The Black Knight escrita por EstherBSS


Capítulo 3
Obsidiana Negra




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Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'




Capítulo 3 – Obsidiana Negra


Floresta Haruno, Akanea, 5 de janeiro de 1621, 4:51

- Você parece ansioso. – Sai perguntou casualmente para o loiro que cavalgava a seu lado.

- Tenho que admitir que esteja um pouco. E eu não gosto dessa sensação. – Naruto respondeu com sinceridade – Mas tem alguém mais ansioso que eu. – Ele apontou para o cavaleiro ruivo a frente do grupo.

    - Ele parece bem preocupado mesmo. – Sai comentou.

Aidan ia à frente do grupo de procura. As tropas reais haviam chegado e só assim tinham podido manter o castelo, apesar da enorme destruição. Ele informou sobre o seqüestro de Sakura a Heikisama, mas o Haruno não quisera fazer nada. Tenho outras prioridades, ele disse. Aidan se revoltou. Que tipo de pai, negligencia a segurança da própria família? Depoisde garantirem a possedo castelo, ele pediu que alguns soldados do rei procurassem pela moça com ele.

    - Ittai dare (Quem diabos é esse)? – Naruto gritou ao ver a figura negra iluminada pela luz da lua.

    - Masaka (não pode ser, impossível)! – Aidan olhava boquiaberto para onde o loiro apontava.

    - Será que... – Kakashi que vinha mais atrás também se assustou com a figura que ele via - ...Black Knight.

    - Black Knight... – Naruto também não acreditava que estava vendo aquela lenda viva. Um cavaleiro todo de preto com um corcel igualmente negro cavalgava sobre a colina. E nos braços ele levava...

    - Sakura! – Aidan gritou e arrancou com o cavalo em direção à moça e ao cavaleiro.

    - Oi, matteyo (espere)! – Naruto gritou, mas Aidan já estava em direção ao oponente.

O Cavaleiro negro empinou o cavalo. Sakura parecia desmaiada nos braços daquela pessoa. Ele ainda deu uma gargalhada. Ela era assustadora e poderia ter saído de um filme de terror. Ele virou o corcel negro e antes de se embrenhar na floresta, gritou como desafio:

    - Koi! (Venha!)

***

Floresta Haruno, Akanea, 5 de janeiro de 1621, 5:36



- Hayaku (depressa, rápido). É hora de acordar, princesa dorminhoca.

Sakura abriu os olhos lentamente. Ainda estava escuro. Depois de uma pequena desorientação ao acordar, percebeu que o cavaleiro negro ainda estava lá. Eles estavam perto de um riacho, debaixo das raízes de uma árvore gigante. Era um lugar escondido.

    - Aqui é... – Sakura sentou-se rapidamente.

    - Conhece esse lugar, milady?

    - Hai (sim). – Sakura respondeu – Eu brincava aqui quando era mais nova. - Ela percebeu com quem estava falando e ficou sem graça.

    - Isso não é lugar para uma hime brincar. Como seus pais deixavam? – ele parecia divertido, o que era ridículo. O cavaleiro negro rindo? Impossível.

Ela ignorou a pergunta:

    - Anou (bem...), arigatougozaimasu (muito obrigada)! – Sakura agradeceu. Ele pareceu surpreso e ela achou melhor explicar – Por ter me salvado antes. Ainda não agradeci.

    - Não precisa.

    - É claro que precisa. As pessoas não saem salvando as outras no meio da floresta à toa. Embora, apenas possa lhe oferecer a minha gratidão. – Sakura ficou vermelha e olhou para o lado. Muitos cavaleiros quando salvavam donzelas exigiam outro tipo de prêmio em troca.

    - Não quero nem o seu agradecimento.

    - Nani? – Sakura olhou para ele agora com raiva. Ela podia não ser de uma das famílias mais nobres, mas péra aí! Ela também era uma nobre. Também tinha o seu orgulho.

    - Vamos deixar uma coisa clara, milady: estava atrás daqueles homense não de você. Eu queria a eles e não a uma princesa mimada.

    - Demo, por que cuidou de mim até agora, então? – Sakura retrucou e ele ficou um tempo em silêncio.

    - Parece que eu também posso ser caridoso afinal. – Ele andou em direção ao cavalo e ia montar quando ela o chamou.

    - Senhor Cavaleiro! – Ele se virou e a viu andar com dificuldade até ele.

    - Você deveria descansar aqui. Ainda está ferida e perdeu sangue.

    - Vou ter muito tempo para descansar depois. – Ela parou perto dele e retirou um colar.

    - Nanda ka (o que é isso)?

    - Obsidiana negra. – ela disse estendendo a ele um colar com uma pedra negra enorme. Ele não fez menção de pegar a pedra, mas ela manteve o colar no alto – Essa pedra só pode ser conseguida perto de vulcões. Ela é adorada por causa de suas propriedades curativas e por oferecer proteção. Pelo menos é o que dizem. Ela harmoniza o corpo, transmite força. E é usada pelos signos escorpião, capricórnio e Áries. Eu sou de Áries.

    - Por que está me dando isso?

    - Meu agradecimento, se não é o bastante, quero que fique com isso. Sei que é um defeito, mas eu sou orgulhosa. Não gosto de dever favores. Além disso, você parece ser alguém que precisa de proteção.

    - Eu? Proteção?

    - Ah, pelo menos vai combinar com a sua roupa.

Ele hesitou, mas acabou pegando o colar. Ele analisou a pedra por uns instantes. Segurou a pedra bem forte e subiu no cavalo.

    - É melhor tomar mais cuidado, milady. As florestas costumam ser perigosas. – E dizendo isso, saiu galopando e sumiu entre as árvores.

Sakura ainda ficou olhando para as árvores por uns minutos, com uma sensação estranha no peito. Quem era aquele cavaleiro todo de negro. Ele não hesitara em matar para salvá-la. E não havia tentado machucá-la. Isso era muito diferente das histórias horripilantes que ela escutara sobre ele. Olhou em volta e viu seu arco e flecha perto da raiz onde eles estiveram antes. Assustada, lembrou que a Artemis havia caído quando um dos caras a perseguiu. Ficou surpresa ao encontrar a arma perto do arco.

Ela não podia ficar ali parada. Pegou as armas, bebeu um pouco de água e começou a andar. Conhecia aquele lugar. Sempre vinha brincar ali quando era criança. Tomou o caminho de sempre. Parou de repente. Sentia que estava sendo seguida. Seria apenas imaginação? Passou a mão discretamente sobre o peito. Ainda estava lá. Aquilo que os homens tentaram roubar do pai dela. Ela não tinha perdido. Voltou a caminhar.

Houve momentos em que ficava tonta. Devia ter perdido sangue mesmo. Segurou o braço ferido e encostou se numa árvore. Como estaria o castelo? Como estariam as pessoas que amava? Ouviu um barulho. Esticou a mão para a Ártemis, mas não a pegou. Estava já amanhecendo. Logo, logo, ficaria mais claro e fácil para chegar em casa. Continuou seu caminho. Ela parou quando ouviu o ruído. Engoliu em seco. Ainda segurava o braço. Virou apenas parcialmente para confirmar que seus medos estavam certos. E então o leão atrás dela rugiu.

    - Zettai (definitivamente), esse não é um bom dia. – Sakura sussurrou enquanto encarava a besta que a espreitava.

A fera preparou o bote e atacou. Sakura fechou os olhos se preparando para o fim. Mas só escutou um urro de dor e depois o som surdo que o leão fez ao cair. Ela olhou para o leão morto no chão e ergueu o olhar. E então ela o viu. E o mundo dela nunca mais foi o mesmo. Não depois de ver aqueles olhos de novo.


Ele riu divertido. E então falou:

    - Você parece se meter em encrenca demais para uma princesa.

Ela olhava para ele boquiaberta. Ela estava com os olhos arregalados. Abria e fechava a boca sem que saísse nem um som. Seria possível? Ele ali, naquele lugar?

    - Você não fala? Suka (entendo). – Ele se virou e conferiu o corpo do leão. Sakura estava ofegante. Mil coisas passavam pela cabeça dela naquele instante.

    - Sas...Sasuke. – Conseguiu dizer por fim. Ele se virou para ela com uma expressão de indiferença.

    - Então você fala. E, além disso, me conhece. Deve saber porque estou aqui então.

    - Lie (não)... eu não entendo. – Ela poderia entender talvez se conseguisse pensar direito. Mas não podia. Aqueles olhos que ela sempre adorara desde aquele dia do Torneio quando tinha dez anos estavam olhando para ela agora. O único homem por quem se apaixonara estava ali e estava falando com ela! Quão surreal aquilo podia ser?

    - Faço parte do reforço real enviado para manter o castelo Haruno sob o poder do Reino. Quando cheguei, me mandaram procurar a filha sequestrada dos Harunos, Haruno Sakura. É você não? Duvido que haja muitas mulheres perdidas por aqui.

    - Hai. Haruno Sakura sou eu. – Ela se entristeceu um pouco. Ele não parecia se lembrar de quem era ela. A expressão dele nem se alterara. Foi decepcionante pensar que ele não a considerava tão importante quanto ela o considerava.

    - Ikuzo. Levarei você para casa. – Ele estendeu a mão para ela. Ela segurou na mão dele e teve a impressão de que uma corrente elétrica passava pela sua mão. Ele era indiferente. Suspirou e deixou que ele a conduzisse até o cavalo. Era um belo animal. Sakura entendia um pouco de cavalos e aquele animal parecia ser puro sangue. O pelo parecia negro, mas ela quase podia jurar que era castanho escuro. Ele a pegou pela cintura e a colocou sobre a sela, montando logo em seguida. Ela se recostou contra o peito dele. Ele reclamou algo e ela percebeu com vergonha que ainda estava com o arco e com as flechas nas costas.

Que vergonha! Ela estava vermelha e tinha vontade de sair correndo. Desde que o vira, só fizera bobagens. Ele a ajudou a tirar as armas e as prendeu ao cavalo. Assim, eles poderiam continuar a caminhada sem deixar as coisas para trás. Ela evitou se recostar. Estava com vergonha. Ele esticou os braços em volta dela para alcançar as rédeas. Como ela continuasse com as costas esticadas, ele falou:

    - Vai sentada desse jeito até o castelo? Não dou dois quilômetros para você não aguentar de dor. Além disso, seu braço deve estar doendo, não?

Morrendo de vergonha, ela se recostou, pela segunda vez na noite, em um peito quente. Não respondeu as perguntas dele. Não tinha coragem para tanto. Eles cavalgaram em um ritmo mediano. Nada muito devagar, mas também não iam rápido demais. Depois de cruzarem algumas clareiras, eles ouviram alguém gritar:

    - Sakura!!! – Ela reconheceu a voz. Era de Aidan. Sasuke virou um pouco o cavalo e ela pôde ver o comandante Haruno se aproximar.

    - Aidan! – Ela respondeu.

    - Graças a Kami você está bem, hime. – Ele disse ao se aproximar. Sakura percebeu que outros cavaleiros também surgiam da floresta. Deviam estar procurando por ela. – Sakura hime, seu braço! – Aidan falou ao ver o curativo no braço da Haruno.

    - Shimpai janai (não se preocupe), é um ferimento leve. – Ela respondeu. Aidan se virou para Sasuke.

    - Arigatou Gozaimasu, Uchiha sama. Fico imensamente agradecido por ter salvado a Sakura hime.

    - Sasuke! – uma voz estridente veio de um cavaleiro atrás de Aidan. Sakura se recordou dessa voz. Seria o... – Por que você se separou da gente?

    - Eu disse que devíamos seguir os passos que levavam para o oeste. Ninguém me escutou. Então tive que ir sozinho. E, pelo jeito, ainda bem que fiz isso. – Sasuke respondeu com indiferença e frieza de um modo que fazia Naruto parecer idiota.

    - Naruto! – Sakura se lembrou do menino loiro que conhecera também no dia do torneio. Sentiu um aperto no coração. Ele se lembrava dela. A noite estava escura, mas ela podia assegurar que viu o rapaz abrir um enorme sorriso quando ela chamou-o pelo nome.

    - Sakura chan! – Naruto apeou do cavalo e se aproximou dela e de Sasuke. A luz que vinha do céu amanhecendo iluminou a face do rapaz e mostrou o sorriso que Sakura imaginava. Aidan resmungou algo sobre “Sakura hime”, mas Naruto o ignorou completamente – Fico feliz que esteja bem, Sakura chan. Eu tinha certeza que ia te salvar.

    - Na verdade, quem salvou fui eu. – Sasuke respondeu e Naruto lhe lançou um olhar de raiva.

    - Realmente, o importante é que a Sakura chan esteja bem. – o loiro tomou as mãos dela sob o olhar frio de Sasuke e a expressão carrancuda de Aidan – Tive medo que ficasse muito traumatizada, Sakura chan. Felizmente, vejo que isso não ocorreu. Você até se lembrou do meu nome. – Naruto disse fingindo uma falsa casualidade. Ele estava feliz por a Haruno ter se lembrado dele. Sakura não sabia o que dizer.

    - Ela lembra o nome de todo mundo. Lembrou o meu também. Deve ter uma boa memória, apesar de eu mesmo não me lembrar dela. – Sasuke falou e deu de ombros.

Sakura se segurou para não ficar com a boca aberta de surpresa. Alguns dos cavaleiros riram. Aidan fez uma cara de poucos amigos e Naruto pareceu ficar realmente zangado. O Uzumaki ia dizer algo quando um dos homens se aproximou e falou.

    - Anou, Sakura hime, meu nome é Hatake Kakashi. Sou comandante do quarto regimento real, um dos que foram enviados para cá hoje. Alegro-me em saber que está bem, mas devemos voltar. Há muito a ser feito.

Assim, eles a levaram de volta. No caminho, explicaram a ela o final da batalha e o estado atual do castelo. Eles também perguntaram sobre o Cavaleiro Negro e ficaram muito surpresos quando Sakura disse que ele o salvara. Apesar de ninguém dizer isso em voz alta, ela pôde perceber que a maioria não havia acreditado que o Cavaleiro Negro tinha realmente sido bom. Mas ela sabia a verdade e sabia o que tinha acontecido naquele dia. O Cavaleiro tinha salvado a ela de verdade e ninguém a convenceria do contrário.


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