de terras onde o sol nunca se põe.   

— Não são horas para a Bela Adormecida estar a dormir? – Perguntou um homem de cabelos castanhos enquanto se sentava ao seu lado.

— Para sua informação, só sai agora do meu turno, senhor ainda estou a procura de emprego.

— Alguém tem de arranjar a casa, nem sei se aquele cubículo a cair aos pedaços é considerado uma casa – disse apontado para a pequena cabana atrás deles.

— Parece que alguém não está habituado a não viver uma mansão – Riu a rapariga mas ele não respondeu.

Os dois continuaram observando o sol.

Apenas observando.

— Está arrependido pelo que fizemos. – Perguntou ela, olhando diretamente para os olhos violeta dele.

Ele fitava os olhos dela. Uma vez castanhos mas agora, e para sempre, tingidos com o sangue daqueles que ela matou. 

— Todas as manhas em que te vejo contorcendo, atormentada pelas lembranças que dominam o teu subconsciente, pela dor das outras pessoas. Sim, eu arrependo-me. Preferia viver uma vida de mentiras ou simplesmente morrer, do que ver-te sofrendo.

— Zero – Diz num sussurro.

— Mas em momentos com este, em que eu sou teu e tu és minha, fraqueio. E penso, seria eu mesmo capaz de viver sem o teu sorriso, quando eu sei que ele é para mim.

Yuuki não resiste e deixa escapar um sorriso.

— Do toque das tuas mãos no meu corpo. Dos teus lábios nos…

Mas antes de poder terminar, seus lábios foram selados num beijo gentil, uma promessa silenciosa. 

— Tu serás sempre a minha escolha. Mesmo quando passo horas dentro de pesadelos. Quando sinto a dor de todas as pessoas que matei. Gritos e cinza misturados num só. Mas se viver com esta dor for o preço a pagar pela paz, e o preço de eu estar contigo, eu voltaria a pagar. Esta dor vale a pena, tu vais a pena e nunca duvides disso.

Mais um beijo.

Outra promessa.

Uma vida a dois.

O fim de uma história.

E o inicio de outra.


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Notas finais do capítulo

Quando eu comecei a escrever esta fic eu era apenas uma rapariga de 14 anos. Que queria escrever histórias de seus sonhos malucos. Esta fic é produto de um sonho e desde o primeiro momento eu sabia com ela ia acabar mas à medida que íamos aproximando do final mais ansiosa ficava para o escrever e de o escrever bem que acabei por abandonar a história por medo de não escrever o final que ela merecia.

Este último capítulo foi escrito ao longo destes anos sempre que eu era consumida pela culpa de ter deixado a história quando faltava apenas um capítulo para a terminar.
Isto era para nunca ter visto a luz do dia. Ficar para sempre perdido no meio das minhas coisas mas eu sinto-me na obrigação de pelo menos mostrar como era para ter terminado.

Como foi escrito por vários anos, a escrita varia de parte para parte e não foi escrito pela ordem que está no capítulo. Eu sei que está confuso e que se dedica-se mais tempo o capitulo poderia ficar melhor mas eu preciso de seguir em frente e acho que esta é a única forma de me sentir livre e pronta para escrever algo novo.

Obrigada a todos vocês que acompanharam esta história e serei para sempre grata a vocês. Nada me alegrava mais do que ver os comentários e ver que vocês gostavam de algo que eu criei.

Este fim é para todos seguirmos em frente desta fic e passarmos para outra com a sensação de plenitude.

Beijos a todas.



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