Incrédula, sem reação, somente lágrimas saiam de mim assim que vi minha mãe estirada no chão morrendo por mim. Me abaixei e segurei sua mão:

– Mãe, por que fez isso?

– Shhh..só quero...que saiba..que eu te amo...e me orgulho de você... desculpe por tud... – minha mãe pronunciou essas palavras entre gemidos de dor, até dar o seu ultimo suspiro, quando o aperto em minha mão se foi, e levando minha mãe junto.

Lágrimas, e mais lágrimas se formavam em meus olhos, mas eu as segurei. Não podia me entregar ao sofrimento, não agora, muita coisa estava em jogo para perder, mesmo que a profecia diga que vou morrer, meus primos, tios, amigos, professores, todo o mundo bruxo, e principalmente, meu pai, estão nessa guerra, e eu tenho que lutar por eles. Entre todos os motivos, tenho que honrar a morte de minha mãe.

Conjurei uma rosa branca sobre o seu corpo e me despedi em silêncio. Enxuguei as lágrimas com a manga de minhas vestes sujas, procurei minha varinha e quase inaudível despetrifiquei Dylan, que imediatamente partiu para cima do pai, que desde a queda de minha mãe entrou em pânico ficando agachado abraçando as pernas, lágrimas jorravam de seu rosto sem parar.

– Você se lembra, não é? Como acabou com a vida de outra mulher indefesa anos atrás? Você se lembra!! – gritou ele, eu só conseguia assistir tudo paralisada.

– NÃO!! Não foi culpa minha!! Foi deles!! Foi culpa do mundo bruxo que você tanto defende, eles acabaram com sua mãe!! – Steve ficou desesperado, agarrou o ombro do filho, apertando-o enquanto falava.

– FOI VOCÊ!! Você a torturou até deixá-la louca!! A culpa foi toda sua! – disse Dylan soltando-se do aperto.

– Não, Não, eu só queria libertá-la desse mundo, queria levá-la para o meu lado, protege-la. Só queria protege-la, foi tudo por amor, Amor!! – disse o homem desesperando agarrando os cabelos.

– Você é maluco! Isso não é amo..

– Cala a boca, CALA A BOCA!!! Eles mataram a sua mãe e agora vou mata-los – com um feitiço fez Dylan voar para o outro lado do totem – começando por esses seus amiguinhos – com repetidos feitiços não-verbais, ele destruiu o totem, e Lily e Hugo receberam toda a carga, e caíram desmaiados ou pior mortos...não tinha como saber.

– Nããooo!! – gritei paralisada.

– Calma, você é a próxima – com um feitiço ele me fez voar até bater em uma árvore e cair no chão.

– Cansei de você! Avada Ked..

– Expelliarmus – a voz do meu pai ecoou na montanha.

A cenas que seguiram a isso não sei explicar muito bem, pois assim que meu pai me abraçou, eu só conseguia chorar, lágrimas de alívio, sim, pois ele era a única pessoa que agora me transmitia paz, segurança, era como estar em casa, ele era meu porto seguro. Mas também lágrimas de sofrimento, medo e incerteza. Agora que o peso do mundo não estava mais sobre mim, eu poderia soltar todas as lágrimas que tinha contido todo esse tempo. Quando meu pai soltou o abraço várias perguntas se formaram em minha cabeça:

– Pai, e a guerr..

– Vai dar tudo certo, agora você precisa cuidar desses ferimentos.

Quando levantei vi Dylan em pé, desamparado, no lugar onde tinha caído, apenas observando seu pai sendo levado pelos aurores. Neste momento percebi que diferente de mim, Dylan não tem em quem despejar todos os sentimentos, e o peso que ele guardou até agora. Não tinha um pai ou mãe  para abraçar agora e apenas chorar.

Não. Dylan tinha a mim. Quando eu gritei seu nome e seus olhos encontraram os meus, vi naqueles olhos grandes e castanhos alívio, mas também sofrimento, medo e incerteza. Corri para abraça-lo e no momento em que ele enterrou o rosto em meus cabelos e começou a despejar as lágrimas percebi que eu sou seu porto seguro, a pessoa em quem ele confia, com quem se sente em paz, sou aquela pessoa que o faz se sentir em casa. Não era preciso de palavras, só aquele abraço bastava.

O pai estava sendo preso, pagando pelos seus erros, que até agora ainda não entendo bem, mas não via felicidade em Dylan. Ainda assim havia algo diferente, ele não carregava mais todo aquele ódio que tinha quando eu o conheci.

No final do abraço ele enxugou as lágrimas, e as preocupações voltaram aos seus olhos:

– Lily e Hugo – disse ele, e nós saímos correndo em direção aos dois que estavam sendo levados ao St. Mungus, a profecia disse que não iriamos completar a missão, e achamos que isso significava a morte, no entanto,  Dylan e eu estamos vivos, eu não cheguei a completar a ligação e Dylan a rompeu e assim não completamos a nossa missão, porém isso não significava que Lily e Hugo pudessem não completar a missão morrendo, como havíamos previsto.

Meu pai barrou a gente antes de chegarmos junto a eles.

– Não, vocês precisam cuidar desses ferimentos e descansar, foi uma longa noite.

– Mas e Lily e Hugo? – protestei.

– Eles vão ser levados ao hospital e serem tratados e vocês também – sem mais palavras ele agarrou as nossas mãos e aparatamos. No hospital fomos separados, o que nos impedia de discutir mais sobre a questão.

Como só tinha ferimentos leves o curandeiro não se demorou, porém ele insistiu para que eu tomasse uma poção do sono, e instantaneamente adormeci.

~*~

Quando acordei já era de manhã, o sol entrava pela janela do quarto. Imediatamente fui procurar Dylan havia tanto para se conversar, e tínhamos que procurar Lily e Hugo. Encontrei ele no corredor falando com uma senhora, quando me viu ele veio ao meu encontro.

– Quem é ela? – perguntei sem tirar os olhos dela.

– É uma longa história, mas eu tenho que ir, então te conto depois, só vim me despedir – ele me abraçou e disse se afastando – se cuida loira, e não se mete em confusão enquanto eu não estiver com você.

– Mas.. – tentei protestar, queria saber mais sobre a senhora e para onde ele estava indo, mas ele já havia aparatado com a senhora.

Sempre misterioso.

– Ah, te encontrei, a muita coisa a fazer, mas você mocinha, vai para a casa de sua avó – disse meu pai agarrando minha mão.

– Mas.. – ele não me ouviu, aparatamos imediatamente.