The Black Knight escrita por EstherBSS


Capítulo 5
Briga no corredor


Notas iniciais do capítulo

Vocês são maus leitores. Quase não me deixam reviews! T.T



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Não há culpa maior do que entregar-se às vontades
Não há mal maior do que aquele de não saber contentar-se
Não há dano maior do que nutrir o desejo de conquista.
A Regra Celestial, Lao-Tsé



Capítulo 5 – Briga no Corredor


Cidade Real, 23 de março de 1621

Andou, andou, até que por fim, encontrou a porta que procurava. Suspirou aliviada. Tinha perdido tanto tempo nisso que já estava até anoitecendo. Como não tinha trancado a porta, ela girou a maçaneta e entrou. Fechou a pesada porta e tocou a madeira com a testa. Sentia uma vontade imensa de voltar para casa e se aninhar em sua cama. Ouviu uma voz surpresa atrás de si.

    - Sakura?

Ela se virou apenas para dar de cara com Uchiha Sasuke.

Sakura podia sentir o rubor no rosto. Devia estar vermelha como um tomate. Do outro lado do quarto, sentado preguiçosamente em uma poltrona estava Sasuke. Ele tinha uma taça de bebida na mão e parecia ler, pois havia um livro sobre a mesa. Ele parecia bem à vontade também. Usava uma bata masculina branca que deixava ver parte do belo peito nu do Uchiha.

    - O que você está fazendo no meu quarto? – ela perguntou.

    - Esse é o meu quarto, Sakura. – ele disse e a Haruno olhou em volta percebendo que aquele não era mesmo o lugar que recebera para ficar. O ar começou a faltar.

    - Ai, Kamisama! – Sakura disse baixinho.

Sasuke respondeu com um sorriso arrogante de canto. Coçou o peito o que levou os olhos de Sakura para o tórax definido.

    - Ai aiai, Kamisama! – Sakura cobriu os olhos com as mãos. Ouviu Sasuke dar uma risada – Perdoe-me Sasuke sama! Ai, Kami! Que vergonha! Eu me perdi. Não conseguia encontrar meu quarto. Eu não devia estar aqui.

Ela tampava os olhos com uma mão e tateava a porta atrás de si com a outra em busca da maçaneta. Sakura se amaldiçoava mentalmente. Como podia ser tão idiota? Será que não era capaz de encontrar um maldito quarto?

    - Sakura... – Sasuke começou a falar, mas isso desesperou mais ainda a Haruno. Ela se virou completamente para a porta, procurando a maçaneta com nervosismo. Em um instante, ela sentiu o corpo de Sasuke pressionar o dela contra a porta. As mãos dele prenderam as dela contra a madeira e ela sentiu o queixo dele no ombro direito. Ele sussurrou no ouvido dela:

    - Sou ka. Demo, Sakura, você já arrumou uma confusão enorme entrando aqui. Quer piorar isso tudo saindo no corredor e fazendo barulho?

Se aquilo fosse possível, Sakura diria que sentiu o rosto esquentar ainda mais. Sasuke suspirou como se estivesse lidando com uma criança.

    - Espere, eu vou olhar no corredor. – Ele disse.

O Uchiha a empurrou lentamente para o lado. Abriu a porta e espiou o lado de fora. Voltou a fechar a porta e encarou o rosto assustado da Haruno. Ele pensou seriamente em jogá-la porta fora, mas ela já parecia bem assustada.

    - Má notícia para você. Tem gente no corredor. Vai ter que esperar um pouco mais para sair. – Sasuke surpreendeu a si mesmo mentindo. Não havia ninguém no corredor. É claro que pela hora, alguém poderia passar por ali e vê-la, mas era uma possibilidade rara.

    - Ai Kami! Será que eles vão demorar muito? – Sakura abraçava o corpo com um braço e mantinha uma mão na boca numa expressão de medo e de reflexão. Sasuke achou aquilo divertido. Surpreendeu a si mesmo de novo, com a segunda mentira:

    - E essa ala é bem movimentada. Mesmo que não haja ninguém aí fora, é bem capaz de você esbarrar em alguém. – Sasuke falou e Sakura arregalou os olhos.

    - E o que eu vou fazer agora?

    - Vai ter que esperar até depois de meia noite, pois é quando todos vão dormir. Onde é o seu quarto mesmo?

    - Na ala Leste. Algum quarto perto de uma janela e de um coqueiro.

    - Se é assim que marcou o seu quarto, não me surpreende que tenha vindo parar aqui. Mas você está bem perdida já que essa é a ala Norte.

    - Todos os corredores daqui parecem iguais. O que eu ia fazer?

Sasuke caminhou até a mesa. Esvaziou a taça de bebida e tornou a enchê-la.

    - É melhor se sentar, ainda são dez e vinte. Pode se sentar na cama, eu não ligo. Aceita uma bebida? – Sasuke falou.

    - Lie (não), seria desrespeitoso sentar em sua cama e beber no seu quarto. – Sakura respondeu. Sasuke deu a ela um olhar desacreditado.

    - Você já entrou sorrateiramente no meu quarto à noite. Sentar na minha cama é o menor dos males. – Sasuke disse e sorriu internamente quando Sakura ficou vermelha novamente.

    - Mas eu achei que esse era o meu quarto!

    - Pena que as pessoas não vão acreditar nisso se ouvirem.

    - Demo, não quero perder o seu respeito também. – Sakura comentou vermelha e desviou o olhar. Sasuke olhou para ela em silêncio e depois de um tempo disse:

    - Não se preocupe com isso. Agora sente se logo, porque ver você em pé está me irritando.

Sakura olhou para a cama como se o móvel quisesse comê-la. Sem graça, sentou bem na beirada, quase não tocando no colchão. Ouviu Sasuke suspirar cansado e viu-o caminhar até ela. Olhou para ele com desconfiança. Sasuke segurou Sakura pela cintura e a sentou bem no meio da cama. Para isso, ele teve que se aproximar bastante da moça e os dois ficaram com os rostos bem próximos.

    - Isso é que é sentar, Sakura.

O hálito dele era quente e cheirava a álcool e a outra coisa que ela não sabia dizer o que era. Mas ela gostava do cheiro dele e gostava do calor dele. E lá ia ela ficando vermelha de novo. Ele voltou para a mesa e tornou a encher a taça. Era Brandy, ela percebeu. Um mau pressentimento passou pela cabeça dela. Naquele ritmo, caso ele não fosse muito forte para bebida, estaria bem bêbado quando fosse meia-noite. Como seria o Uchiha bêbado?

Eles passaram assim, uns bons trinta minutos em silêncio, com Sasuke bebendo e lendo enquanto Sakura observava o quarto e o dono do quarto. A noite era quente e o quarto começou a ficar abafado. Sakura se abanava quando podia e quando achava que Sasuke não perceberia. A Haruno lembrou-se que ele não havia trancado a porta.

    - Anou, Sasuke sama. Não seria melhor trancar a porta?

Sem nem levantar os olhos do livro, Sasuke respondeu com indiferença.

    - As pessoas aqui costumam bater na porta antes de entrarem.

Sakura sentiu a alfinetada em silêncio, mas ainda assim achava que seria mais seguro trancar a porta. Entretanto, como dizia sua mãe, não há nada ruim que não possa ficar ainda pior. O coração de Sakura quase parou quando a porta do quarto de Sasuke foi aberta. Dessa vez, ao invés de ficar vermelha, ficou branca. Sasuke também pareceu ficar assustado. Os três, Sakura, Sasuke e o visitante, ficaram congelados em seus lugares. Ninguém falava nada. O Uchiha foi o primeiro a recuperar o controle.

    - Entra logo e fecha essa maldita porta. E tranque dessa vez. Chikusho! Será que ninguém sabe bater na porta nesse lugar?

Sakura não conseguia se mexer, nem falar e nem pensar direito. Mordeu o lábio com preocupação. O visitante entrou, fechou a porta e a trancou. Andou lentamente até a cama e se inclinou sobre Sakura como se a estivesse avaliando. Sasuke percebeu e perguntou irritado:

    - O que você pensa que está fazendo?

    - Só você mesmo, Sasuke! Só você para preferir ler e beber ao invés de aproveitar a companhia de uma beleza dessas. – O cara falou deixando Sakura mais uma vez vermelha. Ele estendeu a mão para ela – Hajimemashite, sou Uchiha Itachi. Se algum dia você enjoar do palerma do meu otouto, eu estou disponível.

Sakura não sabia o que fazer. Queria que o chão se abrisse e a tragasse. Agora estava sendo confundida com uma meretriz. A que ponto ela tinha chegado? Sasuke fechou o livro com força e olhou o irmão, dizendo:

    - É melhor parar com isso, Itachi.

Itachi, o irmão de Sasuke riu e continuou inclinado sobre Sakura. Ele deu uma olhada nela avaliativa, de cima a baixo e disse irônico:

    - Mas você costuma cuidar melhor das suas vagabundas, Sasuke. Até onde eu sei, você não deixava elas vestirem esses trapos e andarem por aí como criadas.

Sakura ofegou. Sasuke xingou algo muito feio para ser escrito. Itachi riu, mas só até que o punho da Haruno atingisse o seu queixo. Pego de surpresa, o Uchiha mais velho desequilibrou e caiu sentado no chão. Sakura levantou aturdida, destrancou a porta e saiu do quarto como uma bala.

    - Bravinha ela, não? Não sabia que você gostava do “estilo chicote”. – Itachi falou do chão.

    - Você consegue ser muito idiota às vezes, Itachi. – Sasuke falou antes de sair atrás da moça de cabelo rosa.


***


Corte, Ala Norte do Castelo Real, Cidade Real, 23 de março de 1621

Naruto andava pelo lugar pensativo. Tinha tido um dia difícil. Assim que chegara, tivera que ir conhecer a nova rainha, Tsunade. Ele gostou muito dela. Parecia ser uma boa pessoa, além de ser justa. Seu pai provavelmente ficaria feliz de vê-la no trono.

Mas o que entristecia o Uzumaki era não ter podido conversar com a Haruno. Ela devia estar estranhando muito o lugar, afinal, a Cidade Real era muito diferente de Akanea. Ele sentiu um sorriso bobo brotar em seu rosto. Gostava dela. Gostava de Haruno Sakura desde que a conhecera naquele torneio. Ela era o seu amor de infância. Sonhara com ela sempre.

Infelizmente, ele não era cego. Talvez fosse melhor se fosse. Sabia que ela gostava de Sasuke. Todas gostavam. Mas Sakura parecia realmente amá-lo. Ela olhava para o Uchiha de um modo como nenhuma das outras fãs dele o olhavam. Naruto crescera vendo todas as damas da Corte suspirarem pelo amigo.  Ele viu Sasuke vencer todas as competições em que entrava e se tornar uma lenda em todo o reino. Ele era admirado, ele era amado, muito mais do que Naruto era.

O loiro sabia que depois do ataque de Orochimaru, as pessoas haviam começado a vê-lo de uma maneira diferente. E ele tinha se esforçado para isso. Tinha treinado duro e exaustivamente para tentar ser reconhecido. Já não tinha os pais para apoiá-lo e até mesmo o padrinho, Jiraya, já havia falecido em batalha. Era difícil, às vezes achava que estava sozinho e sem ninguém.

Eram por esses motivos que ficava tão feliz de ver a Haruno ali. Se ele conseguisse conquista-la, teria alguém finalmente. Mas para isso, precisava lutar contra o amor da Haruno pelo Uchiha. Começou a devanear. Se Sakura aparecesse ali agora... Seus pensamentos foram interrompidos quando um tufão rosa o jogou no chão.

    - Sakura? – Naruto olhou surpreso para a Haruno sobre ele. O cabelo dela estava cobrindo a visão dele, mas ele percebeu algo brilhante no rosto dela – Sakura?

Dessa vez a voz veio mais preocupada. Ele tentou tocar o rosto dela, mas ela desviou da mão dele. As suspeitas dele aumentaram. Ela tentou levantar rapidamente, porém Naruto segurou o braço dela com força e ergueu o rosto dela.

    - Sakura, você está chorando. Nandekotowa? (O que aconteceu?)

    - Nani mo. (Deixa pra lá, não importa)

    - Sakura, fala comigo.

    - Nan demo nai! (Não é nada!)

Ela tentou se levantar, mas Naruto a abraçou forte e não permitiu. Ela tentou se desvencilhar, mas ele era muito forte.

    - Onegai, Naruto, eu só quero ir embora.

    - Só se você prometer conversar comigo mais tarde.

    - Mamonaku (logo). Mas agora, eu quero ir.

Ele a olhou partir aturdida. Ela parecia bem perdida. Ele quis ir atrás dela, mas sentiu que devia deixá-la sozinha. Ela devia estar sentindo a mudança mesmo. Recomeçou a andar e parou de novo. Sakura não havia sido posta na Ala Leste? Até tinha sido por sugestão dele. A Ala Leste era a preferida de sua mãe por causa da vista que tinha para o jardim. E da janela dela era possível ver algumas cerejeiras. Ele havia imaginado que ela gostaria disso.

Resolveu parar de pensar nessas coisas. No dia seguinte, procuraria Sakura e conversaria com ela. Retomou o caminho para o seu quarto. Já estava bem tarde. Gostava de dormir naquela ala porque era a menos movimentada. Apenas o Uzumaki, HatakeKakashi e os Uchihas ocupavam aquele local. Falando nele, deu de cara com Sasuke.

    - Sasuke?

O Uchiha parou e o olhou como se aquilo não fosse algo bom. Naruto reparou no amigo e uma suspeita passou pela sua cabeça. Mas era terrível demais para ser mencionada em voz alta.

    - Sasuke. – não foi uma pergunta. Sasuke tentou passar, mas Naruto entrou em seu caminho.

    - Está na minha frente, Naruto. – Também não era uma pergunta. O loiro reparou nas roupas que o Uchiha usava e sentiu o cheiro de bebida.

    - Espero que você não tenha nada a ver com o que eu acabei de ver.

    - Eu não sei o que você acabou de ver, mas quero passar.

    - Vai sair pelo castelo vestido assim?

    - Você fala como se eu estivesse nu. – Sasuke respondeu sarcástico.

    - Nu não. Bêbado talvez. – Naruto respondeu diretamente.

    - É assim que me vê agora?

    - Talvez tenha sido assim que alguém tenha te visto.

Pronto. A indireta havia sido lançada. A acusação pairava no ar sobre eles. Naruto já imaginava o que tinha acontecido e não ficava nada feliz com as coisas que se passavam em sua cabeça. Sasuke sabia que o outro havia visto Sakura e percebia que não tinha como negar nada.

    - Seja claro, Naruto.

    - Tenho medo de ser claro demais, Sasuke. Por que Sakura estava chorando? – Naruto perguntou e os olhos do Uchiha adquiriram um tom mais negro e mais frio.

    - Não se meta onde não é chamado, Naruto.

Mal acabou de falar isso, o punho do Uzumaki estalou contra o rosto do Uchiha. Sasuke foi jogado para trás e bateu as costas em um aparador. Tanto o móvel quanto os vasos de plantas e os objetos sobre ele caíram no chão e se quebraram. O Uchiha olhou Naruto do chão. Seu braço sangrava de um corte durante a queda.

    - Não vou permitir que brinque com ela, Sasuke.

O Uchiha levantou como um raio e derrubou o Uzumaki. Ambos começaram a lutar no chão. Trocavam socos e chutes. Quebraram vários objetos do corredor. Naruto já tinha um corte na sobrancelha que jorrava sangue sobre seu rosto. Os dois pararam e ficaram se encarando. Sasuke tinha a boca e o nariz um pouco tortos e ambos sangravam.

    - Quem você pensa que é? O cavaleiro do cavalo branco? – Sasuke perguntou e eles partiram de novo um para cima do outro.

Deu muito trabalho para Kakashi e Madara separarem os dois jovens.Eles não pareciam querer parar de brigar. Com muito custo, ambos foram separados e levados para conversar reservadamente.


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