–01 de Setembro de 1974-

James caminhava tranquilamente pelos corredores do trem fazendo o final de sua ronda com Sirius ao seu alcance tentando o conversar com ele, ter certeza de que aquilo só podia ser uma brincadeira.

– James cara, eu sempre soube que você é maluco, mas não a tal ponto - Sirius falou.

– Six, vê se me entende, o Rem é nosso amigo e ele fica trancafiado sozinho naquela casa durante as noites de lua cheia, talvez seria uma boa para ele ter companhia, a nossa companhia - James falou sério.

– Não sei - Sirius respondeu com um meneio.

James fitava a garota que acabava de sair de um compartimento. Ele acabou aproximando-se dela, deixando Sirius para trás, que logo o seguiu o chamando, mas James ignorava aquilo.

– Ruivinha! - James chamou. A garota parou e olhou para o compartimento onde as amigas riam da situação, ela revirou os olhos.

– Quantas vezes eu tenho que te dizer que é Evans, Potter? - Lily respondeu.

– Evans Potter? - James falou rindo maliciosamente. - Viu, até você já concorda que o nosso futuro é juntos.

A garota corara ao ver que tinha falado os dois sobrenomes tão próximos que pareciam que aquela vírgula imposta não causou o menor efeito.

– Vai se catar, Potter! - a garota virou com o rosto vermelho de raiva. Mas James segurou o seu pulso.

– Calminha, eu só queria te perguntar como foram suas férias, porque as minhas foram uma droga, quer dizer, quase toda, porque eu não podia te ver - James disse sorrindo. A ruiva limitou-se a revirar os olhos com a cantada barata.

– Sabe, Potter, as minhas férias foram ótimas e estavam sendo até agora - Lily falou sorrindo amavelmente, James retribuiu o sorriso da garota. Sirius mal podia acreditar no que estava vendo, Lily sendo doce com James, Marlene e Dorcas abriram a porta do vagão para observarem aquilo mais de perto. - E você quer saber o porquê, Potter?

– Sim - James falou ainda hipnotizado. O sorriso de Lily se desfez e um olhar ameaçador surgiu em sua face.

– Pela simples razão de que você não estava nelas! – a garota gritou. Sirius, Marlene e Dorcas estavam segurando o riso, e Lily apenas voltou a marchar para fazer o seu turno de monitora.

– Eu sei que você me ama, Evans – James gritou sorrindo, mas a verdade era que ele não queria sorrir, aquelas palavras o atingiram de uma forma que ele nunca achou que seria possível. Elas atingiram o seu coração.

***

Enquanto fazia sua ronda pelos vagões onde os primeiranistas encontravam-se, a cabeça da garota vagava para outros lugares, mais precisamente para um ser maroto de olhos castanho-esverdeados, será que ela fora muito grossa? O garoto estava apenas sendo gentil, a maneira dele, mas sim, ele estava querendo saber como fora suas férias e ela o responde como se ele fosse um lixo.

A garota mal se deu conta de se aproximava de um grupo de Sonserinos, até tombar com eles.

– Olhe para onde anda, sangue-ruim - Amico Carrows, um septanista disse a analisando dos pés a cabeça com um sorriso malicioso.

Lily apenas recuou e virou para fazer o caminho de volta ignorando o comentário do Sonserino, ignorando o fato de que fora chamada de 'sangue-ruim', a pior ofensa para alguém nascido-trouxa, assim como ela.

Sem se dar conta para onde rumava, Lily acabou tombando novamente.

– Desculpe - sua voz saiu arrastada e melancólica.

– Tudo bem com você, Lils? - a voz de Severus fez a garota erguer a cabeça e forçar um sorriso.

– Sim, e com você? - ela perguntou.

– Também.

– Faz um bom tempo que não nos falamos direito, não é? - ela perguntou sorrindo de lado. O garoto ficara envergonhado.

– Sim, é verdade, muito dever sabe - mentiu Severus, a verdade é que ele tinha começado a andar com os seguidores do Lord das Trevas. - Eu tenho que ir agora, Lily, a gente se ver - Severus saiu apressado dali.

– A gente se vê, Sev - a garota murmurou e se pôs a andar para a cabine onde estava.

***

Após a seleção onde a alguns alunos novos foram selecionados para suas respectivas casas a partir de agora, todos foram para os seus dormitórios.

Os quatro Grifinórios subiram depressa as escadas, James tinha um anúncio a fazer aos demais. James encarregou-se de colocar um feitiço mudo na porta, para que ninguém escutasse o que eles iriam falar, fechou a porta e virou-se para os amigos.

– Cavaleiros, eu achei a solução para ajudar o nosso amigo Moony - James falou sorrindo. Remus e Peter franziram o cenho.

– Quem? - Perguntaram em uníssono.

– Moony, você Remus - James respondeu. - Foi um apelido que eu te dei, legal não é?

– Que seja - Remus resmungou.

– Mal humorado - James falou.

– Deve ser a lua cheia - Sirius falou sorrindo, mas recebeu um travesseiro no rosto. - Au - disse massageando o local onde o travesseiro acertou.

– E vai doer muito mais se as piadinhas sem graça continuarem - Remus falou sorrindo.

– Agora fiquei com medo - Sirius disse fazendo todos ali presentes rirem.

– Vamos nos focar no que realmente viemos fazer aqui - James disse. Peter ergueu um braço. - Peter?

– Dormir? - Peter falou. Todos reviraram os olhos.

– Não, Peter, ainda não - James disse. - Pois bem, como nós sabemos, o nosso Moony tem certo probleminha com as luas - James falou andando pelo quarto, enquanto os garotos estavam nos beliches apenas o observando -, Remus, você gosta de ficar sozinho nesses dias?

– Não, mas é preciso para manter as pessoas à salvo - Remus respondeu.

– Não mais - James falou.

– Como é? - Remus indagou.

– Isso mesmo, Moony, nós vamos nos transformar em animagos e vamos ficar com você - James falou.

– Não! Absolutamente não! - Remus falou erguendo-se da cama e analisando os outros dois.

– O Jay já tinha falado com a gente antes, e nós concordamos, nós íamos te avisar hoje, bem, porque nós íamos começamos os estudos de "Como se transformar em um animago" – Peter disse.

– Vocês não vão fazer isso! - Remus elevou um pouco o tom de voz, conseqüência da lua cheia que aproximava-se.

– Nós vamos fazer isso sim, por você - Sirius falou.

– Mas é arriscado, se alguém no Ministério descobre, ou pior, se alguém em Hogwarts descobre, vocês estão completamente perdidos - Remus falou. - Eu não vou deixar que isso aconteça.

– Remus, até quando você vai ficar nessa de não querer aceitar que nós somos seus amigos e estamos dispostos a fazer isso para não te deixar só naquele lugar, porque os amigos são aqueles que ficam conosco em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins - James disse.

Remus balançou a cabeça incrédulo.

– Vocês não vão me escutar mesmo, não é? - o garoto loiro perguntou dando-se por vencido.

– Não - dois dos garotos responderam.

–01 de Dezembro de 1974–

Os quatro garotos estavam a caminho do Sétimo Andar. Dois deles alegres, um nervoso, o outro com a mesma aparência doentia da época, mas graças a porção que tomava, conseguia se controlar e continuar tendo suas aulas. Pararam em frente a uma parede, que segundos depois os revelou uma porta que os levou a uma sala vazia.

Assim que entraram ficaram em um círculo encarando-se, à hora chegara, à hora de mostrar que seus estudos valeram à pena.

– Todos os presentes conhecem o feitiço e como utilizá-lo? - James perguntou, os demais assentiram.

– Como eu não preciso me transformar em um, ficarei apenas observando - Remus falou. - Sugiro que façam um por vez, quem será o primeiro.

– Eu - James disse. Ele deu uma certa distância, retirou a varinha das vestes, fechou os olhos e se concentrou o máximo que pôde naquelas simples palavras que começavam a rondar-lhe a mente. "Revelium Animagus". "Revelium Animagus". "Revelium Animagus".

No instante seguinte, o corpo de James fora se alastrando, ele ficou abaixou-se no chão, o óculos caiu de sua face, os outros garotos afastaram-se, enquanto o James assumia a forma de um animal. Um cervo.

– James, está tudo bem? - Sirius perguntou.

– Ele logo irá te responder, Sirius, afinal, ele é um cervo que fala - Remus respondeu sarcástico.

– Muito engraçado - Sirius forçou uma risada.

– Eu achei que ele era um veado - Peter falou, os dois garotos caíram no riso, o cervo que era James se estivesse em sua verdadeira forma já teria dado uns belos tapas na cabeça do garoto.

– É a diversão foi boa, mas nós não temos a noite toda, agora se transforma novamente em gente, veado– Sirius falou dando ênfase a última palavra.

James fez o mesmo processo e em questão de segundos estava novamente em sua forma humana.

– Quem é o próximo? - James perguntou sorrindo.

– Sirius Black - Sirius anunciou-se.

– Depois a gente se entende, Peter - James falou ameaçadoramente para Peter, que engoliu em seco.

Sirius fechou os olhos e deixou que aquelas palavras fluíssem em sua mente. "Revelium Animagus"."Revelium Animagus". No instante seguinte estavam diante de um cachorro negro e grande.

– Eu sabia que você era um cachorro, Black - James disse sorrindo. - Vem cá amigão! - o moreno abaixou-se.

Sirius concentrou-se novamente e voltou a sua forma humana.

– Eu não vou sentar no seu colo, James, se é o que pensa - Sirius falou. - Peter, está na sua vez.

O garoto roliço fechou os olhos e deixou-se levar pelas palavras que tomavam conta de sua mente. "Revelium Animagus". "Revelium Animagus". O corpo de Peter fora encolhendo-se até tornar-se um pequeno rato. Depois de alguns minutos, Peter voltou a ser ele mesmo, feliz por ter conseguido executar tal feitiço.

– Sejam todos bem-vindos aos Marotos - James falou sorrindo. - Passei as férias inteiras tentando achar um nome legal para gente.

– Todas não, Jamezito - Sirius falou. - Você dividia-se entre: Quadribol, Lily Evans, pensar em um nome e Lily Evans.

James corou fortemente ao comentário mais revidou:

– E você que só sabia ficar olhando para aquela foto da McKinnon que você roubou dela.

– Opa! Eu não roubei, eu apenas peguei emprestado sem ela saber e sem prazo de devolução– Sirius defendeu-se.

– Se vocês não se importam, está na hora de pensarem em seus apelidos - Remus falou. - Se eu vou ter um, vocês merecem também.

– Eu quero Wormtail – Peter falou.

– Isso não é um tipo de fio ou algo do tipo? - Remus perguntou.

– Não sei, mas eu gostei - Peter respondeu.

– Tudo bem, então eu vou ser o Prongs– James falou.

– Padfoot– Sirius disse.

Então os garotos trilharam seu caminho de volta para a Torre da Grifinório, todos ansiando para o dia que realmente poderiam usar os seus novos conhecimentos.